quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Governo timorense quer corrigir obstáculos ao setor privado - ministro


Díli, 12 dez 2019 (Lusa) - O ministro coordenador interino dos Assuntos Económicos timorense disse hoje que o Governo está a tentar corrigir os obstáculos que dificultam a ação do setor privado em Timor-Leste, incluindo reduzir a burocracia e combater a corrupção.

"Temos que encontrar sinergias entre reformas legais e desenvolvimento económico. Detetámos problemas e obstáculos às empresas e estamos a envolver o setor privado na tentativa de resolver os problemas", disse hoje Fidelis Magalhães.

Um processo que passa, disse, por garantir mais acesso a financiamento, melhoria da gestão do investimento público, combate à corrupção e melhorias nas condições de entidades envolvidas na legalização e regulamentação do setor empresarial.

Fidelis Magalhães falava na apresentação do relatório semestral do Banco Mundial sobre a economia timorense, dedicado em particular ao setor privado em Timor-Leste, país cuja economia é dominada pelo gasto público.


O Relatório Económico de Timor-Leste, divulgado hoje, considera que a situação política em Timor-Leste entre 2017 e 2018 custou à economia 350 milhões de dólares (316,6 milhões de euros).

Apesar das dificuldades, Fidelis Magalhães recordou que a tensão e impasse político faz parte da construção e consolidação democrática em Timor-Leste, com um "processo de aprendizagem" em que as diferenças são resolvidas democraticamente.

"Não há desordem publica, não há conflitos apesar das diferenças políticas. Estamos a melhorar o nosso sistema democrático. Isto é um processo de maturidade que demora tempo", afirmou.

Como exemplo das dificuldades nota a pressão -- ampliada agora pelas redes sociais -- para que o Governo gaste mais e invista mais, mas, ao mesmo tempo, a defesa de responsabilidade fiscal.

"O Governo não pode apertar o cinto, porque arrisca-se a não poder responder às necessidades de infraestrutura, saúde ou educação", disse.

"E tem havido melhorias ao longo dos anos, com melhores estradas, eletricidade e água, mais crianças na escola, mais jovens a estudar no ensino superior em Díli", afirmou.

Sobre outros aspetos, como o elevado peso das importações na economia nacional, Fidelis Magalhães disse que o Governo quer ajudar a melhorar a produção local, tanto a nível de quantidade como de qualidade.

A previsão do Governo é mais otimista que a do Banco Mundial relativamente ao crescimento económico para 2019 e 2020, algo que considera "normal", mas que, independentemente do valor, mostra sinais de retoma da economia.

Declarando-se "encorajado" pelo relatório do Banco Mundial, Magalhães disse que a tarefa por diante "é grande", mas que o Governo está empenhado em reformas, nomadamente para melhorar o quadro para o setor privado, procurando "tornar a vida mais fácil para as empresas".

O Banco Mundial antecipa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero de 4,6% em 2020, muito abaixo das previsões do Governo, que prevê um crescimento de 7,2% no próximo.

A instituição mantém igualmente uma estimativa mais reduzida para o crescimento em 2019, de apenas 4,1%, menos um ponto percentual que a estimativa do Governo.

A previsão é de que a atividade económica se continue a acelerar, "mas permanecendo significativamente abaixo" do alvo de 07% do Governo para o próximo ano, refere o relatório, com o PIB a regressar no próximo ano aos níveis de crescimento de 2016 e ainda longe dos níveis de 11,1% de 2008.

Em termos de PIB per capita -- usado para medir padrões de vida -, o Banco Mundial nota que "tendo em conta a atual taxa de crescimento populacional" o crescimento nos próximos dois anos será de apenas 2,5%.

O PIB per capita, nota o relatório, "aumentou a uma média de menos de 2% entre 2012 e 2016, com os níveis estimados em 2018 a serem idênticos aos de 2011".

O foco do relatório vai de encontro à nova estratégia do Banco Mundial para Timor-Leste, focada no "fortalecimento das bases para o crescimento liderado pelo setor privado, melhorias do capital humano e da infraestrutura conectiva", como notou Macmillan Anyanwu, responsável da instituição em Timor-Leste.

A análise recomenda medidas para "melhorar a competitividade e o desempenho das empresas locais", o que considera "ingrediente essencial para acelerar o crescimento e elevar os padrões de vida".

A falta de acesso ao financiamento, as complexas regulamentações comerciais e de importação e a baixa qualificação da força de trabalho são alguns dos fatores que levam ao pior desempenho das empresas.

ASP // FST

Sem comentários:

Mais lidas da semana