Paulo Baldaia | Jornal
de Notícias | opinião
É impressionante, mas neste
Governo, de uma forma geral, e neste ministério, em particular, só se cai de
podre. As culpas são reconhecidas tardiamente, quando são, e atribuídas a
terceiros: aos autarcas, aos bombeiros, à Autoridade Nacional de Emergência e
Proteção Civil (ANEPC)... ao padeiro ou a quem se puser a jeito!
Já se percebeu que no caso das
golas inflamáveis (o melhor do jornalismo nas páginas do JN), não se tratou
apenas de um caso de incúria que deveria ter consequências políticas. As
"notícias irresponsáveis e alarmistas", nas palavras do ministro
Eduardo Cabrita, também nos deram conta que o povo pagou a dobrar pelas famosas
golas. Tudo num negócio que até devia ter dado direito a desconto, porque foi
conduzido por uma delegação do PS de Arouca, agora sediada no Terreiro do Paço,
com empresas ligadas a camaradas socialistas. Sendo um caso de Polícia, num
país em que o Ministério Publico produz arguidos entre os autarcas a um ritmo
quase diário, aguarda-se para perceber qual vai ser a postura da Procuradoria,
agora que o negócio foi assinado em papel timbrado, nas cortes de Lisboa.
O PS, com um presidente tão
solícito a responder a Filipe Vieira e a demarcar-se da camarada Ana Gomes,
muito provavelmente para não perder de vista os votos do futebol e a tão
desejada maioria absoluta, não deve estar muito satisfeito com a denúncia deste
episódio, que tem tudo para fazer perder votos, perante a suspeita de que pode
haver aqui uma gol(p)ada inflamável. E o país político só não está a arder
porque o politicamente correto alinha com o ministro, subvertendo a discussão
ao transformar o assunto no tema dos incêndios que "não deve servir para
conflitualidades pré-eleitorais". A abertura de um inquérito, que haverá
de dar a resposta política num momento mais conveniente, parece satisfazer até
um dos parceiros parlamentares do Governo, o Bloco de Esquerda.
Agora, o adjunto do secretário de
Estado, que de padeiro passou a especialista técnico da proteção civil, depois
de uma "pós-graduação" numa Concelhia socialista, assumiu a
responsabilidade. E nós fazemos de conta que acreditamos que um adjunto pode
dar os passos que Francisco Ferreira deu, sem que o secretário de Estado, que
até já tinha adjudicado a compra de material a estas empresas, de nada
soubesse.
Num país que exporta padeiros
para todo o Mundo, fez-se recente polémica com um padeiro de Portalegre e outro
de Arouca. "No creo en brujas, pero que las hay,
las hay".
* Jornalista
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