segunda-feira, 29 de julho de 2019

Portugal | Golas e barretes


Susana Charrua | opinião

Desde o final da semana que passou que o governo anda a braços com o incendiário tema das golas antifumo que foram distribuídas às populações de localidades, aldeias e vilas que são visitadas pelos fogos florestais ou que estão sujeitas a isso. Golas cujo custo vai além dos 300 mil euros, a melhor saber.

As golas foram a cara chapada de mais um dos tais “ajustes diretos”, talvez pela urgência de enfiarem barretes aos portugueses, já tão massacrados deles. Certo é que os ditos barretes não foram encomendados. Só as golas foram distribuídas aqui e ali, mesmo nos locais onde não há fogo nem fumo, nem perspetivas disso, segundo os entendidos. Provavelmente em neve ou no alto mar.

Espanta que aquelas cabecinhas pensantes se considerem tão exceciconalmente iluminadas que só por isso estão na governança de um país repleto de parvos, atrasados mentais e/ou totós, que não sabem nadinha de matemática do mais básico que existe e que por isso não concluam que dois mais dois são quatro. Circunstâncias perfeitas para enfiar barretes… com as golas ou com outros ajustes diretos e/ou operações em que os tais barretes se enterram quase até ao pescoço.

Umas vezes é o CDS, outras o PSD, outras ainda o PS, partidos políticos intermitentemente no poder, nas governanças – com uns quantos a governarem-se. E bem, como se tem visto e sentido. Por ajustes diretos ou nem por isso. Até com autênticos valores que podemos considerar de jóias da coroa. Da República, melhor dizendo. E vem à memória uns tais submarinos, num caso, uns Pandur também? Umas amizades que em alguns exemplos até parecem que não correm bem para os que se esquecem que os poderes também falham nas impunidades que dizem oferecer e/ou oferecem. Mesmo assim, apesar de tudo e da clareza que se vem a revelar, a pildra é só para alguns, muito poucos. Com direito a conforto e mordomias, gente especial e superior mas que para os que enfiam os barretes aqueles não passam de chicos-espertos, de bandidos da alta, de colarinho branco. Curiosamente sempre bastante descarados e a afirmarem-se inocentes, vítimas de erros judiciais ou perseguições.

A semana das golas vai passar e esquecer. Nada se poderá provar, somente ver e sentir, ou cheirar. O compadrio é descarado e até impressiona a coisa com arquitetura tão evidente. Tão simples. Tão primária. Mas o certo é que vai dar em nada porque mesmo que fosse o caso de se admitir existir penalização seria considerado tão de faca e alguidar que era o dinheiro do pagode pagante que andava a ser esbanjado na justiça que é cara e que só está em saldos (sem direitos iguais) para os pobres, em saldos e com possível direito a povoar prisões. O que também não deixa de ser um grande barrete, por se constatar que existem duas justiças, uma dos de luxo e outra para os de lixo. De lixo mas com milhões de barretes enfiados nas cabeças que os tais iluminados julgam vãs, que nada percebem das manigâncias de artistas do amigo do alheio em operações de rapa e tira aos embarretados contribuintes, os mesmos de sempre.

Golas e barretes, desta feita. 300 mil euros ou mais… para nada, mas para alguém. E a seguir?

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