Evo Morales, que renunciou ao
cargo de Presidente da Bolívia, considerou que a proclamação da senadora
Jeanine Añez como Presidente interina do país é um "golpe de Estado",
acusando-a de violar a Constituição Política do Estado (CPE).
"O golpe mais astuto e
hediondo da história aconteceu. Uma senadora de direita proclama-se
presidente do senado e depois presidente interina da Bolívia sem quórum legislativo,
rodeada por um grupo de cúmplices e liderada pelas Forças Armadas e polícia,
que reprimem o povo", escreveu Evo Morales na rede social
Twitter, depois de chegar ao México, que lhe concedeu asilo político.
Morales disse ainda que esta ato
viola a Constituição Política do Estado, bem como as normas internas da
Assembleia Legislativa.
"Denuncio perante a
comunidade internacional que o ato de autoproclamação de uma senadora como
presidente viola o CPE da Bolívia e as normas internas da Assembleia
Legislativa. Consuma-se o golpe sobre o sangue de irmãos mortos pela polícia e
pelas forças militares usadas para o golpe", acrescentou.
A senadora da oposição
Jeanine Áñez assumiu a Presidência interina da Bolívia, depois da
renúncia de Evo Morales, numa sessão parlamentar que decorreu sem a
presença de representares do Movimento para o Socialismo.
Segundo a Associated Press, a senadora do
principal partido da oposição, Unidade Democrática, autoproclamou-se
Presidente interina e, no momento do anúncio, não estavam presentes
representantes do partido de Evo Morales, Movimento para o
Socialismo.
A sessão extraordinária da
Assembleia Legislativa foi marcada na segunda-feira por Jeanine Añez, que
é também a segunda vice-presidente do Senado da Bolívia, para analisar a
renúncia de Evo Morales ao cargo de Presidente da República.
Jeanine Añez, uma advogada opositora de
Morales de 52 anos, reivindicou o direito de assumir interinamente a chefia do
Estado até à realização de novas eleições, dadas as demissões do
vice-presidente da República e dos presidentes e vice-presidentes do Senado e
da Câmara dos Deputados.
Evo Morales renunciou ao
cargo no domingo, após quase 14 anos no poder, numa declaração transmitida pela
televisão do país.
Morales demitiu-se depois de os
chefes das Forças Armadas e da polícia da Bolívia terem exigido que abandonasse
o cargo para que a estabilidade e a paz possam regressar ao país.
A Assembleia Legislativa da
Bolívia recebeu na segunda-feira a carta de renúncia de Evo Morales,
em que o Presidente diz esperar que o seu gesto evite mais violência e permita
"paz social" no país que governou durante 13 anos.
A Bolívia sofre uma grave crise
desde a proclamação de Evo Morales como Presidente para um quarto
mandato consecutivo nas eleições de 20 de outubro, uma vez que a oposição
e os movimentos da sociedade civil alegam que houve fraude eleitoral.
Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: Reuters
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