Percentagem dos rendimentos do trabalho que vai para os 10%
mais bem pagos. Em Portugal é cerca de 40%. (Fonte: OIT)
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Existem os que consideram um exagero quando no panorama mundial - também em Portugal - fazemos referências à exploração selvagem e ao esclavagismo existente patrocinado pelos políticos e legisladores, em que são grandes grupos globais e económicos os negreiros da atualidade. A OIT, no seu estudo, agora divulgado, comprova-o mais uma vez e mostra a transparente realidade do atual esclavagismo moderno, onde os trabalhadores são as vítimas sem que os governos - ditos democráticos e humanistas - regulem as disparidades, imoralidades e injustiças que nos entram pelos olhos e conhecimento. Para além do que muito sentimos nos corpos e nas mentes. É o trabalho escravo a alastrar globalmente. E na Europa também. Sim, pois, na UE. Sim, pois, em Portugal. (PG)
Quem ganhava bem passou a ganhar mais, os que ganhavam mal passaram a ganhar menos
Um estudo da Organização Mundial
do Trabalho conclui que as desigualdades entre quem ganha muito e quem ganha
pouco aumentaram nos últimos anos. E, em Portugal, os trabalhadores viram
diminuir a parcela dos salários no PIB
Se há 10% que recebem quase
metade dos rendimentos do trabalho, aqueles que têm os salários baixos ficam
apenas com 6,4% desse bolo. E cerca de 650 milhões de trabalhadores, ou seja,
20% dos que têm os salários mais baixos, ficam com menos de 1% da remuneração
mundial. Aliás, os mais mal pagos precisariam de trabalhar mais de 300 anos
para ganhar o mesmo que os mais bem pagos fazem num ano.
"Os mais mal pagos precisariam de
trabalhar mais de 300 anos para ganhar o mesmo que os mais bem pagos fazem num
ano"
A nível global, diminuiu a parte
do investimento atribuído ao trabalho, de 53,7% em 2004 para 51,4 % em 2017. E,
sublinha Steven Kapsos, da OIT, esta diminuição não acontece em todos os níveis
salariais. "Os dados mostram que, em termos relativos, as melhorias
dos ordenados mais altos são acompanhadas por perdas em todos os outros
patamares", desde a classe média à classe baixa.
A parte destinada à classe média
(corresponde a 60% dos trabalhadores) recuou entre 2004 e 2017, de 44,8% para
43%, respetivamente. Já os 20% das pessoas mais bem pagas viram aumentar os
seus rendimentos, de 51, 3% para 53,%.
Os maiores aumentos dos salários
do topo verificaram-se na Alemanha, Indonésia, Itália, Paquistão, Reino Unido e
Estados Unidos.
O Relatório Trabalho e
Remuneração Salarial faz uma comparação dos salários entre 2004 e 2017, através
das estatísticas da OIT, com dados de 189 países. Propõe dois novos indicadores
para avaliar as tendências remuneratórias ao nível nacional, regional e
mundial: o primeiro diz respeito ao peso do custo da mão-de-obra no PIB; o
segundo avalia a forma como estes rendimentos são distribuídos.
Menos 11 % no PIB
Portugal é o segundo país europeu
que regista a maior quebra dos salários face ao PIB, menos 11,1 % entre 2004 e
2017, só atrás da Irlanda (menos 11 %).
A Grécia, também intervencionada
pelo FMI, reduziu os ordenados em 3,3 % comparativamente ao PIB. E os nossos
parceiros do sul, a Espanha e a Itália, ficaram-se por uma diminuição de 2,1 %
e 2,2 %, respetivamente.
E, quanto à distribuição desses
rendimentos, Portugal está mais próximo dos países do Leste da Europa do que
dos vizinhos. Num mapa que pinta o mundo de acordo com os valores auferidos
pelos 10% que mais receberam em 2017, seria uma utopia pensar-se que estes
ganhariam 10% dos rendimentos salariais. Mas o inverso deve ser combatido,
defendem os responsáveis da OIT. Ou seja, que os 10 % mais bem pagos recebam
metade do valor do trabalho. Portugal é um dos países europeus onde a
fatia do total que os mais bem pagos levam para casa é mais alta: recebem 40%
do total dos salários.
Céu Neves | Diário de Notícias
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