terça-feira, 23 de julho de 2019

A era dos eleitores cínicos


Em meio à crise civilizacional, risco de descer mais um degrau. Abandonadas pela democracia, maiorias seguem exemplo dos políticos: renunciam ao futuro e votam segundo interesses cada vez mais mesquinhos e oportunistas

Slawomir Sierakowski | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho | Imagem: Yue Minjun, Arca de Noé, (2006)

Muitos dos que votaram em Donald Trump para presidente dos EUA sabiam que ele é um mentiroso contumaz, assim como a base do Partido Conservador no Reino Unido sabe que Boris Johnson (1), primeiro-ministro, subiu trapaceando e mentindo. Na Polónia, não é segredo que o partido do governo, Lei e Justiça (PiS), está inchando as instituições de governo com seus lacaios, deformando a mídia pública, recompensando comparsas e minando a independência dos tribunais. No entanto, o PiS goleou os partidos de oposição da Polónia nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio.

O fato de polacos, britânicos e norte-americanos abrirem as portas para governos moralmente falidos é sintomático daquilo que o filósofo alemão Peter Sloterdijk descreveu como “razão cínica” no início dos anos 1980. Sloterdijk argumentava que, na ausência de narrativas de progresso amplamente compartilhadas, as elites ocidentais absorveram as lições do Iluminismo mas as colocaram a serviço de interesses pessoais estreitos, ao invés do bem comum. Problemas sociais tais como a pobreza e a desigualdade já não podiam mais ser atribuídos somente à ignorância humana. Contudo as pessoas esclarecidas não tinham determinação para resolvê-las. Como diz Slavoj Zizek, hoje a operação da ideologia já não é “eles não sabem, mas estão fazendo”, e sim “eles sabem, mas estão fazendo assim mesmo”.

Pirataria ou guerra?


Christopher Black [*]

O artigo 22 da Convenção sobre o Alto Mar de 1958, afirma:

'1. Excepto quando os actos de ingerência derivam dos poderes conferidos pelo tratado, quando um navio de guerra a encontra um navio mercante estrangeiro em alto mar não se justifica abordá-lo a menos que haja motivo razoável para suspeitar: 

a) Que o navio esteja envolvido em pirataria; ou 

b) Que o navio está envolvido no tráfico de escravos; ou 

c) Que, embora arvorando uma bandeira estrangeira ou recusando-se a mostrar a sua bandeira, o navio é, na realidade, da mesma nacionalidade do navio de guerra.

Prossegue afirmando que as embarcações navais de uma nação podem deter o navio de uma nação estrangeira se esse navio violou quaisquer leis ou regulamentos da nação à qual pertença a embarcação naval, caso seja encontrada nas águas territoriais daquela nação.

É claro que, no caso da abordagem e apresamento do petroleiro iraniano Grace 1, registado no Panamá, tal como muitos outros navios, ao largo da costa espanhola, próximo de Gibraltar, que a Grã-Bretanha não tinha o direito legal de ordenar aos seus fuzileiros navais que abordassem o navio iraniano. Este estava ou em águas internacionais como os iranianos afirmam ou em águas espanholas próximas de Gibraltar. Trata-se de uma violação flagrante da Convenção sobre o Alto Mar de que é parte e que, portanto, também faz parte do direito interno do Reino Unido.

Reino Unido | Corbyn critica eleição de Boris Johnson por conservadores e pede eleições


O líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, criticou a eleição de Boris Johnson como primeiro-ministro por menos de 100 mil pessoas, reivindicando eleições legislativas antecipadas.

"Boris Johnson ganhou o apoio de menos de 100 mil membros do Partido Conservador, não representativos, prometendo cortes de impostos para os mais ricos, apresentando-se como amigo dos banqueiros e pressionando por um prejudicial 'Brexit' sem acordo. Mas ele não ganhou o apoio do nosso país", escreveu na rede social Twitter.

Corbyn receia que uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo resulte em despedimentos, inflação e na privatização de partes do serviço nacional de saúde para garantir um acordo comercial com os EUA.

Já a recém-eleita líder dos Liberais Democratas, Jo Swinson, afirmou que "o Reino Unido merece melhor do que Boris Johnson" e que "a sua arrogância em relação ao 'Brexit' só vai piorar a crise".

Boris Johnson será o novo primeiro-ministro britânico


Fervoroso defensor do Brexit é eleito líder do Partido Conservador e substituirá Theresa May como chefe de governo. Ex-ministro do Exterior, Johnson defende que Reino Unido saia da UE com ou seu acordo.

O ex-ministro do Exterior britânico e ex-prefeito de Londres Boris Johnson foi eleito nesta terça-feira (23/07) como sucessor da premiê Theresa May na liderança do Partido Conservador e, por consequência, será o novo chefe de governo do país. 

Johnson superou o atual ministro do Exterior, Jeremy Hunt, ao final de uma votação realizada nas últimas quatro semanas, entre quase 160 mil afiliados da legenda. Johnson recebeu 66% dos votos.

Durante a campanha, Johnson prometeu obter sucesso nos pontos em que May falhou e levar o Reino Unido para fora da União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo.

"Hoje, neste momento crucial da nossa história, temos de reconciliar novamente dois nobres conjuntos de instintos - entre o profundo desejo de amizade, de livre comércio, de apoio mútuo e segurança  e defesa entre a Reino Unido e os nossos parceiros europeus; e o desejo simultâneo, igualmente sincero, de um governo democrático autônomo neste país", disse Johnson após ser eleito.

Portugal | Direita em estado de coma induzido


Paulo Baldaia | Jornal de Notícias | opinião

Anúncios de morte manifestamente exagerados são o pão nosso de cada dia na política, mas se as sondagens revelam sobretudo tendências, então é certo que o PSD acaba de entrar em coma induzido e com ele toda a Direita. O PS já sonha com quatro anos de farra, ou seja, com uma maioria absoluta.

Ela pode até não chegar, porque a campanha na estrada e os debates ainda terão algum efeito, mobilizador ou desmobilizador, e o PS será sempre o principal interessado na dinâmica que for criada. Reside aqui, aliás, o principal dilema de Rui Rio. Precisa de fazer-se de morto para não criar nesta corrida uma tensão que ajude a mobilizar os eleitores do PS para uma maioria absoluta, mas também precisa de ganhar claramente os debates com o seu principal adversário, para a impedir.

Mesmo que venha a ganhar sem maioria, a sondagem da Pitagórica, para o JN e TSF, mostra que o PS estará de mãos livres na próxima legislatura, dominando completamente o xadrez político, podendo obter o apoio de metade dos deputados mais um, formando uma aliança com qualquer um dos grupos parlamentares. Jogando à Esquerda, onde esteve como peixe na água nesta legislatura, ou à Direita, onde se socorreu sempre que quis ser o velho PS nesta legislatura.

Portugal | Rui Pinto denunciou "casos de corrupção ligados a forças da autoridade"


A ex-eurodeputada Ana Gomes disse hoje que Rui Pinto, colaborador do Football Leaks, fez denúncias anónimas entre 2017 e 2018 na plataforma eletrónica do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que não foram investigadas pela justiça.

A revelação foi feita numa conferência de imprensa com a magistrada francesa e ex-eurodeputada Eva Joly e com Delphine Halgand, diretora da The Signals Network (organização de apoio a 'whistleblowers'), realizada após mais uma visita ao estabelecimento prisional da Polícia Judiciária, em Lisboa, onde o jovem português está em prisão preventiva desde março, e de um encontro com a ministra da Justiça, Francisca van Dunem.

"Rui Pinto disse-nos que entre os anos 2017 e 2018 tinha feito submissões através da plataforma de denúncias anónimas do DCIAP e verificou que nenhuma delas foi investigada. Muitas diziam respeito a eventuais casos de corrupção de elementos ligados a forças da autoridade", contou, criticando a inação da justiça nacional perante as diligências de outros nove países que abriram investigações na sequência das denúncias do português.

Ana Gomes sublinhou ainda que Rui Pinto negou ter recebido qualquer pedido das autoridades judiciais portuguesas e vincou que estas "não querem colaborar ou só querem que ele coopere no sentido de fornecer dados para se incriminar a si próprio" no processo em que está indiciado por seis crimes relacionados com acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen.

Portugal | Um país em suspenso com as suspeitas de corrupção no desporto


As suspeitas de corrupção no desporto marcaram os anos da XIII legislatura, com a erupção de diversos casos mediáticos no futebol que preencheram a atualidade noticiosa e colocaram a atuação da Justiça sob intenso escrutínio.

E-toupeira, Emails do Benfica, Cashball, Jogo Duplo, Mala Ciao e Vouchers: os nomes destes processos tornaram-se uma presença constante no quotidiano dos portugueses. Sobre o funcionamento do poder judicial caiu o perigoso peso de paixões clubísticas, contribuindo para juízos populares numa área que é independente da esfera do Governo, mas sobre a qual a Assembleia da República até agiu desde 2015.

Com efeito, foi já nesta legislatura que o parlamento alterou a Lei n.º 50/2007, que estabelecia o Regime de Responsabilidade Penal por Comportamentos Antidesportivos. A Lei nº 13/2017, baseada em projetos de lei de PS, PSD e CDS, definiu um "novo regime de responsabilidade penal por comportamentos suscetíveis de afetar a verdade, a lealdade e a correção da competição e do seu resultado na atividade desportiva".

Em vigor desde 3 de maio de 2017, a nova disposição veio agravar as molduras penais a aplicar aos crimes de corrupção no desporto, nomeadamente o crime de corrupção passiva, cuja pena máxima passou de cinco para oito anos, e o crime de corrupção ativa, em que a pena máxima subiu de três para cinco anos. Também as punições para o crime de tráfico de influências foram revistas em alta.

Espanha | Sánchez tenta investidura mas deve ser adiada para conseguir apoios


O parlamento espanhol vai realizar, esta terça-feira, uma primeira votação para reconduzir o socialista Pedro Sánchez como primeiro-ministro, mas a falta de acordo com a extrema-esquerda faz prever que só consiga ser investido numa segunda votação, na quinta-feira.

As negociações sobre o programa de Governo entre o PSOE (Partido Socialista Espanhol) e o Unidas Podemos (extrema-esquerda) começaram na passada sexta-feira e fontes dos dois partidos asseguram que as conversações vão continuar, havendo a intenção de chegar a um compromisso até quinta-feira.

Se não houver um acordo de última hora, o Unidas Podemos deverá assim hoje votar "não" à investidura do candidato socialista, segundo fontes da formação de extrema-esquerda.

Do lado do PSOE confia-se que o partido consiga os apoios suficientes até quinta-feira, quando também tiver menos limitações por parte do sistema de votação.

Para ser investido hoje, Pedro Sánchez precisava do apoio da metade (175) mais um dos membros do parlamento (350), um cenário que só seria possível se já contasse com os votos a favor do Unidas Podemos e outras formações regionais.

“Assassinos do Mediterrâneo” abundam na União Europeia


Os responsáveis da União Europeia, eleitos e não eleitos, assim como os responsáveis dos respetivos países integrantes da dita união, demonstrariam ser homens e mulheres com alguma vergonha se borrassem as suas caras com o negro mais negro existente em fossas e esgotos de modo a demonstrar a sua auto-condenação e auto-critica pelas responsabilidades acrescidas que lhes cabe na mortandade que há anos se regista nas águas do Mediterrâneo. 

Pelo menos 14 mil pessoas morreram no Mediterrâneo por morte provocada pela UE. Afinal estamos a referir-nos a engravatados de colarinhos brancos (ou não) mais conhecidos por “Assassinos do Mediterrâneo”, como já há muito lhes chamam.

Entretanto o cenário tende a agravar-se. A legenda da foto acima exibida é exata e muito elucidativa. Autoria de Chris MacCrath / Getty Images. Específica: “Exilados pedem ajuda ao largo de Lampedusa. A época em que as águas estão mais calmas e menos frias já começou - e num Mediterrâneo Central quase sem barcos de resgate, a situação humanitária vai complicar-se.”

O artigo provém do Expresso e por lá existem outros a abordar o macabro tema. Evidentemente que não o publicamos na totalidade porque “não há almoços grátis” nem o senhor Balsemão/Impresa abre mão dos cifrões com que depois vai comprar os “melões” de luxo e que garantem a sustentabilidade das suas espampanantes mordomias e boas viduxas… Essa é outra faceta da “história global” dos tempos que correm e que esbarra na dicotomia pobres e ricos… São coisas de “outros trocados”, em montanhas de notas de euros e de dólares, de ouro, jóias, existências nababas,  casarões, etc.

Leia-se o possível do artigo no Expresso, que reproduzimos a seguir.

Redação PG

Reino Unido | Boris Johnson: um mentiroso em série em Downing Street?


"Não se pode tirar a roupa nova do rei que fez carreira desfilando nu." As provas de que o provável futuro PM britânico é incapaz de dizer a verdade são contundentes. Mas o eleitorado conservador não se importa.

A última aparição de Boris Johnson no leste de Londres – a última antes de o Partido Conservador eleger, nesta segunda-feira (22/07), seu futuro líder e, portanto, o novo primeiro-ministro britânico – foi uma daquelas cenas teatrais que o candidato adora.

Acenando com um arenque embalado a vácuo, supostamente comprado num defumador de peixes da Ilha de Man, ele comentou: "Por décadas a fio, esses arenques eram simplesmente enviados pelo correio, mas  burocratas de Bruxelas fizeram os custos explodirem. Eles exigem que cada peixe seja acompanhado de um 'travesseiro' de gelo." Segundo ele, isso é sem sentido, caro e ambientalmente nocivo. Depois do Brexit, o Reino Unido poderá libertar-se desse tipo de normas, pontificou Johnson.

Acontece que a história é totalmente falsa. Por um lado, a ilha situada entre a Irlanda e a Grã-Bretanha não faz parte União Europeia, e só segue os regulamentos de Bruxelas se assim o desejar. Como esclareceu imediatamente um porta-voz da Comissão Europeia, em Bruxelas, a UE não é responsável por normas de higiene e segurança nos transportes nacionais, só no âmbito transnacional. Portanto a famigerada caixa de gelo para o arenque defumado é obra de algum burocrata de Londres.

É por causa deste e outros incidentes que Martin Wolf, comentarista-chefe do Financial Times, chama Boris Johnson de um "fantasista em série", desqualificado para o mais alto cargo estatal britânico. E ele não exibiu suas fantasias incontroláveis apenas em relação a arenques, como também a respeito de uma bicicleta.

Partido do presidente vence eleições na Ucrânia


O partido "Servidor do Povo", do ex-comediante Volodymyr Zelensky, diz ter obtido maioria absoluta no Parlamento. Chefe de Estado ucraniano convocou pleito antecipado há dois meses, no mesmo dia em que tomou posse.

O partido do novo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta segunda-feira (22/07) ter obtido a maioria absoluta no Parlamento nas eleições legislativas realizadas no último domingo.

O Servidor do Povo – nome da série de TV estrelada por Zelensky antes de o ex-comediante se tornar chefe de Estado – obteve cerca de 40% dos votos para lista partidária. Adicionada ao número de candidatos eleitos diretamente, o partido parece ter conseguido uma maioria de mais de 240 dos 424 lugares do Parlamento.

A agremiação esperava eleger diretamente entre 125 e 127 candidatos e cerca de 120 nomes de lista partidária, de acordo com informações fornecidas pelo gerente de campanha Oleksandr Korniyenko à mídia estatal.

Irão anuncia prisão de 17 espiões dos EUA


Autoridades do país dizem que os detidos são iranianos que trabalhavam para a CIA e que alguns foram condenados à morte. Anúncio ocorre semanas após Teerão afirmar que desmantelou rede de espionagem cibernética.

O Irão anunciou nesta segunda-feira (22/07) a prisão de 17 iranianos que estariam trabalhando como espiões para a CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, e informou que alguns deles foram condenados à morte.

O chefe de espionagem do Ministério de Inteligência do Irão, cujo nome não é conhecido publicamente, disse que aqueles que "haviam colaborado consciente e deliberadamente" com a CIA foram entregues ao Poder Judiciário e condenados à morte ou a "longas" penas de prisão.

Alguns dos detidos, contudo, interagiram com a inteligência iraniana "com total honestidade e tiveram provado seu arrependimento", segundo o chefe de espionagem, e foram então usados para obter informações dos EUA.

Timor-Leste e Indonésia chegam a acordo para definição de fronteira terrestre


Díli, 23 jul 2019 (Lusa) -- Os Governos de Timor-Leste e da Indonésia chegaram a acordo sobre a definição de dois troços da fronteira terrestre entre os dois países, acordando continuar a negociar para a delimitação permanente das fronteiras marítimas.

O acordo foi alcançado num encontro entre o ministro Coordenador dos Assuntos Políticos, Jurídicos e de Segurança indonésio, Wiranto, e o negociador de Timor-Leste para fronteiras, Xanana Gusmão.

"Chegámos a acordo para a delimitação das secções não resolvidas da fronteira terrestrel, nomeadamente em Noel Besi-Citrana e em Bidjael Sunan-Oben", disse Wiranto, citado pela imprensa indonésia, depois da reunião que decorreu em Jacarta.

Wiranto destacou o bom clima de negociação e a "abordagem fraterna" que permitiu alcançar um acordo que é bom para ambas as partes.

Por seu lado, Xanana Gusmão também saudou o acordo alcançado, mostrando-se convicto que as negociações sobre as fronteiras marítimas decorrerão no mesmo ambiente de cooperação.

Xanana Gusmão liderou em nome de Timor-Leste as negociações com a Austrália para a delimitação permanente das fronteiras marítimas, tendo o Governo timorense mantido vários encontros com Jacarta sobre as fronteiras terrestres e marítimas entre os dois países.

ASP // FST

Beijing Capital Airlines inaugura voo Lisboa-Xi'an-Pequim no final de agosto


Lisboa, 22 jul 2019 (Lusa) - A Beijing Capital Airlines inaugura em 30 de agosto a ligação entre Lisboa-Xi'an-Pequim, uma rota aérea que, segundo o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, resultou do esforço diplomático entre os dois países.

"A nova rota vai permitir que não só turistas, mas também empresários, investigadores, professores e estudantes universitários encontrem forma de ir de um território para o outro", disse o governante, durante a cerimónia oficial de inauguração da rota, que decorreu hoje em Lisboa.

A nova rota, anunciada no mês passado por fonte da empresa à agência Lusa, arrancará com três frequências semanais a partir de dia 30 de agosto e vai substituir a ligação direta entre Hangzhou, costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim, suspensa em outubro do ano passado. Será operada por aviões Airbus A330, com capacidade máxima para 440 passageiros.

Funcionários Públicos de Macau elogiam candidato a chefe do Executivo


Macau, China, 22 jul 2019 (Lusa) - A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) considerou hoje que Ho Iat Seng, candidato a chefe do Executivo, não está "amarrado" a outros interesses e, por isso, tem condições para fazer um bom trabalho.

De manhã, Ho Iat Seng visitou a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), presidida pelo deputado José Pereira Coutinho, que disse "estar muito otimista com este chefe do Executivo por ele não estar tão amarrado como os outros estavam aos interesses" do território.

"Estou mais preocupado com a equipa [governativa] do que com ele, que é uma pessoa honesta nas suas intenções, mas, muitas vezes, poderá não estar rodeado das melhores pessoas para encontrar as melhores soluções para resolver os problemas", disse aos jornalistas no final do encontro.

"A capacidade de boa governação, a transparência, o combate a corrupção, tudo isto tem a ver com a equipa [governativa] dele", destacou o também conselheiro das comunidades portuguesas, que foi candidato nas últimas legislativas ao parlamento português pelo partido Nós, num dos círculos da emigração.

Exército chinês realiza exercícios antiterrorismo perto de Hong Kong


Pequim, 22 jul 2019 (Lusa) - O exército chinês anunciou hoje que realizou exercícios antiterrorismo na província de Guangdong, que faz fronteira com Hong Kong, um dia após manifestantes terem atacado o edifício do Gabinete de Ligação do Governo central na região semiautónoma.

A 74.ª Brigada do Exército de Libertação Popular não refere no comunicado os protestos em Hong Kong, mas o analista militar e oficial aposentado Yue Gang disse que os exercícios mostram que as tropas estão prontas para intervir no território.

Os manifestantes grafitaram e lançaram ovos contra a fachada do edifício do Gabinete de Ligação, no domingo, quando quase meio milhão de pessoas desfilou nas ruas de Hong Kong contra as emendas na lei da extradição e a exigir um inquérito independente sobre a atuação da polícia em manifestações anteriores.

O ataque danificou o emblema nacional da China, que está pendurado na frente do prédio, ao manchá-lo com tinta preta. O emblema foi substituído por um novo em poucas horas.

O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, informou que o exercício, realizado na cidade de Zhanjiang, simulou uma resposta para uma onda de violência ou terrorismo.

A contestação nas ruas, que dura há sete semanas, foi iniciada contra um projeto de lei que permitiria extradição para o continente chinês.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e são agora contra o que os manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" na antiga colónia britânica que é atualmente uma região administrativa especial da China.

JPI // FPA

Os Irmãos Muçulmanos membros do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca


Thierry Meyssan*

Nós prosseguimos a publicação do livro de Thierry Meyssan, «Sous nos yeux» (Sob os Nossos Olhos). Neste episódio, ele regressa ao primeiro semestre de 2011 no decurso do qual, apoiados pelos Estados Unidos e o Reino Unido, os Irmãos Muçulmanos se aproximaram ou acederam ao Poder na Tunísia, no Egipto e na Líbia.

Este artigo é extraído do livro Sob os nossos olhos.  Ver o Índice dos assuntos.

7— O início das «Primaveras Árabes» na Tunísia

A 12 de Agosto de 2010, o Presidente Barack Obama assina a directiva presidencial de Segurança n° 11 (PSD-11). Ele informa todas as suas embaixadas no Médio-Oriente Alargado para se prepararem para «mudanças de regime» [1]. Ele nomeia Irmãos Muçulmanos para o Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos a fim de coordenarem a acção secreta no terreno. Washington vai colocar em acção o plano britânico da «Primavera Árabe». Para a Irmandade, chegou o momento de glória.

A 17 de Dezembro de 2010, um comerciante ambulante, «Mohamed» (Tarek) Bouazizi, imolou-se pelo fogo na Tunísia após a polícia ter apreendido a sua carroça. A Irmandade apropria-se do caso e faz circular boatos segundo os quais o jovem era um universitário no desemprego e que tinha sido esbofeteado por uma mulher-polícia. Imediatamente, os homens da National Endowment for Democracy (a NED, a falsa ONG dos serviços secretos dos cinco Estados anglo-saxónicos) pagam à família do falecido para que ela não revele a tramóia e semeiam a rebelião no país. Enquanto se sucedem as manifestações contra o desemprego e os abusos policiais, Washington pede ao Presidente Zine El-Abidine Ben Ali para deixar o país, ao mesmo tempo que o MI6 organiza a partir de Londres o retorno triunfal do Guia dos Irmãos, Rached Ghannouchi.

É a «Revolução de Jasmim» [2]. O esquema desta mudança de regime é copiado tanto do da partida do Xá do Irão, seguida do regresso do imã Khomeiny, como do das revoluções coloridas.

Rached Ghannouchi havia formado um ramo local dos Irmãos Muçulmanos e tentado um golpe de Estado em 1987. Detido e encarcerado várias vezes, ele exila-se no Sudão, onde beneficia do apoio de Hassan al-Turabi, depois na Turquia onde se aproxima de Recep Tayyip Erdoğan (então dirigente da Millî Görüş). Em 1993, obtêm asilo político no Londristão onde fica a residir com as suas duas mulheres e filhos menores.

Os Anglo-Saxónicos ajudam-no a melhorar a imagem do seu Partido, o Movimento de tendência islâmica renomeado Movimento da Renascença(«Ennahda»). Para acalmar os receios da população em relação à Irmandade, a NED chama os seus peões da extrema-esquerda. Moncef Marzouki, o Presidente da Comissão Árabe dos Direitos Humanos faz de caução moral.

Ele garante que os Irmãos mudaram muito e que se tornaram democratas. É eleito Presidente da Tunísia. Ghannouchi ganha as eleições legislativas e consegue formar um governo que vai de Dezembro de 2011 a Agosto de 2013. Nele introduziu outros peões da NED, como Ahmed Najib Chebbi, ex-maoísta, depois trotskista reconvertido por Washington. Seguindo o exemplo de Hassan al-Banna, Ghannouchi forma então paralelamente ao partido uma milícia, a Liga de Protecção da Revolução, que procede aos assassinatos políticos, entre os quais o do líder da oposição Chokri Belaïd.

No entanto, apesar de um incontestável apoio de uma parte da população tunisina aquando do seu regresso, cedo o Ennahda é colocado em minoria. Antes de deixar o Poder, Rached Ghannouchi faz votar leis fiscais visando arruinar, a prazo, a burguesia laica. Desta forma, ele espera transformar a sociologia do seu país e voltar rapidamente para a frente do palco político.

Em Maio de 2016, o Xº Congresso do Ennahda é encenado pela Innovative Communications & Strategies, uma empresa criada pelo MI6. Os comunicadores asseguram que o Partido se tornou «civilista» e separa as actividades políticas e religiosas. Mas esta evolução não tem qualquer ligação com o laicismo, simplesmente pede-se aos responsáveis para dividir as tarefas e não exercer, ao mesmo tempo, como eleito e como imã.

Como aborda Donald Trump a questão israelo-palestiniana?


Thierry Meyssan*

O Presidente Trump não faz nada como os seus predecessores (exceptuando o seu modelo, Andrew Jackson). Ele desconcerta pois os seus parceiros. O «Deal do Século» que imaginou para a Palestina suscitou a cólera do Presidente Abbas, o qual a interpretou tendo em conta as propostas norte-americanas precedentes. Não estará ele enganado?

O Presidente Donald Trump declarou várias vezes que o seu método de governo era perfeitamente capaz de bem regular conflitos e que esperava mesmo conseguir, durante o seu(ou seus) mandato(s), concluir a paz entre Palestinianos e Israelitas.

Segundo a imprensa internacional, por razões eleitorais norte-americanas, Donald Trump teria entretanto evoluído. Quando parecia pouco interessado pelas questões religiosas, ele ter-se-ia aproximado dos cristãos sionistas e estaria a ser influenciado pelo seu Vice-presidente, o cristão evangélico Mike Pence, e por um dos seus doadores de fundos, o milionário judaico dos casinos Sheldon Adelson.

As decisões do Presidente Trump em deslocar a embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, de interromper o financiamento do Gabinete de Trabalho de Assistência das Nações Unidas para os refugiados da Palestina no Próximo-Oriente (UNRWA), depois em reconhecer a soberania israelita sobre o Golã sírio ocupado foram interpretadas como confirmando o seu partidarismo pró-Israelita.

Tudo isso é verdade, mas não permite compreender o modo de aproximação particular de Donald Trump ao conflito palestino e pode dar lugar a graves erros de interpretação. Para captar o seu pensamento, é preciso estudar o seu modelo, o Presidente Andrew Jackson, e de o reanalisar colocando-o no contexto particular dos Estados Unidos antes da guerra da Secessão.

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