Macau, China, 26 ago 2019 (Lusa)
- A Associação Novo Macau denunciou hoje ataques informáticos à consulta
pública sobre sufrágio universal e ameaças à equipa que promoveu a iniciativa.
A consulta pública, que recolheu
um total de 5.698 votos, que deveria decorrer de 11 de agosto até domingo
passado, foi cancelada um dia antes porque os organizadores entenderam que as
ameaças iriam piorar e que podiam "representar um risco para a
segurança" dos promotores, indicou o movimento pró-democracia em
comunicado.
Desde 14 de agosto, as equipas de
rua que promoviam o inquérito "foram interrompidos, insultados ou até
atacados fisicamente por pessoas desconhecidas", acusou a Associação Novo
Macau, acrescentando que comunicou o caso às autoridades.
"No dia 22 de agosto, a
Associação Novo Macau recebeu informações específicas indicando que a situação
acima (descrita) provavelmente se intensificaria, o que poderia representar um
risco para a segurança"
A Associação Novo Macau denunciou
ainda que a página 'online' para a consulta pública foi "alvo de ataques
cibernéticos", provenientes principalmente da China continental.
No entanto, apontou o comunicado,
"os ataques não ameaçaram o bom funcionamento do servidor", nem a
segurança e integridade dos dados dos votos.
"Anormalidades também
ocorreram no site da votação em 23 de agosto, o que fez com que os
participantes fossem incapazes de votar. Após uma avaliação prudente dos riscos
em jogo, a Associação Novo Macau encerrou a votação" no no início da noite
de sábado, explicou aquela associação.
A "votação sobre sufrágio
universal para a eleição do chefe do executivo" organizada pela associação
pró-democracia demonstrou que um total de 5.351 participantes votaram a favor,
236 votaram contra (4,1%) e 111 abstiveram-se (2%), anunciou a Associação Novo
Macau em comunicado.
A participação na consulta
popular 'online', que visava "proporcionar uma plataforma para os cidadãos
de Macau falarem sobre reforma política e sufrágio universal", apesar dos
poucos recursos afetos à promoção da iniciativa "foi de acordo com as
expectativas", apontou a associação pró-democracia.
Embora o resultado da votação
"não seja juridicamente vinculativo", a associação pró-democracia
mostrou-se esperançosa que o "resultado sirva como uma importante
referência para o próximo Governo de Macau".
O ex-presidente da Assembleia
Legislativa (AL) de Macau Ho Iat Seng foi no domingo eleito o chefe do
Executivo do território e vai tomar posse no dia 20 de dezembro, substituindo
Fernando Chui Sai On, há uma década no cargo.
Ho Iat Seng, de 62 anos, único
candidato ao cargo de chefe do Executivo após ter recebido o aval de Pequim,
foi eleito com 392 votos a favor, sete em branco e um nulo de uma comissão
eleitoral composta por 400 membros, representativos dos quatro setores da
sociedade.
A Lei Básica de Macau (mini
constituição) define os quatro setores da sociedade como: industrial, comercial
e financeiro; cultural, educacional, profissional; do trabalho, serviços
sociais, religião; representantes dos deputados à Assembleia Legislativa e dos
membros dos órgãos municipais, deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional
chinesa e representantes dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência
Consultiva Política do Povo Chinês.
Ho Iat Seng afirmou no início da
sua campanha eleitoral que ia promover gradualmente a democracia na região
administrativa especial chinesa. Contudo, não se comprometeu a pedir ao Governo
central chinês que permita a Macau avançar para um sistema político assente no
sufrágio universal.
"Se for eleito (...)
promoverei o desenvolvimento político democrático de forma ordeira",
assegurou, considerando ser esta uma matéria que não se resolve "de um dia
para o outro" por estar relacionada "com a reforma política de uma
região".
O futuro chefe do Governo do
antigo território administrado por Portugal estreou-se como deputado em 2009,
ano em que foi eleito para o cargo de vice-presidente da AL.
Quatro anos depois, em 2013, Ho
Iat Seng foi escolhido para presidente daquele órgão. Até abril deste ano foi
um dos 175 membros do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular chinesa,
o órgão máximo legislativo da China.
MIM (JMC) // PJA
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