16 anos depois, a UNITA vai ter
um novo líder. Será escolhido já este mês e, ao que tudo indica, não será
nenhum delfim de Isaías Samakuva. Analista entende que fim do voto étnico é um
dos desafios do partido.
Abílio Kamalata Numa, Adalberto
Costa Júnior, Alcides Sakala, Raúl Danda e José Pedro Cachiungo são os cinco
"homens fortes" que disputam a liderança da União Nacional para
a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição em Angola.
O eleito deverá cumprir com uma
das principais recomendações que sairá do XIII Congresso Ordinário que
acontece entre 13 e 15 de novembro, em Luanda: vencer dois pleitos
eleitorais. Primeiro, as autarquias, agendadas para 2020, e depois as eleições
gerais de 2022. É à volta disso que decorre a campanha eleitoral no partido,
dirigido há 16 anos por Isaías Samakuva.
As promessas dos candidatos
O general Abílio Kamalata Numa
promete modernizar o partido do "Galo Negro", transformando a
organização num partido pan-africano, com projetos de formação de quadros. O
parlamentar José Pedro Cachiungo, o mais novo entre os concorrentes, diz que
vai preparar a UNITA para a vitória nas primeiras eleições autárquicas.
Por seu turno, o programa
eleitoral de Alcides Sakala, deputado e porta-voz da formação, revela
continuidade ao trabalho feito pelo presidente em fim de mandato. Sakala
promete continuar a promover a unidade interna e também resolver alguns casos
pendentes do partido, que não chegou a especificar.
Já o presidente do grupo
parlamentar do "Galo Negro", Adalberto Costa Júnior, garante que, com
a sua eleição, o partido deverá mostrar pelos quatro cantos de Angola que a
UNITA tem projetos para orientar e governar o país.
Entretanto, o vice-presidente cessante,
Raúl Danda, também candidato à liderança da UNITA, começou a fazer campanha
mais tarde, devido à questão sobre o tempo de militância que estava pendente na
Comissão de Mandatos. Para além de querer fazer da UNITA uma "máquina
eleitoral", Raúl Danda promete criar espaço para emancipação da mulher no
partido fundado por Jonas Savimbi. Também é intenção de Danda congregar os
quadros em torno de uma direção que preste uma atenção especial à
representatividade étnica, geográfica e racial nos diferentes órgãos do partido.
"O doutor Savimbi criou a
UNITA e chamou-lhe União Nacional para a Independência Total de Angola. Nós, na
busca de equilíbrio para o partido, vamos olhar também pela
representatividade", defendeu Danda. "É natural que não vamos
pegar num indivíduo de Cabinda e dar-lhe uma responsabilidade só porque é de
Cabinda. Não estamos a fazer bem. Mas vamos pegar em alguém de Cabinda, do
Cunene, do Moxico, Huambo, etc, com responsabilidades, com competência, para
poder ocupar os cargos e criarmos esse equilíbrio nos mais variados órgãos do
nosso partido."
Líder da UNITA não preparou o seu
delfim...
Para Isaías Samakuva, líder dos
"maninhos", todos os candidatos estão em condições de serem o
presidente do partido.
"Os militantes da UNITA
conhecem os cinco candidatos. Não entrei e não entrarei em campanha a favor de
alguém. Na minha posição, preciso manter uma certa equidistância. Por
conseguinte, isto não farei. Creio que cada um dos cinco candidatos está em
condições de dirigir o partido. Também ouvi vozes que diziam que devia ter
preparado alguém. Não é preciso, porque precisamos o partido e os membros do
partido", afirmou Samakuva em entrevista à TV Zimbo.
Acabar com o voto étnico na UNITA
O politólogo Olívio Kilumbu
considera interessante o exercício político da UNITA e acredita que os
candidatos têm projetos sérios para o maior partido da oposição.
"Os delegados terão muitas
dificuldades em encontrar um novo presidente da UNITA, embora se saiba que as
alianças vão fazer toda diferença. Sabe-se também que a UNITA tem estruturas e
figuras próprias de um partido tradicional e conservador de influenciar e
eleger o presidente", entende o analista.
Por outro lado, Kilumbu espera
que o congresso traga uma direção que congregue todas as etnias
angolanas: "A UNITA precisa encontrar espaço em Angola. É preciso que
a UNITA seja um partido dos angolanos e um partido para Angola e que se evite a
grande influência que a UNITA tem do voto étnico e da 'bienização' do poder na
UNITA."
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