O secretário-geral do PCP,
Jerónimo de Sousa, defendeu hoje que é necessário dar reposta a diversos
problemas estruturais do país e reconheceu que é neste domínio que há grandes
diferenças entre o PCP e o Governo do Partido Socialista.
"Desde o primeiro contacto
que estabelecemos com o Partido Socialista defendemos que era preciso dar
resposta aos problemas estruturais, do défice agroalimentar, défice
demográfico, défice energético, da necessidade de investimento em serviços
públicos essenciais, a pensar também nas regiões do interior", disse.
"Faltam respostas
estruturais. E aqui começa a colisão e a diferença entre nós [PCP] e o Partido
Socialista e os seus objetivos", acrescentou Jerónimo de Sousa,
responsabilizando o Partido Socialista por não se ter ido mais longe na atual legislatura,
tendo em vista a melhoria das condições de vida dos portugueses.
O dirigente do PCP, que
falava aos jornalistas durante uma visita às praias da Arrábida, em Setúbal,
reafirmou que uma eventual participação dos comunistas no Governo estaria
sempre dependente do programa de Governo, advertindo que não há uma coincidência
de prioridades entre socialistas e comunistas.
"Participar no governo para
quê, para fazer que política", questionou, considerando que se trata de
uma pergunta que tem de ser colocada, até pela recente aprovação da nova
legislação laboral pelo PS, "com a bênção do PSD e do CDS",
que disse ser muito penalizadora para as novas gerações de
trabalhadores.
"Uma marca clara e
inequívoca é esta legislação laboral aprovada pelo PS, com a bênção do PSD e
do CDS, que tem uma natureza de classe muita clara, porque são alterações
que visam retroceder no plano dos direitos. E queria sublinhar uma preocupação
de fundo em relação aos jovens trabalhadores que, com estas alterações, são
conduzidos para a máxima precariedade de diversas formas, com
contratos a prazo, contratos a termo", disse.
Durante a vista que efetuou à
praia da Figueirinha, uma das praias da Arrábida, utilizando os autocarros
da empresa TST (Transportes Sul do Tejo), que asseguram as ligações
entre Setúbal e as praias da Arrábida devido às restrições à circulação
automóvel por questões de segurança, Jerónimo de Sousa disse ainda que nesta
fase da pré-campanha eleitoral "não basta conhecer problemas,
dificuldades, fazer críticas".
"Também é preciso mostrar os
bons exemplos que existem, que é o caso concreto das praias da Arrábida,
particularmente tendo em conta a grande e nova atualidade das
questões ambientais e de defesa da natureza, aliada a outros direitos
fundamentais, como, por exemplo, o direito à mobilidade e à segurança",
disse Jerónimo de Sousa.
O líder comunista acrescentou que
as restrições à circulação automóvel na Arrábida, no concelho de Setúbal, uma Câmara da CDU,
podem parecer polémicas mas foram fundamentais para acabar com "o inferno
que era com o bloqueio total, devido à quantidade de veículos, que dificultava
muito o usufruto [das praias da Arrábida pelas pessoas]".
Jerónimo de Sousa afirmou ainda
que os novos passes sociais intermodais, que também permitem o acesso às
praias da Arrábida, constituem um "salto qualitativo" na mobilidade
dos portugueses".
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