Há mais de 30 mil refugiados
congoleses na província de Lunda Norte. Alguns deles querem regressar ao país
de origem, mas para a maioria ainda é complicado obter documentos, ter acesso
aos serviços de saúde ou trabalho.
O número de refugiados congoleses
na província de Lunda Norte ainda é elevado, contudo já há muitos que mostram
vontade de regressar à República Democrática do Congo (RDC). As
autoridades angolanas juntamente com o governo de Kinshasa e o Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) tentam dar as
condições necessárias para os refugiados regressarem ao seu país de origem.
Segundo números da organização,
Comunidade de Refugiados em Angola (CRA), ainda estão entre 30 a 40 mil refugiados
congoleses em território angolano. Os refugiados dentro deste grupo têm várias
pretensões, uns desejam ficar em Angola e outros querem regressar ao país
de origem como explica Mussenguele Kopel coordenador da CRA.
"Há um número que quer
voltar, que é originário do Kasai. E tem a maioria que quer a integração local.
Também tem o grupo que não está a encontrar como se integrar e que pede para
encontrar reassentamentos”, conta o coordenador angolano.
As preocupações dos refugiados
Os refugiados congoleses vêm
sobretudo da região do Kasai na RDC há já várias décadas. Os seus problemas em
Angola são vários e há reclamações constantes, Mussenguele Kopel aponta
principalmente para a situação da falta de documentação e fraco acesso aos
cuidados da saúde.
"Primeiro os refugiados em
geral não têm condições. Em todos os sítios que você vai os refugiados estão a
reclamar que não têm documentos de identidade, que lhes pode facilitar os
movimentos. Além disso temos ainda aqueles refugidos que estão doentes e a
maioria tem tuberculose”, relata Mussenguele.
O ACNUR tem distribuído kits de
reintegração a todos os refugiados que regressem à RDC dentro dos pressupostos
estipulados, mas há muitos que desejam ficar e isso também tem sido
problemático para a integração de milhares congoleses em Angola.
"As pessoas depois de
receberem formação não têm acesso ao mercado de trabalho. É um pouco difícil
aceitar os documentos dos refugiados e trabalhar com eles. É aí que também
começam os problemas maiores dos refugiados”, segundo Mussenguele Kopel.
Um dos temas mais falados na
República Democrática do Congo ultimamente tem sido a questão do ébola, onde o
número de casos tem crescido nos últimos meses.
Ébola na RDC
Recorde-se, que na RDC o
ébola já fez mais de 1500 mortos e a cada dia há registo de 12 novos casos,
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que já declarou o estado de
emergência internacional.
A OMS também alertou Angola para
se precaver sobre possíveis casos de ébola nas fronteiras. O país partilha uma
vasta zona fronteiriça com a RDC nas províncias do Zaire, Moxico, Lunda Norte e
Lunda Sul.
Mas, apesar de tudo ainda não há
uma grande preocupação das autoridades angolanas com essa situação, assegura Mussenguele.
"As autoridades angolanas no
momento em que o ébola está a ser falada no leste, na zona norte não existem
muitas preocupações. As fronteiras ainda estão abertas, Angola ainda não
manifestou preocupação em fechar as fronteiras”.
Muitos congoleses ainda não
acreditam na estabilidade do governo atual da RDC por isso é que não regressam.
As relações bilaterais entre Angola e a RDC têm sido reforçadas a nível
económico, social e fronteiriço. Mas a questão dos refugiados ainda vai demorar
a resolver-se.
Rodrigo Vaz Pinto | Deutsche
Welle
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