quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Portugal | Queixas contra atuação das polícias atingem máximo de sete anos


O número de queixas aumentou 11,3% em 2018 face ao ano anterior

A Inspeção-Geral da Administração Interna (MAI) recebeu 860 queixas contra a atuação das forças de segurança em 2018, o valor mais alto dos últimos sete anos, revelam dados daquele organismo enviados à agência Lusa.

A PSP é a força de segurança com maior número de queixas, tendo dado entrada na IGAI 477 participações contra a atuação dos agentes da Polícia de Segurança Pública em 2018, seguindo-se a Guarda Nacional Republicana, com 270, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com 36, e outras entidades tutelados pelo Ministério da Administração Interna (25).

O número de queixas entradas naquele organismo que fiscaliza a atuação das polícias aumentou 11,3% em 2018 face ao ano anterior (mais 88).

Segundo os dados fornecidos à Lusa, a IGAI recebeu 5.437 queixas em sete anos. Em 2012, chegaram 817 denúncias, que subiram para 830 em 2013 e desceram para 711 em 2014.

No ano seguinte voltaram a subir para 717, em 2016 aumentaram para 730, voltando a subir em 2017 para 772 e no ano passado registaram novamente um aumento, situando-se nas 860.

As denúncias que chegaram conhecimento da IGAI em 2018 essencialmente através de queixas apresentadas por certidões de entidades judiciárias (431), cidadãos (213) e anónimos (116).

De acordo com a IGAI, mais de um terço das queixas da atuação das forças de segurança estiveram relacionadas com ofensas à integridade física, tendo dado entrada um total de 255, 172 das quais dirigidas a elementos da PSP e 73 a militares da GNR.

A violação de deveres gerais relacionados com procedimentos ou comportamentos incorretos praticados por polícias motivaram 175 participações (20,3%) da IGAI no ano passado, existindo também 251 queixas onde se engloba a categoria de violência doméstica.

Aquele organismo tutelado pelo Ministério da Administração Interna (MAI) registou ainda 52 queixas de assuntos de natureza interna ou profissional, 44 de abuso de autoridade, 66 de violação de deveres especiais relacionados com ilegalidades e omissões, seis por prática discriminatórias, três por detenção ilegal e duas por morte, não havendo detalhes sobre estes casos.

A PSP lidera todo o tipo de queixas apresentadas, à exceção de assuntos de natureza interna ou profissional, que foi a GNR.

Durante o ano passado, aquele organismo tutelado pelo MAI processou 1.483 denúncias contra polícias, 623 das quais transitaram de 2017 e 860 deram entrada em 2018.

Das 1.483 queixas analisadas, a IGAI concluiu 874, tendo transitado para este ano 609 processos, converteu em processos de natureza disciplinar quatro e arquivou 765 por inexistência de infração ou de indício, estando ainda em curso 609 processos disciplinares nas forças e serviços de segurança e instituições do MAI.

IGAI tem como missão assegurar as funções de auditoria, inspeção e fiscalização de todas as entidades, serviços e organismos tutelados pelo MAI.

Lusa | em TSF | Foto: Lusa

Portugal | Racistas somos nós todos. Mas...


Jorge Rocha | opinião

Como qualquer outra pessoa tenho a minha quota parte de racismo, embora hajam os que exageram, e muito!, nesse preconceito e o cheguem a dimensionar em comportamentos criminosos. Daí que, perante o sucedido no Bairro Jamaica, no Seixal, ou nos acontecimentos desta noite em Odivelas, na Póvoa de Santo Adrião e em Setúbal enjeite uma leitura maniqueísta como a que, invariavelmente, assume a organização SOS Racismo. Porque, na realidade, se há racismo dos brancos relativamente aos negros, também o inverso é verdadeiro, como constatei lamentavelmente, em Ponta Negra (Rep. Congo) e em Douala (Camarões), onde só por sorte escapei a violência por tal motivada. É pena, mas os seres humanos têm, no seu pior, a característica de transferirem para os que lhe são diferentes - em cor da pele, em religião, em clube de futebol, etc.– as suas frustrações.

Sobre os casos, que têm sido notícia de abertura nos telejornais estou longe de considerar isentos de culpa os moradores do bairro do Seixal, e não são imagens selecionadas de acordo com o ponto de vista dos que as captaram a convencer-me do contrário. Embora não sejam de excluir infiltrações de neonazis nas forças de segurança pública - matéria que deveria estar a ser permanentemente aferida - elas devem ser respeitadas e as ordens acatadas. Se assim não é, que podem fazer?  Meter a viola (cassetete) no saco e retirar? Daí dar razão aos que na polícia defendem a necessidade de imitar os norte-americanos na filmagem de todas as suas intervenções até para defesa da legitimidade dos seus atos.

Quanto ao vandalismo subsequente à manifestação da véspera, e sem excluir a possibilidade dos seus autores serem idiotas incapazes de compreenderem quanto podem estar a prejudicar-se, criando anticorpos até nos mais indiferentes às diferenças de cor da pele - todos se imaginam na pele dos donos dos carros absurdamente incendiados! - não é de excluir que tenham sido perpetrados pelos que queiram acicatar esse clima de violência racial. Sabendo-se do que são capazes não descartaria essa possibilidade como real.

jorge rocha | Ventos Semeados

Portugal | Terceira noite de atos de vandalismo nos arredores de Lisboa e em Setúbal


Carro da PSP apedrejado durante a noite

As últimas noites têm sido marcadas por diversos atos de vandalismo na Área Metropolitana de Lisboa e em Setúbal. Em comunicado, a PSP refere que deteve um menor em Setúbal e identificou dois outros.

Um carro da Polícia de Segurança Pública foi apedrejado e atingido por um “dispositivo incendiário” durante a madrugada desta quinta-feira em Loures, na sequência de um incêndio num caixote do lixo, mas não se registaram feridos, revelou a PSP.

Em comunicado, a PSP refere que deteve um menor (de 16 anos) em Setúbal e identificou dois outros (de 13 e 14 anos), “na sequência do registo de várias ocorrências de incêndio, presumivelmente de origem criminosa, em caixotes do lixo e ecopontos em vários concelhos do distrito de Lisboa e Setúbal”. Na cidade foi também incendiado um autocarro que estava estacionado na via pública.

Os incidentes foram registados entre as 23h30 de quarta-feira e as 7h desta quinta-feira, acrescenta a PSP.

Em Loures, explica a nota da polícia, na sequência de um incêndio de um caixote do lixo, “os meios policiais foram atingidos com pedras e um dispositivo incendiário, tendo resultado danos no ‘capot’ e a quebra do vidro para-brisas de uma viatura policial”, mas sem registo de ferimentos em qualquer agente.

A PSP diz que está a investigar as ocorrências de índole criminal e salienta que “as ações criminosas relatadas constituem crimes de resistência e coação à autoridade, dano qualificado e incêndio”, situações que “afetam diretamente o bem-estar e qualidade de vida das populações e passíveis de ser punidas com pena de prisão”.

No mesmo comunicado, a PSP apela a todos os órgãos de comunicação social e a todos os cidadãos “que denunciem imediatamente às autoridades todas as ações idênticas que presenciem ou de que tenham conhecimento, de forma a possibilitar a identificação e detenção dos suspeitos da prática dos crimes”.

Ao início da manhã desta quinta-feira, uma fonte da PSP já tinha dito à agência Lusa que 30 caixotes de lixo e ecopontos tinham sido incendiados durante a noite em toda a área do Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS), com especial incidência no concelho de Sintra.

As últimas noites têm sido marcadas por diversos atos de vandalismo na Área Metropolitana de Lisboa e em Setúbal.

Estes atos começaram depois de uma manifestação, na segunda-feira, em Lisboa, contra a violência policial, após uma intervenção da PSP no bairro da Jamaica, no Seixal (Setúbal), no domingo, que resultou em incidentes entre os moradores e a polícia que provocaram cinco feridos civis e um agente.

O Ministério Público e a PSP abriram inquéritos aos incidentes no bairro da Jamaica.

Lusa em Observador | Foto: Rui Minderico/Lusa

Embaixada de Angola recomenda aos angolanos que se abstenham de acções negativas


A Embaixada de Angola em Portugal reconheceu, em comunicado, tornado público na noite de terça-feira, que o “uso excessivo da força” por parte da Polícia de Segurança Pública foi consequência de uma situação de “desrespeito e agressão às autoridades”.

A representação diplomática de Angola em Portugal reagia pela primeira vez aos incidentes que envolveram, no domingo último, no Bairro da Jamaica, concelho de Seixal, distrito de Setúbal, cinco membros de uma família angolana e um grupo de agentes da PSP, que terá usado violência na abordagem policial naquele bairro social, aonde se deslocou para pôr fim a uma rixa entre duas mulheres.

O comunicado acentua que as imagens divulgadas nas redes sociais, sobre o incidente, foram acompanhadas de “apelos à exacerbação dos ânimos e atitudes incontidas e de intolerância de vária índole”. Depois de ter tomado conhecimento dos factos, o Consulado-Geral de Angola em Lisboa deslocou-se de imediato ao local e prestou apoio aos membros da família “nos termos da lei e das suas atribuições, inclusive junto das instâncias policiais e judiciais portuguesas, no âmbito das quais foram e estão a ser feitas as averiguações necessárias e apuradas as devidas responsabilidades”, salienta o comunicado. 

A Embaixada declara estar atenta ao apuramento de responsabilidades no caso que ocorreu no Bairro da Jamaica e apela aos angolanos que “se abstenham de acções negativas”.

Quanto aos incidentes registados em Setubal e Lisboa, um dia depois do incidente no Bairro da Jamaica, a Embaixada diz reprovar os actos e garante que vai denunciar “quaisquer tentativas de aproveitamento ou a intenção de ligação desses desacatos que põem em causa a tranquilidade e ordem pública”.

“Assim, apela aos cidadãos angolanos a assumir uma atitude de serenidade e civismo, respeitando as leis e a ordem pública do país de acolhimento, abstendo-se de acções negativas e de participar em actos que mais não são do que aproveitamentos alheios com fins inconfessos”, salienta o comunicado.

A PSP contabilizou 24 ocorrências relacionadas com o incêndio de caixotes do lixo na Grande Lisboa e em Setubal, entre a noite de terça-feira e a cerca das 2h30 da madrugada de ontem.

Presidente de Cabo Verde

O Presidente de Cabo Verde disse, terça-feira, a propósito do incidente ocorrido no Bairro da Jamaica, em Portugal, estar à procura de “informações concretas” sobre o caso que envolveu cidadãos angolanos e agentes da PSP.

Jorge Carlos Fonseca escolheu a sua página pessoal do Facebook para anunciar que está a seguir os acontecimentos ocorridos no Bairro da Jamaica, onde, por sinal, vivem vários cidadãos cabo-verdianos.

“Acompanho e procuro informações concretas relativas ao sucedido no bairro da Jamaica, em Seixal, Portugal”, lê-se na mensagem.

Jornal de Angola

Angola | Quão honesto é Carlos Cunha, membro do Conselho da República?


O Conselho da República conta com um novo membro de índole duvidosa. Trata-se do empresário Carlos Cunha que recentemente foi condenado pela justiça portuguesa a pagar 1.800.000 euros por incumprimento de contrato.

No passado dia 3 de janeiro, o Presidente de Angola nomeou o empresário Carlos Cunha membro do Conselho da República. Mas o homem que mereceu a confiança de João Lourenço tem a sua honestidade beliscada. É que o empresário não respeitou um acordo com o empresário espanhol Severino Echarte no âmbito de uma iniciativa que visava levar à Luanda o tenor Plácido Domingo em 2015.

Em causa estava a comemoração dos 40 anos da independência de Angola prevista para 6 de novembro daquele ano. E o que deveria ser um evento histórico para Angola acabou nas barras do tribunal.

O lesado meteu queixa contra Carlos Cunha: "Não só digo eu que é um caso de absoluta má fé, como também as sentenças que foram proferidas pelos tribunais portugueses, e que ditaram a sentença no passado mês de dezembro, acusam-no de autêntica má fé, de total incumprimento do contrato. Tanto ele como as pessoas que estavam ao seu redor."

As desculpas de Carlos Cunha

No 11 de Dezembro de 2018 o Tribunal da Relação de Lisboa validou a condenação do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, de 30 de novembro de 2017, que determinava o pagamento de mais de 1,8 milhões de euros, mais juros e outros custos, por parte da empresa de Carlos Cunha, a Paladar, à Trio Austral Consulting Limited, empresa do espanhol Severino Echarte.

Tudo começou com o incumprimento do contrato entre as duas empresas, a Paladar deveria ter pago duas prestações de 900 mil euros a Trio Austral pelos seus serviços: a primeira até 30 de junho de 2015, e a segunda, até 30 de setembro do mesmo ano.

Segundo Severino Echarte, quando questionado sobre as violações do contrato "ele dizia que estávamos com as mais altas instâncias do país e que era gente de bem e que tudo se iria cumprir até ao último minuto. Mas era tudo mentira, nada foi cumprido, nada."

Nem por via amigável funcionou

O empresário espanhol lembra que a apoiar esta iniciativa estava, por exemplo, a ex-primeira dama de Angola Ana Paula dos Santos e sublinha que um projeto que envolve interesses do Estado, como a celebração da independência, só seria possível com o aval do Governo. Mas nem este se importou com o incumprimento, diz.

Sobre a hipótese de mediar o caso amigavelmente com Carlos Cunha, Severino Echarte garante que se esforçou para tal: "Em várias ocasiões tivemos oportunidade de haver solução e manter perfeitamente intacta a imagem de Angola. Mas nem isso fez."

Carlos Cunha não é o único individuo suspeito a ser indicado para um cargo importante no consulado de João Lourenço. Na apelidada "dança das cadeiras" dirigida pelo Presidente do país, mantêm-se nomes duvidosos, como é o caso do governador do Banco Nacional de Angola José de Lima Massano, o que deixa alguns setores descrentes em relação à governação de João Lourenço.

Quais são os critérios de escolha?

Deveria haver algum critério a ser tomado em conta antes do Presidente da República indicar gente para cargos da sua confiança e de relevo para o país?

"A questão é que não se utiliza a meritocracia, como critério principal em Angola, mas sim a militância. E depois, na militância aquele que está próximo do fulano é que muitas vezes é puxado porque é um bajulador, endeusa o Presidente, é uma pessoa que não tem a capacidade crítica. Então, é mais ou menos esse tipo de critério que enferma o país", responde o analista David Kissadila.

Espera-se que integrantes de um órgão como o Conselho da República sejam, entre outras coisas, íntegros e honestos. Mas para que tal seja uma realidade é preciso relançar pessoas honestas, considera Kissadila.

Mas o analista recorda que "a questão do MPLA é que a corrupção se tornou uma cultura, o nepotismo tornou-se uma cultura, a bajulação tornou-se uma cultura. Quer dizer que é preciso rever a ética política do MPLA, a ética deve impor-se a política, ou seja, deve haver conduta de cidadania, deve-se promover conduta da moralidade, o que não existe infelizmente."

Nádia Issufo | Deutsche Welle

Angola | Cooperação chinesa

Segundo um “site” nas redes sociais, “as comunidades das aldeias do Sachitemo, Capunda e Pungua, no município de Tchicala Tcholoanga, na província do Huambo, aguardam, há mais de um ano, por uma decisão judicial sobre o processo que moveram contra a empresa chinesa Jiangzhou Agriculture, Lda. por expropriação das suas terras comunitárias”. 

Não sou contra a cooperação de Angola com a China, mas as crescentes queixas e denúncias do comportamento de chineses à frente de pequenos, médios e grandes empreendimentos começam a tornar-se preocupantes. Às vezes, pergunto-me até que ponto as nossas autoridades acompanham e procuram certificar-se de denúncias sobre a presença de embarcações ilegais chinesas no nosso mar. Até que ponto estamos a ser devidamente rigorosos com o envolvimento de empresas chinesas no abate de árvores, em quantidades industriais que, em determinadas áreas, representa já um atentado ao meio ambiente? 

A cooperação com a China deve ser boa e mutuamente vantajosa, mas vejo que há uma parte que fica em desvantagem. Não podemos assistir a excessos em empreendimentos chineses, ora sobre atentados ao meio ambiente, ora sobre maus-tratos a trabalhadores angolanos, e simplesmente  ficar calado.

Jorge Bartolomeu, Menongue | Jornal de Angola, opinião

Brasil/Davos | Sem explicações razoáveis para dar, clã Bolsonaro ataca a imprensa


Bolsonaro e sua trupe estavam deslumbrados com a narrativa criada pela imprensa de que ele seria o "grande astro" em Davos. Quando esta mesma imprensa noticiou que sua participação no Fórum Econômico foi um fiasco, a trupe bolsonarista se revoltou. Some-se a isso o noticiário negativo envolvendo o filho mais velho do presidente e já temos a explicação do porquê a imprensa se transformou nesta semana em saco de pancadas do bolsonarismo nas redes sociais.

O presidente Jair Bolsonaro decidiu cancelar uma entrevista coletiva que concederia nesta quarta-feira (23) a jornalistas em Davos, no Fórum Econômico Mundial. Não só Bolsonaro, mas também os ministros Paulo Guedes (Economia), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Sergio Moro (Justiça) deram o cano na imprensa. Jornalistas estrangeiros —portugueses, mexicanos, suíços, alemães e chineses— ficaram estupefatos com o cancelamento do evento, comunicado oficialmente pela organização do Fórum 17 minutos após o horário em que a entrevista começaria.

A assessoria de comunicação do presidente tentou organizar uma declaração dele antes do encontro bilateral com o premiê italiano, Giuseppe Conte, mas o brasileiro se recusou, alegando falta de tempo.

Um assessor da Presidência disse a repórteres que aguardavam o presidente no hotel que o cancelamento da entrevista coletiva se deu devido à “abordagem antiprofissional da imprensa”. O assessor certamente se referia ao noticário amplamente negativo que se sucedeu ao breve e decepcionante discurso que Bolsonaro proferiu na véspera ao abrir um dos paineis do Fórum. "Fiasco", "grande fracasso", "decepcionante", "curto demais", "raso", "abaixo das expectativas" e "genérico" foram alguns dos adjetivos que povoaram a cobertura da imprensa brasileira e estrangeira à estreia do presidente Bolsonaro em evento internacional.

Narrativa dos bandidos

Irritado com o "comportamento" da imprensa que, vejam só, insiste em noticiar os fatos, Bolsonaro foi ao Twitter provocar. Publicou uma foto em que aparece mexendo no celular, com a legenda: "Bolsonaro usando sua arma mortal que deixa a imprensa aterrorizada".

Seu filho Carlos Bolsonaro também protestou e classificou como "bandidos" os críticos do discurso realizado pelo pai. "A narrativa dos bandidos agora é que o discurso do Presidente Bolsonaro em Davos foi um fiasco. É inacreditável!! Eu imagino o Brasil governado mais 4 anos pelos amigos PT, PSOL e PCdoB. Acabaríamos! A começar pela representação física à posse do ditador venezuelano!", disparou o vereador.

A irritação do clã Bolsonaro com a imprensa obviamente não se deve apenas ao episódio de Davos. Sem ter como responder de forma satisfatória à saraivada de manchetes noticiando as movimentações financeiras atípicas, suspeitas de lavagem de dinheiro e suposto envolvimento do senador eleito Flávio Bolsonaro com as milícias do Rio, o bolsonarismo se desestabilizou e o presidente e seus apoiadores mais próximos passaram a atacar a imprensa como forma de defesa. Uma atitude até certo ponto injustificável para quem assumiu o cargo anunciando que "o poder popular" não precisava mais da intermediação da imprensa, que tudo seria comunicado e resolvido pelas redes sociais.

Redes sociais: robôs em ação

E foi justamente nas redes sociais, terreno no qual os Bolsonaros se sentem mais à vontade, que os ataques à imprensa ganharam forma e conteúdo e se espalharam para além da família presidencial.

Esta quarta-feira (23) já é o terceiro dia seguido de ataques contra a imprensa organizados pelos grupos bolsonaristas. Na segunda-feira (21), passaram o dia alimentando a tag #EstadaoFakeNews por causa de uma reportagem do Estadão que mostrava que os grupos pró-Bolsonaro nas redes sociais tinham perdido força da eleição pra cá. Na terça (22), foi a vez da Globo virar alvo com a tag #Globolixo, uma resposta dos bolsonaristas às revelações do jornalismo da emissora sobre investigações do Ministério Público que lançam suspeitas sobre a movimentação financeira de Flávio Bolsonaro. Hoje, voltaram à carga contra a Globo subindo a tag #LaranjalDaGloboNews. A tag é uma provocação ao canal de notícias que teve um de seus profissionais, o jornalista Roberto D'Avila, citado em uma das mirabolantes delações premiadas do ex-ministro Antonio Palocci.

Especialistas em comunicação digital apontam que boa parte das postagens feitas pela rede bolsonarista partem de robôs, perfis falsos contratados por agências para fazer "bombar" determinados assuntos nas redes sociais. Um indício claro é o fato de várias tags criadas por esta rede para repercutir assuntos de interesse estritamente nacional chegar aos Trending Topics do Twitter de países como Malásia, Ucrânia e Bielorrússia. Foi o que aconteceu com a tag #FlavioPresidente. A hashtag de apoio ao senador eleito veio como uma resposta à repercussão negativa das novas denúncias que apontam uma suposta ligação entre o filho de Jair Bolsonaro, a milícia carioca e suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco.

O uso desses bots não é novidade na rede bolsonarista. Um levantamento divulgado em setembro, ainda durante a campanha presidencial, apontou que cerca de 33% dos perfis que seguiam o então candidato Jair Bolsonaro eram falsos e controlados por computadores.

Mourão manda indireta

Em postagem no seu perfil no Twitter, o vice-presidente Hamilton Mourão tratou de delimitar o terreno e registrar com clareza solar a diferença entre ele e o clã Bolsonaro. "Quero agradecer a atenção e cumprimentar pela dedicação, entusiasmo e espírito profissional a todos os jornalistas que me recebem na minha chegada e de mim se despedem quando deixo o anexo da Vice-presidência. Boas matérias a todos!", postou Mourão.

Precisa ser muito ingênuo para não enxergar esta declaração como uma indireta para o titular do Planalto e um recado para o mundo político. O afago de Mourão aos jornaistas foi publicado no mesmo dia em que a imprensa nacional e internacional inundou o noticiário com manchetes negativas para Bolsonaro e poucos minutos depois que o próprio presidente retrucou com um tuíte infantil ironizando a imprensa.

Resta saber se os grupos de poder que sustentam o atual governo vão continuar satisfeitos com um mandatário fraco que não consegue lidar com pressões, foge da imprensa e acha que pode se esconder atrás dos 280 caracteres do Twitter ou se sentirão mais seguros e mais bem servidos com um general cínico, porém francamente aberto ao diálogo.

Da redação de Vermelho, Cláudio Gonzalez, com agências

Brasil | A hipótese do “pitbull encoleirado”


Diante do rápido desgaste de Bolsonaro, há quem preveja impeachment rápido. Quem dera! O que fotos sugerem é um esforço do poder econômico e mídia para submeter presidente, por completo, à agenda ultracapitalista

Antonio Martins | Outras Palavras

Entusiasmado – com justíssimas razões… – pela rápida erosão do governo Bolsonaro, o jornalista Luís Nassif formulou, domingo (20/1), uma hipótese audaz. “A certeza, no quadro político atual é que o governo Bolsonaro acabou”, escreveu ele. A dúvida seria sobre o que virá depois. Os escândalos envolvendo o filho Flávio respingariam inevitavelmente sobre o Palácio do Planalto, a ponto de inviabilizar a continuidade do governo. O comentário pareceu ecoar a agora célebre capa de Vejaem que Bolsonaro aparece, em montagem, com os pés trocados, à la Jânio Quadros – o presidente que renunciou menos de sete meses após tomar posse, em 1961.

Desde domingo, novos fatos parecem dar razão a Nassif. O situação de Flávio Bolsonaro parece azedar hora a hora. De mero receptor de dinheiro ilegal repassado por assessores “laranjas”, ele passou a especulador imobiliário suspeito de fraudes e lavagem de dinheiro. Nas últimas horas, uma série de matérias publicadas com raro destaque nos noticiários da TV Globo aponta suas ligações com a cúpula criminosa das milícias cariocas – e o envolve com os próprios suspeitos da execução de Marielle Franco.

Mas seria fácil assim virar uma página tão ameaçadora de nossa História presente? Para acreditar, seria preciso esquecer o vasto arco de interesses que levou Bolsonaro ao poder – e que aposta em tirar enorme proveito de suas decisões. Em torno dele não há apenas a classe média antes incomodada com os pobres nos aeroportos e universidades; os religiosos fundamentalistas, interessados em silenciar o pensamento crítico nas escolas; ou o baixo clero parlamentar sedento pelas concessões de um governo “seu”. Há também a oligarquia financeira.

Repare em Davos, onde o presidente brasileiro fez, há poucas horas, um discurso pífio. Nem a indigência da fala, nem a precariedade do personagem, parecem incomodar a elite dos bilionários globais e seus gurus. Não importa se ele é populista; “Bolsonaro tem uma agenda de reformas e nós achamos que é boa para seu país. (…) Estamos realmente felizes”, disse Francesco Starace, o executivo-chefe da Enel, corporação energética italiana que controla as distribuidoras de energia do RJ, do CE e agora de SP.

Ainda mais significativo foi o comentário, também em Davos, de Ricardo Villela Marinho, alto executivo do Itaú, membro da família que controla acionariamente o banco e seu estrategista-chefe para a América Latina. “Concordamos com o diagnóstico que a equipe econômica tem sobre os principais entraves que estão segurando o crescimento (…), com as primeiras medidas sugeridas para superar estes entraves”. Além disso, “parece que este governo será mais duro do que os anteriores e que a ditadura venezuelana não será mais tolerada (…) Cada vez menos veremos populistas vencendo na América Latina, o que permite um desenvolvimento mais sustentável da economia, com atuação mais liberal”.

Promover o Impeachment de Bolsonaro, nos próximos dois anos, implicaria algo indesejável para a oligarquia financeira. Significaria colocar em risco o plano de anular as conquistas sociais da Constituição de 1988 e restaurar o padrão de dominação praticado por 500 anos. O general Mourão assumiria – em meio a grande trauma. É ainda mais suscetível que o presidente ao pensamento dos quartéis. Quem assegura que estes desejarão o ultracapitalismo?

Por isso, há uma hipótese mais provável que a de Nassif: a de um Bolsonaro encoleirado. O grande poder econômico quer as medidas que o presidente parece disposto a lhe oferecer; e pouco se importa com seu mau jeito. Já se deu conta de sua quase inacreditável inaptidão para o jogo político tradicional – e as múltiplas brechas abertas por tal incapacidade. Já identificou um caminho para fustigá-lo sem chocar-se com seu grande eleitorado: basta desconstruir, com a força dos fatos, a imagem de antiestablishment que ele procurou forjar para si – e com isso minar o núcleo de sua força.

A principal resultante desta estratégia será ter, em pouco tempo, um presidente totalmente submisso. Sem outra base poderosa em que se apoiar, Bolsonaro se reduzirá, aos poucos mas inexoravelmente, a uma espécie de Temer pós-escândalo JBS. Já não fará sequer restrições parciais à contrarreforma da Previdência (em 2/1, ele rejeitou “fazer uma tremenda maldade com o povo”). Já não resistirá à entrega total da Petrobras e do pré-sal.

Assim como ocorreu com Temer, a estratégia comporta ainda um Plano B. No limite, ela permite ao mesmo tempo encoleirar o presidente e descomprometer-se dele – caso se torne muito impopular. Por isso, são nítidos por exemplo os esforços dos noticiários da Globo para cortejar Mourão, apresentando-o como alguém razoável e destoante das estrepolias dos Bolsonaro. É também visível o esforço para preparar, desde já, alternativas como Luciano Huck – também ele presente em Davos e declarando-se “cada vez mais disposto a participar da vida política do país”.

* * *
Por trás da aposta em rápido afastamento de Bolsonaro parece haver uma ilusão comodista, detectada já no ano passado por Marcos Nobre: a de que o presidente tropeçará em seus próprios pés e o sistema político tradicional se recomporá naturalmente. Talvez seja por isso que não se vê oposição diante de medidas como o fim do “Mais Médicos”, a redução do aumento do salário mínimo, a venda da Embraer, a devastação do SUS, as “emergências fiscais” decretadas pelos governadores para reduzir direitos e atacar serviços públicos.

Atônita, sem programa real de mudanças, a esquerda espera que os dias ruins terminem por si mesmos. Parece nada compreender sobre o caráter do capitalismo contemporâneo.

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Venezuela | Que golpe! Que palhaçada! Que desespero!


Venezuela pela manhã, à tarde, à noite e de madrugada. Sempre Venezuela. Os média do imenso cartel da comunicação social segue o que sabemos e António Aleixo nos deixou em verso, com sabedoria: ”Para a mentira ser segura e atingir profundidade tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade”.

É constante a omissão evidente de que os EUA estão a submeter à manipulação os povos da América Latina, instalando democracias de fachada com uns quantos seus servidores escolhidos, de modo a que a soberania ianque prevaleça naquela parte do globo. Como era antes e assim foi durante muitas dezenas de anos. Os sul-americanos não podem ser senhores dos seus destinos. Foi e é a palavra de ordem das administrações dos EUA.

Os EUA, o ocidente e os mais ricos do mundo querem o petróleo da Venezuela – o primeiro país do mundo possuidor de petróleo explorado e a explorar. Como menciona a Deutsche Welle: “De acordo com cifras de 2015 da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo bruto do mundo, com mais de 300 milhões de barris. Isso coloca o país à frente de Arábia Saudita (266 milhões de barris), Irã (158 milhões de barris) e Iraque (142 milhões de barris).”

A contra-revolução ao regime de Chávez teve sempre por mentor e patrocinador o grande capital mundial, principalmente personificado e centrado nas administrações dos EUA e da UE. Esta última menos afoita e a dar menos nas vistas. Cinismo europeu q.b. A CIA norte-americana há anos que recruta na Venezuela e noutros países limítrofes agentes sul-americanos que forma e os lança no terreno do país bolivariano, como noutros da América Latina. Os seus agentes ianques não chegavam em quantidade e operacionalidade para os EUA reaverem a posse dos bens dos países latino-americanos, principalmente o petróleo que era explorado e roubado por companhias privadas adstritas à grande-potência do norte, os EUA. Todos os países da região sul do continente americano têm sofrido os ataques sistemáticos e pungentes das técnicas da CIA para a nova fase de submissão aos EUA e ao grande capital explorador da humanidade e fomentador das guerras e instabilidades por todo o mundo. O fito é sempre o mesmo: roubar. Colocar nos poderes de cada país políticos e outros servidores domados de acordo com os interesses que permitam apossarem-se da soberania de praticamente toda a América Latina e do globo. Aliás, como  consta no manual da CIA para todos os países que possuam no menu mais valias nas riquezas de subsolos, geoestratégicas, etc.

Por esta hora há Venezuela a alimentar os cardápios das redações. Assim como nos dias que se seguem. Bastantes. Jornalistas domados e carentes dos seus ordenados ao final do mês, assim como jornalistas cujos ideais se coadunam com as políticas e métodos dos EUA intoxicam a opinião pública – como tem vindo a acontecer de acordo com os manuais da CIA de há anos a esta parte. Evidentemente que não é toda a classe daqueles profissionais, mas são bastantes por esse mundo.

Verdade que o regime da Venezuela, a situação política, social e na generalidade, está virada do avesso. Sim, existem erros e desvios na revolução bolivariana por via das pressões externas, principalmente. Sim, o povo venezuelano está a sofrer carências imensuráveis. Não restam dúvidas. Mas o que está a acontecer deve-se aos planos e cumprimento da contra-revolução da autoria da CIA e administrações norte-americanas. Não só na Venezuela mas em todo o continente sul-americano. Golpes sobre golpes é o que tem acontecido. Já faltam muito poucos países daquele continente a abdicarem da sua soberania e a renderem-se à submissão aos EUA e a todos os muito mais ricos que preponderam no diretório global – aqueles que são habitualmente definidos por “Os 1%”.

Desta feita o Curto do Expresso deu azo a uma apreciação e retórica prolongada mais que evidente. Claro que o Expresso também se alimenta dos acontecimentos na Venezuela, a seu modo. A modo dos ditames da imprensa do mundo dos tais 1%... e dos ‘dótores’ ao seu serviço. Nada de especial, é de ler.

Como nos deixou o mesmo António Aleixo: “Uma mosca sem valor poisa, com a mesma alegria, na careca de um doutor como em qualquer porcaria”.

"A Venezuela tem dois presidentes". Que golpe. Que palhaçada, no pior sentido. Que desespero!  Devagar, devagarinho, é que o macaco...

Bom dia, se conseguir e o deixarem usufruir dele. Parece difícil, mas… (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Venezuela na miséria tem dois presidentes

Miguel Cadete | Expresso

Ontem à tarde, no centro de Caracas, quando se celebrava mais um aniversário da queda do regime militar de 1958, o Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, declarou perante uma multidão de manifestantes: “Hoje, 23 de janeiro de 2019, juro assumir formalmente a responsabilidade do governo nacional enquanto Presidente da Venezuela”. (Quem é este engenheiro de 35 anos?)

A revolução chavista, que há 20 anos domina o poder, nunca tinha conhecido tal afronta. Nicolás Maduro, o Presidente da Venezuela tinha tomado posse para um mandato de mais seis anos há duas semanas, após um sufrágio que levantou dúvidas junto da comunidade internacional, reagiria de imediato, assumindo que a declaração de Guaidó (veja aqui as imagens do pronunciamento) se tratava de uma manobra conspirativa dos Estados Unidos da América para o demover. Como demonstração de força, assinou, na varanda do palácio presidencial, a ordem para que todos os diplomatas dos EUA abandonassem o país no prazo de 72 horas. (O Expresso seguiu em direto os acontecimentos, acompanhe aqui o desenrolar da situação)

Desde ontem, a Venezuela tem dois presidentes. O insurgente Guaidó foi prontamente apoiado por Donald Trump. Em Washington um responsável da administração Trump, avisou que os EUA iriam impor sanções económicas à Venezuela caso Maduro, o presidente contestado, usasse a força contra os seus opositores não deixando de fora a possibilidade de uma intervenção militar. O “New York Times acrescenta ainda que Mike Pompeo, o Secretário de Estados, assumiu que “os EUA trabalhariam de perto com o legitimamente eleito Presidente da Assembleia Nacional de modo a facilitar a transição da Venezuela para a democracia e o estado de direito”

Seguiu-se o apoio do Canadá e de quase todos os países da América Latina, com vários Chefes de Estado a anunciar o seu apoio via Twitter: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, Panamá, Paraguai, Perú, Equador e a Guatemala reconheceram Guaidó enquanto Presidente. De fora ficaram o México e a Bolívia, estando também ao lado de Maduro Cuba, Nicarágua e a Rússia.

No mesmo sentido foram as reações de Donald Tusk, Presidente do Conselho Europeu (também no Twitter), e Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia que disse “apoiar plenamente “a Assembleia Nacional da Venezuela. No mesmo sentido, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, assumiu, em declarações à Lusa, que “o tempo de Maduro acabou”.

Na Venezuela residem cerca de 400 mil portugueses mas estima-se que os luso-descendentes possam triplicar esse número. Muitos regressaram nos últimos meses, mais de cinco mil à ilha da Madeira, quando deixou de haver comida, medicamentos e a inflação chegou aos 1 000 000 por cento em 2018, um valor similar ao da Alemanha em 1923. Segundo o FMI, o PIB terá caído, nos últimos doze meses, 18 por cento, sendo este o terceiro ano consecutivo em que a descida do Produto Interno Bruto é de dois dígitos.

O número de venezuelanos de saída, nos últimos anos, chega aos três milhões (dados do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas) e as mortes devidas à crise estão na ordem das dezenas de milhar (dados do Observatório Venezuelano de Violência).

Ontem, nas ruas de Caracas e das principais cidades venezuelanas, confrontos entre manifestantes e com as forças da ordem terão provocado sete mortos. Como conta Daniel Lozano, o correspondente do Expresso na Venezuela, o país está exausto mas os próximos dias não serão certamente de paz. Juan Guaidó promete “eleições livres”.

OUTRAS NOTÍCIAS

Sporting na final da Taça da Liga. O Sporting precisou de ir até às grandes penalidades para vencer a meia final da Taça da Liga contra o Sporting de Braga. Renan, o seu guarda-redes, defendeu três penáltis. Vai encontrar, sábado, na final, o FC Porto. Na Tribuna está tudo sobre um jogo em que o árbitro e o VARvoltaram a ser muito criticados pelo presidente e treinador da equipa derrotada.

Sete créditos da CGD dados como totalmente perdidos. O relatório preliminar da auditoria da EY aponta imparidades de 100% do valor em dívida em relação a sete devedores, segundo o Expresso Diário: Investifino, Júpiter SGPS, Always Special, Soil SGPS, Fundação Horácio Roque, FDO e Fercal. O “Público” nota, na edição de hoje, que Santos Ferreira, um dos presidentes do banco público mais visados no relatório, foi chefe de grande parte dos mais altos quadros que atualmente se encontram no Banco de Portugal, BCP, Novo Banco e na própria CGD. Já Teresa Leal Coelho, a deputada que preside à Comissão de Finanças, assegura que esta versão preliminar do relatório que foi conhecida é “diferente” da final.

Durante 20 horas não existiram rondas em Tancos. O responsável pela segurança dos paióis, coronel João Paulo Almeida, admitiu ontem na Comissão Parlamentar que não existiu vigilância durante aquele período de tempo. O deputado Jorge Machado questionou-se: “como é possível que as punições tenham ficado pelo sargento e pela praça”.

Marcelo quer manter condecorações de Ronaldo. O PR está a averiguar a possibilidade de CR7 não ser obrigado a devolver as altas condecorações com que foi agraciado pelo Estado português depois de ter sido condenado em Espanha por fraude fiscal. Cristiano Ronaldo foi condecorado em 2014 por Cavaco Silva com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. E em 2016 por Marcelo Rebelo de Sousa com a Grã Cruz da Ordem de Mérito. De acordo com a lei, o cidadão perde automaticamente os títulos após condenado a mais de três anos.

Vistos Gold na mira da Comissão Europeia. A comissária europeia com a pasta da Justiça, Consumidores e Igualdade de Género considera injusto que a cidadania seja atribuída mais facilmente a quem tem dinheiro do que a alguém que está integrado num determinado país. No caso português e dos Vistos Gold de residência, defende que deve haver transparência e ligações genuínas da pessoa em causa ao país. Věra Jourová exige mais transparência.

Macron em presidência aberta. O Presidente de França reuniu-se com 600 autarcas do sul do país e discursou, sem notas, durante horas a fio abordando temas como a saúde pública e a habitação. As sondagens refletem uma subida da popularidade de Macron enquanto os distúrbios dos coletes amarelos vão diminuindo.

Anti-globalização em Davos. Numa intervenção por vídeo, o Secretário de Estados dos EUA associou a administração Trump ao Brexit e ao governo de Itália, segundo um certo “padrão de disrupção”. Giuseppe Conte, primeiro-ministro de Itália, gostou e repetiu. Angela Merkel defendeu as democracias liberais o multilateralismo.

Realizador de filme dos Queen acusado de abuso sexual de menores. Um dos filmes que revitalizou o musical enquanto género dilecto de Hollywood tem o seu realizador sob suspeita. Bryan Singer, o realizador de "Bohemian Rhapsody", é acusado de abuso sexual por quatro homens. As situações na base destas alegações surgem descritas na “The Atlantic”, resultado de uma investigação levada a cabo ao longo de doze meses pela revista norte-americana.

FRASES

“Tivemos de encontrar uma nova identidade para os Xutos”. Entrevista do grupo português que celebra 40 anos, ao “DN”

“O PT foi o único partido a sair desta eleição de pé. Machucado, mas de pé”. Fernando Haddad, ex-candidato a Presidente do Brasil pelo PT, em entrevista ao jornal “i”

“O que me preocupa é ouvir um presidente criticar um árbitro e vê-lo pedir dispensa”. Frederico Varandas, presidente do Sporting, após os jogos das meias-finais da Taça da Liga

“A inovação é a única arma para criar mais empregos”. Carlos Moedas, comissário europeu, em entrevista ao “Jornal de Negócios”

O QUE ANDO A LER

A gastronomia, está bom de ver, é um ato de cultura. Para Nuno Diniz, cozinheiro, gastrónomo, professor, antigo parceiro de António Sérgio nas ondas da rádio e agitador, é ainda amais do que isso. É economia e, sobretudo, política. Radical.

O livro que acaba de publicar, “Entre Ventos e Fumos”(Bertrand Editora), codifica os fumeiros e enchidos de Portugal como nunca havia sido feito. Nos tempos mais recentes, só Edgardo Pacheco com “Os 100 Melhores Azeites de Portugal” havia tentado algo semelhante capaz de ombrear com a obra magna de Maria de Lourdes Modesto, “Cozinha Tradicional Portuguesa”, onde se encontra codificado o receituário português.

Mas o livro de Nuno Diniz que agora chega aos escapares é radical porque, além de publicar informação preciosa sobre os mais recônditos enchidos do país, dá início a uma batalha contra o segredo provinciano costume nestas ocasiões: em cada entrada são revelados sempre que possível os contactos dos produtores - pequenos e nada industrializados - de chouriços, farinheiras, morcelas, alheiras, maranhos, cacholeiras, paios, buchose outros que tais, pouco ou nada conhecidos.

Mas é essencialmente radical por ser um grito contra a industrialização e, muito claramente, contra o capitalismo, mas também em firme oposição ao vegetarianismo e a todas as práticas que desvirtuam um mundo que se ainda não desapareceu está à beira disso mesmo. Qual Giacometti dos fumeiros de Portugal, Nuno Diniz pugna pela utopia de um mundo que só existe devido ao isolamento e, nalguns casos, a condições de vida muito difíceis senão mesmo miseráveis; mas onde resiste uma ancestralidade fundada no mais profundo dos humanismos. Logo a abrir, uma escorreita e detalhada descrição do que é uma matança do porco dá o tiro de partida. No caso, a facada. Obrigatório para quem quiser entender o que é algo tão primitivo ou sofisticado como a alimentação.

Tenha boas refeições. Siga toda a informação atualizada em permanência no Expresso online, na BLITZTribuna e Vida Extra.

Venezuela repudia planos golpistas dos EUA e o povo chavista sai à rua


As autoridades venezuelanas mantêm-se em estado de alerta, depois de, esta terça-feira, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, ter apelado a um golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro.

Em declarações transmitidas pela rádio e televisão, Nicolás Maduro revelou que, tendo em conta as insistentes acções de desestabilização levadas a cabo pela extrema-direita nacional, promovidas por Washington, deu ordens ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para proceder a «uma revisão total e absoluta das relações diplomáticas e políticas com a administração norte-americana».

O chefe de Estado, que fez um apelo aos seus compatriotas para «rejeitarem o intervencionismo imperialista e unirem forças em defesa da Venezuela», denunciou as declarações ontem proferidas por Mike Pence, vice-presidente dos EUA, lembrando que, «na história das relações entre os Estados Unidos e a Venezuela, em 200 anos, nunca um funcionário do mais alto nível tinha vindo a público, em nome do seu governo […], dizer que a oposição na Venezuela devia derrubar o governo de que modo fosse», indica a AVN.

As declarações de Pence foram também condenadas pela vice-presidente da República, Delcy Rodríguez, que destacou o ataque promovido pelo seu homólogo contra a soberania do país caribenho. «Mike Pence recorre à sua incontinência verbal para dar ordens aos venezuelanos no que é um claro apelo ao não reconhecimento do Estado de Direito e a atentar contra as suas legítimas e constitucionais autoridades», disse Rodríguez, citada pela Prensa Latina.

Por seu lado, o vice-presidente da Secção Internacional do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Adán Chávez, qualificou as declarações do funcionário da Casa Branca como um acto de completa ingerência, na medida em que apela ao não reconhecimento das autoridades legitimamente eleitas.

Acções violentas respondem aos interesses dos EUA

A propósito das declarações, o ministro da Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, frisou que as acções perpetradas nas últimas horas pela oposição respondem aos interesses da administração norte-americana, que visa criar o cenário de um golpe de Estado no país sul-americano.

«Mike Pence dá-lhes ordens para queimar, matar, levar a cabo acções de falsa bandeira dia 23 de Janeiro. Toda essa mentira visa promover a desestabilização e a violência na Venezuela», declarou o ministro.

Num vídeo divulgado no Twitter, Pence insistiu outra vez na ideia de que o chefe de Estado venezuelano é «um ditador sem direito legítimo ao poder». Enviou também uma mensagem de apoio à mobilização que a direita venezuelana convocou para hoje, com o intuito de dar «passos para um governo de transição».

Povo chavista nas ruas em defesa da soberania

Também para esta quarta-feira, foi agendada uma manifestação, em Caracas, que tem como lemas a defesa da soberania nacional, fazer frente ao golpismo da oposição, apoiar o governo legítimo de Nicolás Maduro e comemorar os 61 anos do fim da ditadura de Marcos Pérez Jiménez.

O presidente do PSUV, Diosdado Cabello, lembrou que os revolucionários estarão nas ruas de Caracas esta quarta-feira para defender o país, a sua soberania e a Revolução Bolivariana, indica a AVN.

AbrilAbril

Imagem: Povo venezuelano nas ruas de Caracas, contra a ingerência norte-americana e do Grupo de Lima e em apoio ao presidente Nicolás Maduro, no dia da tomada de posseCréditos/ @KatuArkonada

Golpe Trump - Bolsonaro - Almagro avança em pleno na Venezuela


Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pela oposição, auto-proclamou-se como “presidente interino” numa manifestação na zona Leste de Caracas.

A Casa Branca anunciou de imediato que reconhecia Guaidó como legítimo presidente da Venezuela, começou o golpe de Estado!

A decisão de Trump em reconhecer Guaidó como “presidente” da Venezuela em vez do eleito Maduro é um escândalo absoluto e foi seguida pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, também ele um interveniente crucial no golpe.

A Assembleia Nacional (em desrespeito pelo Supremo Tribunal) já nomeou, ilegalmente, um “embaixador” para a OEA – o golpe Trump – Bolsonaro – Almagro encontra-se em pleno avanço, tendo sido o primeiro passo a criação de um novo “presidente”, nós afirmamos TIREM AS MÃOS DA VENEZUELA!

Guaidó invocou o Artigo 233 da Constituição para justificar a sua jogada, mas tal não tem qualquer fundamento, o artigo menciona uma “ausência permanente” do presidente (o que não é o caso) e mesmo assim estipula que seja o vice-presidente a tomar posse, não o presidente da Assembleia Nacional (que além disso se encontra em desrespeito para com o Supremo Tribunal).

Claro está, não interessam as cortesias constitucionais, aquilo que testemunhamos é um golpe, o que importa é a força, ou seja, com que lado irá alinhar o Exército, ainda não existem quaisquer indícios a esse respeito.

Hoje decorreram imensas manifestações da oposição e também marchas chavistas de tamanho considerável, que decorreram amplamente sem violência.

O primeiro passo do golpe já foi tomado, a criação de um polo de poder alternativo, reconhecido pelo imperialismo dos EUA, agora irão seguir-lhes o Brasil e os países do Grupo de Lima.

Jorge Martín | em Tirem As Mãos Da Venezuela

Quem é o jovem opositor que ameaça roubar o poder a Maduro?


Juan Guaidó era um desconhecido para o mundo até ter pedido auxílio estrangeiro para “assumir o poder” na Venezuela após o juramento de Maduro no seu segundo mandato consecutivo, no passado dia 10 de Janeiro.

Três dias após a tomada de posse, quando o Serviço de Informações Bolivariano (SEBIN) deteve Guaidó durante meia hora nos arredores de Caracas (capital venezuelana), o jovem líder da Assembleia Nacional saltou para o panorama internacional impulsionado por uma enorme cobertura mediática.

Criado em La Guaira, capital do Estado de Vargas – para onde se deslocava no Domingo em que foi detido – Guaidó estreou-se como opositor nos protestos estudantis de 2007 contra o defunto presidente venezuelano Hugo Chávez Frias (1999-2013).

O novo líder da AN estudou Engenharia Industrial na Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, e obteve as suas pós-graduações em Gestão Pública pela Universidade George Washington, nos Estados Unidos, e no Instituto de Estudos Superiores da Administração na capital venezuelana.

Até ser eleito para a AN, estudava e colaborava politicamente com Leopoldo López, líder opositor actualmente preso por impulsionar uma onda de violência na qual faleceram dezenas de pessoas.

O jovem deputado poderá ser uma nova oportunidade e um meio para as intenções dirigidas a partir do estrangeiro para derrubar o governo chavista, muito comprometido com a Revolução Bolivariana e a sua doutrina anti-imperialista.

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