domingo, 1 de dezembro de 2019

Portugal | A GAGUÊS DA JOACINE, E DO LIVRE


Refere a Biografia de Joacine Katar Tavares Moreira, a nova deputada do Livre, que ela nasceu em Bissau; que com oito anos veio para Portugal; como tantos emigrantes, vindos das Ex-Colónias Portuguesas, nossos irmãos de língua e destino comum; e por cá se integrou; fazendo parte por direito e cidadania do nosso colectivo.

Octavio Serrano* |  opinião

Na minha curiosidade pela actividade parlamentar dos novos partidos, vi o vídeo da sua primeira intervenção; sofredora de uma gaguez congénita, a Joacine limitou-se a questionar o primeiro-ministro sobre algumas questões muito directas, relacionadas com a emigração africana em Portugal; mesmo assim deu para notar, o desfasamento existente entre a sua capacidade intelectual e a sua incapacidade de a transmitir no seu discurso; sem dúvida foi confrangedora a sua intervenção; para ela, determinada que estaria em discursar o mais fluentemente possível; e para quem a ouviu; pois um discurso entre-cortado por uma gaguez profunda, provoca dó e consternação; um silêncio sepulcral instalou-se na Assembleia de Republica, enquanto a Joacine se esforçava; esperemos que o contributo da Joacine consiga ultrapassar o ónus da sua fala; pois acredito no que ela afirma: o seu pensamento não é gago; Joacine afirmo; tem a minha solidariedade pessoal; mas não politica!

O meu desacordo, não será por o Livre pretender ser representante político de sectores culturalmente diversos e minoritários; que muitas vezes chocam com o nosso tradicionalismo, de ser português; veja-se o caso do assessor da Joacine; gosta de usar saias; será problema dele! As senhoras, não usam também calças? Se o Rafael Martins, quer andar vestido de freira, é uma opção pessoal dele; mas espero, que o Rafael continue a usar sempre as suas saias; senão um dia destes, alguém com toda a razão, alvitrará que o moço só usou as saias para que fosse noticia!

Um dos meus óbices políticos em relação ao Livre, reside no facto de eu pensar, que um partido seja ele qual for, deve possuir um projecto global para o país; não poderá limitar a sua actividade, à defesa corporativa de minorias; se todos assim fizessem, teríamos em pouco tempo uma Assembleia da Republica de partidos sectoriais; em que cada um, defenderia o interesse do sector profissional, social, étnico ou zonal , de quem lhe fosse querido; inevitavelmente, alguns partidos se sobreporiam aos outros; desprezando o interesse geral; por isso Joacine, não posso aceitar politicamente, que venha questionar o governo, acerca do facto de os imigrantes auferirem baixos salários; é que há muita gente neste país, tão desfavorecida ou mais, que necessita de quem por eles clame; e tome-se nota! Nenhum dos países de expressão portuguesa aceitaria que um deputado branco fosse para o seu parlamento defender os interesses de uma minoria branca emigrante nesse país; seria de imediato acusado de neocolonialista! Senão de pior!

O outro grande óbice, é o do europeísmo do Livre; bem gravado na matriz do partido, pelo seu fundador e presidente Rui Tavares; antigo deputado do Parlamento Europeu; de cujas mordomias auferiu; e que sem duvida o seu coração conquistou; a declaração de princípios do Livre defende o Europeísmo, como algo de bom; refere-se à expansão da soberania; que soberania será esta, que minimiza a dos povos, em favor da centralização do poder de decisão, nos “não eleitos” burocratas de Bruxelas? Refere-se a uma democracia transnacional; como se o parlamento europeu fosse um verdadeiro representante dos povos europeus, e não uma projecção holográfica de poderes estabelecidos! Fala em desenvolvimento do direito internacional, como se este nascesse de um acordo livre entre povos soberanos, e não nos fosse imposto pelos países mais fortes da Comunidade; fala em direitos humanos, como se fosse possível esquecer a atitude dos poderes centrais europeus, em relação ao sofrimento dos povos e países a quem foram impostas as imposições da Troika; e por fim, esquece-se de referir o necessário nacionalismo, que os povos europeus têm todo o direito de assumir, na sua relação de partilha de relações pan-europeias, entre si!

Por fim um voto! Espero que a Joacine vença a sua gaguês, para que se possa dizer: “Quem fala assim não é gago!”.

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