quarta-feira, 31 de julho de 2019

XXV FORO DE SÃO PAULO -- Martinho Júnior


"Pela Paz, a Soberania e a Prosperidade dos Povos: Unidade, Luta, Batalha e Vitória!" – Lema do XXVº Foro de São Paulo

Martinho Júnior, Luanda  

01- Ao processo dialético que a aristocracia financeira mundial continua a implementar para fazer prevalecer o seu domínio em função de seu obsessivo egoísmo e sua ânsia de lucro, (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/06/23/la-dialectica-como-arma-geoestrategica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar/) o sul global procura ainda timidamente capacidades de resposta por que está longe de acordar para a antropologia, a história e sociologia capazes de servir de fundamentos para a integração em busca de unidade e luta, capazes de gerar resistência numa contraposta dialética mobilizadora de todos os oprimidos da Terra!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/07/forum-denuncia-agressoes-sistematicas.html?spref=fb&fbclid=IwAR0XPRaiBLfLWhdHPKQcliMvUR6PsUNcZe_7A4tL-jUVOT-TmCUxRNkEbGY).

A perspectiva da paz global com as sensibilidades que só o sul pode desencadear sob os pontos de vista antropológico, sociológico e histórico, fica assim fragilizado quando se está longe do patamar de consciência sobre os fenómenos globais e quando tanto se necessita duma trincheira comum consistente, emergente e multilateral para fazer face aos enormes desafios que o império da hegemonia unipolar impõe em pleno século XXI. (http://www.correodelorinoco.gob.ve/la-tarea-historica-de-la-izquierda-en-latinoamerica-es-construir-comunidad/).

A Venezuela é um exemplo de luta, de resistência e de vontade popular para, numa trilha animada de substantiva lógica com sentido de vida, fazer face às contínuas práticas de conspiração do império da hegemonia unipolar que lhe fica a norte, precisamente no lado oposto das costas do Golfo do México e Mar das Caraíbas! (https://br.sputniknews.com/americas/2019072814285261-navio-hospital-dos-eua-se-aproximara-da-venezuela-em-meio-a-temores-de-provavel-invasao/).

Contra a Venezuela Bolivariana continuam a crescer as ameaças, tornadas mais sensíveis sob o ponto de vista militar, durante a Reunião do Movimento dos Não Alinhados e do XXV Foro de São Paulo. (https://br.sputniknews.com/americas/2019072714284573-numero-2-do-chavismo-diz-que-invasao-dos-eua-na-venezuela-e-provavel/).

A Venezuela Bolivariana é essa resistência participativa aberta aos protagonismos democráticos e populares, (https://www.academia.edu/5343512/TRABAJO_SOBRE_LA_DEMOCRACIA_PARTICIPATIVA_EN_VENEZUELA_Genesis_Ailed_Prado_Aranguren) mas esse modelo e suas mensagens chega em visões toldadas a muitas das outras paragens e ao outro lado do Atlântico, apesar de ter tanto a ver com os desafios que África enfrenta! (https://www.causaoperaria.org.br/a-venezuela-que-a-imprensa-golpista-nao-mostra-parte-i/).

O império a todo o transe desencadeou além do mais uma intensa guerra psicológica por que para manter as correntes de domínio, não pode permitir que as mensagens justas passem, sob pena de ter de enfrentar ainda muito mais resistências das que já vai tendo com o desafio multilateral! (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/condutas-dialecticas-uteis-de.html).

África, inesgotável (?) fonte de matérias-primas obrigatoriamente baratas e de cérebros que o império pretende sempre absorver e aproveitar, é um dos alvos dessa guerra psicológica do império e por isso a imagem que invariavelmente chega da Pátria Grande e da Venezuela Bolivariana, resultam da filtragem dos meios de difusão massiva ao serviço dos interesses e conveniências dessa agressão constante contra as nações, os estados e os povos do sul! (http://paginaglobal.blogspot.com/2013/02/a-liberdade-num-vazio.html).

Pelo contraditório, um pequeno hiato para a África do Sul… (http://noticias.ciudadccs.info/zwelivelile-mandela-venezuela-fue-inspiracion-lucha-apartheid/).



02- O cômputo das mensagens que o norte produz e dissemina em relação a África, é imensamente superior ao cômputo das mensagens produzidas pelos próprios africanos sobre si próprios, pelo que se isso contribui para que assimilação neocolonial seja tão evidente nos expedientes comunicacionais resultantes da aplicação das novas tecnologias pela mão dos difusores poderosos, é também o fio da espada que pende sobre a cabeça dos africanos… (http://paginaglobal.blogspot.pt/2013/07/assim-se-faz-hegemonia.html).

Tudo é feito para lançar a confusão, a divisão e a exclusão e as mensagens justas que buscam integração, unidade e coesão, são sistematicamente postas em causa, ou subvertidas ao passar pela filtragem, ou mesmo excluídas quando houver que esconder!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/).

Imaginem a catadupa de notícias falsas forjadas para com a Venezuela e, por causa desse determinismo abissal que cai sobre África, imaginem as matérias envenenadas que são digeridas por tantos milhões de africanos como se fossem fiáveis, completas, verídicas ou objectivas! (http://www.correodelorinoco.gob.ve/foro-de-sao-paulo-pone-en-evidencia-mentiras-de-los-medios-sobre-venezuela/).

As entorpecidas elites africanas desse modo são presa fácil das capacidades contemporâneas de gerar alienação e ilusão virtuais, permitindo que a mentalidade formatada a partir do império impeça que a consciência crítica possa ganhar alguma expressão colectiva mobilizando as sociedades africanas oprimidas, sobretudo desde quando foram vencidos colonialismo e “apartheid”. (http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/10/05/o-fardo-da-hegemonia/).

África tem muito poucas organizações presentes no XXV Foro de São Paulo em Caracas e as que lá estão pouco se fazem sentir, em grande parte também por causa desses artificiosos fenómenos!

A maior lástima é África estar desligada dos afrodescendentes cujos antepassados foram levados para as Américas por via do tráfico de escravos, desligada de seus processos de luta, desconectada da legitimidade dessa luta… (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/07/jamaica-sem-africa.html).

A prova dessa silenciosa conspiração desfila contudo sob nossos olhos: apesar da riqueza criativa do movimento de libertação em África, que de armas na mão enfrentou os processos dominantes mais perversos que a humanidade sentiu nos últimos duzentos anos, nem sequer os que seguiram essa saga dão por vezes sinais publicamente de se manifestar em relação a acontecimentos tão fulcrais para as relações sul-sul como o Foro de São Paulo, ou até ao menos marcar presença mesmo com o modesto estatuto de observador… muito menos alguma vez mobilizar as comunidades mais pobres do continente no sentido da “unidade, luta, batalha e vitória”! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/02/a-persistencia-da-barbarie.html).


03- Sendo a paz tão frágil por prolongada anemia de justiça social e por isso mesmo um desafio tão decisivo para o continente africano, é evidente que essa ainda não digerida, muito menos resolvida fragilidade, é uma fluência que determina a sorte miserável de centenas de milhões de seres!

Essa situação prevalece como um despojo da Conferência de Berlim, um factor decisório que se continua quantas vezes a fazer sentir dado o artifício colonial das fronteiras.

Um impacto voraz impõe-se de forma exacerbada às milenarmente atractivas regiões tropicais ricas em água interior, ao espaço vital do continente, como o Congo e os Grandes Lagos, onde a desestabilização é um processo contínuo e larvar em função de trágicas migrações! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/04/28/africa-da-inercia-a-catastrofe/).

Os povos e as comunidades no Congo e nos Grandes Lagos continuam a ser um alvo permanente e preferencial: de tão fragilizados que estão, continuam a embarcar nas vagas de alienação e ilusão que são despejadas sobre África, que se juntam às terríveis doenças em constante risco de expansão, que se juntam às tensões, conflitos e guerras resultantes dos intensos movimentos migratórios de deserdados que abandonam a desertificação em busca dum pequeno quinhão de espaço vital!... (https://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/rescaldos-dos-fantasmas-do-rei-leopoldo.html).

É por isso que as próprias elites forjadas nesse cadinho, são pouco mais que entorpecidos instrumentos palúdicos, incapazes do mais importante: “resolver os problemas do povo”!… (quão embaraçosas são as palavras e as vocações desencadeadas por Agostinho Neto!)

A disseminação de agrupamentos rebeldes artificiosos que continuam a amarrar ao subdesenvolvimento e ao obscurantismo o mais suculento do miolo continental, são a prova dessa ainda não vencida prática de conspiração que tanto tem a ver com o que é imposto a África: continuar a preencher sem melhor sorte ou alternativa, todas as vértebras da cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano entre todos os continentes! 


04- O exemplo do sul latino-americano no sentido de gerar capacidades integradoras vocacionadas para a paz, a soberania e a prosperidade, continua a não ser visto em África com a tão necessária sensibilidade, imprescindível por que as elites africanas desde logo demonstram que estão longe de estarem preocupadas em mobilizar seus povos e comunidades, ou até para descobrir a sua própria identidade! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/07/a-transversal-de-paz-da-grande-rebeliao.html).

África tarda a descobrir-se a si própria, pelo que as organizações sociais, ou mesmo organizações sociopolíticas que dão sequência ao movimento de libertação que operou vitorioso no século XX, reflectem (e formatam-se) a onda avassaladora das práticas de conspiração do império da hegemonia unipolar e seu cortejo de vassalagens! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/12/mais-de-cem-anos-volvidos-ainda-o.html?fbclid=IwAR2PVVwbF1DUVX4ZbpwoYx3Gx2ZXRgE4-jOnRPTIe2MtsETrEdJJ_jjO8qE).

Não sendo essa uma paz substantiva, a paz fica em África à mercê de artifícios que são insuflados quantas vezes a partir do norte e reproduzem até ao infinito as fragilidades antropológicas, históricas e sociológicas de África, pelo que a libertação tende, estando incompleta e prevalecendo o colonialismo mental para um contínuo processo de subversão, a esvair-se na ultraperiferia dos inertes!


05- A América Latina todavia está aí, passando das doutrinas libertárias de há 200 anos, experimentadas com o erguer de suas próprias bandeiras, a conferir à paz a lógica com sentido de vida de seus povos por via das suas organizações sociopolíticas de vanguarda, além do mais rompendo os pântanos da inércia! (https://www.prensalatina.com.br/index.php?o=rn&id=24871&SEO=delegacao-cubana-no-foro-de-sao-paulo-rende-tributo-a-bolivar-e-marti).

São os processos antropológicos, sociológicos e históricos de libertação que continuam a ser determinantes e por isso são seus próceres que são lembrados e suas ideias levadas à prática desde a altura crucial em que se venceu o colonialismo, intrincando-se hoje nas práticas das organizações sociopolíticas de vanguarda que ousam trilhar os modernos pressupostos democráticos da participação com protagonismo, face a face à fechada representatividade democrática que tem sido mero artifício, refém das oligarquias e do império!

800 delegados de 150 partidos e movimentos estão presentes em Cartacas, capital da paz neste Julho dialético e precisamente quando o império do norte se multiplica em subversão, ameaças, bloqueios e sanções de toda a ordem contra a Venezuela Bolivariana! (https://www.causaoperaria.org.br/foro-de-sao-paulo-milhares-participam-de-ato-nas-ruas-de-caracas/).

Que esperar deste XXV Foro na imediata sequência da Reunião dos Países Não-Alinhados (no mesmo local, Hotel Alba Caracas), num momento tão rico como este para a batalha de ideias? (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/07/26/no-alineamiento-activo-pilar-imprescindible-de-la-paz-global/).

De entre as várias intervenções, destaco hoje e em jeito conclusivo, a de Reinaldo Bolivar, publicada no Centro de Saberes Africanos, Latino-Americanos e Caribenhos:

“Solo el Sur salva al Sur.

Tanto el Foro de Sao Paulo, como la Reunión Ministerial del Movimiento de los No Alineados son eventos planificados con varios años de anticipación. Aclaratoria válida para los que piensan que esto es una ocurrencia repentina de alguien.

Venezuela acogió el Foro de Sao Paulo en 2012, con la presencia del Presidente Hugo Chávez. Y desde 2016 viene presidiendo la hoja de ruta organizativa del MNOAL, cuya jefatura entregará en octubre 2019. Es normativa de este organismo, que antes del traspaso debe hacerse una reunión de ministerios de relacione exteriores.

El Foro y la NOAL son dos manifestaciones multilaterales, en lo gubernamental y en lo político de los pueblos del Sur. Sao Paulo es una expresión socio política que impulsa con fuerza creativa las conquistas y aspiraciones populares. El MNOAL es una presión de los países en desarrollo, del Sur, para contener la avaricia de un norte que cada vez más responde a las directrices del gobierno corporativo de EEUU. Sao Paulo es la aspiración del Sur a controlar con sus pueblos su destino, el MNOAL supone, en varios casos –en otro se espera—esa conquista.

Pero el Norte también está organizado, en especial en lo económico y militar, cuenta con la poderosa Organización de Cooperación y Desarrollo Económico (OCDE) que agrupa economías de Europa, América, Asia y Oceanía y que opera mediante el G7. Luego la OTAN, un suerte de banda armada que usa su poder de fuego para avasallar a todo resistencia política. No cuenta, por su misma razón excluyente de ser, con expresiones populares y políticas como el Foro de Sao Paulo o las cumbres de los pueblos que cuando se hacen, en torno a las reuniones del FMI O Banco Mundial, son reprimidas con una violencia inusual.

Por supuesto que al MNOAL le falta la efectividad de los años 70 cuando contuvo el libre comercio y junto al G77 consiguieron el sistema de preferencias arancelarias y la incumplida ayuda para el desarrollo (0,7 del PIB de la OCDE). Al Foro de Sao Paulo aún debe hacer que la creatividad se transforme en poder, y que el poder no lo vaya jamás a tutelar esa creatividad. Le falta también más Asia y más África, vale decir más unidad del Sur por el Sur.

En su momento el MNOAL funcionó en llave con el Grupo de los 77 + China para en el seno de la Conferencia de Comercio y Desarrollo de la ONU (UNCTAD) contener el libre comercio avalado por la OCDE a través de la OMC (antes Acuerdo General de Libre Comercio o GATT).

La andada del Norte, que no es capaz de suplir sus necesidades energéticas y de materia primas, contra el Sur, ha hecho que este se encuentre concentrado en la defensa de los principios del derecho internacional, en especial de su soberanía y autodeterminación. El Norte avasalla para que los gobiernos progresistas del Sur pierdan el rumbo. Allí es cuando el Foro de Sao Paulo debe ser un ejército pensante, no solo tanques, sino batallones de pueblos, sabedores y hacedores.

Necesario es que el Sur organizado gane esta larga guerra y pueda de una vez por toda contralar y dirigir su destino económico, su desarrollo. Descubrir, mostrar y transferir los avances grandes o pequeños de cada pueblo y nación del Sur, que los hay más allá de lo que creemos. 

Es imposible avanzar en soledad, y tampoco en soledad se puede ganar esta larga guerra multisectorial. Solo el Sur puede salvar al Sur”…(https://www.saberesafricanos.net/noticias/opinion/editor/4803-que-esperar-del-foro-sao-paulo-y-el-mnoal-en-venezuela.html).

Conseguirá África começar ao menos a vencer sua própria inercia, em grande parte injectada pelo norte e pelo imperio da hegemonía unipolar?

Martinho Júnior - Luanda, 27 de Julho de 2019

Imagens:
01- Logo do XXV Foro de São Paulo, em Caracas;
02- O Foro de São Paulo tem tudo a ver com a Pátria Grande e os relacionamentos sul-sul numa globalização que opta pelo multilateralismo; por isso há que defender o Presidente Nicolas Maduro e todos os que por vias de paz procuram defender esses valores que são parte integrante da ética de que se deve nutrir toda a humanidade;
03- Nieto de Nelson Mandela rinde homenaje al comandante Hugo Chávez en Cuartel de la Montaña 4F – http://vtv.gob.ve/nieto-nelson-mandela-homenaje-comandante-hugo-chavez/;
04- No Foro, um diálogo permanente em busca de consensos em prol da coerência, da unidade e da coesão de que tanto carece o relacionamento sul-sul;
05- Marcha dos participantes do XXV Foro de São Paulo em Caracas, em estreita solidariedade com a Venezuela Bolivariana.

Anexo:
Declaración Final del XXV Foro de São Paulo: Unidad de los pueblos en contra del imperialismo –  http://vtv.gob.ve/declaracion-final-xxv-foro-sao-paulo/

Sem comentários:

Mais lidas da semana