Banguecoque, 19 jun 2019 (Lusa) -
Grupos de defesa dos direitos humanos exigiram hoje que os governos do Sudeste
Asiático protejam os direitos da minoria muçulmana Rohingya na Birmânia
(Mianmar), vítimas de uma campanha militar que as Nações Unidas apelidaram de
"genocídio deliberado".
Os líderes dos 10 países da
Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) reúnem-se esta semana em
Banguecoque para um fórum regional em que vão discutir várias questões
económicas, políticas e ambientais, entre outras.
"A ASEAN precisa parar de
olhar para o lado sobre as atrocidades na Birmânia contra o povo Rohingya e
parar de dar legitimidade ao processo de repatriamento. O povo Rohingya no
Bangladesh, e noutros lugares, não vai regressar voluntariamente até que a
situação no estado de Rakhine melhora drasticamente", disse a Eva Sundari,
membro da organização não-governamental Parlamentares da ASEAN para os Direitos
Humanos (APHR).
O APHR tem criticado
repetidamente o princípio de não interferência nos assuntos internos na qual se
regem os países da ASEAN, uma vez que acredita que limita a capacidade de
proteger os direitos humanos dos seus membros.
"A menos que sejam tomadas
medidas concretas para a prestação de contas do genocídio, crimes contra a
humanidade e crimes de guerra, a impunidade em curso só vai incentivar os
militares do Mianmar para cometer novas atrocidades", denunciou a
organização não-governamental Progressive Voice.
Também a Human Rights Watch (HRW)
pronunciou-se hoje sobre esta matéria, criticando os líderes regionais por
ignorarem a crise vivida no país: "em 2018 a ASEAN abordou a crise
dos Rohingya, mas concentrou-se principalmente em questões de repatriação,
tratando a situação humanitária no estado de Rakhine apenas como uma questão de
preocupação, desconsiderando os crimes do governo contra a humanidade",
acusou.
Para a HRW, a ASEAN parece querer
a discutir o futuro desta minoria sem "condenar - ou mesmo reconhecer - a
campanha de limpeza étnica dos militares".
Em agosto de 2017, mais de 700
mil rohingya atravessaram a fronteira para o Bangladesh, fugindo da violência a
que estavam sujeitos em Myanmar (antiga Birmânia).
De acordo com investigações da
ONU, os líderes militares de Myanmar violaram brutal e sistematicamente os
direitos humanos com atos que vão desde assassinatos até violência sexual de
mulheres e meninas, passando por incêndios premeditados de aldeias inteiras.
MIM // SB
Sem comentários:
Enviar um comentário