domingo, 7 de julho de 2019

UE | Barco humanitário aporta em Lampedusa, apesar de proibição

Veleiro Alex, da ONG Mediterranea, chega à ilha italiana com 41 migrantes
ONG italiana rejeita proposta de viajar mais 15 horas para levar 41 migrantes a Malta. Navio de nacionalidade alemã com outros 65 também a caminho da ilha. Ministro do Interior Salvini anuncia intervenção.

O veleiro Alex, da ONG italiana Mediterranea - Saving Humans, atracou neste sábado (06/07) na ilha italiana de Lampedusa, apesar do veto do ministro do Interior do país, Matteo Salvini. O pequeno barco de resgate leva a bordo 41 migrantes, salvos no Mar Mediterrâneo na última quinta-feira.

A organização denunciou que a bordo a situação higiênico-sanitária é "intolerável", dada a falta de instalações para comportar os migrantes e a tripulação, e por isso dirigiu-se a Lampedusa, apesar de não dispor de permissão para tal.


A embarcação humanitária foi recebida por vários navios militares italianos, que a escoltaram na rota para Lampedusa, informara o antes próprio Salvini: "O navio dos centros sociais (coletivos de esquerda), que neste momento já teria chegado a Malta, que oferecia um porto seguro, infringe a lei, ignora proibições e entra em águas italianas. As forças da ordem estão preparadas para intervir", declarou o ministro.

Na quinta-feira, a ONG Mediterranea salvou 54 imigrantes em águas internacionais ao norte da Líbia. Após a evacuação de 13 mulheres grávidas e crianças, os demais permaneceram amontoados sob o sol no convés da embarcação. "Diante da intolerável situação higiênico-sanitária a bordo, o Alex declarou 'estado de necessidade' e está se dirigindo a Lampedusa, o único porto possível e seguro de desembarque", anunciou a ONG no Twitter.

As autoridades italianas enviaram alimentos, produtos de higiene e quase 200 cobertores ao veleiro. Além disso, confirmaram a disposição de escoltá-lo com navios militares até Valeta, capital de Malta, e transferir os migrantes a embarcações mais seguras, em troca de o Alex entrar no porto e se submeter aos controles das autoridades.

O armador do veleiro, Alessandro Metz, explicou que o "estado de necessidade obriga a fazer escolhas que não são fáceis e pelas quais assumimos a responsabilidade", aludindo aos possíveis riscos legais que poderia acarretar entrar sem permissão em águas italianas.

Itália e Malta tinham chegado a um acordo para que o veleiro da Mediterranea atracasse no porto da Valeta. No entanto, a ONG rejeitou esta opção, pois implicaria navegar mais de 140 quilômetros, um arriscado trajeto de 15 horas adicionais, dado o tamanho do veleiro, de cerca de 20 metros de comprimento, e sobrecarga representada pelos migrantes.


A Itália está igualmente vedando a entrada no porto de Lampedusa ao navio de resgate Alan Kurdi, da ONG alemã Sea-Eye, com 65 migrantes. Segundo o Ministério do Interior em Roma, uma embarcação da Guarda de Finança (polícia de fronteira) notificou o comandante sobre "a proibição de acesso, trânsito e atracação em águas territoriais italianas".

A embarcação da ONG alemã salvou na sexta-feira os refugiados, em águas internacionais ao norte da Líbia, rumando em seguida para Lampedusa, por considerar a ilha o porto seguro mais próximo.

A Mediterranea e a Sea-Eye seguem assim a linha da capitã alemã Carola Rackete, que em 29 de junho atracou em Lampedusa sem permissão, depois de passar 17 dias no mar com 40 migrantes a bordo do Sea-Watch 3, esperando a indicação de um porto. Depois de detida e ameaçada de ser condenada à prisão, ela foi liberada pela Justiça.

Deutsche Welle | AV/efe,ap,rtr,afp,lusa

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