Díli, 12 de 2019 (Lusa) - A
situação política em Timor-Leste entre 2017 e 2018 custou à economia 350
milhões de dólares (316,6 milhões de euros), segundo o Banco Mundial, que prevê
um crescimento de 4,6% em 2020, muito abaixo das previsões do Governo.
O Relatório Económico de
Timor-Leste, divulgado hoje, contrasta com a versão mais otimista do Governo,
que antecipa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero de
7,2% no próximo.
A instituição mantém igualmente
uma estimativa mais reduzida para o crescimento em 2019, de apenas 4,1%, menos
um ponto percentual que a estimativa do Governo.
A previsão é de que a atividade
económica se continue a acelerar, "mas permanecendo significativamente
abaixo" do alvo de 07% do Governo para o próximo ano, refere o relatório,
com o PIB a regressar no próximo ano aos níveis de crescimento de 2016 e ainda
longe dos níveis de 11,1% de 2008.
Em termos de PIB per capita --
usado para medir padrões de vida -, o Banco Mundial nota que "tendo em
conta a atual taxa de crescimento populacional" o crescimento nos próximos
dois anos será de apenas 2,5%.
O PIB per capita, nota o
relatório, "aumentou a uma média de menos de 2% entre 2012 e 2016, com os
níveis estimados em 2018 a serem idênticos aos de 2011".
"Investimento público
continuará a ser o principal motor do crescimento económico, com o consumo
privado a ter um papel importante, ainda que impulsionado por gastos públicos
recorrentes sob a formar de salários ou outros benefícios pessoais",
refere o texto.
O relatório nota que os gastos
públicos no primeiro semestre de 2019 foram 16% mais altos do que no mesmo
período de 2018, o que "contribuiu para aumentar a confiança do
consumidor, enquanto se espera que o investimento privado também beneficie de
mais políticas e estabilidade económica".
Apesar da recuperação depois da
contração de 2017 e 2018, o Banco Mundial nota que as perspetivas de
crescimento a médio prazo "permanecem prejudicadas por um setor privado
fraco".
Pedro Martins, economista do
Banco Mundial e um dos autores do relatório, defende por isso que são
"necessárias reformas importantes para abrir o potencial do setor privado
e alcançar às metas políticas do governo - que incluem uma taxa média de crescimento
económico acima de 7% e a criação de pelo menos 60.000 novos empregos por
ano".
Em termos macroeconómicos, o
relatório refere-se a uma situação estável, com inflação baixa e menor pressão
em termos de câmbios, notando um aumento de 13% no crédito ao setor privado,
"devido à maior demanda das famílias".
Apesar disso, o Banco Mundial
prevê que os saldos da conta corrente e financeira "se deteriorem, devido ao
aumento dos gastos públicos que estimularão as importações de bens e serviços.
O foco do relatório vai de
encontro à nova estratégia do Banco Mundial para Timor-Leste, focada no
"fortalecimento das bases para o crescimento liderado pelo setor privado,
melhorias do capital humano e da infraestrutura conectiva", como notou
Macmillan Anyanwu, responsável da instituição em Timor-Leste.
A análise recomenda medidas para
"melhorar a competitividade e o desempenho das empresas locais", o
que considera "ingrediente essencial para acelerar o crescimento e elevar
os padrões de vida".
A falta de acesso ao financiamento,
as complexas regulamentações comerciais e de importação e a baixa qualificação
da força de trabalho são alguns dos fatores que levam ao pior desempenho das
empresas.
ASP // ACL
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