sábado, 22 de junho de 2019

Prontidão militar do Irão vira grande surpresa para os EUA -- analista


A prontidão militar do exército do Irão foi uma surpresa para os Estados Unidos, considera o analista.

O analista Ali Reza Rezahah, especialista em política internacional dos EUA, observador político e colunista do centro analítico do líder supremo do Irão KHAMENEI.IR, comentou em entrevista à Sputnik Persa o incidente com o drone norte-americano derrubado sobre o golfo de Omã.

"O principal nesse acidente foi que o Irão definiu uma 'linha vermelha', e essa 'linha vermelha' é a violação da fronteira e a invasão do território do Irão. O Irão disse isso muitas vezes e avisou que qualquer drone de reconhecimento ou outra aeronave de caráter militar que invada o território do país seria imediatamente atacado pelos sistemas de defesa antiaérea", disse ele.

De acordo com Ali Reza Rezahah, o Irão está pronto para dar uma resposta decidida e os EUA devem entender que a invasão pelo drone do seu espaço aéreo não é uma brincadeira.

"As tropas norte-americanos já por muitas vezes, inadvertidamente ou por engano, violaram a fronteira e os militares iranianos sempre atuaram com muita precisão e profissionalismo nesses casos", declarou o analista.

Ele recorda que é bem conhecido que o Irão em política externa segue abordagens bem ponderadas.

"O único lado que realiza uma política agressiva e provocatória são os EUA", disse o especialista.

Teerão divulga mapa detalhado do trajeto do drone dos EUA derrubado

Ponto vermelho: ponto de impacto do drone invasor já depois de ultrapassar a fronteira de Irão
O MNE iraniano, Mohamad Javad Zarif, publicou na sua conta no Twitter um mapa detalhado do trajeto, localização e ponto de impacto do drone dos EUA derrubado em 20 de junho.

"Às 00h14 [horário local] o drone descolou dos EAU em modo furtivo e violou o espaço aéreo iraniano. Ele foi alvejado às 04h05 nas coordenadas (25°59'43"N 57°02'25"E) perto de Kouh-e Mobarak. Nós recuperamos destroços do drone militar dos EUA em nossas águas territoriais, onde foi derrubado", disse ele.

"Para mais detalhes visuais sobre o trajeto, localização e ponto de impacto do drone militar dos EUA abatido pelo Irão na quinta-feira [20 de junho], e as águas sobre as quais voava, veja estes mapas (Twitter) e coordenadas", declarou o ministro das Relações Exteriores do Irão no Twitter.


"Imagem: Ponto vermelho é o ponto de impacto do drone invasor na fronteira do Irão; e a fronteira dos EUA", acrescentou o ministro, sublinhando que o drone voava muito longe das fronteiras dos EUA.

Derrubada do drone

Em 20 de junho, o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) afirmou ter derrubado um drone Northrop Grumman RQ-4 Global Hawk dos EUA que teria invadido seu espaço aéreo na província de Hormozgan, perto do estreito de Ormuz.

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, por sua vez, insiste que o veículo aéreo não-tripulado não estava em território iraniano, mas em águas internacionais, quando foi derrubado.

Sputnik | Imagens recolhidas no Twitter de Javad Zarif

A guerra contra o Irão está em movimento


Os episódios contra o Irão integram uma estratégia de guerra híbrida, tão do agrado dos estrategos actuais do establishment e que está em movimento na Venezuela.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Segundo as mais fresquinhas informações vindas directamente das águas tépidas do Golfo de Omã, a marinha dos Estados Unidos descobriu fragmentos de minas que há uma semana terão danificado dois petroleiros que estavam de passagem pela região. E segundo as inscrições nelas registadas, agora sim não há dúvida de que o autor da maldade foi o Irão, há que castigá-lo. Razão tinham o presidente Trump e os seus guardas pretorianos Bolton e Pompeo, que juravam desde o primeiro momento ter pressentido as «impressões digitais» de Teerão no incidente.

Assim se definem hoje a guerra e a paz, os culpados e os inocentes, os juízes e os condenados em relações internacionais. Como o vídeo mal-amanhado apresentado pelo comando regional do Pentágono, e em cima do acontecimento, não convenceu ninguém da culpa do Irão – excepção feita ao Reino Unido, o mais aliado entre os aliados – eis que a incansável armada imperial, vasculhando cada polegada das águas do Médio Oriente, diz ter encontrado os despojos de uma verdade, agora sim, irrefutável. Mesmo que o proprietário japonês do navio acidentado tenha garantido que não houve quaisquer minas no casco, mas sim «um objecto voador», partindo daí para qualificar a teoria norte-americana como «falsa» e levando também o governo de Tóquio a afastar-se das maquinações bélicas do seu aliado de Washington.

Dinheiro: o novo sonho de controle do Facebook


Um cartel de corporações articulado por Mark Zuckerberg quer substituir os Estados e lançar moeda global. O que significaria privatizar a emissão do instrumento que media a produção, distribuição e consumo de riquezas?

David Dayen, entrevistado por Amy Goodman e Juan Gonzalez, no Democracy Now| Tradução: Simone Paz e Felipe Calabrez | em Outras Palavras

Em um movimento com o potencial de remodelar o sistema financeiro internacional, o Facebook revelou seus planos de lançar uma nova moeda digital global, chamada Libra. A empresa anunciou seus projetos na terça-feira, depois de trabalhar secretamente na criptomoeda por mais de um ano. A Libra será lançada no ano que vem, em uma parceria com outras grandes corporações como Visa, Mastercard, PayPal e Uber. O Facebook diz que quer criar “uma moeda simples e global, e uma infraestrutura que empodere bilhões de pessoas”.

David Marcus, presidente da criptomoeda do Facebook, disse na CNBC:

"Se você comparar a Libra com as moedas digitais tradicionais, a primeira diferença que aparece é que as criptomoedas tipicamente são veículos de investimento, ou ativos de investimento, mais do que um grande meio de mudança. Essa é projetada, desde o início, para ser um grande meio de troca, uma forma de dinheiro digital de alta qualidade, que você pode usar, sem limites de fronteiras, para pagamentos diários, microtransações e todo o tipo de coisa."

O projeto do Facebook já está sob crítica feroz de reguladores financeiros e legisladores. O Ministro de Finanças francês, Bruno Le Maire, disse que a Libra não pode tornar-se uma moeda soberana. Em Washington, o presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e membro do Congresso, Maxime Waters, pediu ao Facebook que interrompa o desenvolvimento da Libra até que legisladores e reguladores tenham a oportunidade de examinar essas questões e agir. O senador democrata norte-americano Sherrod Brown tuitou: “O Facebook já é demasiadamente grande e poderoso e usou esse poder para explorar os dados de usuários sem proteger sua privacidade. Não podemos permitir que comande essa novas e arriscada criptomoeda que vem de um banco suíço sem supervisão.”

Portugal | Lesados da SIC?


João Ramos de Almeida*

A recém contratada apresentadora da SIC Cristina Ferreira, bem como outras figuras da estação televisiva, vai começar a vender aos espectadores da SIC obrigações SIC que prometem uma taxa de juro anual de 4,5%.

A frágil situação financeira da Impresa é conhecida e, por isso, é de questionar de que forma vai o grupo investir os 30 milhões de euros que se pretende obter, de forma a garantir esse rendimento. É que quando as taxas de juro prometidas se tornam elevadas, é caso para suspeitar.

Aconteceu isso em operações dos CTT (que roeram o capital dos investidores), na Caixa Económica Açoreana (e faliu), no BES (e viu-se no que deu), só para falar naqueles casos de que me lembro.

Só esperemos que o Estado não venha, mais tarde, a ser chamado a cobrir os eventuais prejuízos desta operação, em nome da defesa da comunicação social livre.

*Ladrões de Bicicletas

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Quem não sabe estar


A cobardia é a mãe da crueldade
Michel de Montaigne


As sociedades distinguem-se pelo modo como tratam os seus elementos indefesos: as crianças, indefesas perante o futuro, os velhos, indefesos perante o passado, os prisioneiros e as minorias, indefesos perante os captores e os dominantes, e as mulheres, indefesas perante os violadores.

Do código de Hamurabi (o primeiro corpo de leis de que estabelece a equivalência da punição em relação ao crime) à Bíblia, das condições da guerra justa de Santo Agostinho à Convenção de Genebra e à Carta dos Direitos do Homem todos os grandes documentos da humanidade defendem a dignidade dos indefesos, sejam eles criminosos ou inimigos, sejam eles crianças ou velhos, sejam eles fracos ou fortes. Independentemente do acto praticado, todos os seres humanos têm direito a um tratamento digno, a manterem a dignidade de seres humanos, a não serem humilhados, torturados ou executados.

A chamada justiça de pelourinho, de exposição dos condenados, os autos de fé, a lei de Linch, as execuções de prisioneiros são consideradas pelas pessoas bem formadas excrementos da barbárie. São, antes de tudo, demonstrações de cobardia: os cobardes podem “judiar” o acorrentado, cuspir-lhe, insultá-lo, agredi-lo. Ficam impunes. A impunidade de insultar um ser enjaulado é a coragem do canalha.

"O covarde só ameaça quando se acha em segurança.
Goethe
 ou:
"O leão morto ou agonizante é o festim dos abutres e das hienas.
Provérbio bantu
O programa “Quem não sabe estar” emitido pela TVI no domingo dia 16 de Junho de 2019 foi um acto canalha contra um ser enjaulado. O pretexto do apedrejamento ritual foi o de ele ter apresentado factos que, segundo o engraçado condutor da emissão, motivam o riso: que na prisão não tinha um computador… que não tinha acesso a informação. Para o triste cómico e os seus apreciadores o enjaulado devia limitar-se a abjurar e a mostrar-se arrependido e a deixar a carne ser-lhe arrancada. Para o cómico e fiéis, Armando Vara não tem direito à defesa de uma imagem, a estar vivo: imagens da sua audição foram truncadas, repetidas, manipuladas para obter um efeito de aviltamento, de morte civil, a pretexto de que se trata de humor.

Portugal | Jerónimo acusa PS de querer retomar convergência com PSD e CDS


O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou hoje o PS de, criadas as condições, "querer retomar as políticas" de convergência com o PSD e o CDS, "transferindo para o povo qualquer dificuldade ou crise que surja".

No Porto, numa intervenção no âmbito da apresentação da primeira candidata da CDU por este círculo eleitoral às legislativas, Diana Ferreira, o líder comunista alertou para a necessidade de ser "conseguido um resultado nas eleições de 06 de outubro" que "não faça voltar para trás o que foi conseguido nesta legislatura".

"A operação de chantagem, com a ameaça de demissão do Governo neste final da legislatura, confirma que o PS, tal como o PSD e o CDS, não hesitará, criadas as condições e mudadas as circunstâncias, em retomar a sua política de sempre de transferência para as costas do povo de toda e qualquer dificuldade ou crise que surja", considerou Jerónimo de Sousa.

Perante uma plateia com cerca de 200 pessoas, o secretário-geral do Partido Comunista considerou ainda que a ameaça de demissão feita pelo primeiro-ministro, o socialista António Costa, no âmbito da votação do descongelamento da carreira dos professores, deixou à vista outros riscos, "mantendo a colagem à direita".

"É uma iniciativa que mostra também, por antecipação, que não será pela mão do PS que este caminho de avanços na defesa de reposição e conquista de direitos prosseguirá, tal como é evidente que se o PS tiver as mãos completamente livres, o que foi alcançado corre sério risco de voltar para trás, da mesma forma que andaria com o PSD e o CDS, se reunissem condições para tal", disse Jerónimo de Sousa.

Portugal | Lei de Bases: "Há uma viragem do PS à Direita que abre espaço à Esquerda"


Francisco Louçã analisou, no seu espaço de comentário desta sexta-feira, a aproximação do PS ao PSD no que diz respeito à Lei de Bases da Saúde.

Analisando a Lei de Bases da Saúde, no seu habitual espaço de comentário na antena da SIC Notícias, Francisco Louçã começou por se debruçar sobre as parcerias público-privadas que dificultam as negociações entre o PS e a esquerda e que fazem os socialistas aproximarem-se do PSD nesta matéria.

"Houve esta semana duas grandes novidades nesta negociação tão difícil que tem sido a da Lei das Bases da Saúde", começa por dizer, recordando que esta "tem de ser concluída de terça-feira a uma semana, dia 2 de julho".

"A primeira novidade é que Catarina Martins apresentou no domingo uma proposta de solução que passava por fazer aprovar o conjunto das normas sobre as quais há um acordo substancial" e, continuou o comentador, "admitir que a lei, uma lei específica, a pudesse regulamentar [a gestão pública das entidades da saúde] de alguma forma".

"Em termos políticos isto significava uma maioria do PS com os partidos da Esquerda para consagrar medidas como a qualificação das carreiras, o estatuto profissional dos vários profissionais de saúde, as taxas moderadoras, como um novo impulso ao Serviço Nacional de Saúde e encarar o facto de haver uma vontade do PS de fazer uma maioria com a Direita para que alguns hospitais públicos continuassem a ser geridos por hospitais privados", explicou Louçã, referindo que "isso seria uma deliberação que o Governo teria de levar ao Parlamento". Por outras palavras "resolver aquilo em que há acordo, discutir na campanha eleitoral aquilo em que não há acordo".

Pilger: é hora de salvar o jornalismo


Há uma guerra global pelo controle de informações. Divulgá-las provoca fissuras no sistema, como já fizeram Assange e Greenwald. O direito a saber é a batalha do século. É por isso que governos declaram cruzada contra dissidentes

John Pilger entrevistado por Dennis J. Bernstein e Randy Credico | Outras Palavras | Tradução: Gabriela Leite e Simone Paz

O cineasta John Pilger, cujo trabalho é afiado e digno de prémios como o Oscar e o Emmy, é reverenciado e celebrado por jornalistas e editores em todo o mundo. Quando ainda estava em seus vinte anos, Pilger se tornou o jornalista mais jovem a receber o principal prémio britânico da categoria, o “Jornalista do Ano”, o qual também foi o primeiro a ganhá-lo duas vezes. Após se mudar para os Estados Unidos, relatou as revoltas do final dos anos 1960 e dos 1970. Pilger estava na sala no momento em que Robert Kennedy, então candidato presidencial, foi assassinado em junho de 1968.

Sua reportagem sobre o sudeste asiático e o documentário que veio depois, Ano Zero: A Morte Silenciosa do Camboja, levantou quase 50 milhões de dólares (193 mil reais) para as pessoas daquele país atingido. De maneira semelhante, seu documentário de 1994 e o relatório de despachos do Timor Leste, para onde viajou secretamente, ajudou a estimular apoio aos timorenses, cujo território estava então ocupado pela Indonésia. Na Grã-Bretanha, sua investigação de quatro anos em nome de um grupo de crianças debilitadas ao nascer pela droga Talidomida, e deixadas de fora do acordo com a farmacêutica, teve, como resultado, um acordo especial. Em 2009, foi agraciado com o prémio de direitos humanos da Austrália, o Sydney Peace Prize. Recebeu títulos de doutorado honorários de universidades no Reino Unido e outros países. Em 2017, a Biblioteca Britânica anunciou um Arquivo John Pilger de todos os seus trabalhos em texto e filme.

Nessa entrevista com Dennis J. Bernstein e Randy Credico, Pilger fala sobre o que está acontecendo com seu amigo e colega Julian Assange, fundador e editor do WikiLeaks, e como sua perseguição pode ser o começo do fim da reportagem investigativa moderna como a conhecemos. Desde sua alardeada encarceramento em prisão de segurança máxima, jornalistas e whistleblowers [indivíduos que denunciam más condutas de governos e instituições] têm sido perseguidos, presos e seus documentos e discos rígidos apreendidos em países como os EUA, França, Grã Bretanha e Austrália.

A Constituição hackeada e o jogo para criminalizar o jornalismo investigativo


Tânia Maria de Oliveira * | Carta Maior

Do Pentágono Papers, em 1971, quando Daniel Ellsberg, analista militar a serviço do departamento de defesa norte americano, vazou para a imprensa documentos secretos, que mostravam que a guerra do Vietname não poderia ser vencida pelos Estados Unidos, passando pelos eventos em que dois repórteres do Washington Post comprovaram o envolvimento do presidente Richard Nixon na ação criminosa contra a sede do Comité Nacional do Partido Democrata, no famoso episódio conhecido como Watergate, até aos recentes casos de Julian Assange e Edward Snowden, o chamado jornalismo investigativo, em regra, voltou-se a desvendar ações de governos.

No recente caso brasileiro, contudo, aponta para os desvios cometidos dentro do sistema de Justiça pelos membros da mais famosa operação de investigação já ocorrida, a Lava Jato.

No processo das divulgações feitas pelo portal The Intercept Brasil, as manifestações do ex-juiz e atual ministro de Estado Sérgio Moro, e dos procuradores da força tarefa da operação Lava Jato, acerca dos conteúdos revelados, são realmente impressionantes, confusas, inacabadas e sobretudo contraditórias, não apenas entre si, mas com as suas posturas sempre adotadas e defendidas publicamente.

Brasil | ‘O desespero é feio’, afirma Greewald a Moro após novos vazamentos


Em mensagem no Twitter, nesta sexta-feira, Greenwald criticou os que tentam “descrever Snowden como o hacker-chefe dos vazamentos.

A fixação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na ideia de que um hacker é o autor do tsunami de informações vazadas de dentro da força-tarefa da Operação Lava Jato, que ele coordenou ao longo de quatro anos, até a prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, provocou uma reação bem-humorada do editor-chefe da agência norte-americana de notícias Intercept Brasil, o jornalista Glenn Greewald.

Em mensagem no Twitter, nesta sexta-feira, Greenwald criticou os que tentam “descrever Snowden como o hacker-chefe em parceria com o Telegram pode ser a teoria de conspiração mais insana que já li em uma revista que um dia já teve credibilidade. Só se pode rir”.

Agentes da Polícia Federal (PF), sob o comando de Moro, estariam prestes a mandar uma resposta “contundente” ao que classificam de “ação orquestrada perpetrada por criminosos de alto calibre”, segundo apurou a revista de centro-direita IstoÉ.

“Além disso, se Snowden estava trabalhando em parceria com os fundadores da Telegram – a mais engraçada teoria da conspiração, dada a frequência com que ele criticava a Telegram -, por que alguém teria que pagar um hacker? A conspiração insana se contradiz. O desespero é feio”, escreveu o jornalista.

Brasil | Desfaz-se com a Constituição a fronteira do absurdo


Talvez a Constituição seja mesmo só uma peça de um teatro de hipocrisia em uma sociedade em que crianças recém-nascidas estão no sinal de trânsito pedindo esmola, mas, olhando da minha perspectiva, essa hipocrisia ainda mantinha um ar de limite, uma fronteira nos dividindo da naturalização do absurdo.

Luís Carlos Valois | GGN

Não que eu tenha passado a acreditar em uma ordem constitucional que ampare o trabalhador, nem muito menos a população pobre e miserável, em um sistema que tem a exploração do mesmo trabalhador como fundamento.  As constituições nasceram para a proteção dos proprietários, de suas propriedades. As garantias constitucionais são garantias burguesas, a maioria pensada em um período da história em que os revolucionários liberais ainda temiam a perseguição monárquica.

Mas, mesmo assim, assusta a que ponto chegou o descaso para com a tal Carta Magna. Talvez o meu assombro derive da minha própria posição de privilegiado nessa sociedade tão desigual, o que não tira a necessidade, e talvez até acrescente na importância, de desabafar sobre.

Confesso também que o ânimo para escrever não anda em alta. Aliás, há muito que ele anda em decadência, porque, de absurdo em absurdo, o desespero vai tomando conta de qualquer pessoa sensata nesse país, seja de direita ou de esquerda.

Ainda que com propósitos de classe, o que somos como país, como nação, como comunidade de seres humanos mesmo, sem uma Constituição? E tudo começou com o golpe chamado de impeachment, onde a presidenta Dilma foi derrubada junto com uns dois ou três princípios constitucionais e mais alguns artigos de leis ordinárias.

Apenas para ilustrar o absurdo, porque dificilmente o absurdo tem voz, para que haja impeachment tem que haver crime. Contudo, a presidenta foi afastada, mas não foi denunciada, não foi condenada por crime algum, foi apenas deposta do cargo.

Qualquer leigo que queira ver, percebe que há algo de estranho aí, não precisa ser formado em direito, a presidenta não cometeu crime, tanto que não houve pena, tudo foi um teatro para afastá-la do governo.

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