Em plena guerra comercial entre
os Estados Unidos da América (EUA) e a China a capital moçambicana tornou-se
nesta quarta-feira (19) no epicentro dos negócios entre os EUA e África. Num
centro de conferencias construído e gerido por chineses, que no ano passado
disponibilizaram 60 biliões de dólares para serem investidos no nosso
continente, o Presidente Filipe Nyusi avisou: “Espero que os americanos saibam
que quem chega primeiro em Moçambique e em África será o primeiro a sair”.
Dez chefes de Estado africanos
eram aguardados na Cidade de Maputo para a 12ª Cimeira de Negócios EUA –
África, apenas sete fizeram-se presente no evento que decorre até sexta-feira
(21) e clama contar com a presença de mais de mil empresários, investidores,
membros do governos e funcionários das agências financiamento multilateral.
Filipe Nyusi, único Chefe de
Estado africano que compareceu a edição anterior da bi-anual Cimeira em
Washington DC, assinalou que as “relações entre África e os Estados Unidos tem
vindo a conhecer um crescimento significativo nas últimas décadas (...) nos
últimos 3 anos o volume do comércio externo entre a África e os Estados Unidos
aumentou de 49 biliões de Dólares para 69 biliões de Dólares, regozijar-nos em
saber que 60 por cento desse valor corresponde as exportações de África para os
Estados Unidos da América”.
“Apesar dos progressos alcançados
na relação entre os Estados Unidos da América e África, o continente africano
ainda apresenta enormes desafios e oportunidades cuja materialização demanda
recursos financeiros avultados que não se encontram prontamente desenvolvidos
localmente, só para mencionar alguns destes desafios, o continente apresenta um
défice de financiamento de infra-estruturas estimado entre 68 a 108 biliões de Dólares
norte-americanos, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento. A
mobilização destes recursos é vital para acelerar o processo de integração
económica no continente”, acrescentou o Presidente moçambicano.
No entanto Nyusi, quiçá
recordando-se do 3º Fórum de Cooperação China-África que reuniu em Pequim os
presidentes e chefes de governo de 53 países africanos, deixou um sério aviso: “Espero
que os americanos saibam que quem chega primeiro em Moçambique e em África será
o primeiro a sair”, com os recursos que o nosso país e o continente tem para
serem explorados.
Luísa Diogo desafia EUA a criar “linhas de crédito concessional”
Secundando o Presidente de
Moçambique a antiga primeira-ministra e agora banqueira, Luísa Diogo, assinalou
que “África ao passar para economia de mercado, ainda não tem capitalistas. São
sociedades e economias orientadas para o mercado, ainda não são economias
capitalistas porque não tem capital”.
“Esta falta de capital em África
pode-se transformar em oportunidade para fazer se fazer negócio, é uma questão
de sermos mais criativos (...) os africanos ao organizar-se e fazer mudanças
estão a preparar-se cada vez mais para acomodar o capital e criar ambiente para
o desenvolvimento de negócios. A primeira fase de reformas, os africanos já
estão muito avançados e alguns posso considerar que concluíram a primeira fase,
que era a fase da abertura dos mercados, a fase da liberalização”, declarou a
presidente do Conselho de Administração do Barclays Bank.
Na perspectiva de Luísa Diogo,
“África precisa de infra-estruturas que possam permitir fazer negócios e
conectar, aí o capital é atraído pela forma como essa construção de
infra-estruturas é feita. A abertura a participação do sector privado e creio
que os Estados Unidos tem uma experiência muito profunda de envolvimento do
sector privado nas infra-estruturas, esta seria uma grande oportunidade e os
bancos e as instituições financeiras abraçariam este tipo de iniciativa porque
permite que se possa desenvolver, fazer com que o mercado possa continuar a
fazer negócios”.
“A área de capacidade
institucional e as linhas de apoio, e aí eu creio que os Estados Unidos teriam
um papel muito grande abrindo-se linhas de crédito concessional, em que o
Estado americano poderia apoiar em linhas de crédito e atrair cada vez mais
investidores para África”, acrescentou Luísa Diogo.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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