Pela primeira vez, Guiné-Bissau
acolhe eleições na quadra festiva de Natal e do ano novo. Opiniões dos
guineenses divergem quanto à eventual influência das eleições nas festas de Natal,
que unem várias famílias no país.
Apesar da Guiné-Bissau ser um
Estado laico, o Natal é celebrado em quase todo país, tanto por famílias
cristãs como de outros credos religiosos, que se juntam aos festejos. Entretanto, o Natal deste ano vai ser marcado pelas fortes movimentações
políticas, na medida em que, quatro dias depois dos festejos, o país vai
realizar a segunda volta das eleições presidenciais, um facto inédito na
Guiné-Bissau.
Guineenses opinam
Sobre a eventual influência do
processo eleitoral nas festas do Natal, os guineenses têm opiniões diferentes.
Ussumane Camará, estudante na
escola de formação de professores de Bissau, considera que se vai manter a
tradição de se festejar sem nenhuma anormalidade: "Não vai influenciar
nada na quadra festiva, porque nós costumamos festejar o Natal e o final do ano
de uma forma tranquila, pelo que penso que as eleições não vão ter
influência no Natal".
A opinião é partilhada por
Mustafa José Januário, também estudante. Contudo, espera que os guineenses
saibam separar as coisas: "Depois da festa de Natal, temos quatro dias
para as eleições, logo é só sabermos o que devemos fazer. Festejar bem o Natal
e fazer uma boa escolha nas eleições."
Mas, também há quem pense de
outra forma. A vendedeira Diana Cá acredita que "as eleições vão
influenciar os festejos e deveriam ser antes de 25 de dezembro, pelo menos no
dia 23. Também depois da transição do ano, poderá não haver o clima de
irmandade entre as pessoas, com abraços, porque um ou outro candidato
perdeu as eleições".
Implicações a vários níveis
O Sociólogo guineense Diamantino
Domingos Lopes considera que haverá implicações financeiras nas famílias, no
processo da distribuição dos recursos do erário público.
Lopes lembra ainda que "é um
processo sociopolítico sempre conturbado, que mexe muito com a psicologia das
pessoas e da sociedade".
E poderá ainda afetar famílias.
O sociólogo prevê que "haverá dificuldades em manter a família unida,
porque muitas famílias estão envolvidas no processo da campanha eleitoral e
haverá alguma dificuldade em congregar os membros para aqueles momentos tradicionais
de confraternização, de partilha e de acertar as pontes e de fazer as pazes,
sobre tudo de negativo que aconteceu durante o ano. Podemos ter a dificuldade
de resolver no ambiente familiar, considerando o ambiente familiar."
A capacidade de adaptação do
guineense
Contudo, o sociólogo acredita
que, apesar da realização de eleições em período invulgar, a sociedade guineense
vai saber lidar com a situação.
"Há uma caraterística da
sociedade guineenses que é ímpar: uma capacidade de adaptação fora do
normal. Mesmo no momento de muita agitação e aflição social, consegue
adaptar-se ao clima. O único medo é de ouvir o som das armas. Não ouvindo o som
das armas, tudo é normal para um guineense", revela Diamantino Lopes.
O Natal vai ser celebrado em
plena campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, mas
já são visiveis os sinais para o festejo de Natal.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche
Welle
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