"A minha decisão de exonerar
o Governo é irreversível", assegurou este domingo o Presidente da
Guiné-Bissau, que admitiu convocar o Conselho de Defesa Nacional. A CEDEAO
voltou a reafirmar o seu apoio a Aristides Gomes.
José Mário Vaz, que também é
candidato às eleições presidenciais de 24 de novembro, falava na noite deste
domingo (03.11), durante uma ação da sua campanha eleitoral em Gabu, no norte
do país.
"Posso garantir-vos que a
minha decisão de exonerar o Governo é irreversível. O meu decreto não irá por
água abaixo. Já não havia condições de coabitação entre o Presidente e o
primeiro-ministro demitido. Ele nem sequer vinha para os encontros oficiais
comigo", afirmou.
O Presidente cessante garantiu
também que convocará em breve o Conselho de Defesa Nacional para analisar o
caso do Governo de Aristides Gomes que se mantém no poder com o apoio da
comunidade internacional.
No final de um encontro com a
missão da Comunidade Económica de Desenvolvimento dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO), que esteve em Bissau durante o fim de semana, o
primeiro-ministro Aristides
Gomes minimizou a crise política. "O mais importante para nós é
cumprirmos a nossa missão, levarmos o barco até ao fim, até às eleições
presidenciais", disse.
"A nossa preocupação, o que
orienta a nossa ação, é a ação nos limites da Constituição, portanto, na base
da legitimidade que nós continuamos a ter, que vem das eleições e da aprovação
do programa de Governo na Assembleia Nacional. Isso mostra que não há uma crise
política. Quer dizer que o relacionamento institucional continua",
sublinhou Aristides Gomes.
No comunicado final da missão
ministerial, a CEDEAO ameaçou aplicar sanções aos políticos guineenses que
pertubarem as presidenciais e também encorajou o primeiro-ministro Aristides
Gomes a continuar a organização do escrutínio.
"A missão reafirma o seu
apoio pleno ao primeiro-ministro, Aristides Gomes, que viu o seu programa do
Governo aprovado na Assembleia Nacional Popular a 15 de outubro, confirmando
assim a confiança e o apoio do Parlamento ao Governo", declarou o
presidente da missão, Jean Kassi Brou, que reiterou o "caráter
ilegal" do decreto do Presidente José Mário Vaz que demitiu na semana
passada o Governo de Aristides Gomes, nomeando em seguida Faustino Imbali.
Faustino Imbali critica CEDEAO
Por seu turno, o Governo liderado
por Faustino Imbali emitiu um comunicado afirmando que a missão da CEDEAO, ao
ser recebida por Aristides Gomes, "violou gravemente a Constituição guineense"
e "ingeriu assuntos internos ao desafiar as decisões" de José Mário
Vaz. O Governo de Imbali também acusa a organização regional de "evidente
interferência no processo eleitoral em curso" no país.
Foi neste clima de tensão
política que a campanha
eleitoral com vista às presidenciais de 24 de novembro arrancou no
último sábado (02.11), com 12 candidatos. Após um encontro com a CEDEAO, o
presidente da Comissão Nacional de Eleições, José Sambu, garantiu que
"neste momento estão reunidas todas as condições logísticas e financeiras
para que as eleições previstas para o dia 24 de novembro possam
realizar-se."
Esta segunda-feira (04.11), o
Conselho de Segurança das Nações Unidas vai discutir novamente a crise política
na Guiné-Bissau. Na semana passada, os membros do Conselho assinaram uma
declaração unânime em que sublinham a "necessidade urgente de realizar as
eleições" no país.
Deutsche Welle | Agência Lusa,
tms, bd | Imagem: © Paulo Spranger/Global Imagens
Sem comentários:
Enviar um comentário