Duterte afirma que mortes de
bandidos são “justificáveis”. Amnistia Internacional denuncia: acusados sem
provas são executados com frequência.
ELES APENAS MATAM
O título do relatório lançado hoje pela Amnistia Internacional não
poderia ser mais direto: ‘Eles apenas matam’: execuções extrajudiciais em
andamento e outras violações nas ‘guerras contra as drogas’ das Filipinas. Por
lá, o presidente Rodrigo Duterte tem defendido há muito tempo a ideia
de que as pessoas envolvidas com drogas são “criminosos” e que sua morte é
“justificável”.
A investigação da Amnistia Internacional identificou 27 mortes entre maio do ano passado e abril
deste ano, muitas aparentemente em execuções extrajudiciais. Em geral, as vítimas estavam em ‘listas de vigilância de drogas’,
criadas pelas autoridades sem nenhum embasamento legal. Constam no relatório
entrevistas com 58 pessoas, incluindo testemunhas de execuções extrajudiciais,
famílias de vítimas, autoridades locais e ativistas de direitos
humanos. Em 2017, a
mesma organização havia mostrado como a polícia sistematicamente
atacava pessoas pobres e indefesas em todo o país enquanto plantavam
“provas” e fabricavam relatórios oficiais de incidentes.
“Tudo o que é preciso para
ser assassinado é uma acusação não comprovada de que alguém usa, compra ou
vende drogas. Em todos os lugares que fomos investigar as mortes relacionadas
às drogas, as pessoas comuns ficaram aterrorizadas. O medo agora se espalhou
profundamente no tecido social da sociedade”, diz Nicholas Bequelin, diretor
regional da organização. O país não investiga os assassinatos. O Tribunal
Penal Internacional começou um exame preliminar em fevereiro de 2018,
mas em março o país saiu do estatuto do tribunal. Agora, a Amnistia Internacional pede ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que inicie
“imediatamente” uma investigação.
Raquel
Torres | Outras Palavras, Outra Saúde
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