O secretário-geral do PCP,
Jerónimo de Sousa, defendeu hoje que será necessário aguardar pela
"arrumação de forças" que sairá das eleições legislativas de 06 de
outubro para depois discutir soluções governativas, como a atual 'geringonça'.
O líder do PCP apresentou hoje as
linhas gerais do programa eleitoral, na sede do partido, em Lisboa. Apesar da
apresentação de hoje, o documento apenas será conhecido na totalidade em julho.
"Antes de discutirmos o
futuro Governo, temos de discutir naturalmente a nova arrumação de forças que
resultará das eleições de outubro", salientou.
De acordo com o líder do PCP,
este programa dirige-se "aos portugueses e não a uma futura solução de
Governo" e será "naturalmente insubstituível em qualquer política que
se vá realizar no futuro".
"Se é para andar para trás,
não contarão com o PCP, se é para avançar, se é para conseguir melhores
condições de vida dos trabalhadores e do povo, naturalmente que contarão com o
PCP nas diversas formas institucionais que podem existir", admitiu.
Notando que "alguns pensam
no poder pelo poder", Jerónimo de Sousa considerou que, para o PCP, esta é
uma questão importante e que o partido assumirá as "responsabilidades no
quadro de uma alternativa política", "quando o povo português
determinar".
"Mas, há uma questão
primeira e principal a definir: um Governo para quê? Um Governo para executar
que política? A nossa resposta está, de certa forma, contida nestes eixos
centrais que determinam naturalmente o nosso posicionamento em relação a essa
alternativa política", salientou Jerónimo de Sousa, referindo que, "antes
disso, é preciso que cada um assuma uma política alternativa onde os
portugueses possam refletir, decidir o seu voto".
Questionado se o objetivo nas
legislativas será evitar uma maioria absoluta do PS, o líder comunista rejeitou
essa ideia, admitindo apenas que o "objetivo é reforçar a CDU".
"Não somos uma força pela
negativa, [...] não temos uma visão de impedir por impedir a maioria do PS, o
que pretendemos é o nosso reforço", sublinhou Jerónimo de Sousa.
Ainda assim, o secretário-geral
do PCP aproveitou para criticar o partido do Governo, defendendo que o PS
"não se libertou de constrangimentos, de imposições e não deu resposta ao
que é fundamental" e não houve "uma resposta duradoura, uma resposta
global ou chamada resposta estrutural" em algumas matérias.
Quanto ao défice, assinalou,
"o próprio Governo é mais papista que o Papa na procura de um ritmo
inaceitável".
"Se o PS tivesse as mãos
livres, naturalmente, e olhando para trás, alguns dos direitos que hoje
prevalecem e que estão colocados na lei, não teria sido possível",
considerou.
Mesmo assim, o deputado comunista
disse entender que "nestes três anos e meio deram-se passos importantes
adiante", através do contributo do PCP, e reforçou que, "este quadro,
é preciso avançar, é preciso aprofundar este processo de justiça social, de
reposição de rendimentos e direitos".
"O Governo do Partido
Socialista nestes três anos e meio só por si não podia resolver nada, não tinha
força para isso", observou.
Durante a conferência de
imprensa, o secretário-geral do PCP não quis antecipar o resultado das eleições
legislativas com base nas europeias, uma vez que "são eleições, de facto,
diferentes".
"Não vamos agir nesta
batalha eleitoral a pensar em soluções governativas, vamos pensar é na eleição
de deputados para serem capazes de cumprir este programa ambicioso",
revelou, acrescentando que o PCP se vai apresentar a eleições "com uma
grande confiança, sem leituras mecânicas, particularmente em relação a eleições
passadas".
Jerónimo de Sousa recusou ainda o
"declínio irreversível do PCP", apontando por alguns, assegurando que
"isso não vai acontecer".
"Vamos verificar que aqui
está o PCP, confiante por aquilo que realizou, por aquilo que propôs, por
aquilo que conseguiu de avanços", rematou.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
Presidência da República
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