O secretário-geral do PCP
defendeu hoje "processos de investigação para trazer a verdade ao de
cima" em relação à operação "Rota Final", mas assinalou que a
"grande corrupção" não pode continuar a "passar pelo intervalo
da chuva".
Durante a conferência de imprensa
de apresentação das linhas gerais do programa eleitoral do PCP para as eleições
legislativas, que decorreu na sede do partido, em Lisboa, Jerónimo de Sousa foi
instado a comentar a operação que se relaciona com um alegado esquema
fraudulento de viciação de procedimentos de contratação pública e levou a
buscas da Polícia Judiciária (PJ) em 18 câmaras do Norte e Centro do país.
"Existindo causa, eu acho
que é necessário processos de investigação para trazer a verdade ao de cima, e
em conformidade haver decisões da justiça que sejam aplicáveis a situações de
corrupção que possam existir", disse o líder comunista, lembrando que uma
das propostas que constam no documento apresentado hoje é precisamente "o
reforço dos meios e dos agentes, designadamente na Polícia Judiciária".
Referindo que não faz
"nenhum juízo de valor em relação às autarquias que estão sob
suspeita", Jerónimo pediu que uma operação como esta "não tape que a
grande corrupção e os corruptores continuem a passar pelo intervalo da chuva,
não havendo o aprofundamento, designadamente, da ligação do poder económico ao
poder político, das facilidades, da corrupção, da existência dos chamados
paraísos fiscais onde se processa o branqueamento e a lavagem desse
dinheiro".
"Ou seja, termos também esta
ideia de que a corrupção não pode ter centralidade em relação às autarquias,
sem nenhum adormecimento e exigência de resposta por parte das forças de
investigação, mas que isso não sirva, digamos, de biombo para esconder uma
realidade que todos nós temos a consciência em relação à grande corrupção, em
relação aos corruptores, aqueles que se aproveitam da situação para amassar
fortuna à fartura", salientou.
Assim, o secretário-geral do
Partido Comunista defendeu "uma visão global de combate à corrupção e não
apenas localizado ou pontualizado em relação a esta ou aquela
instituição".
A investigação policial mobilizou
meios da Diretoria do Norte da PJ e contou com o apoio de vários departamentos
de investigação criminal e da Diretoria do Centro, no âmbito de um inquérito
titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra,
tendo sido realizadas, ao todo, 50 buscas.
As 18 câmaras municipais alvo de
buscas foram as de Águeda, Almeida, Armamar, Belmonte, Barcelos, Braga,
Cinfães, Fundão, Guarda, Lamego, Moimenta da Beira, Oleiros, Oliveira de
Azeméis, Oliveira do Bairro, Sertã, Soure, Pinhel e Tarouca.
Também a operadora de transportes
públicos Transdev é uma das visadas nas buscas.
De acordo com dados oficiais
disponíveis no portal base.gov, desde o início de 2018, a Transdev acumulou
mais de dois milhões de euros em 38 contratos por ajuste direto com municípios
do Norte e Centro do país.
No último ano, de acordo com o
base.gov, o município da Guarda realizou contratos por ajuste direto com a
Transdev de quase meio milhão de euros e Lamego de quase 100 mil euros.
Além do transporte escolar e de
em alguns municípios assegurar os transportes públicos urbanos, a Transdev, que
tem cerca de 1.900 colaboradores, detém 11 empresas e participações na
Internorte, Intercentro, Rede Nacional de Expressos, Renex e Rodoviária do
Tejo, segundo informação disponível no seu site'.
De acordo com fonte policial, no
âmbito das buscas, até ao final da manhã não existia "nenhum detido".
Notícias ao Minuto | Lusa |
Global Imagens
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