quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Chove em Caracas


É preciso que a memória não seja curta, ou a amnésia selectiva: os que hoje golpeiam ou apoiam o golpe contra o povo venezuelano são os mesmos que em 1973 apoiaram o golpe fascista de Pinochet.

Agostinho Lopes | AbrilAbril | opinião

Ou o Chile outra vez. É preciso que a memória não seja curta, ou a amnésia selectiva: os que hoje golpeiam ou apoiam o golpe de Estado contra o povo venezuelano são os mesmos que em 1973 apoiaram o golpe fascista de Pinochet no Chile de Allende, de Neruda e da Unidade Popular.

E não julguem alguns que podem ficar oportunisticamente, face ao rolo compressor da onda mediática golpista, sentados em cima da ponte, no dilema Revolução Bolivariana versus Império do Norte. Que é o que significa afirmar não escolher entre Maduro e Trump. Que se lembrem se poderiam não ter optado por Allende. Ou, mais lá para trás, optar pela «neutralidade» da França e Inglaterra no avanço do fascismo contra a República Espanhola. Ou, em dias próximos, dizer como alguns disseram, «Nem Dilma nem Temer, eleições!»

Há diferenças. O imperialismo norte-americano não conseguiu, até hoje, convocar as forças armadas bolivarianas para afogar em sangue e repressão o povo da Venezuela, como fez no Chile. Mas não foi por falta de tentativas, a começar pelo golpe militar contra Chávez de 20021

Mas tudo o resto é um filme bem conhecido, encenado e desenvolvido pela CIA & Cia. E é absolutamente espantosa a credibilidade ou a hipocrisia com que tanta boa gente repete chavões e refrões de letras e músicas do disco rachado de todos os golpes e subversões do imperialismo norte-americano, incluindo na história da América Latina do século XX.

Faltam alimentos, e os que choram lágrimas de crocodilo com a fome dos venezuelanos, são os mesmos que aplaudem o cerco e bloqueio económico e financeiro, a confiscação ilegal de bens e recursos financeiros da Venezuela pelo imperialismo e comparsas, com sabotagem da importação de bens de primeira necessidade pelo Estado Venezuelano. Faltam medicamentos, e os que invocam a urgência de uma intervenção humanitária, são os mesmos que nada dizem sobre o boicote da compra pela República Bolivariana, inclusive pela chantagem sobre empresas farmacêuticas, dos fármacos destinados a doentes oncológicos, diabéticos ou necessitados de diálise.

Falam de democracia e mentem. Mentem com quantos dentes têm, sempre confiantes na máxima de Goebbels de que a mentira repetida se faça verdade, sobre as muitas eleições realizadas com Chávez e Maduro, sobre o sistema eleitoral e a liberdade de imprensa na Venezuela. Mentiras sobre a última eleição presidencial, antecipada para 20 de Maio de 2018 por exigência da oposição e seguida por mais de 150 observadores internacionais, confirmando que «as eleições foram muito transparentes e conformes às normas internacionais e à legislação nacional». Mentiras quando transfiguram a subversão terrorista interna, apoiada e paga pelos EUA, em forças da democracia e da liberdade.

As dificuldades, contradições, problemas da Revolução Bolivariana, em grande medida fomentados pelo imperialismo e por forças internas que nunca se conformaram com a vitória de Chávez e da Revolução, não podem ser transformados em razões para a destruir, nem para transformar em aliados os que, de fora e de dentro, sabotam a República Bolivariana. Os interesses soberanos do povo da Venezuela exigem, pelo contrário, a defesa da sua Revolução.

Pretendem continuar a rasgar as «veias abertas» das terras de Bolívar e Sucre, de Sandino e Zapata e Pancho Villa, de Luís Carlos Prestes e Fidel, de Guevara e tantos outros combatentes pela soberania e liberdade dos seus povos.

Depois da viragem à direita na Argentina e no Chile, depois do golpe no Brasil que destituiu Dilma e impediu Lula, pela prisão, de se candidatar, abrindo portas para o golpe maior da eleição de Bolsonaro, o imperialismo achou azado o momento. Reconstituído o arco de governos da Operação Condor (agora baptizados de Grupo de Lima), o imperialismo decidiu avançar. E a toque de caixa lá vai a sucursal da Europa, a União Europeia, dirigida por Merkel, Macron e May. Nada os ensina, porque é da sua natureza imperialista. Assim foi com a Jugoslávia, o Iraque, a Líbia, a Síria e tantos outros crimes!

Lá vão, cantando e rindo, com Trump e Bolsonaro para defender a democracia na Venezuela. Na Arábia Saudita, a defesa da democracia passa pela venda de armas e visitas de amizade eterna de Trump e Merkel, de Sánchez e Macron.

E o que faz, para vergonha nossa, Portugal nessa caterva de salteadores da soberania dos povos?

Vale tudo? Vale pois, como diz, o ex-marxista-leninista-maoista, e fundamentalmente anticomunista, Vicente Jorge da Silva, «Por vezes, não há soluções quimicamente puras para ultrapassar becos sem saída» (Público, 3 de Fevereiro de 2019) e logo, o golpe de Estado, a invasão militar, o apelo à subversão das forças armadas, podem ser necessários como foram no Chile! Mesmo se o sangue jorrar do coração aberto de um povo. Mesmo se for para montar uma tenebrosa ditadura! Tudo em nome da democracia… e, naturalmente, do petróleo!

E de cambulhada com essa tropa alinhada, mas fandanga, contra a Constituição Portuguesa, contra o Direito Internacional, contra a ordem internacional da Carta da ONU, lá vão António Costa disfarçado de Durão Barroso e Augusto Santos Silva de Martins da Cruz. Lá vão, para vergonha nossa!

Se amanhã «Chover em Caracas»2 saberemos a quem pedir contas!

Notas
1. Em 13 de Abril de 2018 o jornal Brasil de Fato publicou um artigo sobre o 16.º aniversário do golpe contra o presidente Hugo Chávez, onde protagonistas da resistência pró-Chávez explicam a articulação das várias componentes do golpe (meios de informação, empresários, poder judicial, militares, confrontos de rua, manipulação de imagens) e contam como devolveram Chávez ao poder. No fim do artigo o Brasil de Fato publica o documentário A verdade não será televisionada (The Revolution Will Not Be Televised no original), dos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Brian. A equipa, que estava no país para filmar um documentário sobre a Venezuela, reagiu  em directo ao golpe e produziu um extraordinário documentosobre a crua verdade dos interesses económicos, sociais e políticos por trás do golpe e como o seu insucesso apenas foi possível pela dinâmica mobilização popular em defesa das conquistas da Revolução Bolivariana. Os pretextos, as mentiras, as manipulações, os confrontos e as provocações, são em tudo semelhantes àquelas a que hoje assistimos.
2. O título do artigo remete para «Chove em Santiago», nome de código da CIA para a operação contra Salvador Allende e o governo de Unidade Popular no Chile, que culminou no golpe militar fascista, desferido em 11 de Setembro de 1973, encabeçado pelo futuro ditador Augusto Pinochet, que cobriu de sangue aquele país da América do Sul e amordaçou por décadas o movimento popular chileno, permitindo ao capitalismo yankee e indígena explorar à rédea solta o país e o seu povo, com consequências gravíssimas, que ainda hoje perduram, muito depois de tombar a ditadura. Chove em Santiago é também o nome do corajoso filme realizado em 1975, dois anos depois do golpe, por Helvio Soto (1930-2001), numa co-produção franco-búlgara que contou com o concurso de actores como Jean-Louis Trintignant, Annie Girardot, John Abgey, ou Bibi Andersson, e a música foi assegurada por Astor Piazzola. Rodado na Bulgária, onde o autor se encontrava exilado, Il pleut sur Santiago (título original) foi o primeiro filme a retratar, denunciando-o, o processo do golpe de estado chileno. Portugal, onde foi acolhido nos primeiros anos da Revolução dos Cravos, foi um dos países em que o filme teve maior êxito. Segundo a Biblioteca Nacional do Chile, o filme constituiu uma homenagem à Unidade Popular e ao jornalista Augusto Olivares, o qual escolheu morrer de armas na mão ao lado de Salvador Allende, defendendo o Palácio Presidencial de La Moneda contra os taques e soldados golpistas.

Nova cultura política na periferia de Londres


Como criar alternativas ao avanço conservador? Uma ideia simples — a “loja” de iniciativas comunitárias — afastou a ultra-direita e transformou dois grandes bairros, ao ajudar as pessoas a melhorar de vida coletivamente. O que é e como funciona

George Monbiot, em The Guardian | Tradução: Marianna Braghini | em Outras Palavras

Se há esperança, é nas periferias que ela está — inclusive nos bairros mais desprovidos de Londres. Barking e Dagenham têm estatísticas chocantes de desemprego, moradores de rua, gravidez precoce, violência doméstica e mortalidade. Até 2010, era a fortaleza do fascista Partido Nacional Britânico (BNP, em inglês). Sua população se transforma em velocidade impressionante: todos os anos cerca de 8% dos residentes mudam-se de lá. Mas, ao longo do ano passado, começaram a ser reconhecidas por algo diferente: líderes globais em tomar o controle de volta para si.

Desde a Segunda Guerra, o legislativo e governos nacionais se empenharam em mudar a vida das pessoas de cima pra baixo. Seus esforços, durante os primeiros trinta anos deste período pelo menos, eram altamente efetivos, criando serviços públicos, moradias populares e uma rede de proteção social que melhorou radicalmente a vida das pessoas.

Mas a consequência não intencional foi reduzir nosso senso de responsabilidade, nossas habilidades sociais e assistência mútua. Agora, na era da “austeridade”, o apoio estatal tem sido subtraído, deixando muitas pessoas com o pior dos dois mundos: nem a proteção de cima pra baixo do governo, nem a resiliência de baixo pra cima da comunidade, que aquela substituiu. Acredito que ainda precisamos de um forte apoio do estado, e de serviços públicos altamente financiados. Mas isso não é o suficiente. O melhor antídoto contra a crescente onda de demagogia e reação é uma política de pertencimento, baseada em comunidades locais fortes e confiáveis.

Aqueles que estudam a vida comunitária falam de dois tipos de redes sociais: a união e a construção de pontes. Redes de união são aquelas criadas entre grupos homogêneos. Ao mesmo tempo em que conseguem superar o isolamento social, também podem alimentar desconfiança e preconceitos, e limitar oportunidades de mudança. Já as redes de pontes unem pessoas de diferentes grupos. Pesquisas mostram que elas podem reduzir a criminalidade e o desemprego e, ao ampliar as vozes da comunidade, melhorar a qualidade do governo.

Depois de ficar atrás do BNP, que levou 12 cadeiras parlamentares das 51 disponíveis em 2006, conselheiros do Partido Trabalhista em Barking e Dagenham perceberam que não era suficiente identificar as necessidades da população e entregar serviços isolados. Queriam substituir o paternalismo pela participação. Mas como?

Assim que o gabinete começou a buscar ideias, se deparou com a Fundação Participatory City, conduzida pelo inspirador Tessy Britton. Seus pesquisadores formularam um plano para um sistema completamente diferente, desenvolvido em nove anos de investigações sobre como se formam as redes de pontes. Nunca um gabinete havia tentado algo parecido. O conselho percebeu que estava assumindo um risco. Mas ajudou a financiar um experimento de cinco anos e 7 milhões de libras (cerca de 33,4 milhões de reais), chamada Todo Mundo, Todo Dia (Every One, Every Day, em inglês).

Analisando projetos comunitários de sucesso ao redor do mundo, a fundação descobriu um conjunto de princípios comuns. Em geral, eles demandam pouco tempo ou compromisso das pessoas locais, e nenhum custo financeiro. Estão próximos dos lares das pessoas, abertos a todos e são pensados para atrair talentos em vez de atender necessidades particulares. Monta-se uma infraestrutura física e visível. Em vez de enfatizar grandes inovações – a ruína de muitos esquemas bem intencionados – alimentam projetos simples que melhoram a vida das pessoas de forma imediata. A fundação percebeu que uma grande parte do orçamento teria de ser voltada à fase de avaliação, para permitir que o plano se adapte quase instantaneamente ao entusiasmo dos moradores.

O Todo Dia, Todo Mundo foi lançado em novembro de 2017, abrindo duas “lojas” (as primeiras de cinco) nas ruas principais de Barking e Dagenham. As lojas não vendem nada, mas são lugares onde as pessoas se encontram, discutem ideias e lançam projetos. O projeto também começou a abrir “espaços de realização”, equipados com cortadores a laser e outras ferramentas, máquinas de costura e cozinhas de trabalho. Estes tipos de espaços são normalmente ocupados por homens de classe média, mas até agora 90% das participantes são mulheres. O motivo para esta diferença é simples: rapidamente, alguns residentes desenharam uma linha no chão e transformaram parte do espaço em uma creche informal, onde mulheres se revezam em turnos para cuidar das crianças. Ao fazer isso, elas superam uma das principais barreiras para novas iniciativas e projetos: creches acessíveis.

Visitei o depósito de impressoras antigas na Thames Road, em Barking, que o projeto está transformando em uma oficina gigante, onde as pessoas podem começar empreendimentos colaborativos em diversas áreas, como alimentação, roupas e energia renovável (o lançamento será em um festival, dia 16 de março). O experimento já catalisou um numero notável de projetos montados espontaneamente pelos residentes.

Há comitês de boas vindas para pessoas que se mudaram para a rua, refeições coletivas, sessões de culinária e almoços na rua. Há um programa para transformar pedaços de grama monótonos em jardins comunitários, parquinhos e centros de aprendizado ao céu aberto. Há uma escola de abelhas e uma escola de galinhas (ensinado como criar animais em áreas urbanas), sessões de costura e crochê, espaços para trabalhadores freelancer para se encontrarem e colaborarem, oficinas de programação e computação, contação de histórias para crianças, sessões de canto e cafés de jogos. Um técnico de futebol local começou a treinar pessoas na rua. Há um estúdio de filmagem e um festival para filmes independentes, aulas particulares para recitadores de poemas e um projeto para fechar as ruas aos carros, para que as crianças possam brincar depois da escola. Os residentes se atiraram nas oportunidades que o novo sistema criou.

Conversando com residentes envolvidos nos projetos, ouvia sempre a mesma história: “Eu odiava esse lugar e queria ir embora. Mas agora quero ficar.” Uma mulher em Barking me disse que “sair e socializar é muito difícil quando você está desempregado”, mas a loja local “melhorou imensamente minha vida social.” Agora, seu avô e sua mãe, que também estavam solitários, também vêm. Outra pessoa explicou que, antes da loja comunitária ser aberta em Dagenham, seus amigos moravam em outros bairros e ela tinha medo das pessoas da região, especificalmente “os jovens encapuzados”. Agora, fez amizade com vizinhos que têm origens de todo o mundo: “Eu não me sinto mais intimidada pelos homens mais jovens que andam aqui, porque eu os conheço… Foi o melhor ano da minha vida adulta.” Uma mulher negra que passou a vida com medo do ressurgimento da BNP me disse: “Finalmente temos esperança. Esperança para minha geração. Esperança para meus netos.”

Há um longo caminho para seguir. Até agora, quatro mil dos 200 mil residentes do bairro já participaram. Mas a taxa de crescimento sugere que há uma transformação por vir. O conselho me disse que o programa tem o potencial de reduzir a demanda por serviços sociais, já que a saúde mental e física das pessoas melhora. Também como resultado, outros bairros e cidades estão se interessando por esse notável experimento.

Talvez não seja a resposta final para os nossos muitos problemas. Mas me parece uma luz brilhante em um mundo que está escurecendo.

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Portugal | Televisão rasca, Berardo e Goucha no “palácio”


A seguir um artigo de opinião no JN, devidamente identificado. Tão identificado como a estação de televisão em referência, que é “rasca”, no dito de tantos portugueses. As vedetas em causa são Goucha e Joe Berardo, assim como o calote à Caixa Geral de Depósitos e a impunidade que levou milhares de milhões de euros a saírem dos bolsos dos portugueses para benefício de uns quantos senhores “da alta”, entre os quais o “acima de qualquer suspeita” Berardo. E Goucha no lugar de “partner” a fazer o que mais gosta e por onde começou (com valor): Corista, a dar cor e luz à vista. Encandeante. (PG)

No reino de Joe Berardo

Pedro Ivo de Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

O cenário é a Quinta da Bacalhoa - o "palácio", como tão pomposamente a qualifica Manuel Luís Goucha. Joe Berardo recebe o apresentador à porta, com o aprumo habitual.

Calça e casaco pretos e um cachecol vermelho de grife a afagar-lhe o pescoço. Passara uma semana da divulgação da auditoria à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Abrir parêntesis: o empresário madeirense é um dos principais responsáveis pelo gigantesco buraco nas contas do banco público, entretanto tapado pelos contribuintes através de uma recapitalização que nos custou cerca de quatro mil milhões de euros. Fechar parêntesis.

Goucha cai nos braços do comendador. "Porque é que decidiu comprar este palácio? Para se sentir rei?" Berardo incha de orgulho: "Eu já nasci rei". E vai por ali fora, num misto de autoglorificação e soberba. O auditório matinal da TVI fica não apenas informado do talento natural de Berardo para os negócios, como ainda recebe lições de história de arte a propósito de alguns quadros com que o colecionador forra as paredes interiores do "palácio". E o calote na CGD? Nem uma pergunta. Nem uma resposta. Os telespectadores da manhã iam certamente aborrecer-se.

Vejamos: Manuel Luís Goucha pode levar quem muito bem entender ao seu programa (vide a presença de Mário Machado). Não lhe é exigido que faça jornalismo. Ainda que o bom senso aconselhasse outro cuidado. Mas com Berardo é diferente. Ao homem que se recusa há anos a demolir uma casa de banho de luxo, desrespeitando várias ordens judiciais, tudo parece ser permitido. Brincou aos casinos com os quase 300 milhões de euros que a CGD lhe emprestou, numa guerra de poder pelo controlo do BCP, e não lhe aconteceu nada. E agora, que o quadro negro nos foi mostrado em toda a plenitude, ainda tem a desfaçatez de se pavonear a galope pelos montes da impunidade, fazendo dos papalvos que lhe cobriram os dislates financeiros os involuntários bobos da corte. Só uma República que não se dá ao respeito é capaz de tolerar um rei que não respeita ninguém.

*Diretor-adjunto

Imagem: Retirada de vídeo da TVI

Portugal | Nova multa para corticeira que despediu operária que se queixou de assédio


Depois de uma coima de 31 mil euros, por assédio moral sobre a trabalhadora Cristina Tavares, a corticeira Fernando Couto-Cortiças, Paços de Brandão, Feira, foi alvo de uma nova coima, agora de seis mil euros.

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) terá detetado irregularidades relacionadas com Segurança e Saúde no Trabalho no caso concreto da trabalhadora.

"Além do assédio, a Autoridade veio confirmar que a empresa a colocou a exercer funções que não se enquadram nos seus problemas físicos e na função para a qual tinha sido admitida", explicou Alírio Martins, coordenador do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, explicando que a nova coima foi aplicada pela ACT, numa decisão tomada a 14 de janeiro por esta entidade. "Reconhece que, do ponto de vista de saúde e trabalho, a empresa não estava a cumprir a lei", acrescenta Alírio Martins.

Os novos dados foram já anexados ao processo-crime que está a decorrer no Ministério Público, do Tribunal da Feira.

Cristina Tavares foi despedida pela empresa, que argumentou justa causa por esta ter, alegadamente, denegrido a imagem da corticeira. No próximo sábado, pelas 15 horas, no arraial em frente à igreja matriz de Lourosa, Feira, o Sindicato promove uma "Tribuna Pública", em solidariedade com a trabalhadora.

Salomão Rodrigues | Jornal de Notícias


Ler em JN:

Os amigos dos animais e as conversas de trampa


O Curto só de vez em quando devido à austeridade na “alimentação” do Página Global, porque o tempo é escasso para sustentar as postagens que gostaríamos de fazer mas não conseguimos, e assim continuará por uns tempos. Uns dias mais, outros dias menos. É a vida.

No Curto de hoje, da lavra de Cristina Figueiredo, as vacas são abertura. Vacas em crise porque perderam as asas. Ainda bem. Já bastam as bostas de pombos lisboetas a caírem nas cabeças e nas roupas. São tantos que os da capital já os abominam. Mas a autarquia gosta muito deles. Lisboeta sem cagadelas de pombo não é lisboeta não é nada. Há os que, já fartos, lhes chamam “ratos de trampa com asas”… Olhem se as vacas voassem o que nos aconteceria!

A propósito de bosta e ruas da capital, em bairros antigos e/ou mais recentes: a merda canina forma verdadeiras “ilhas” nos passeios e a autarquia lisboeta está-se borrifando para esta realidade de “ilhéus artificiais”. Cuida das avenidas relevantes e mais usadas pelos senhores e senhoras ou por turistas, a ralé não tem essa atenção autárquica da CML e de imensas Juntas de Freguesia, em vez de meterem “a pata na poça” – popularizada por Raul Solnado – metem a pata na trampa de cão e conhecem a necessidade de praticar a dança antiga e popular do Raspa. “Oh raspa, raspa, raspa / raspa e continua…”. Presentes aos milhares que ditos “amigos dos animais” consideram merecermos. Amigos? Amigos de quem? Da porcaria com que impunemente presenteiam os cidadãos e a capital? E por todo o Portugal não será igual, principalmente nas grandes cidades? Pois. Mas dizem-se “amigos dos animais”. O quê?

Por agora basta de “conversa” mal-cheirosa vocacionada para os ditos “amigos dos animais”. Tenham um bom dia, se conseguirem. Cuidado com os cocós dos animais cujos donos são verdadeiros porcos que devem ser multados a sério, como manda a lei. 

Lei? Impunidade costumeira até na trampa canina. Pois é. Afinal para que é que fazem as leis? (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

As vacas perderam as asas

Cristina Figueiredo | Expresso

Três anos, dois meses e alguns dias depois de ter tomado posse como primeiro-ministro, e a exatos 10 meses das legislativas, António Costa parece ter trocado o "otimismo irritante" pelo realismo prudente. Ontem, no debate quinzenal na Assembleia da República, respondendo a Catarina Martins, que apelava ao Governo que contrate mais enfermeiros mas também que decida pelo "justo descongelamento e progressão na carreira" destes profissionais, fez doutrina para o resto da legislatura: "A ideia de que tudo é possível já e ao mesmo tempo é altamente perniciosa e põe em causa a irreversibilidade dos passos que já demos. Não podemos entrar na lógica do agora ou nunca. O país não tem condições. Não é justo para outras carreiras paralelas".

Vítor Gaspar teria dispensado os 'paninhos quentes': "Não há dinheiro, qual das três palavras é que não percebeu?" . Ainda que mais gentil, Costa deixa aviso idêntico e não apenas a enfermeiros, mas também a professores, funcionários judiciais, guardas prisionais, investigadores da PJ, polícias, técnicos de diagnóstico, auxiliares de educação, enfim, a todos os setores da função pública que se preparam para passar 2019 em modo reivindicativo. "Não me peçam para fazer o impossível", diz o homem que, não assim há tanto tempo, contava esta história: "Deve haver problemas impossíveis. tenho tido a sorte de nunca ter encontrado nenhum (...); um dos meus secretários de Estado [quando era ministro da Administração Interna] dava sempre como exemplo de coisas impossíveis vacas com asas. Um belo dia, num aeroporto de Londres, encontrei uma. Pendurada no teto, voava e tudo. Permitiu-me demonstrar-lhes como até as vacas podem voar. Essa vaca voadora tem sido uma fonte de inspiração". Parece que as vacas ficam, afinal, de patas bem assentes no chão à ordem de, e foi o primeiro-ministro quem o disse (mesmo a terminar a sua entrevista à SIC, anteontem)... "contas certas é fundamental".

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

No mesmo debate quinzenal, cordato e morno (em evidente contraste com o de há duas semanas), assistiu-se a rara, mas neste caso obrigatória, unanimidade da câmara em torno da violência doméstica. Depois de conhecidos os últimos números (9 mulheres mortas em crimes de violência doméstica desde o início do ano), que António Costa considerou "absolutamente intolerantes, uma ofensa profunda à sociedade que somos", o primeiro-ministro anunciou que os ministros da Justiça, da Administração interna e da Presidência reúnem-se hoje com a Procuradora Geral da República para tentarem "aperfeiçoar a resposta" a dar a um problema que "envergonha a sociedade" . Já ontem à noite houve notícia de mais uma mulher ferida por duas balas disparadas pelo antigo companheiro.

O chefe do Governo escolhera o Serviço Nacional de Saúde como tema para levar à Assembleia da República, preferindo obviamente realçar os números do que já foi feito ao muito que ainda está por fazer num sistema que completa quatro décadas de existência num momento de crise como não há memória. Já depois do debate, os hospitais privados romperam os protocolos que mantinham com a ADSE, que entretanto emitiu um comunicado a desmentir que assim fosse. A celebrar a efeméride, numa altura em que a Lei de Bases está a ser "cozinhada" entre os vários partidos em comissão parlamentar, a boa notícia de que o Conselho de Ministros vai finalmente aprovar medidas de apoio aos cuidadores informais.

Ainda ecos da entrevista de Costa à SIC, na terça-feira: depois do primeiro-ministro criticar a banca por não estar preparada para apostar nas empresas, preferindo dar crédito aos privados para habitação e outros fins, os banqueiros ripostam dizendo que... não é verdade. Ainda sobre a entrevista, o site Polígrafo fez o fact-check.

O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, vai hoje à Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, falar sobre a auditoria da Ernst & Young que voltou a pôr o banco público na ordem do dia. O Observador deu-se ao trabalho de cotejar a versão original da auditoria com a que foi entregue (rasurada) no Parlamento e concluiu que só os 25 maiores devedores da CGD causaram perdas acumuladas de 1.310 milhões de euros.

A Comissão Política Nacional do PSD deverá reunir hoje para discutir (e aprovar) o nome do cabeça de lista às eleições europeias, que será novamente Paulo Rangel. No PS, apesar de o anúncio oficial estar marcado para 16 de fevereiro, é já certo que avança Pedro Marques.

O Benfica voltou a vencer o Sporting. Três dias depois do derby para a Liga, os dois grandes jogaram a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal e a equipa de Bruno Lage levou vantagem sobre a de Marcel Keizer. O resumo de um jogo que ainda assim não tirou completamente a esperança aos sportinguistas pode ser lido aqui.

...E LÁ FORA

Na Venezuela, aumentam as pressões sobre Nicolás Maduro. Ontem os EUA ofereceram isenção de sanções a todas as altas patentes militares que retirem o apoio ao ainda presidente do país. Este usa a melhor arma de que ainda pode dispor para se manter no poder: ontem mandou bloquear uma ponte entre a Venezuela e a Colômbia, através da qual chegaria ajuda humanitária ao país (sobretudo medicamentos, vindos dos EUA).

Mais a sul, Lula da Silva voltou a ser condenado (quase treze anos de prisão) por corrupção e lavagem de dinheiro, no segundo de sete processos que tem contra ele no âmbito da operação Lava-Jato. Há ainda cinco para ir a julgamento, sendo que o desfecho do primeiro colocou mesmo o antigo Presidente brasileiro atrás das grades (está a cumprir pena desde abril do ano passado).

Jeremy Corbyn escreveu uma carta a Theresa May com cinco condições para que os trabalhistas apoiem o Governo nas negociações para o Brexit. O líder trabalhista quer, entre outras sugestões, uma união alfandegária em todo o país ou acordos claros sobre questões de segurança, como por exemplo as que respeitam a mandados de captura europeus.

A primeira-ministra britânica, entretanto, estará hoje em Bruxelas para retomar as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia (o que deverá acontecer, se os prazos se mantiverem inalterados, a 29 de março), depois do Parlamento britânico ter chumbado a primeira proposta de acordo. May é recebida pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, às 10h da manhã. À tarde vai ao Parlamento Europeu.

Hoje também aguardam-se a previsões económicas (crescimento e inflação) de inverno da UE. A conferência de imprensa do comissário europeu Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, está marcada para as 10h.

Em Espanha, "no hay día tranquilo en el Gobierno de Pedro Sánchez", como se escreve no El Pais. A últimacontrovérsia tem a ver com a espécie de autobiografia que o presidente do Governo decidiu publicar (estará nas bancas a 19 de fevereiro), contrariando, pela primeira vez na história da democracia espanhola, o hábito de não haver publicações de livros por parte de um chefe de Governo em exercício: o PP exige saber os detalhes do contrato entre o autor de "Manual de resistência" (assim se chama a obra) e a editora, nomeadamente se Sánchez vai receber dinheiro e quanto. Mas essa é a menor das dores de cabeça para o chefe do Governo, que ontem voltou a ouvir o líder do PP, Pablo Casado, chamar-lhe todos os adjetivos (e nenhum deles elogioso), e até ameaçar com uma moção de censura, antes de apelar à mobilização geral dos eleitores para uma manifestação (contra o Governo, pois claro), já no próximo domingo, em Madrid. Casado não está sozinho no apelo, já que o Ciudadanos e o Vox fizeram o mesmo. Vem tudo isto ainda e sempre a propósito da questão catalã, tema que, aliás, leva hoje mesmo Sánchez novamente às instituições europeias (é a segunda vez, no espaço de um mês) desta feita ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e ao Conselho da Europa.

AS MANCHETES DOS JORNAIS E REVISTAS 

"Só a região Norte eliminou metade do desemprego em todo o país" (Jornal de Notícias)
"Hacker ficou com dinheiro desviado de banco das Caimão" (Público)
"Costa, os marcianos e a maioria absoluta" (i)
"PS e PSD de acordo para haver mais mulheres nos orgãos de poder" (Diário de Notícias - edição digital)
"Discussão com o sogro atiça massacre" (Correio da Manhã)
"ADSE e privados trocam ameaças" (Jornal de Negócios)
"Como Angola tirou €3.000.000.000 aos portugueses" (Visão)
"O grande assalto à Caixa" (Sábado)
"Luz acesa" (A Bola)
"Até ao fim" (Record)
"Uma bomba de oxigénio" (O Jogo)

O QUE ANDO A LER

Jornais e pouco mais, rima e é verdade. Poucas páginas ainda li do novo, e muito elogiado, romance de Dulce Maria Cardoso, "Eliete". E por isso posso ainda dizer pouco além de que estou a gostar muito. É a história de uma mulher de 40 e poucos anos, que perdeu o pai em criança e foi criada por uma mãe amarga e uma avó conservadora; hoje, casada e com duas filhas e uma profissão (vendedora imobiliária) que exerce sem grande gosto, começa a fazer o inevitável balanço de meio do caminho. Nada de novo nem original, dirá o leitor. Talvez. Mas como ontem me dizia uma colega, comentando exatamente este livro, arte é saber tornar uma história banal numa grande história, ainda mais se escrita, como esta é, com aquela souplesse (perdoem-me o francês, mas falta-me melhor termo em português) que só os verdadeiros mestres da palavra possuem.

Há algum tempo que não vou ao teatro mas este fim-de-semana vou matar saudades: domingo, na Comuna, a Companhia Maior apresenta publicamente o resultado de um workshop que fez nos últimos meses com o encenador João Mota; é às 16h e a entrada é livre (sujeita à lotação da sala). Nosábado, às 21h, na sala Garrett do Teatro Nacional D.Maria II, sobe de novo a cena "By heart". É uma representação única (e por isso apresse-se que já não há muitos bilhetes disponíveis) de uma peça que tive o imenso prazer de ver noutra temporada (e, então, noutro teatro). O texto e a encenação são de Tiago Rodrigues que, numa original interatividade com o público, nos demonstra como é possível aprender de cor um poema de Shakespeare em pouco mais de uma hora.

E, sem mais rimas, fico por aqui. Prosas, versos, notícias curtas ou grandes reportagens, tem de tudo, como na farmácia, nos sites do Expresso, da SIC e da Blitz. Boa quinta-feira.

Benfica x Sporting | Um dérbi diferente com desfecho idêntico, mas decisões?... Só em Alvalade


Benfica venceu pela margem mínima e o lugar no Jamor está longe de estar garantido. Um segundo jogo em quatro dias... com muitas diferenças.

Benfica e Sporting voltaram a defrontar-se num espaço de quatro dias. Numa espécie de ‘segundo assalto’, o dérbi eterno de Lisboa, desta vez a contar para a 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal, foi bem diferente do encontro para a 20.ª jornada da I Liga, que terminou com a vitória encarnada por 4-2.

Nesta partida houve metade dos golos, o vencedor foi o mesmo, mas a margem do triunfo foi mínimo (2-1). Um resultado que deixa tudo em aberto para a 2.ª mão em Alvalade, que está agendada para o dia 2 de abril.

Equipas diferentes, estratégias diferentes

Keizer quis mudar (e bem). Para este encontro no Estádio da Luz, o holandês fez mudanças cirúrgicas na defesa e lançou uma surpresa no ataque: Luiz Phellype foi a jogo, relegando Bas Dost para o banco de suplentes.

O Benfica até marcou cedo, e primeiro – logo aos 16 minutos – mas notou-se um leão diferente. Mais cauteloso, mais fechado, mais atento ao meio-campo encarnado e também a João Félix. O menino prodígio da equipa da Luz não teve muitos centímetros de espaço para jogar e espalhar o seu perfume pelo campo.

Quanto à formação de Lage, que cedo se colocou em vantagem, geriu bem o ritmo do encontro e não entrou em euforias, pelo menos no primeiro tempo. Na segunda parte, houve pressão mais alta do Benfica, um pouco mais de agressividade e, mesmo sem estar a fazer um jogo deslumbrante, as águias chegaram à vantagem numa infelicidade de Ilori, que desviou um remate de Félix para dentro da baliza de Renan.

Mas os momentos que definem este jogo vieram após o 2-0. Grimaldo teve uma ocasião flagrante para fazer o terceiro tento da formação da casa, mas desperdiçou. O Benfica, que até aqui vinha a ser eficaz, pecou na finalização e pagou mais tarde o preço. Bruno Lage afirmou, no final do encontro, que sentiu necessidade de mudar, mas já tinha gasto as substituições. O técnico disse acreditar que o golo sofrido podia ter sido evitado, caso a equipa estivesse com outro balanço no meio-campo, após a falta cometida em zona frontal à baliza de Svilar. Felizmente para o Sporting, há um mágico Bruno Fernandes que marcou o golo da noite.

Ferro – O ‘novo’ reforço

Num jogo com muita história, há que salientar a estreia na equipa principal de Francisco Ferreira, conhecido no mundo do futebol como Ferro. O jovem central de 21 anos entrou aos 37 minutos para o lugar do lesionado Jardel e Bruno Lage não conteve os elogios no final do encontro.

Um ainda menino que mostrou muita maturidade nos 53 minutos que pisou o relvado na Luz, logo num dérbi contra o Sporting.

“Ganhámos um jogador. Sempre disse que os reforços estavam em casa e estou plenamente satisfeito com a prestação do Ferro. É mais um reforço da nossa equipa”, sublinhou o treinador do Benfica.

Classificação na Liga - 10 primeiros
Um registo que faz sorrir o Benfica

Este jogo não só marcou a segunda vitória das águias esta temporada frente ao Sporting, como assinala outro registo.

Há oito jogos que os leões não vencem o eterno rival de Lisboa. O Benfica segue invicto diante do Sporting há oito encontros e assinala o melhor registo no duelo entre ambos desde o período entre 2009 e 2012, em que os encarnados também ficaram o mesmo número de jogos sem perder frente ao clube de Alvalade.

Ruben Valente | Notícias ao Minuto | Foto: © Global Imagens

Portugal | Parlamento prepara relatório sobre racismo a apresentar em julho


A Assembleia da República está a preparar um relatório sobre racismo, xenofobia e discriminação étnico-racial que vai ser apresentado até ao final desta legislatura, no âmbito da subcomissão para a Igualdade e não discriminação, para conhecer e combater o fenómeno.

Em declarações à agência Lusa, a deputada socialista Catarina Marcelino, responsável pela elaboração do relatório, explicou que o objetivo é compreender de que forma o racismo se expressa e é percecionado na sociedade, e ver o que é que a Assembleia da República pode recomendar para o combater.

Catarina Marcelino explicou que a elaboração deste relatório nada tem a ver com episódios recentes, como o do Bairro da Jamaica, no Seixal, tendo sido decidido logo após a agressão de Nicol Quinayas, uma jovem colombiana, em junho do ano passado, por um segurança dos transportes do Porto.

A deputada socialista adiantou que a elaboração do relatório inclui diversas iniciativas, entre audições e visitas no terreno, a primeira das quais já no dia 08 de março, a representantes das comunidades afrodescendente e brasileira, e que terminará com a elaboração de um relatório, a apresentar em julho.

Catarina Marcelino explicou que, como o tema é bastante abrangente, optou por analisar os dados da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) para perceber quais os grupos que apresentavam mais queixas.

"As pessoas negras, por questão de cor de pele, as pessoas ciganas, por questão étnica, e as pessoas brasileiras, por questão de nacionalidade, mas também com ligação à cor da pele, eram os grupos que tinham mais apresentado mais queixas", apontou.

A partir daqui foram organizadas várias iniciativas, sempre divididas em dois grupos: pessoas afrodescendentes e brasileiras e pessoas ciganas porque os motivos que levam a atitudes racistas contra estas pessoas não é igual.

Num primeiro momento, vão ser ouvidas as comunidades vítimas de racismo, em audições públicas, sendo que a primeira está marcada para dia 08 de fevereiro, com cinco organizações representativas da comunidade afrodescendente e da comunidade brasileira em Portugal que vão falar sobre habitação, educação, saúde, segurança e justiça, trabalho e políticas públicas.

Posteriormente, a 19 de março, e sobre os mesmos temas, haverá uma audição pública com organizações representativas das comunidades ciganas.

"Depois faremos duas audições, uma sobre afrodescendentes e brasileiros e outra sobre comunidades ciganas, com especialistas e académicos em que vamos ouvir as pessoas que têm estudado estes fenómenos", revelou a deputada socialista.

No calendário estão também previstas audições com altos dirigentes da administração pública de todas as áreas que estão em análise, e, por fim, com o Governo.

Questionada sobre se as autoridades policiais também seriam ouvidas, Catarina Marcelino explicou que a opção foi a de ouvir a Inspeção-geral da Administração Interna (IGAI), no âmbito dos dirigentes da administração pública.

"No fim, no início de julho, temos um seminário em que apresentaremos o relatório, que será com base em tudo o que ouvimos e a intenção é que o relatório também tenha recomendações", adiantou.

De acordo com Catarina Marcelino, também estão planeadas visitas no terreno, a primeira das quais em Bragança, por ser o concelho onde, segundo dados do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), existem mais concentração de pessoas ciganas a viver em barracas ou acampamentos.

A deputada socialista sublinhou que o objetivo é "garantir que o relatório vai ser muito neutro na avaliação que vai fazer para produzir alguma coisa que seja credível" e não possa ser usado "em jogos que não interessam".

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto: © Reuters

Portugal | "Percebem agora porque não podemos ter a saúde refém dos privados?"


O deputado Moisés Ferreira comenta a possibilidade de os grupos privados de saúde abandonarem os acordos com a ADSE.

O Expresso noticiou esta quarta-feira que os grupos privados José de Mello Saúde e a Luz Saúdes se estariam a preparar para abandonar os acordos com a ADSE em abril. Uma intenção que, no entanto, a ADSE não confirma.

Apesar disso, a notícia originou reação da parte do Bloco de Esquerda. Moisés Ferreira, deputado que se dedica à pasta da saúde, analisa a questão lembrando os 38 milhões de euros que os hospitais privados cobraram a mais, os quais a ADSE exigiu no final do ano passado.

“Os hospitais privados recusam-se a entregar à ADSE 38 milhões de euros que cobraram indevidamente. E como forma de chantagem, ameaçam agora cortar a prestação de cuidados de saúde aos beneficiários deste subsistema”, comenta, questionando ainda: “Percebem agora porque não podemos ter a Saúde refém dos privados?”

Sem confirmar a intenção destes dois grupos privados, a ADSE avisa que se tal vier a acontecer que fará acordos com outros grupos

"A ADSE comunica aos seus beneficiários que a notícia publicada no Expresso sobre a denúncia das convenções dos grandes grupos privados não tem fundamento. Existem prazos contratuais que constam das convenções que têm de ser cumpridos quando se procede à denúncia de uma convenção", pode ler-se no comunicado divulgado pelo instituto de gestão participada.

Mais adiante, pode ler-se ainda: "A ADSE está atenta aos acontecimentos e face ao crescimento significativo da oferta privada de cuidados de saúde em Portugal irá fazer novas convenções com outros prestadores se se vier a concretizar esta ameaça".

Melissa Lopes | Notícias ao Minuto | Foto: © Blas Manuel/Notícias ao Minuto

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