"Não sou punk nem
extremista", diz capitã alemã que chegou a ser presa por aportar barco com
migrantes na Itália
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A alemã Carola Rackete, que
desafiou o governo da Itália ao aportar sem autorização um barco com 40
refugiados, diz que ministro do Interior populista de direita é um homem
"perigoso".
"Faria tudo outra vez",
disse a capitã alemã da ONG Sea Watch International, que desafiou as
autoridades italianas ao levar à ilha de Lampedusa, sem permissão, um barco com
cerca de 40 migrantes recolhidos em situação de perigo no Mar Mediterrâneo.
Em entrevista divulgada neste
sábado (06/07) pelo jornal italiano La Repubblica, Carola Rackete defendeu
suas ações, acrescentando que o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini,
é um homem "perigoso" e "racista".
O político populista de direita,
um dos maiores responsáveis pela rígida política migratória adotada pelo
governo da Itália, qualificou a capitã do navio Sea-Watch 3 como
"pirata" e "fora da lei", além de chamá-la de uma
"comunista alemã rica e mimada". As acusações levaram Rackete a
entrar com um processo
na Justiça contra Salvini por difamação.
"Preocupo-me com o tom que
Matteo Salvini utiliza, através do qual expressa suas ideias que violam os
direitos humanos. Ele é perigoso, mas todos na direita radical e nativista são
assim, desde o [partido ultradireitista] inglês Ukip até a [legenda populista
de direita] AfD na Alemanha", afirmou a capitã de 31 anos.
Ao ser indagada se convidaria
Salvini para conhecer o Sea-Watch 3, disse que isso não seria possível, pois
sua ONG tem "uma regra muito rígida de não permitir racistas a
bordo".
O Sea-Watch 3 recolheu em 12 de
junho os migrantes que haviam partido da costa da Líbia. Eles aguardaram por
quase três semanas, enquanto o governo italiano se recusava a permitir o acesso
da embarcação aos portos do país.
Em 29 de junho, Rackete acabaria
conduzindo os migrantes ao porto de Lampedusa, violando ordens das autoridades
para que não atracasse. Ela chegou a ser presa
e posteriormente libertada, após uma juíza italiana concluir que não
cometera nenhum ato de violência e estava "cumprindo seu dever de salvar
vidas".
"Nessa mesma situação,
certamente faria a mesma coisa outra vez, mas espero que, se um caso desses
surgir, da próxima vez as autoridades italianas reajam bem mais cedo e evitem
que algo assim aconteça", comentou.
Segundo Rackete, sua atitude foi
necessária para gerar um desafio legal às leis anti-imigração italianas:
"Às vezes são necessários atos de desobediência civil para fazer valer os
direitos humanos e levar as leis injustas perante um juiz."
Ela admitiu ter cometido um
"erro de julgamento", ao colidir com um barco da polícia aduaneira
italiana, que tentava impedir que o Sea-Watch 3 aportasse, e atribuiu o erro à
exaustão que sentia.
A alemã se define com uma
"ambientalista empenhada, ateia e cidadã europeia" que viaja o mundo
desde os 23 anos e "não se sente particularmente como uma alemã". Ela
nega que seja radical. "Não sou punk nem extremista, venho da classe média
alemã", afirmou, acrescentando que seu pai é um conservador que jamais
aprovou seu trabalho de resgatar migrantes.
Rackete ainda responde a
inquérito na Itália por desobedecer às leis de imigração do país, e deverá
passar por novos interrogatórios na próxima semana.
Deutsche Welle | RC/dpa/ots
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