segunda-feira, 24 de junho de 2019

Portugal | Pagar “palhaçadas” de milhares de milhões de euros


Mário Motta | opinião

Sobre as chamadas comissões de inquérito que se têm exibido na Assembleia da República, devido a grosseiras falcatruas de muito prováveis grupos organizados dos chamados “colarinhos brancos” que sistematicamente vêm esbulhando o erário público, os portugueses comuns já riem para não chorarem.

De nada serve sentirmo-nos sacaneados por esses aparentes grupos de crime organizado, que vão à AR cada um por si “prestar declarações e esclarecimentos” e daí esperar justiça. Optou-se por os considerarmos atores de uma grande “palhaçada”. Tristes, prejudiciais e ultra milionárias “palhaçadas” que pagamos com línguas de palmo e meio, com carências nacionais que se repercutem sempre nos mesmos, aqueles que produzem e têm por destino serem sempre medianamente remediados, pobres, muito pobres ou miseráveis.

A amnésia dos “declarantes” enfatuados e engravatados, sempre de colarinhos brancos, é preponderante. Não se lembram, e pronto. Os esclarecimentos jorram repletos de palavras que fazem parte de coleções de mentiras, de falsidades, de ironias, de ares de gozo e de superioridades bacocas. Assim acontece porque se sentiram e sentem absolutamente autorizadas a roubarem descaradamente o que pertence a milhões de contribuintes condenados a pagarem os desmandos de autênticos criminosos distinguidos pelos seus colarinhos brancos. São eles os chicos-espertos donos disto tudo que não lhes pertence. As cumplicidades entre esses tais crimes e irregularidades praticadas e certos e incertos políticos, legisladores e mentes “superiores” que interpretam as leis, transbordam. Quando assim não acontece, porque nos grupos dos inquiridores existem também não cúmplices, vimo-los encolherem-se – talvez com receios legítimos de represálias de uma máfia que foi crescendo, que agiu e age impunemente, com todo o descaramento, sentindo-se e sendo realmente donos disto tudo, conforme demonstram e  a isso assistimos.


Está provado que as ditas comissões de inquérito na AR são “uma palhaçada” e que não esclarecem devidamente, criminalmente, o que aconteceu de ilegal ou irregular. Também fica provado que a Justiça (tantas vezes escrita com um gozado emoji sorridente à frente) nada pode fazer ou não quer fazer. Por isso é certo que os tais de “colarinhos brancos” saem alegremente das comissões de inquérito  ou dos tribunais e vão para as suas vidas faustosas a contar com os milhões que dizem que não têm porque “desapareceram” em atos de prestidigitação que estão por desvendar. E são esses mesmos que prosseguem nas suas existências de milhões e milhões, de negociata em negociata, apoderando-se do que a todos os portugueses pertence mas lhes foi e é roubado com toda a impunidade, demonstrando que esse tipo de crimes compensa.

A todos os outros milhões de cidadãos portugueses resta assistir aos descalabros, aos nepotismos, conluios e corrupções… E pagar “palhaçadas-ricas” de milhares de milhões de euros encarnando o destino e as modestas vivências de palhaços-pobres. Tantas vezes vidas miseráveis que envergonhadamente escondem e não faz parte das estatísticas. Palhaços-pobres e tristes.

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