sábado, 23 de fevereiro de 2019

Guiné-Bissau/Eleições | Primeiro incidente de campanha eleitoral em Bissau


A campanha eleitoral começa a registar os primeiros incidentes. Ontem, em Bissau, ocorreram trocas de mimos entre simpatizantes de partidos concorrentes ao pleito de 10 de Março. E as eleições poderão não contar com a cobertura de órgãos de comunicação social estatal, que se queixam de falta de meios.

É até aqui o mais grave incidente de campanha eleitoral.

Por pouco não aconteceram confrontos físicos entre apoiantes de alguns partidos, na quarta-feira, ao final da tarde, no bairro de Cuntum, subúrbios de Bissau.

A rádio Capital FM estava com uma missão ao ar livre, colocando frente a frente candidatos a deputados com os ouvintes eleitores.

Estava tudo a correr bem até que um eleitor se dirigiu ao líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, um dos candidatos a deputado naquela zona de Bissau, fazendo-lhe questionamentos diretos e com alguma animosidade.

Guiné-Bissau/Eleições | Campanha sem barulho é sinal de "medo ou fraqueza"


O barulho é uma das características das campanhas eleitorais na Guiné-Bissau e fazê-lo é sinal da força dos partidos políticos, até porque a ausência de ruído é sinal de "medo ou fraqueza".

Por estes dias, a cerca de duas semanas das eleições legislativas, os apitos, os tambores, os megafones e os carros com colunas em volume máximo ouvem-se por toda a parte, principalmente na capital, Bissau.

Todos os partidos guineenses têm de ter na sua campanha o maior barulho possível para chamar a atenção, mas também para "chatear a concorrência", como explicam os militantes. Para um candidato ou um partido entrar num bairro tem que ser antecedido de uma ação de 'batedores' com megafones, comprados no mercado do Bandim ou importados da China, a anunciar um comício.

Assim, estar em casa e ouvir, aos berros, apelos em nome de um partido ou de um candidato é normal em qualquer bairro ou terra da Guiné-Bissau, por estes dias.

"O barulho faz parte da festa, porque é uma atração", disse à Lusa Mário da Silva Monteiro, habitante de Kupilon de Cima, um dos bairros de Bissau.

Guiné-Bissau | "Logística eleitoral está garantida", diz CNE


União Africana vai enviar missão com 50 observadores para as eleições de 10 de março disse, este sábado (23.02), o seu representante no país. Chegaram também a Bissau os boletins de voto vindos de Portugal.

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, José Pedro Sambu, afirmou, este sábado (23.02), que a "logística eleitoral está completamente garantida" e que o "caminho está trilhado" para o "cumprimento da agenda eleitoral e que o dia 10 de março" será o dia de eleições legislativas no país. O presidente da CNE falava aos jornalistas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, onde foi feita a entrega do material eleitoral.

"A confiança depositada em Portugal pela Guiné-Bissau, como de resto tem sido prática, com exceção das últimas eleições (2014), para a produção deste material essencial e decisivo ao processo de escrutínio eleitoral no próximo mês de março demonstra claramente e de forma inequívoca a estreita e profunda relação de amizade e fraternidade existente entre Portugal e a Guiné-Bissau", afirmou o embaixador de Portugal em Bissau, António Alves de Carvalho.

Na mesma ocasião, o representante da União Africana em Bissau, o embaixador Ovídeo Pequeno, adiantou que o envio da missão de observação eleitoral a Bissau está confirmado e que a União Africana está "apenas a finalizar questões administrativas".

Segundo Ovídeo Pequeno, esta missão é "muito alargada", inclui observadores provenientes de países africanos de língua portuguesa e vai estar na Guiné-Bissau entre 1 e 15 de março.

Agência Lusa | em Deutsche Welle

Portugal | O inimigo principal


Álvaro Figueiredo | Manifesto 74 | opinião

Quais as razões da descabelada e acintosa ofensiva de deturpações, calúnias, mentiras e meias verdades contra o PCP?

Os deputados do PCP trabalham com afinco e responsabilidade. Sobre eles não há casos de moradas falsas, viagens fantasma, subsídios indevidos, marcações de presença por terceiros.

No entanto, as «investigações», para tentarem encontrar uma falta, sucedem-se.

Há alguns anos atrás chegou a noticiar-se uma viagem de avião em que os deputados iam em primeira e contrapunha-se isto às dificuldades do povo e dos outros utentes do avião. Na notícia era sublinhado que também um deputado do PCP, o deputado António Filipe, fazia parte do grupo. Apesar de ser perfeitamente legal e costume na Assembleia da República, azar dos azares, o único deputado que tinha prescindido da viagem em primeira era o deputado António Filipe.

Em relação ao PCP, volta, meia volta, falam do seu património imobiliário para tentarem lançar a suspeita, embora saibam muito bem que muito desse património o PCP recebeu-o por herança de generosos comunistas, e o restante foi comprado com fundos do PCP e a subscrição dos militantes e de amigos, como é o caso do terreno da Festa do Avante!.

Portugal | Vícios públicos


Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

A cisão não é nova, mas a crispação sobe de tom a reboque de recentes decisões políticas.

Da incerteza na ADSE à colocação dos funcionários públicos num patamar salarial mínimo de 635 euros, não têm faltado motivos para se ouvir discutir as diferenças entre trabalhadores públicos e privados. Rui Rio foi o primeiro a discordar de distinções no salário mínimo nacional. Marcelo Rebelo de Sousa acompanhou essa reserva, embora insuficiente para travar a promulgação do diploma com as atualizações.

Há várias falácias neste tema. A primeira é considerar que alguma vez existiu um salário mínimo universal, quando a base da tabela na Função Pública foi, historicamente, autónoma. A segunda é criar a ideia generalizada de que os funcionários do Estado são privilegiados nestes aumentos, quando muitas das atualizações são anuladas pelo efeito travão nas progressões. Somando congelamentos a fatores como o duplo aumento dos descontos para a ADSE durante a intervenção da troika, a verdade é que milhares de funcionários públicos ganharam este mês, mesmo com aumentos, menos do que recebiam antes da recessão.

Portugal | Ex-padre diz que há mais casos de abusos em Portugal


Fernando Félix, tem 49 anos, muitos deles vividos como jornalista e missionário comboniano, uma comunidade da Igreja Católica vocacionada para missões internacionais. Acabaria por se afastar do sacerdócio há 18 anos, numa decisão acompanhada pela Igreja.

Não perdeu a fé, mas queria menos rigidez no seu dia-a-dia. Preferia «trabalhar à noite, com pessoas sem abrigo e jovens em ambientes de risco» e acabava por descurar «a oração»,  «o que não se conjugava com a vida de padre». Já foi presidente da Fraternitas, movimento que engloba os padres que pediram dispensa dos seus votos, hoje é responsável pela comunicação da organização.

O cardeal Blase Cupich mencionou esta sexta-feira dos casos de encobrimento de abusos como «um problema universal» da igreja. O que torna tão frequente esta situações?

A ideia de uma igreja santa. De que o importante é parecer, ter uma aparência santa. Quando olhamos para os santos, parece que não são humanos, que nunca pecaram, nunca riram, nunca choraram. Acentuou-se muito esse aspeto, quase que de glória. Não pecar, não ser frágil. E esconder aqueles que não são assim dentro da Igreja.

Agressão à Venezuela: um roteiro com três anos


José Goulão | AbrilAbril | opinião

Há exactamente três anos, em 25 de Fevereiro de 2016, o almirante Kurt W. Tidd, chefe do Comando Sul (SouthCom) dos Estados Unidos da América, escreveu a seguinte recomendação: «Nas actuais circunstâncias, tem grande interesse impor a matriz segundo a qual a Venezuela entra numa etapa de CRISE HUMANITÁRIA [destaque do próprio] por falta de alimentos, água e medicamentos»; por isso «há que continuar a manipular o cenário em que a Venezuela está “à beira do colapso e da implosão”, pedindo à comunidade internacional uma intervenção humanitária para manter a paz e salvar vidas».

Este trecho citado faz parte de um documento secreto intitulado «Venezuela Freedom-2 Operation», apresentado pelo almirante Tidd numa reunião que envolveu a junta de comandos e a componente de operações especiais do SouthCom – United States Southern Command (USSOUTHCOM), Joint Task Force-Bravo (JTF-Bravo, JTF-B) e Joint InterAgency Task Force-South (JIATF-S). O relatório do comandante faz um balanço da primeira fase da operação «Venezuela Liberdade-2» e alinha um conjunto de 12 recomendações para a segunda fase e sobre as quais ninguém dirá que tenham passado três anos, tal a sua gritante actualidade.

A leitura do documento faz pressupor que, por circunstâncias várias, as etapas nele previstas para «fazer sair Maduro» não foram cumpridas nas alturas calculadas, sendo um dos picos Julho e Agosto de 2016. O texto é omisso quanto às razões para o protelamento das fases decisivas – que não o abandono dos objectivos pretendidos – porque o balanço se limita a enumerar «êxitos alcançados». A única alusão que pode encontrar-se em termos de obstáculos concretos aos desígnios norte-americanos parece ser, conforme é reconhecido “ipsis litris”, «o poderio do governo (de Maduro) e a sua base social, com milhões de aderentes que podem ganhar em coesão e expandir-se politicamente».

Os Estados Unidos preparam uma guerra entre Latino-americanos


Thierry Meyssan*

Pouco a pouco os partidários da doutrina Cebrowski avançam os seus piões. Se tiverem que cessar de fabricar guerras no Médio-Oriente Alargado, irão fazê-lo na Bacia das Caraíbas. Antes de mais, o Pentágono planifica o assassínio de um chefe de Estado eleito, a ruína do seu país e sabota a unidade da América Latina.

John Bolton, o novo Conselheiro Nacional de Segurança dos Estados Unidos, relançou o projecto de destruição das estruturas estatais da Bacia das Caraíbas.

Recorde-se que, na onda dos atentados do 11-de-Setembro, o Secretário da Defesa da época, Donald Rumsfeld tinha criado um Gabinete de Transformação de Força (Office of Force Transformation) e designado o Almirante Arthur Cebrowski para o dirigir. A sua missão era a de preparar o Exército norte-americano para a sua nova missão da era da globalização financeira. Tratava-se de mudar a cultura militar a fim de destruir as estruturas estatais das regiões não-conectadas à economia globalizada. O primeiro componente deste plano consistiu em desarticular o «Médio-Oriente Alargado». A segunda etapa deveria ser fazer o mesmo na «Bacia das Caraíbas».O plano previa destruir uma vintena de Estados costeiros e insulares, à excepção da Colômbia, do México e o mesmo quanto a territórios britânicos, norte-americanos, franceses e neerlandeses.

Logo após a sua ascensão à Casa Branca, o Presidente Donald Trump opôs-se ao plano Cebrowski. No entanto dois anos mais tarde, apenas conseguiu interditar ao Pentágono e à OTAN de entregar um Estado aos grupos terroristas que eles empregam (o «Califado»), mas não em desistir de manipular o terrorismo. Em relação ao Médio-Oriente Alargado, conseguiu fazer diminuir a tensão, mas as guerras continuam com menor intensidade. Em relação à Bacia das Caraíbas, ele travou o Pentágono, interditando-o de desencadear operações militares directas.

Livro | Venezuela - Twenty years of fake news and misreporting, 1st Edition



Routledge

158 pages

Description

Since the election of President Hugo Chavez in 1998, Venezuela has become an important news item. Western coverage is shaped by the cultural milieu of its journalists, with news written from New York or London by non-specialists or by those staying inside wealthy guarded enclaves in an intensely segregated Caracas. Journalists mainly work with English-speaking elites and have little contact with the poor majority. Therefore, they reproduce ideas largely attuned to a Western, neoliberal understanding of Venezuela.

Through extensive analysis of media coverage from Chavez’s election to the present day, as well as detailed interviews with journalists and academics covering the country, Bad News from Venezuelahighlights the factors contributing to reportage in Venezuela and why those factors exist in the first place. From this examination of a single Latin American country, the book furthers the discussion of contemporary media in the West, and how, with the rise of ‘fake news’, their operations have a significant impact on the wider representation of global affairs.

Bad News from Venezuela is comprehensive and enlightening for undergraduate students and research academics in media and Latin American studies.

Leia também:
Venezuela: call It what it is: a coup

Venezuela | A farsa da “ajuda humanitária”


Um opositor ácido de Maduro acusa os EUA: ações na fronteira visam provocar conflito, que envolveria Colômbia e Brasil. Mas o chavismo e o país estão em crise: é hora de um referendo popular sobre futuro do governo e do Legislativo

Edgardo Lander, entrevistado por Amy Goodman, no Democracy Now | Tradução: Felipe Calabrez| em Outras Palavras

Na Venezuela, o impasse entre o presidente Nicolás Maduro e o líder da oposição e autoproclamado presidente Juan Guaidó não parou de crescer. Guaidó alega estar se preparando para entregar ajuda humanitária da fronteira colombiana no sábado. Maduro rejeitou o plano, dizendo que o esforço é parte de uma tentativa mais ampla de derrubar seu regime. Isso acontece quando o enviado especial de Trump à Venezuela — o falcão de direita, Elliott Abrams — lidera uma delegação dos EUA que viajou em avião militar até a fronteira colombiana, supostamente para ajudar a entregar a ajuda.

As Nações Unidas, a Cruz Vermelha e outras organizações de ajuda humanitária recusaram-se a trabalhar com os EUA para entregar essa ajuda à Venezuela, que, segundo eles, é politicamente motivada. Falamos com o sociólogo venezuelano Edgardo Lander, membro da Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição. “Isso certamente não é ajuda humanitária, e não é orientada com nenhum objetivo humanitário”, diz Lander. “Este é claramente um golpe realizado pelo governo dos Estados Unidos com seus aliados, com o Grupo Lima e a extrema direita na Venezuela.”

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