O Governo da Guiné Equatorial
elogiou hoje a "mudança positiva" rumo "à paz e
prosperidade" introduzida pelo Presidente Teodoro Obiang, numa resposta à
Amnistia Internacional, que voltou a denunciar violações dos direitos humanos
no país.
A Amnistia Internacional (AI)
voltou a alertar para violações dos direitos humanos na Guiné Equatorial, como
torturas sobre opositores, detenções arbitrárias e execuções extra-judiciais, a
02 de Agosto, véspera do 40.º aniversário da tomada do poder do actual Presidente,
Teodoro Nguema Obiang.
Uma versão rejeitada pela Guiné
Equatorial, que num longo texto de "reacção ao artigo da Amnistia
Internacional", divulgado através do Gabinete de Informação e Imprensa
oficial, diz que o país "acaba de celebrar 40 anos de paz, prosperidade e
sã convivência nacional".
No documento, o Governo sustenta
que esse percurso resulta do "Golpe de Liberdade do dia 03 de Agosto de
1979", que "felizmente modificou o curso da história" do país.
Teodoro Obiang Nguema, 77 anos,
assumiu o poder na Guiné Equatorial após um golpe de Estado militar que depôs o
seu tio, executado em Setembro desse ano.
O texto enumera o que considera
as conquistas do actual regime equato-guineense no percurso de
"reconstrução do país", nomeadamente na área económica, das
infraestruturas e na formação de capital humano.
"O Presidente Obiang Nguema
Mbasogo dirigiu com mestria as distintas etapas para conseguir o
desenvolvimento do país e o bem-estar da população, com um enfoque coerente,
harmonioso e participativo. Este é o mérito deste Gigante de tamanho
incomensurável, um mérito reconhecido além das nossas fronteiras e do nosso
continente", prossegue.
O artigo evoca também o
"papel reconhecido" do país em organizações internacionais como a
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a que aderiu em 2014, e os
apoios financeiros prestados a entidades como a Organização Mundial de Saúde ou
a Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Sem responder directamente às
denúncias, o Gabinete de Informação e Imprensa da Guiné Equatorial, acusa o
multimilionário George Soros de estar por trás do artigo da Amnistia
Internacional.
"Tudo debaixo do selo,
financiamento e direcção de George Soros e da sua fundação 'The Open Society
Institute', refere o texto, apelidando o magnata de ser "um criminoso e
especulador financeiro com evidentes interesses geoestratégicos e
imperialistas".
No documento refere-se ainda que,
“a Guiné Equatorial unida como um só homem, apoiando o seu Chefe de Estado,
Obiang Nguema Mbasogo, continuará a lutar para manter a paz, o equilíbrio
social, a coesão nacional e a ordem social".
Antiga colónia espanhola, a Guiné
Equatorial aderiu à CPLP em julho de 2014 mediante um roteiro que prevê a
abolição da pena de morte, o que cinco anos depois ainda não aconteceu.
Segundo a AI, desde que Teodoro
Obiang Nguema tomou o poder houve um "declínio preocupante" nos
direitos humanos na Guiné Equatorial, devido a torturas, execuções
extrajudiciais, detenções arbitrárias e perseguições de ativistas políticos,
defensores dos direitos humanos e jornalistas.
Expresso das Ilhas | Lusa | Foto: RTP
Sem comentários:
Enviar um comentário