Comandante-geral da polícia
moçambicana diz que ameaças de militares da RENAMO têm a ver com um
"conflito interno", que não resvalou para o país.
O comandante-geral da polícia
moçambicana minimizou as ameaças à paz resultantes de um grupo de militares da
RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) que contesta a liderança do principal
partido da oposição.
"Este é um conflito interno
e ainda não atingiu o que se chama conflito do país. Não há nenhum problema, é
normal na política existirem ideologias diferentes", disse Bernardino
Rafael, falando esta quarta-feira (21.08) à comunicação social na cidade da
Beira, centro de Moçambique.
Em causa estão as ameaças da
autoproclamada "Junta
Militar da RENAMO", que exige a demissão do atual líder do partido,
Ossufo Momade, e considera
nulo o acordo assinado com o Governo, ameaçando voltar a confrontos
caso o Executivo moçambicano ignore a revindicação de novas negociações.
Para Bernardino Rafael, o grupo
ainda não é uma ameaça à paz e cabe à RENAMO encontrar uma solução interna.
"Neste momento, nós
confiamos que a RENAMO vai encontrar a solução para este problema", frisou
o comandante-geral da polícia moçambicana, apelando a que se evite noticiar o
caso de "forma explosiva".
O grupo, que se autointitula como
uma estrutura militar da RENAMO "entrincheirada nas matas" com 11
unidades militares provinciais, elegeu
à revelia do partido o tenente general Mariano Nhongo como presidente
interino, reiterando que não vai entregar as armas no quadro do acordo de paz
assinado com o Governo.
O Presidente moçambicano, Filipe
Nyusi, e Ossufo Momade, assinaram, a 6 de agosto, em Maputo, o Acordo de Paz e
Reconciliação Nacional.
O Governo moçambicano e a RENAMO
já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra
civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as
duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais.
Em 2014, as duas partes assinaram
um outro entendimento de cessação das hostilidades militares, que também voltou
a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas
sem um acordo formal.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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