Mário
Motta | opinião
Sobre as chamadas comissões de
inquérito que se têm exibido na Assembleia da República, devido a grosseiras
falcatruas de muito prováveis grupos organizados dos chamados “colarinhos
brancos” que sistematicamente vêm esbulhando o erário público, os portugueses
comuns já riem para não chorarem.
De nada serve sentirmo-nos sacaneados por esses aparentes grupos de crime organizado, que vão à AR cada
um por si “prestar declarações e esclarecimentos” e daí esperar justiça.
Optou-se por os considerarmos atores de uma grande “palhaçada”. Tristes,
prejudiciais e ultra milionárias “palhaçadas” que pagamos com línguas de palmo
e meio, com carências nacionais que se repercutem sempre nos mesmos, aqueles que
produzem e têm por destino serem sempre medianamente remediados, pobres, muito pobres ou
miseráveis.
A amnésia dos “declarantes”
enfatuados e engravatados, sempre de colarinhos brancos, é preponderante. Não
se lembram, e pronto. Os esclarecimentos jorram repletos de palavras que fazem
parte de coleções de mentiras, de falsidades, de ironias, de ares de gozo e de superioridades bacocas. Assim acontece porque se sentiram e sentem absolutamente autorizadas a roubarem
descaradamente o que pertence a milhões de contribuintes condenados a pagarem
os desmandos de autênticos criminosos distinguidos pelos seus colarinhos
brancos. São eles os chicos-espertos donos disto tudo que não lhes pertence. As
cumplicidades entre esses tais crimes e irregularidades praticadas e certos e
incertos políticos, legisladores e mentes “superiores” que interpretam as leis,
transbordam. Quando assim não acontece, porque nos grupos dos inquiridores
existem também não cúmplices, vimo-los encolherem-se – talvez com receios legítimos
de represálias de uma máfia que foi crescendo, que agiu e age impunemente, com
todo o descaramento, sentindo-se e sendo realmente donos disto tudo, conforme demonstram
e a isso assistimos.
Está provado que as ditas comissões
de inquérito na AR são “uma palhaçada” e que não esclarecem devidamente, criminalmente, o que
aconteceu de ilegal ou irregular. Também fica provado que a Justiça (tantas
vezes escrita com um gozado emoji sorridente à frente) nada pode fazer ou não quer
fazer. Por isso é certo que os tais de “colarinhos brancos” saem alegremente
das comissões de inquérito ou dos tribunais e vão para as suas vidas faustosas a contar com os milhões que dizem
que não têm porque “desapareceram” em atos de prestidigitação que estão por
desvendar. E são esses mesmos que prosseguem nas suas existências de milhões e
milhões, de negociata em negociata, apoderando-se do que a todos os portugueses
pertence mas lhes foi e é roubado com toda a impunidade, demonstrando que esse
tipo de crimes compensa.
A todos os outros milhões de cidadãos portugueses resta assistir aos descalabros, aos nepotismos, conluios e
corrupções… E pagar “palhaçadas-ricas” de milhares de milhões de euros encarnando o
destino e as modestas vivências de palhaços-pobres. Tantas vezes vidas miseráveis que envergonhadamente escondem e não faz parte das estatísticas. Palhaços-pobres e tristes.
Sem comentários:
Enviar um comentário