Enquanto esses eleitos
continuarem sendo totais estranhos ao eleitorado, especialmente quando não são
capazes de solicitar e/ou aceitar a opinião do eleitorado nas decisões cruciais
e pragmáticas para o bem-estar do povo e da nação, surgirão sinais inquietantes
para todos os que se preocupam com o bem-estar da nação cabo-verdiana. Daí que,
do meu ponto de vista, chegou a hora da introdução da possibilidade do
aparecimento de um novo grupo com conhecimento e atitudes democráticas para
dirigir a competição entre os diversos elementos dessa banda musical desgastada
e ultrapassada. Aliás, a “democracia” aplicada com base nas amizades e opiniões
da camaradagem, onde não existe liberdade e tolerância, nunca é “democracia”.
Carlos Fortes Lopes* | A Semana | opinião
A política criminal está definida
pelos órgãos de soberania (artigos 225.º da Constituição da República – CRCV –
e 2.º da Lei n.º 89/VII/2011, de 14 de Fevereiro, que aprovou a Orgânica do
Ministério Público – LOMP-, alterada pela Lei n.º 16/IX/2017, de 13 de
Dezembro).
Cabo Verde é um país considerado
democrático, mas as instituições que compõem a governação do país, após 44 anos
como independente e decorridos 27 anos de tentativa de aprendizagem do processo
constitucional de governação (uma demanda das Nações Unidas), a famosa classe
social formada na Praia, por pessoas que possuem títulos nobiliárquicos
concedidos pelos antecessores como que os recursos nacionais fossem heranças
exclusivas dos antepassados.
O que tenho vindo a acompanhar é
um aumento preocupante das práticas político-institucionais do sistema
Aristocrático governamental. Ora, se o significado do termo aristocracia tem
origem do grego “aristokrateia”, que significa “governo dos melhores”,
aristocracia é uma forma de organização social e política em que o governo é
monopolizado por uma classe privilegiada de cariz aristocrática.
Ainda não conseguiram aprender de
que com a própria constituição composta pelo “puzzle” democrático do país
deixará de estar tão comprometida. Os direitos constitucionais das populações
não continuarão sendo violados como se tratasse de um país Aristocrático com
tendências Ditatoriais. As próprias práticas exibidas pelos políticos em
exercício dos seus mandatos são demonstras claras do nível de governação do
país. E tudo indica que pretendem continuar com o sistema de governação
aristocrático do país. Basta ter o cuidado de analisar os acontecimentos dos
últimos tempos para se perceber o contraste na mudança total dos “players”,
seremos capazes de evitar o “caos” que nos ameaça, no horizonte próximo, ou os
jovens terão que aceitar passivamente a violação dos seus direitos como
cidadãos? Pois, olhando para além do “nariz”, qualquer um será capaz de ver a
realidade dos factos sociais em efervescência.
No caso do nosso país, existe um
mar de lições desperdiçadas e que podia ter sido aproveitadas se os eleitos e
indigitados fossem humildes e recetivos às opiniões dos membros das comunidades
dispersas pelas ilhas. A história do nosso sacrificado país é torturada pelos
políticos e pelo povo em diversas situações com pormenores sociais, políticos e
judiciais destrutoras em qualquer sociedade. E, infelizmente, os eleitos ainda
não conseguiram se livrar da mentalidade ditatorial e continuam incluindo os
elementos da nossa história no curriculum escolar, para o efeito de formar e
enformar os mais jovens desconhecedores dessa parte da história do país.
Enquanto o poder mantiver nas
mãos desses, que tudo é feito com base em ganhos pessoais, o nosso país
continuará a ter problemas sociais, com discórdias constantes entre alguns
governantes e entre o povo (desempregados, criminosos e bajuladores, etc.,) e,
os “políticos” que continuam, diariamente, a cometer atos ilegais e outros com
sinais claros de se incentivarem a prática criminal - peculato e outras
semelhantes.
Falando dos membros do governo,
como disse e bem o senhor Chefe do Gabinete do Presidente da Republica, a lei
que entrará em vigor no próximo mês de Outubro já está sendo violada pelos
próprios membros do Governo que criaram essa Lei do alcoolismo. Este é mais um
mau exemplo dos que em vez de promoverem boas práticas promovem más práticas
sociais, judiciais e financeiras. Uma demonstração clara do nível dos
escolhidos para governar o país, de práticas duvidosas e ilegais utilizadas
constantemente para satisfazer as suas ganâncias pessoais e as da maioria que
continua desconhecedora das bases essenciais da democracia e os deveres dos
políticos e do Estado, estipulados na CRCV. Aliás, andam a satisfazer as
ganâncias pessoais e dos amigos instalados nas instituições governamentais na
capital e nas 22 câmaras municipais, sem que se tenha nenhum processo de
fiscalização à altura das exigências constitucionais do país.
Desse jeito, e sem uma
intervenção forte da casa presidencial, continuaremos a ter um país vítima de
fraudes constantes, violências baseadas no facto de que os políticos usam e
abusam do sistema, enquanto o povo sofre de miséria. A exibição pública dos
interesses pessoais e familiares acima dos interesses do povo são factores
preponderantes dessa instabilidade social existente no país e brevemente ela
sofrerá uma evolução astronómica que poderá vir a ser supersónico para o povo e
para a nação cabo-verdiana.
Certamente que, analisando a
trajectória política, económica, financeira, judicial e social do país, de 5 de
Julho de 1975 a
esta parte, verificamos que vários setores da governação têm evoluído. Alguns
para o bem da nação, outros para o bem e satisfação dos bem abençoados com a
imunidade política e a impotência do sistema judicial nacional.
Baseando-me nas experiências
vividas em países com uma certa maturidade democrática, sinto-me à vontade para
solicitar a aplicação do que acabei de sugerir. Saber viver na democracia é
também uma forma de se aprender com a experiência e o positivismo dos outros. Aprender
nunca feriu o orgulho de qualquer ser humano. Pelo contrário, aprender é a
melhor dádiva humana.
Existe sempre a possibilidade de
alguém mudar de atitude, mas para que isso aconteça, a pessoa terá que estar
interessada a acolher as mudanças de mentalidade e aceitar as sugestões do povo
humilde e esperançoso. Resta também, aplicar um sistema de coordenação
sociopolítico às alturas das exigências dessas circunstâncias delicadas e com
exigências elevadas. Ser bom político é, também, ser atencioso e com
conhecimento baseados nas ciência da política e saber transmitir os dados sem
tentar ludibriar, seja quem for. O bom político é aquele que consegue ser leal
para consigo mesmo e especialmente para o seu próximo e que é também, capaz de
aceitar os erros e ter a porta sempre aberta a sugestões referentes às
realidades sociais do país.
Precisa-se de políticos que
saibam separar as águas, respeitando as leis do território. Um país, onde os
“políticos” não aparecem do nada. Onde são escolhidos claramente para defender
os interesses da nação e cumprem com as palavras de concordância que estiveram
na base da sua escolha para concorrer numa lista única, com apoio de alguém,
grupo ou mesmo de um partido político da praça.
Enquanto esses eleitos
continuarem sendo totais estranhos ao eleitorado, especialmente quando não são
capazes de solicitar e/ou aceitar a opinião do eleitorado nas decisões cruciais
e pragmáticas para o bem-estar do povo e da nação, surgirão sinais inquietantes
para todos os que se preocupam com o bem-estar da nação cabo-verdiana. Daí que,
do meu ponto de vista, chegou a hora da introdução da possibilidade do
aparecimento de um novo grupo com conhecimento e atitudes democráticas para
dirigir a competição entre os diversos elementos dessa banda musical desgastada
e ultrapassada. Aliás, a “democracia” aplicada com base nas amizades e opiniões
da camaradagem, onde não existe liberdade e tolerância, nunca é “democracia”.
Ora, na democracia o cidadão não
pode ser obrigado a fazer o mesmo que todos e nem tão pouco, aceitar e ser
forçado, via intimidações, a seguir a pegada de qualquer outro cidadão. Essa
nossa democracia ainda não conseguiu proporcionar a tal liberdade aos cidadãos
de “terceira”, ou seja, os pobres que vivem na miséria extrema, passando a ser
presas fáceis dos comissários políticos, dos partidos que usam e abusam do
dinheiro do Estado para ganhos político-eleitorais.
Tudo o que é inaceitável numa
democracia séria
Está bem patente que leis que
interferem na liberdade do povo só servem para o pequeno grupo de eleitos
abusarem ainda mais do sistema financeiro nacional e delapidar os cofres do
Estado. Nesse sentido, está o povo convocado a exigir mais respeito dos
responsáveis nacionais, para que possamos dar o passo certo, rumo à tão
desejada democracia, com base no conteúdo da constituição da República de Cabo
Verde. Para que lá cheguemos, teremos que ser realistas e aceitar que o nosso
sistema judicial não funciona e que os políticos continuam enriquecendo à custa
das ilegalidades existentes no nosso continente Africano. Até porque, a meu
ver, essa ganância financeira dos políticos continua sendo uma demonstração
clara ao nível político e de gestão pública dessa gente.
Reconheço que somos poucos, os
que têm tido a coragem de confrontar esses alegados monstros insensíveis e
arrogantes que já apoderaram de tudo na sociedade cabo-verdiana, intimidando os
pobres diariamente e em várias formas abusivas e supostamente ilegais. Enquanto
isso, a magistratura nacional permanece cega, muda, surda e inativa. E mais: a
suposta conivência de membros da magistratura e da Procuradoria da República
estão transmitindo sinais contraproducentes e anti-democráticas, que o próprio
Presidente da República e mormente os parlamentares estarem interessados em ver
a justiça funcionar como deve ser. Esses também estão abarrotados de supostas
ilegalidades institucionais.
Ao fim e ao cabo, se olharmos
para as listas dos incriminados nos processos de desvio do dinheiro do povo,
peculato e outros, podemos deduzir abertamente que o fator “amizade” continua
sendo a base do funcionamento do setor judicial nacional. Ora, com isso, quero
chamar a atenção do Presidente no sentido de rever os seus poderes
constitucionais e fazer a diferença para o bem do povo que tanto proclama
defender.
PR e exercício de poderes de
influenciação
Uma visita de cortesia ao
Capítulo III, Competência, Artigo 135º . Rever esse Artigo da constituição e
aplicar as indicações legais existentes no número 3, do mesmo, tendo sempre em
consideração o estipulado no Artigo 202º da Constituição já é uma demanda
popular, sua excelência. O povo das ilhas continua à espera de alguma reação
pro-activa, nesse sentido. As palavrinhas bonitas e de ocasião já não
satisfazem o sofrimento desse povo sacrificado pelo sistema político instalado
na sociedade para ganho dos políticos com intenções duvidosas e inconsistentes.
Esse formato já demonstrou ser
anti-democrático e violador dos direitos dos cidadãos comuns e ou desprotegidos
da nossa sociedade e, só a sua Excelência tem o poder constitucional de
reverter esse caminho desastroso para o nosso povo e país. Esses pobres
coitados que os políticos reconhecem como seres humanos apenas durante as
campanhas políticas, precisam e estão clamando pela sua intervenção baseada no
conteúdo da constituição.
Sua Excelência, Carlos Jorge
Fonseca, Presidente da República de Cabo Verde: enquanto os políticos, como o
senhor, não pagam por quase nada e esbanjam ao vosso belo prazer, os cidadãos
que, sequer, são dados a oportunidade de produzir (emprego), estão obrigados a
sobreviver de formas desumanas e nada tem feito para remediar esse mal social.
Reconheço que em algumas ocasiões
tem pronunciado publicamente, solicitando mudanças de atitude nas instituições
nacionais, mas analisando o número de intervenções nesse sentido e o silêncio
do Parlamento, do Executivo e da sua própria instituição presidencial nalguns
púlpitos, têm traduzido em meros atos do politicamente correto - sempre
procurando não incomodar o bem-estar dos seus companheiros da política e da
profissão. O que me intriga, é o silêncio perante o Parlamento e o Executivo,
que têm vindo a ignorar as suas comunicações e da sua atitude perante o
conteúdo da Constituição da República.
A maioria dos políticos nacionais
continua a insistir nas suas atitudes anti-produtivas e anti-democráticas,
demonstrando claramente que ainda permanece uma grande onda de ignorância da
ciência política.Tenho também constatado de que, na maioria dos casos, esses
desenformados politicamente, são aplaudidos pelos erros que cometem,
incentivando-os a continuar a cometer os mesmos erros de palmatória, que sempre
imaginei ter conhecimento dessas bases da ciência política, que são os peritos
e que dominam os conhecimentos políticos da democracia.
A cada dia que passa as populações
estão tornando mais evoluídas nos conhecimentos dos seus direitos
constitucionais e este vosso silêncio pode vir a custar caro ao país. Porém, o
senhor está de saída, mas ainda está a tempo de fazer a diferença. Porque não
fazer uso dos seus poderes constitucionais para colocar os pontos nos is? Ao
menos, deixaria sua marca como o presidente do povo.
Sua Excelência, o pobre coitado
precisa do seu apoio. Verifica-se que a maioria nem sequer consegue ter o
essencial para a sua sobrevivência enquanto vocês têm tudo pago com o dinheiro
que pertence a esses pobres coitados. Porque não conseguiu modificar essa
prática malfeitora? O que aconteceu com o seu “slogan” de “Presidente do
Povo?”. Enquanto vocês os políticos têm tudo na vossa casa, o pobre coitado
continua sobrevivendo com dificuldades em obter pasta de dente, escova, meia,
sapato, camisa e calça, cuidados de saúde, água (quando houver algum para o
pobre), esgoto, (quando houver), eletricidade, telefone, internet, renda de
casa, alimentação, viagens aéreas e marítimas. E quando elas existirem e ou
estiverem ao acesso desses, que na maioria se encontram desempregados, Cabo
Verde não será um país de todos nós. Dessa forma, continuará sendo um país
eternamente dividido e entregue a esses que magicamente conseguiram chegar ao
poleiro para sugarem os cofres do Estado.
Por favor, use, uma única vez, da
alínea 3 do Artigo 135º da Constituição! “O Presidente da República, sempre que
requeira a convocação extraordinária da Assembleia Nacional, indicará
claramente, os assuntos específicos que ela terá de apreciar e o prazo,
dentro do qual, tal convocação deve ser feita, cabendo ao Presidente da
Assembleia Nacional, proceder a essa convocação requerida dentro do prazo
indicado. Outubro de 2019 é o momento certo para rever a constituição e aprovar
o Artigo que estipulara a introdução do sistema uninominal de eleições
legislativas, para que o mesmo seja legal nas próximas legislativas. Um assunto
que requer a sua pronta ação.
Sua excelência, essa revisão pode
ficar na história, como uma revisão do Presidente Jorge Carlos Fonseca. Uma
decisão que será muito bem aceite pelas populações nas diferentes ilhas. Este
povo Cabo-verdiano agradecê-lo-ia de tal forma que jamais seria esquecido.
Aliás, a Sua Excelência passaria
a ser o único Chefe de Estado que teve a coragem de aplicar a lei
constitucional para que o Parlamento exercesse as suas funções institucionais
de representação governamental na defesa dos direitos do povo dessas ilhas
“afortunadas”. Cabo Verde está a precisar de alguém que proteja e defenda os
interesses do seu povo!
*A Voz do Povo Sofredor
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