Díli, 23 nov 2019 (Lusa) -- O
embaixador da União Europeia em Díli disse hoje que o acesso a informação e a
fontes em Timor-Leste é um dos maiores desafios dos jornalistas, condicionando
a sua capacidade de contribuir para o controlo das finanças públicas.
"A constituição aponta o
direito à informação como um dos pilares do Estado. Mas continua a ser um
desafio importante o acesso às fontes", disse Andrew Jacobs, no
encerramento de uma formação de jornalistas.
"Transparência e direito à
informação são pré-requisitos muito importantes para as auditorias sociais e é
necessário um regime eficaz de transparência, divulgação proativa, obrigatória
e partilha de todos os documentos relacionados com desenvolvimento e gastos
públicos", afirmou.
Cerca de 20 jornalistas
timorenses concluíram hoje um atelier de jornalismo em assuntos
económico-financeiros, organizado no âmbito de esforços de melhoria da capacidade
de controlo das finanças públicas em Timor-Leste.
Jacobs destacou a importância da
formação para ajudar a fortalecer a capacidade de "supervisão pública da
gestão financeira do Estado", defendendo mais ações em conjunto com a
sociedade civil para trabalhar na erradicação da corrupção.
"Meios de comunicação social
são fóruns onde será discutida a eficácia, transparência e legalidade de
políticas de finanças publicas do país", disse, renovando o compromisso da
UE em apoiar parceiros estatais e não estatais.
Neste caso trata-se, disse, de
"aprofundar competências dos jornalistas timorenses para o exercício de
jornalistas nas áreas de assuntos económicos", dotando os jornalistas de
capacidade para traduzir documentos técnicos em "informação simples e
direta, percetível para toda a população".
Cristina Faustino, adida da
Cooperação da Embaixada de Portugal em Díli, disse que se torna evidente a
evolução dos formandos jornalistas timorenses.
"Tem sido positivo ouvir dos
formadores satisfação pelo interesse manifestado pelos formandos, pela evolução
durante a ação de formação. Sentimos que estamos a apoiar quem quer contribuir
para o desenvolvimento de Timor-Leste", disse.
"Formar jornalistas
constitui um dos objetivos do PFMO, traduzido em apoiar o desenvolvimento e
consolidação da capacidade técnica dos jornalistas, a capacidade de produzir
notícias e artigos nos temas económico-financeiros", afirmou.
O jornalista João Pedro Fonseca,
da Lusa, também destacou a dificuldade no acesso às fontes.
"Há ainda muitas dificuldades
que se sentem aqui, por exemplo, muitas dificuldades em chegar a fontes",
afirmou.
"Dizem-me também que fazemos
muito o discurso político e pouco mais. Vão ter que fazer mais do que isso. Os
timorenses estão à espera disso. O vosso dever é com a verdade, com a
população, com o país, não com patrões ou poderes políticos", afirmou.
O ateliê de jornalismo em
assuntos económico-financeiros, que teve como formador o jornalista João Pedro
Fonseca, insere-se nos programas de formação da "Parceria para a melhoria
da prestação de serviços através do reforço da Gestão e Supervisão das Finanças
Públicas em Timor-Leste" (PFMO).
A ação insere-se nas parcerias
entre o Centro Protocolar de Formação Profissional de Jornalistas (Cenjor) e o
PFMO para o fortalecimento dos profissionais de comunicação social em
Timor-Leste.
O curso visou "a capacitação
dos jornalistas timorenses em matéria de jornalismo em Assuntos
Económico-Financeiros para a aplicação das respetivas ferramentas necessárias
para analisar, questionar e traduzir informação complexa para uma linguagem
compreensível por todo o povo dentro da temática das finanças públicas,
inseridas no contexto de Timor-Leste", de acordo com uma nota dos
organizadores.
O PFMO é um projeto cofinanciado
pela UE, no valor de 12 milhões de euros e pelo Camões, no valor de 600 mil
euros, para reforçar o planeamento, a gestão, a auditoria, a monitorização, a
responsabilização e a supervisão do uso das finanças públicas em Timor Leste,
para uma melhor prestação de serviços públicos.
Conhecido pelo lema 'Osan Povu
Nian, Gere Ho Di'ak' (Gerir bem o dinheiro público), o PFMO tem entre os seus
objetivos o apoio e reforço ao sistema de pesos e contrapesos dos atores
estatais e não-estatais, para o fortalecimento da participação das entidades
nacionais no processo de tomada de decisão e supervisão das finanças públicas.
Paralelamente está a decorrer um
outro curso de jornalismo radiofónico a vinte jornalistas de rádios
comunitárias de várias zonas de Timor-Leste.
ASP // FST
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