segunda-feira, 8 de julho de 2019

A homicida guerra às drogas nas Filipinas


Duterte afirma que mortes de bandidos são “justificáveis”. Amnistia Internacional denuncia: acusados sem provas são executados com frequência.

ELES APENAS MATAM

O título do relatório lançado hoje pela Amnistia Internacional não poderia ser mais direto: ‘Eles apenas matam’: execuções extrajudiciais em andamento e outras violações nas ‘guerras contra as drogas’ das Filipinas. Por lá, o presidente Rodrigo Duterte tem defendido há muito tempo a ideia de que as pessoas envolvidas com drogas são “criminosos” e que sua morte é “justificável”.

A investigação da Amnistia Internacional identificou 27 mortes entre maio do ano passado e abril deste ano, muitas aparentemente em execuções extrajudiciais. Em geral, as vítimas estavam em ‘listas de vigilância de drogas’, criadas pelas autoridades sem nenhum embasamento legal. Constam no relatório entrevistas com 58 pessoas, incluindo testemunhas de execuções extrajudiciais, famílias de vítimas, autoridades locais e ativistas de direitos humanos. Em 2017, a mesma organização havia mostrado como a polícia sistematicamente atacava pessoas pobres e indefesas em todo o país enquanto plantavam “provas” e fabricavam relatórios oficiais de incidentes.

“Tudo o que é preciso para ser assassinado é uma acusação não comprovada de que alguém usa, compra ou vende drogas. Em todos os lugares que fomos investigar as mortes relacionadas às drogas, as pessoas comuns ficaram aterrorizadas. O medo agora se espalhou profundamente no tecido social da sociedade”, diz Nicholas Bequelin, diretor regional da organização. O país não investiga os assassinatos. O Tribunal Penal Internacional começou um exame preliminar em fevereiro de 2018, mas em março o país saiu do estatuto do tribunal. Agora, a Amnistia Internacional pede ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que inicie “imediatamente” uma investigação.

Raquel Torres | Outras Palavras, Outra Saúde

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