O Curto de hoje, no Expresso, vem
com a cafeína virada para o pensamento, a meditação que nos pode fazer
compreender o que a deputada Joacine Moreira, talvez do Livre, também deve
pensar, porque não é dona do Livre mas sim deputada eleita pelas listas do
Livre. O Livre elaborou e apresentou a sua base programática aos eleitores e
eles votaram no Livre por isso mesmo.
Supostamente Joacine concordou
com o programa (propostas) do partido Livre e só tem de cumprir com o
prometido. E o prometido é devido. Por isso era devido Joacine, deputada eleita
pelo Livre, aprovar a condenação, a reprovação, a Israel pelas suas ações
desumanas contra a Palestina e o seu povo. Joacine não tem mandato pelos
eleitores para se abster quando sabemos que Israel, para além de crimes de
guerra, desrespeita quotidianamente os Direitos Humanos. Joacine não é
proprietária do Livre nem vice-versa mas deve aos que a elegeram o cumprimento
do programa elaborado pelo partido Livre, porque foi o que os atraiu e
acreditaram que cumpriria. Não cumpriu. Enganou os eleitores. Não foi carne nem
peixe. Foi podre. A sua abstenção significou um voto a favor de Israel porque não
condenou o evidente – os crimes de guerra e a repressão dantesca exercida sobre
o povo palestiniano, as ocupações intermináveis, etc.
“Joacine falhou e foi arrogante”,
dirão ainda os que se sentiram ludibriados com o incumprimento e a abstenção-surpresa
decidida por Joacine, quando afinal programaticamente o Livre, no manifesto
eleitoral, promete bem escarrapachado que desaprova as ações e as políticas de
Israel nas ocupações sistemáticas do território palestiniano e nas violações
dos Direitos Humanos.
Joacine, ao abster-se e não
reprovar Israel, foi falsa para os eleitores e levou o Livre a cometer essa
falsidade, capturando-o num limbo de cumplicidade a contra-gosto. O Livre
começa muito mal servido com uma deputada assim e nem será possível prever onde
esta toada à Joacine vai descambar.
Acresce ainda a ‘peixeirada’ à
Joacine. Pública, à rédea solta e a valer mexericos escusados e que a vão
penalizar se não mudar de rumo e de postura.
Sobre o tema, David Dinis faz a
abertura do Curto do Expresso. Convida-nos a pensar. Depois parte para outros
horizontes. Vá nessa viagem pela atualidade. Vale.
Bom dia.
SC - PG
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Quando ouvir dizer mal dos
partidos, pense nisto
David Dinis | Expresso
Bom dia!
Sabemos como é a conversa nos
dias que correm. Diz-se que os partidos já não são o que eram, que já não nos
representam, que não pensam nos interesses do país, que deviam abrir-se mais à
sociedade, que a disciplina de voto é um mero pretexto para servir os objetivos
das lideranças. Nos últimos tempos ouvimos até mais do que isso: políticos a
criticar os velhos políticos, partidos novos a criticar os antigos, até líderes
políticos a defender soluções estranhas, como a de que a abstenção devia
"eleger" cadeiras vazias no Parlamento, assim como quem puxa as
orelhas aos que se portam mal.
A conversa de café segue simples, até que a polémica num pequeno partido nos obriga a pensar outra vez.
Veja o que aconteceu no Livre. Um partido jovem consegue eleger pela primeira vez uma deputada; a deputada começa por dar nas vistas, menos pela sua assumida gaguez, mais pela forma como reage às críticas dos comentadores (lembra-se da polémica com o Daniel Oliveira?). Depois assume um voto sem consultar o partido. Por fim, perde-se na burocracia do Parlamento e deixa por agendar a principal proposta da campanha (deixando mal representados os seus eleitores, como anotava o Ricardo Costa). Pelo meio, a deputada e a direcção trocaram acusações na praça pública, acordaram seguir em frente, mas a deputada continuou a disparar contra o partido ("golpe", disse ela), violando até um sigilo prometido. Em apenas um mês, coube tudo isto - até a inevitável acusação aos jornalistas, com uma evitável escolta policial.
Na Comissão Política de terça-feira, discutimos a origem do problema sem conseguir chegar a um consenso (haverá ou não um problema de liderança aqui também?). Mas concordámos nisto: o modo como o Livre escolhe os seus candidatos a deputados - em primárias abertas, com participação de cidadãos que não têm sequer um vínculo ao partido - pode parecer um belo princípio, mas deslaça a ligação entre quem é eleito e as ideias do partido que supostamente representa. Hoje, Joacine Katar Moreira, acredita ter uma legitimidade maior do que a do Livre. Mas formalmente não tem. Não é por acaso que, nas eleições legislativas, nenhum de nós vota num candidato: votamos sim num partido.
Eu sei, já não parece ser bem assim: quando votamos pomos a cruz no símbolo do partido, mas votamos sobretudo no seu líder. Verdade?
Pois é, mas talvez a formalidade tenha um sentido. Talvez à luz disto se perceba melhor por que razão as regras ainda ditam que devemos votar em partidos e não em candidatos, por que é que não é possível os independentes se candidatarem sem terem que integrar uma lista partidária. Talvez depois desta polémica se perceba melhor por que razão os partidos têm regras próprias, por que motivo privilegiam os seus militantes quando escolhem candidatos, porque é que ainda há essa coisa antiga da disciplina de voto - e até por que razão a velha proposta de criação de círculos uninominais não é tão unânime como se pensa (como bem sublinhava o Daniel Oliveira).
Por tudo isto, quando ouvir dizer mal dos "velhos partidos", pense nisto. Pense em como, com todos os seus defeitos, os partidos nasceram a representar mais do que os seus candidatos: um conjunto de valores, de propostas, de ideais, enquadrados num quadro coerente, em que muitos portugueses se revêem. Se quiser, lembre-se também de como a perda destes velhos valores no velho Partido Republicano (e do peso dos seus mais importantes senadores) abriu espaço há quatro anos para a nomeação de Donald Trump - e lhe deu espaço para refazer toda a política americana, tornando-a permeável a uma liderança autocrática. Talvez os "velhos partidos", afinal, mantenham as velhas regras por outros motivos que não os das novas conversas de café. Talvez, só talvez, eles ainda sejam assim por outros motivos.
A conversa de café segue simples, até que a polémica num pequeno partido nos obriga a pensar outra vez.
Veja o que aconteceu no Livre. Um partido jovem consegue eleger pela primeira vez uma deputada; a deputada começa por dar nas vistas, menos pela sua assumida gaguez, mais pela forma como reage às críticas dos comentadores (lembra-se da polémica com o Daniel Oliveira?). Depois assume um voto sem consultar o partido. Por fim, perde-se na burocracia do Parlamento e deixa por agendar a principal proposta da campanha (deixando mal representados os seus eleitores, como anotava o Ricardo Costa). Pelo meio, a deputada e a direcção trocaram acusações na praça pública, acordaram seguir em frente, mas a deputada continuou a disparar contra o partido ("golpe", disse ela), violando até um sigilo prometido. Em apenas um mês, coube tudo isto - até a inevitável acusação aos jornalistas, com uma evitável escolta policial.
Na Comissão Política de terça-feira, discutimos a origem do problema sem conseguir chegar a um consenso (haverá ou não um problema de liderança aqui também?). Mas concordámos nisto: o modo como o Livre escolhe os seus candidatos a deputados - em primárias abertas, com participação de cidadãos que não têm sequer um vínculo ao partido - pode parecer um belo princípio, mas deslaça a ligação entre quem é eleito e as ideias do partido que supostamente representa. Hoje, Joacine Katar Moreira, acredita ter uma legitimidade maior do que a do Livre. Mas formalmente não tem. Não é por acaso que, nas eleições legislativas, nenhum de nós vota num candidato: votamos sim num partido.
Eu sei, já não parece ser bem assim: quando votamos pomos a cruz no símbolo do partido, mas votamos sobretudo no seu líder. Verdade?
Pois é, mas talvez a formalidade tenha um sentido. Talvez à luz disto se perceba melhor por que razão as regras ainda ditam que devemos votar em partidos e não em candidatos, por que é que não é possível os independentes se candidatarem sem terem que integrar uma lista partidária. Talvez depois desta polémica se perceba melhor por que razão os partidos têm regras próprias, por que motivo privilegiam os seus militantes quando escolhem candidatos, porque é que ainda há essa coisa antiga da disciplina de voto - e até por que razão a velha proposta de criação de círculos uninominais não é tão unânime como se pensa (como bem sublinhava o Daniel Oliveira).
Por tudo isto, quando ouvir dizer mal dos "velhos partidos", pense nisto. Pense em como, com todos os seus defeitos, os partidos nasceram a representar mais do que os seus candidatos: um conjunto de valores, de propostas, de ideais, enquadrados num quadro coerente, em que muitos portugueses se revêem. Se quiser, lembre-se também de como a perda destes velhos valores no velho Partido Republicano (e do peso dos seus mais importantes senadores) abriu espaço há quatro anos para a nomeação de Donald Trump - e lhe deu espaço para refazer toda a política americana, tornando-a permeável a uma liderança autocrática. Talvez os "velhos partidos", afinal, mantenham as velhas regras por outros motivos que não os das novas conversas de café. Talvez, só talvez, eles ainda sejam assim por outros motivos.
Outras notícias
Assim se falha uma OPA à dimensão
europeia. Foi nos descontos, só nos descontos, que o Benfica deixou fugir uma vitória
em Leipzig (2-2), mas terá sido ali que caiu na Champions? O Pedro Candeias viu
o jogo, lembra os anteriores e responde
aqui.
Haja Saúde! (e sorte). "No debate quinzenal de ontem, a oposição deixou na gaveta a ameaça de coligação negativa para baixar o IVA da luz. E com o Orçamento de Estado no forno, o primeiro-ministro aproveitou para fazer anúncios onde mais precisa. Vem aí 'uma agradável surpresa' na Saúde: um programa de investimentos para a legislatura e um plano de redução sustentada da suborçamentação". É precisamente como descreve a Ângela Silva: entre um Centeno que continua calado, um problema de falta de médicos que entope os hospitais com falsas urgências (segundo o JN de hoje), uma nega das Finanças ao MAI para polícias (hoje no Público) para além de umas contas erradas pelo caminho, Costa teve sorte - podia ter sido bem pior.
Hajam fundos, já agora. Em Bruxelas, depois de ter visto a sua equipa confirmada pelo Parlamento Europeu, a nova presidente da Comissão Europeia esteve com a Susana Frexes, fugindo à pergunta para muitos milhões de euros: haverá mais fundos europeus, ou é inevitável o corte que António Costa anda a tentar contrariar? Para além dos elogios a Portugal, isto foi o que sobrou dos nossos cinco minutos com Ursula von der Leyen.
E salários, por que não? Na reunião da concertação social, onde arrancou a negociação formal do acordo de rendimentos e competitividade, o Governo defendeu um pacto para que os aumentos salariais no setor privado fiquem acima da inflação e da produtividade. Ou seja, que ultrapassem os 2,7% em 2020. Na prática, que fiquem bem acima dos aumentos que o próprio Estado se propõe a dar no próximo ano. A metodologia está a ser afinada, mas isto é o que sabemos.
A defesa de Azeredo. O ex-ministro da Defesa pediu a instrução do caso de Tancos, alegando que a acusação do Ministério Público não tem “o mínimo de prova“, é “maldosa” e “gratuita”. Nas mais de 500 páginas de contestação ao MO, dá este exemplo: “Inventou encontros” com o número 1 da Polícia Judiciária Militar “com o propósito de construir uma novela”. Tanto é, alega, que no dia em que supostamente estava a conspirar em casa com a PJM, ele, Azeredo, "estava em Bruxelas". Pelo sim pelo não, o ex-ministro chamou o seu ex-chefe como testemunha. O Hugo Franco e Rui Gustavo contam tudo aqui.
As contas do amigo de Sócrates. Cinco horas e meia não chegaram para terminar o interrogatório a Carlos Santos Silva, o homem que o Ministério Público acusa de ser o testa de ferro de José Sócrates e de servir de intermediário entre os alegados corruptores e o ex-primeiro-ministro. O interrogatório passou por mais um cofre com dinheiro guardado e pelos inevitáveis 23 milhões emprestados ao ex-primeiro-ministro (e pela revelação de que a mãe de Sócrates ajudava a pagar campanhas eleitorais, segundo o Público. Hoje há mais.
As contas aos nossos carros. É como explicava a Elisabete Miranda, num trabalho notável que fez para a edição de sábado: temos concelhos pobres com carros de rico. Ontem, ela acrescentou uma infografia interativa que nos mostra tudo com detalhe: quantos carros existem no seu concelho? E quanto do parque automóvel é constituído por carros luxo e premium? E como é que isto compara com o poder de compra e com o rendimento declarado pelas famílias no IRS? É só entrar por aqui.
Os carros importados vão ser mais baratos. É isso, já agora conto esta história: Bruxelas notificou Portugal que tem que mudar as regras de tributação dos veículos em segunda mão importados de outros Estados-membros. Caso contrário leva o caso para o Tribunal de Justiça da União Europeia. Eis a notícia.
E o nosso 2:59. Hoje conta-se assim: "Sabe quem é o João? É um rapaz que não existe, tem entre 15 e 17 anos, de Lisboa, e é o retrato de uma realidade há alguns anos estabilizada: a dos jovens à procura de uma família que os acolham. Jornalismo de dados em dois minutos e 59 segundos, assinado aqui pela Marta Gonçalves.
Haja Saúde! (e sorte). "No debate quinzenal de ontem, a oposição deixou na gaveta a ameaça de coligação negativa para baixar o IVA da luz. E com o Orçamento de Estado no forno, o primeiro-ministro aproveitou para fazer anúncios onde mais precisa. Vem aí 'uma agradável surpresa' na Saúde: um programa de investimentos para a legislatura e um plano de redução sustentada da suborçamentação". É precisamente como descreve a Ângela Silva: entre um Centeno que continua calado, um problema de falta de médicos que entope os hospitais com falsas urgências (segundo o JN de hoje), uma nega das Finanças ao MAI para polícias (hoje no Público) para além de umas contas erradas pelo caminho, Costa teve sorte - podia ter sido bem pior.
Hajam fundos, já agora. Em Bruxelas, depois de ter visto a sua equipa confirmada pelo Parlamento Europeu, a nova presidente da Comissão Europeia esteve com a Susana Frexes, fugindo à pergunta para muitos milhões de euros: haverá mais fundos europeus, ou é inevitável o corte que António Costa anda a tentar contrariar? Para além dos elogios a Portugal, isto foi o que sobrou dos nossos cinco minutos com Ursula von der Leyen.
E salários, por que não? Na reunião da concertação social, onde arrancou a negociação formal do acordo de rendimentos e competitividade, o Governo defendeu um pacto para que os aumentos salariais no setor privado fiquem acima da inflação e da produtividade. Ou seja, que ultrapassem os 2,7% em 2020. Na prática, que fiquem bem acima dos aumentos que o próprio Estado se propõe a dar no próximo ano. A metodologia está a ser afinada, mas isto é o que sabemos.
A defesa de Azeredo. O ex-ministro da Defesa pediu a instrução do caso de Tancos, alegando que a acusação do Ministério Público não tem “o mínimo de prova“, é “maldosa” e “gratuita”. Nas mais de 500 páginas de contestação ao MO, dá este exemplo: “Inventou encontros” com o número 1 da Polícia Judiciária Militar “com o propósito de construir uma novela”. Tanto é, alega, que no dia em que supostamente estava a conspirar em casa com a PJM, ele, Azeredo, "estava em Bruxelas". Pelo sim pelo não, o ex-ministro chamou o seu ex-chefe como testemunha. O Hugo Franco e Rui Gustavo contam tudo aqui.
As contas do amigo de Sócrates. Cinco horas e meia não chegaram para terminar o interrogatório a Carlos Santos Silva, o homem que o Ministério Público acusa de ser o testa de ferro de José Sócrates e de servir de intermediário entre os alegados corruptores e o ex-primeiro-ministro. O interrogatório passou por mais um cofre com dinheiro guardado e pelos inevitáveis 23 milhões emprestados ao ex-primeiro-ministro (e pela revelação de que a mãe de Sócrates ajudava a pagar campanhas eleitorais, segundo o Público. Hoje há mais.
As contas aos nossos carros. É como explicava a Elisabete Miranda, num trabalho notável que fez para a edição de sábado: temos concelhos pobres com carros de rico. Ontem, ela acrescentou uma infografia interativa que nos mostra tudo com detalhe: quantos carros existem no seu concelho? E quanto do parque automóvel é constituído por carros luxo e premium? E como é que isto compara com o poder de compra e com o rendimento declarado pelas famílias no IRS? É só entrar por aqui.
Os carros importados vão ser mais baratos. É isso, já agora conto esta história: Bruxelas notificou Portugal que tem que mudar as regras de tributação dos veículos em segunda mão importados de outros Estados-membros. Caso contrário leva o caso para o Tribunal de Justiça da União Europeia. Eis a notícia.
E o nosso 2:59. Hoje conta-se assim: "Sabe quem é o João? É um rapaz que não existe, tem entre 15 e 17 anos, de Lisboa, e é o retrato de uma realidade há alguns anos estabilizada: a dos jovens à procura de uma família que os acolham. Jornalismo de dados em dois minutos e 59 segundos, assinado aqui pela Marta Gonçalves.
Lá por fora
Um tribunal agravou a pena de
Lula. Confirmando a sentença do caso do triplex, Lula da Silva tem agora uma
pena de 17 anos de prisão. Mas os recursos ainda não terminaram.
Hong Kong avisa a América. Donald Trump assinou um decreto dando apoio (e força) aos que protestam pela democracia no território autónomo da China. E já recebeu um alerta na volta.
Na Irlanda do Norte, tudo é diferente. No Ulster, não mandam conservadores nem trabalhistas. Apesar de a região somar apenas 18 lugares numa Câmara dos Comuns que tem 650, foi decisiva para a governabilidade na última legislatura e é fortemente afetada pelo magno assunto da saída da UE. Hoje, é o ponto de partida do #Mind the vote, a newsletter que o Pedro Cordeiro e a Ana França escrevem diariamente sobre as eleições que precedem o Brexit. Se não conhece, leia, vale mesmo muito a pena.
Hong Kong avisa a América. Donald Trump assinou um decreto dando apoio (e força) aos que protestam pela democracia no território autónomo da China. E já recebeu um alerta na volta.
Na Irlanda do Norte, tudo é diferente. No Ulster, não mandam conservadores nem trabalhistas. Apesar de a região somar apenas 18 lugares numa Câmara dos Comuns que tem 650, foi decisiva para a governabilidade na última legislatura e é fortemente afetada pelo magno assunto da saída da UE. Hoje, é o ponto de partida do #Mind the vote, a newsletter que o Pedro Cordeiro e a Ana França escrevem diariamente sobre as eleições que precedem o Brexit. Se não conhece, leia, vale mesmo muito a pena.
O que ando a ler
"A warning". Chegou-me
via Amazon, mas acabou de ser publicado nas livrarias americanas. É um relato
escrito dentro da Casa Branca sobre como funciona a Administração Trump, como
são as reuniões com o Presidente, como ele fala, como se comporta, como dirige
os EUA. Não é um relato com paninhos quentes: é duro, muito cru. E visto de
dentro, muito de perto do Presidente. Por tudo isto, não estranhe que a
assinatura do livro seja esta: "Anonymous". Porque é escrito por uma
fonte anónima, a mesma que há alguns meses deixou o país em polvorosa, dizendo
num texto de opinião no The New York Times que era preciso travar o
Presidente - e que a primeira missão dos trabalhadores da Casa Branca era esse:
o de proteger o país do seu Presidente. O jornal aceitou publicar o texto e cobriu
a sua identidade: chamou-lhe "a senior Trump administration
Official". Este livro é a versão longa dessa história. Um aviso, diz ele.
A tempo das próximas presidenciais. Por isso leia, com aquele velho ditado na
memória: quem avisa amigo é.
P.S. Já agora, se me
permite, volto a deixar-lhe o
link da reunião da nossa Comissão Política - o podcast que o
Filipe Santos Costa lançou há mais de dois anos com o Pedro Santos Guerreiro.
Foi o primeiro podcast que me agarrou em Portugal, pela ironia, pelas
gargalhadas, pela profundidade, pela voz e identidade com que me entrou no
ouvido. Esta semana, o Filipe despediu-se da #CP. Com uma pequena homenagem
nossa, com algumas lágrimas e música pelo meio. Com uma boa conversa sobre as
"coligações negativas, ou positivas" que se antevêem no Orçamento
(conforme a perspectiva) e sobre a divisão inesperada que atingiu o Livre e
umas notas sobre o CDS. Deixo-o para si, porque vale a pena pensar nisto, e
para marcar em letras o que disse lá ao Filipe: "Thanks for the
dance". Obrigado a ele. E ao Leonard Cohen, que me deu, neste belíssimo
álbum póstumo, as palavras que faltavam.
Sem comentários:
Enviar um comentário