sábado, 31 de agosto de 2019

Que diplomacia é essa, EUA?


Os EUA não procuram conflito nenhum com o Irã e querem colaborar diplomaticamente, declarou o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper.

Na quarta-feira (28), durante primeira coletiva de imprensa após confirmação do cargo, o secretário de Defesa dos EUA destacou as intenções do presidente Trump de se encontrar com os líderes iranianos. Ele acentuou que, até hoje em dia, os países conseguiram evitar situações de conflito. "Nós esperamos que os iranianos concordem em se encontrar, falar e nos ajudar a resolver esses assuntos."

Durante a cúpula do G7, Donald Trump mostrou-se aberto para a proposta de Emmanuel Macron a organizar uma cimeira com o homólogo iraniano Hassan Rouhani.

Sputnik

A concentração de riqueza conduz o novo imperialismo global


Peter Phillips*
  
As mudanças de regime no Iraque e na Líbia, a guerra na Síria, a crise na Venezuela, as sanções a Cuba, Irão, Rússia e Coreia do Norte reflectem o novo imperialismo global imposto por um núcleo de nações capitalistas em apoio a triliões de dólares em riqueza acumulada pelos investidores. Esta nova ordem mundial do capital massivo tornou-se num império totalitário de desigualdade e repressão.

Os 1% do globo, constituídos por mais de 36 milhões de milionários e 2.400 bilionários, aplicam o seu excedente de capital em empresas de gestão de investimentos como a BlackRock e o J.P. Morgan Chase. As dezassete principais empresas de gestão destes triliões de dólares controlavam 41,1 triliões de dólares em 2017. Estas empresas investem todas directamente umas nas outras e são geridas por meras 199 pessoas que decidem como e onde investir este capital global. O seu principal problema é possuírem mais capital do que as oportunidades de investimentos seguros actualmente existentes, o que dá azo a arriscados investimentos especulativos, a um aumento com os custos de guerra, à privatização dos bens públicos e a pressionar para que se criem novas oportunidades de investimento deste capital por intermédio da mudança de regimes políticos.

As elites do poder que apoiam o investimento de capitais estão colectivamente imiscuídas num sistema de crescimento obrigatório. O falhanço do capital em continuar a atingir um crescimento contínuo leva à estagnação económica, o que pode resultar em depressão, em quebras bancárias, em colapsos de moeda e desemprego em massa. O capitalismo é um sistema económico que inevitavelmente se autoajusta por intermédio de contracções, recessões e depressões.

As elites do poder estão encurraladas numa rede de crescimento forçado que requer uma gestão global constante e a formação de oportunidades de investimento de capital em constante crescimento. Este crescimento forçado tornou-se num destino manifesto a nível mundial que procura o domínio total do capital em todas as regiões da Terra e além.

Sessenta porcento do núcleo duro dos 199 gestores da elite do poder global são naturais dos EUA, sendo este balanço arredondado por pessoas de vinte nações capitalistas. Estes gestores da elite e os um porcento que lhes estão associados participam activamente nos grupos de políticas globais e nos governos. Trabalham como conselheiros do FMI, da Organização Mundial do Comércio, do Banco Mundial, no Banco de Pagamentos Internacionais, na administração da Reserva Federal, nos G7 e G20. A maior parte deles participa no Fórum Económico Mundial. As elites do poder envolvem-se activamente nos conselhos privados para a política internacional, tais como o Grupo dos Trinta, a Comissão Trilateral e o Conselho Atlântico. Muitos dos membros da elite global dos EUA são membros do Conselho para Relações Estrangeiras e da Business Roundtable. O foco crucial destas elites do poder é proteger o investimento de capitais, assegurar o pagamento da dívida e criar oportunidades para aumentar o seu retorno financeiro.

"Legado da escravidão precisa ser combatido no Brasil", diz Laurentino Gomes


Autor de bem-sucedida série sobre o Brasil nos anos 1800, escritor volta a se debruçar sobre a história do país, abordando a escravidão em nova trilogia. Em entrevista, ele defende uma segunda abolição.

A primeira obra da nova trilogia do autor Laurentino Gomes, intitulada Escravidão, será lançada no começo de setembro e vai abordar desde o primeiro leilão de escravos africanos enviados às Américas no século 16 até a morte de Zumbi dos Palmares, em 20 de novembro de 1695.

"O Brasil foi o país no hemisfério que mais resistiu a abolir o tráfico negreiro e o que mais tempo demorou a abolir a própria escravidão. Mas, quando você olha os livros de história no Brasil, a escravidão aparece como se fosse um assunto quase secundário. O termo não aparece com a importância que teve", comentou Laurentino Gomes em entrevista à DW Brasil.

Para o autor, a discussão em torno da escravidão, assim como outros temas polêmicos, está saturada de opiniões inconsistentes dos pontos de vista histórico e científico.

"O grande problema é que o debate carece de racionalidade, porque está baseado em opiniões aleatórias, preconceituosas, sem fundamento, com o objetivo de manipular o público em favor de projetos muito bem alicerçados que estão sendo implantados de forma rápida no Brasil, envolvendo direitos sociais, trabalhistas, a proteção do meio ambiente. O meu livro chega para infundir alguma racionalidade no meio disso tudo", afirma.

Ainda sobre o momento atual, Laurentino Gomes defende o que chama de uma segunda abolição, fruto das desigualdades sociais brasileiras. Segundo dados do Atlas da Violência deste ano, 75% das vítimas de homicídio no país são negras.

"Vivemos um regime de exclusão, com uma elite pequena, que se beneficia dos recursos públicos, que consome, e do outro lado uma massa enorme de excluídos. Esse é um legado da escravidão que precisa ser combatido", diz.

Brasil | Passividade aparente


Não quero discutir a alienação, a incompreensão e o desleixo do andar de cima (na expressão do meu amigo Elio Gaspari) com o drama vivido por milhões de brasileiros desempregados ou sem trabalho.

João Guilherme Vargas Netto, São Paulo | Correio do Brasil | opinião

Mas busco explicação para a passividade aparente daqueles milhões que sofrem com o desemprego em uma sociedade cada vez mais desorganizada e não se manifestam com atos coletivos expressivos de resistência, de denúncia ou de revolta. Como explicá-la?

Um primeiro elemento de uma explicação ainda parcial é o colchão social sobre o qual a massa de milhões consegue amortecer o desamparo e se virar.

É a rede de relações de parentesco e amizade, é a rede de igrejas e suas filantropias, é o parco excedente acumulado ou o endividamento, é a rede pública de proteção e é o exercício de atividades económicas precárias e individuais.

Um outro elemento a se levar em conta é a estabilização do quadro económico e social do desemprego alto mas sem grandes e dramáticas acelerações.

A curva que descreve o fenómeno dispara verticalmente para cima nos anos 2014/2015 e a partir daí mantém-se em uma faixa relativamente estável. Para todos os efeitos a reação a esta subida abrupta, a “vingança”, se manifestou nas eleições de 2016 e 2018 e no impedimento da presidente Dilma.

Brasil | Joênia Wapichana, a voz indígena no Congresso em meio à crise na Amazónia


A primeira mulher indígena na Câmara, eleita deputada federal pelo Estado de Roraima, integra grupo de parlamentares que pede a destituição do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pelos incêndios na floresta brasileira

Na Câmara dos Deputados, os parlamentares mais velhos e as mulheres têm preferência para escolher o gabinete. Os primeiros, em deferência à idade. Em relação às segundas não está tão claro. O fato é que Joênia Wapichana (1974) não hesitou um instante. A primeira mulher indígena que se senta no Congresso federal escolheu o gabinete 231 em homenagem ao artigo da Constituição mais importante para ela e os seus, o que “reconhece a organização social, os costumes, as línguas, os credos e as tradições dos índios, assim como seus direitos originais às terras que tradicionalmente ocupam. A União tem a responsabilidade de demarcar essas terras, proteger e garantir o respeito de todos os seus bens”.

Wapichana, que costuma usar vistosos brincos de penas coloridas e tem o sobrenome de sua comunidade, como é hábito entre os líderes indígenas, está ciente do peso histórico e político da cadeira que conquistou em outubro do ano passado. Foi nas eleições em que seus compatriotas elegeram como presidente Jair Bolsonaro, que pretende autorizar a exploração de minérios em terras indígenas para impulsionar a economia e assimilar seus habitantes. Agora, em plena crise dos incêndios na Amazónia, Wapichana pede, ao lado de outros congressistas, perante o Supremo Tribunal Federal, a demissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por sua responsabilidade no desastre.

A deputada não gosta de rodeios e nem de perder tempo. Vai direto ao assunto, como os executivos de grandes empresas ou outras mulheres que compatibilizaram a universidade com a criação dos filhos. Essa advogada de cabelos e olhos cor de azeviche que fez mestrado no Arizona renunciou a uma confortável carreira de funcionária pública para defender as comunidades indígenas. Foram as do seu estado, Roraima, que a encorajaram. Queriam ter voz própria diante do poder em Brasília. A Constituição é a principal arma que Wapichana esgrime diante de um Governo que, enfatiza em seu gabinete, quer atropelar os direitos indígenas. Até hoje o único indígena entre os ilustres membros do Congresso era um cacique, Mário Juruna. Eleito nos anos 80, é lembrado por esse marco histórico e porque ia aos gabinetes com um gravador, para que as palavras dos brancos ficassem registadas, pois mentiam com frequência.

A água queima na Amazónia


Dal Marcondes, especial para a Envolverde

Pouco mais de 12% de toda a água doce de superfície escorre pela Amazônia. Há ainda aquíferos subterrâneos de grandes dimensões que se escondem sob suas matas, e sobre elas os rios voadores, que crescem sobre suas árvores e são bombeados para encher o pantanal brasileiro e o chaco boliviano e paraguaio, para depois fazer chover no Sul/Sudeste Brasileiro. Graças à combinação da imensa bomba d’água amazônica e a cordilheira do Andes a região de São Paulo/Paraná é uma das mais férteis do mundo. Em outros pontos do planeta, na mesma latitude de São Paulo/Paraná floresceram desertos. É o caso do Atacama, no Chile, o Kalahari, na África do Sul e o Deserto de Vitória na Austrália.

A floresta tropical da Amazônia é uma imensa bomba d’água que puxa umidade do Atlântico, circula essa umidade através da evapotranspiração das árvores e empurra a água em direção ao Sul através de Rios voadores. O desmatamento e o fogo retiram força dessa bomba d’água, reduzindo sua capacidade de oferecer os volumes de água necessários para o Pantanal e para o agronegócio pujante do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

O que o Brasil, governo e sociedade precisam compreender é que o papel da Amazônia no desenvolvimento do país é muito maior através de seus serviços ambientais do que como terra de pecuária ou de madeira barata. O país se beneficia diretamente através do clima ameno e da rica economia das regiões ao Sul da Amazônia, onde se produz mais de 75% do Produto Interno Bruto do Brasil.

Quando os computadores eram gente

A máquna de Babagge
No século XVIII, na França, cálculos astronômicos e estatísticos eram feitos por proletários da matemática. Para eliminar o “fator humano”, fez-se a máquina. Hoje, Inteligência Artificial reedita a “utopia de automatização”. Aguentaremos?

Orlando Lima Pimentel | Outras Palavras

O termo “Computador”, hoje tão utilizado para designar nossos Desktops, Notebooks e afins, nem sempre foi o nome de uma máquina. Ele remonta primeiramente a uma atividade muito humana: o “computar” que, por sua vez, tem raízes etimológicas no latim computare, significando calcular, contar e avaliar. Se hoje em dia grande parte do processamento de cálculos e de dados é feita por máquinas de computação, nos idos do final do século XVIII, que é o período do qual falaremos nas próximas linhas, a atividade era feita por mãos e mentes humanas, através da exploração da força de trabalho de verdadeiros proletários da matemática e da estatística.

Chamavam-se “computadores” os profissionais – mulheres, homens e mesmo crianças – empregados na confecção de tabelas matemáticas que exigiam a reprodução de cálculos ou de classificações lógicas para os mais diversos interesses públicos e privados. Entre o século XVIII e XIX, esse tipo particular de mão de obra foi empregada em grande parte para o cálculo de efemérides[1] astronômicas e para a confecção de estatísticas ligadas diretamente ao interesse de controle Estatal.

Diferente dos matemáticos dedicados a atividades mais especulativas, do trabalho das computadoras e dos computadores era exigido apenas um conhecimento parco das operações básicas da aritmética, apenas o suficiente para poderem processar as informações que recebiam de seus superiores. Por muitas vezes iletrados e recebendo míseros soldos, os computadores, tal como proletários de uma fábrica ou manufatura repetindo movimentos braçais, reproduziam os mesmos cálculos tediosos e operações intelectuais durante extenuantes horas de trabalho. Também, ainda similarmente a trabalhadores de uma manufatura, eram organizados a partir de uma divisão específica de trabalho: aquela do processo de confecção de tabelas matemáticas.

Portugal | Há lodo no cais... E perguntar não ofende...


António Jorge * | Luanda

Lucubrações...

- Será que o problema dos motoristas de pesados de mercadorias e de materiais perigosos... se esgota na análise das eventuais irregularidades na formação do sindicato e das legitimas dúvidas sobre as reais intenções com este projecto sindical... por parte dos seus principais dirigentes?

Será que o sindicato, mesmo tendo uma origem, ilegal, pecaminosa e dúbia... os trabalhadores não tem razão para exigirem melhores condições de trabalho e para isso lutarem afincadamente por melhores condições salariais?

Sim... como foi possível tanta adesão dos trabalhadores a este neófito sindicato?

Os trabalhadores que a ele aderiram estavam sindicalizados noutro sindicato ou não... ou são de uma e outra origem?

Que razões sindicais explicam isto?

A adesão a este sindicato.

A acusação de partidarização do sindicato, não pega... é um argumento falacioso... porque afinal, todo o movimento sindical desde há algumas décadas, está partidarizado, como tudo na vida em sociedades democráticas.

Então... como explicar a perca dos valores dos salários ocorrido nestes anos de abundância... democrática?

Nos meus tempos de dirigente sindical... o SMN - Salário Mínimo Nacional... depois da sua promulgação no governo de Vasco Gonçalves em 1974... teve dois objectivos fundamentais:

1º. Abranger os trabalhadores das chamadas zonas brancas... os que não tinham convenção de trabalho especifica - ACT ou CCT.

Nomeadamente; trabalhadores de limpezas, empregadas domésticas, rurais e outros não definidos, etc. 

2º. Por via da aplicação do SMN, fazer subir indirecta e directamente as categorias dos maiores de 18 anos... pelo SMN, que nas suas convenções de trabalho, ganhassem menos do que o mínimo estabelecido nas suas convenções de trabalho. 

Continuando... A esmagadora maioria de trabalhadores portugueses, mais de 80%, ganhavam muito mais que o SMN... e no caso a que estou ligado, aos trabalhadores do comércio e serviços... mais do dobro nas categorias superiores e intemédias... caixeiros ou operadores.

O valor dos salários no tempo... foi completamente engolido... e hoje os trabalhadores, inversamente ao que se passava antes, até aos anos 80 (deixei o movimento sindical em meados dos anos 80) - vergonhosamente estão a ganhar um salário.... quase todos ao mesmo nível ou próximo do SMN.

Onde está a produtividade... até provocada pelo aumento da riqueza e dos meios tecnológicos, do crescimento da economia... para onde vai?

Onde está a reposição dos salários tendo em conta a inflação?

Mais ainda... como entender o paradoxo... no meu sector o comércio no meu tempo... era caracterizado por ter uma estrutura empresarial com uma média inferior a dois trabalhadores por empresa... os comerciantes na sua maioria, eram antigos caixeiros... e com este tipo de estrutura pobre se ganhava mais... muito mais do que agora?

O comércio hoje em Portugal é caracterizado e dominado pelas grandes superficies e marcas internacionais e redes de lojas e produtos... como é que se explica que uma estrutura comercial rica, com aplicação de métodos racionais de gestão concentrada e de tipo multinacional pagam menos... que os comerciantes portugueses do meu tempo... que ainda é recente e eram ex-empregados do comércio?

Por alturas do 25 de abril, os trabalhadores do comércio andavam pelos 200 mil... e comerciantes cerca de 300 mil... esta estrutura pobre herdada do fascismo pagava o dobro dos salários... e os trabalhadores do comércio ainda tinham fim de semana... a histórica conquista da semana inglesa, dos trabalhadores do comércio... e tinham direitos e garantias nos contratos específicos de trabalho e nas leis laborais de então.

Espero ver aqui expressas algumas explicações para eu perceber... o que entretanto se passou... Estive 24 anos em Luanda, existe um hiato de tempo, entre 1994 e 2017, que me pode escapar na análise desta realidade.

Mas uma coisa eu digo desde já:

- Se eu quando regressei de Angola e tivesse ainda de trabalhar no sector do comércio... também me determinaria a criar um sindicato do comércio... reinvindicativo... adaptado à realidade do Portugal actual, sem deixar de assumir, um sindicalismo de vanguarda, revolucionário, de massas e de classe!

Nota:
Em função das eventuais contribuições a este texto feito por mim ao correr da pena... voltarei de novo a este assunto para o aprofundar, por ser de importância relevante... e relacionado com as condições de vida dos trabalhadores e do povo... e desmistificar os contextos no pós abril... e do tipo de democracia em que vivemos... e claro... debater este momentoso assunto, de que aqui vos falo!

Ex-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio do Distrito do Porto
Ex-Membro executivo da Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio e Serviços
Ex-Secretário da USP - União dos Sindicatos do Porto
Ex-Secretário Nacional e Ex-Conselheiro Nacional da CGTP-Intersindical

Portugal | O Costa Amnésico


Mário Motta | opinião

António Costa, atual e futuro primeiro-ministro de Portugal - as eleições são a 6 de outubro - está a causar fortes suspeitas de que sofre de amnésia ou de algo muito pior, que contradiz o que ele amiúde tem dito e, principalmente, quando se assume de esquerda e antifascista.

Com o pretexto de serem democráticos e "estudiosos da história", fascistas empedernidos e ressabiados pretendem fundar em Santa Comba Dão um pseudo museu do nazi-fascista Oliveira Salazar, responsável político e moral que assassinou, torturou e oprimiu os portugueses durante mais de 40 anos. Contra tal iniciativa já se manifestaram milhares de portugueses, assim como mais de 200 antifascistas ainda vivos que foram grandes vítimas em prisões do regime salazarista-nazi-fascista. Muitos milhares pronunciaram-se em petição e os mais de 200 antifascistas escreveram ao atual e futuro primeiro-ministro António Costa. Ele respondeu-lhes? Não. Alguma vez se pronunciou sobre o assunto? Não. Auto intitula-se socialista e anti-fascista? Sim. Com este e outros comportamentos é credível que seja o que diz ser? Não.

Um militante alegadamente socialista, presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, que inclui Vimieiro - lugar de nascimento de Salazar - é um dos principais promotores da iniciativa do pseudo-museu Salazar, a reboque de um sobrinho do criminoso ditador...

Aquele autarca é um socialista-salazarista? Fascista? A militar num partido democrático dito socialista?! Afinal um companheiro de António Costa, assim como dos socialistas (e existem por lá uns quantos sem que se perceba porquê). Assim sendo, porque não tolhe, António Costa, a manifesta intenção do autarca e de outros nazi-fascistas saudosistas de fundar o referido museu na casa vimieirense do macabro ditador? Sabendo-se que a perspetiva é a de naquele local fazer ponto de reunião e adoração não só a Salazar mas também ao nazi-fascismo com que provavelmente foi parido.

Num assunto tão aviltante para os portugueses, principalmente para os que sofreram nas masmorras de Salazar, assim como para os seus familiares e para os que perderam entes queridos assassinados pelos algozes de Salazar, António Costa manifesta enorme amnésia e deixa andar para conclusão o projeto que até a ele o salpicará com o sangue das torturas e dos assassinatos salazaristas-nazi-fascistas.

Costa não tem de ir ao médico por causa da referida amnésia mas sim clarificar de que lado está. A democracia não pode baixar pontes levadiças quando se trata de projetos ou outras pretenções extremistas para ressuscitar mais extremismos que mais tarde ou mais cedo a destroem. Costa já devia ter clarificado a sua posição sobre o assunto com o seu companheiro de partido político, PS, autarca de Santa Comba. Aquela malfadada região onde foi parido tal criminoso, António de Oliveira Salazar.

Vai haver pseudo museu a honrar e glorificar o nazi-fascismo sob a forma de salazarismo? Vamos ter de ver as romarias de nazi-fascistas ao Vimieiro, local do pseudo-museu?

O que dirá Costa, que cobardemente se remete ao silêncio, menosprezando os que lutaram por Portugal democrático, livre do fascismo, livre do salazarismo, livre de nazis?

Onde está o António Costa que tanto se regozijava com a chamada "Geringonça" e ser primeiro-ministro de um governo de esquerda? Perdeu-se no caminho? Embriagou-se com o poder e enveredou por inverter para a direita?

Era muito bom que respondesse a questões prementes antes das eleições, sob pena de acabar por ser comprovadamente considerado desonesto nas declarações e no seu "auto-retrato". Arregimentando desiludidos pelas suas políticas e suas açoes.

Portugal | Não, senhor ministro


Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

É um mistério para mim que a sinistralidade rodoviária mereça tão pouca atenção política e da sociedade civil em Portugal, mas talvez uma das explicações esteja na opacidade e confusão causada pelas próprias estatísticas. Os relatórios anuais demoram muito a ser publicados e dificilmente um cidadão anónimo terá a perceção real das vítimas.

Primeiro são publicados os dados das mortes a 24 horas. Depois, as mortes a 30 dias - ou seja, incluindo os feridos graves que nos dias seguintes ao acidente acabam por morrer no hospital. Este é o relatório com os números mais reais, mas no meio de tantas estatísticas só os mais entendidos os apreendem em pleno. Este ano com uma agravante: embora a 24 horas o número de mortes em 2018 seja bastante idêntico ao de 2017, a 30 dias registaram-se mais 73, uma diferença abissal. Confuso? Bastante.

Portugal | Esquerda já vale mais do dobro da Direita em Portugal


PS continua no limiar da maioria absoluta (43,6%). BE consolida terceiro lugar (10%). Direita cada vez mais enfraquecida e fragmentada, com o PSD nos 20,4%.

Adivinha-se uma vitória contundente da Esquerda sobre a Direita nas próximas eleições legislativas. De acordo com uma sondagem da Pitagórica para o JN e a TSF, os três partidos da "geringonça" somariam neste momento um pouco mais de 60% das intenções de voto. Já os quatro partidos à Direita, valeriam menos de 30%.

É uma Direita cada vez mais enfraquecida e fragmentada aquela que resulta do retrato político do mês de agosto. Enfraquecida, porque já só soma 28,1% - são menos 10 pontos percentuais do que o conseguido por Passos Coelho e Paulo Portas nas eleições de 2015; e menos seis pontos do que marcava em abril, data do arranque dos estudos da Pitagórica para o JN.

Fragmentada, porque há agora quatro partidos com hipótese de eleger deputados: o PSD, que continua em perda e está agora nos 20,4%; o CDS, também em queda, nos 4,9%; o Aliança a subir ligeiramente para os 1,5%; e o Iniciativa Liberal, que se estreia nestas projeções com 1,3%.


Assunção Cristas antecipou o cenário de fragmentação esta semana, admitindo a formação de uma "geringonça à Direita", depois das eleições de 6 de outubro. Mas foi naturalmente mais contida no que diz respeito ao enfraquecimento.

Se a líder do CDS se pudesse dar ao luxo de ser realista (estamos em campanha), não teria falado da hipótese de essa nova "geringonça" chegar aos 116 deputados, que asseguram uma maioria na Assembleia da República, antes da necessidade dos quatro partidos somarem pelo menos os 78 deputados que impedissem os três partidos de Esquerda de formar uma maioria constitucional de dois terços.

Será mais um fantasma lançado por alguns políticos à Direita do que uma hipótese credível - o PS está a um mundo de distância de BE e PCP em várias matérias. Veja-se o caso das leis laborais -, mas, como se diz a propósito de bruxas, "que elas existem, existem!"

Desentendimento à esquerda

Os últimos sinais políticos à Esquerda são aliás pouco promissores relativamente a entendimentos. Há a questão da atualização do salário mínimo, que o PS coloca fora de qualquer acordo futuro. Como há o ataque de António Costa ao BE. Que não será fruto do acaso. A sondagem da Pitagórica parece indicar que a luta pelas franjas que ainda sobram à Esquerda será sobretudo entre PS e BE. E no mês de agosto, foram os bloquistas que levaram a melhor.

É certo que a projeção para o PS aponta à eventual subida de 0,4 décimas, para os 43,6%. Mas o BE subiria quase um ponto percentual e chegaria aos 10%. A CDU ficaria com 6,6%, ou seja, manteria o mesmo patamar dos últimos quatro meses (com oscilações diminutas).

Os socialistas continuam, como já acontecera na sondagem de julho, no limiar da maioria absoluta. Faltarão poucas décimas, mas o resultado atual poderá não ser suficiente. Basta recordar que os 44% de António Guterres, em 1999, foram curtos (faltou um deputado para a maioria). Mas que os 45% de José Sócrates, em 2005, garantiram uma margem razoável (mais cinco deputados do que o necessário para uma maioria absoluta).

Mesmo sem o poder total, os socialistas poderão vir a ter mais uma hipótese de parceria. O PAN, partido animalista reconvertido em ambientalista, tem uma projeção de 3,2%. Baixa ligeiramente face a julho, mantém a hipótese de eleger vários deputados.

Rui Rio é quem mais sobe na taxa de rejeição

Más notícias para o líder do PSD no que diz respeito à sua candidatura a primeiro-ministro. Tal como partido, também Rui Rio, enquanto trunfo eleitoral, está em baixa. Na taxa de rejeição de voto, o social-democrata sobe quatro pontos: são agora 58% de inquiridos que asseguram que "jamais" votariam nele. O mercado eleitoral estreita-se a pouco mais de um mês das eleições e o fenómeno ganha visibilidade se compararmos os resultados desde abril, data de arranque deste ranking: em quatro meses, Rio acrescentou 13 pontos aos que o rejeitam.

Igual nesta má prestação só André Ventura, que também subiu 13 pontos desde abril, mas soma agora uma taxa de rejeição de 64%. Outros líderes partidários que estão a gerar rejeição são Catarina Martins (BE), que também cresce quatro pontos em agosto, e André Silva (PAN), que marca mais cinco pontos.

Ainda assim, o líder continua a ser Santana Lopes, que já foi primeiro-ministro, acabando demitido por Jorge Sampaio, em 2005. Talvez seja essa uma das explicações para a rejeição do eleitorado.

Quando se espreitam os resultados contrários, ou seja, a percentagem de eleitores que "de certeza" votaria em Rui Rio para primeiro-ministro, as notícias voltam a ser negativas: o líder do PSD perde três pontos de julho para agosto e já só tem três pontos de vantagem sobre Catarina Martins, do BE (em julho eram oito).

Quem lidera o ranking da firmeza de voto é, como sempre, António Costa: tem assegurados 26% dos eleitores. Acresce que o atual primeiro-ministro e recandidato pelo PS é também o líder com a taxa de rejeição mais baixa entre os nove que são avaliados no barómetro da Pitagórica para o JN e a TSF: soma 42%, mais um ponto que no mês passado.

Abstenção pode favorecer o PS e prejudicar PSD

A sondagem do JN apresenta evoluções aparentemente contraditórias, quando se comparam os resultados de julho e agosto: na intenção direta de voto, o PS recua (menos 1,2 pontos) e o PSD melhora (0,7 pontos); mas na projeção de resultados, é o PS que sobe e o PSD que está em perda. Como explica Alexandre Picoto, da Pitagórica, a análise que permite a projeção final inclui, para além da distribuição dos indecisos, o tratamento da abstenção, que se faz a partir de oito perguntas sobre hábitos, probabilidades e importância do voto. "Os prováveis abstencionistas são então retirados da amostra", acrescenta o mesmo especialista. Não há, portanto, uma contradição. O que se constata é que os eleitores socialistas estão mais motivados do que os sociais-democratas para ir votar. Mas se isso será mesmo assim, só será possível confirmar no dia das eleições, conclui.

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Um em cada cinco eleitores ainda está indeciso. São sobretudo mulheres, uma vez que a diferença para os homens é de quase nove pontos (23,7% face a 15,1%). Onde menos se hesita é no Grande Porto (apenas 11,2% de indecisos).

Rafael Barbosa | Jornal de Notícias

Portugal | Furto de Tancos, tragédias e "sangria de efetivos" marcou a área militar


O furto de material de guerra em Tancos, em 2017, teve impactos que ultrapassaram a área militar, marcando uma legislatura que termina com um ex-ministro arguido e, na Defesa, com o problema da falta de efetivos por resolver.

A falta de efetivos militares nas fileiras e a saúde militar continuam, ao fim de quatro anos, a preocupar as Forças Armadas, numa área que foi atravessada por algumas tragédias e várias polémicas, com o furto de Tancos a ditar a saída do primeiro titular da pasta na legislatura, José Azeredo Lopes.

O mandato de Azeredo Lopes no cargo de ministro da Defesa cessou a 12 de outubro de 2018, quando se demitiu sob pressão dos desenvolvimentos da investigação judicial à operação da Polícia Judiciária Militar que levou à descoberta do material furtado, três meses e meio depois do furto.

A 4 de julho, o ex-ministro foi constituído arguido no processo e confessou que considera a decisão do Ministério Público "absolutamente inexplicável" tendo em conta o seu envolvimento "que foi apenas de tutela política".

As Forças Armadas tiveram, nos últimos quatro anos, de enfrentar restrições financeiras ao seu funcionamento, mas é a escassez de pessoal para as fileiras que mais preocupa as chefias, que falam em "sobrecarga de esforço", segundo foi assumido num seminário promovido pelo Ministério da Defesa.

A comunicação, única aposta da cimeira do G-7 em Biarritz


Thierry Meyssan*

O G7, que era originalmente um lugar de conversas entre dirigentes ocidentais para melhor compreender os pontos de vista respectivos, tornou-se uma questão de comunicação. Longe de expor à porta fechada os fundamentos do seu pensamento, os convidados tornaram-se actores de um show mediático onde cada um tenta fazer boa figura. O pior terá sido, desta vez, a surpresa inventada por Emmanuel Macron para os jornalistas e contra o seu convidado norte-americano.

Um clube, não uma organização decisória

Aquando da sua criação em 1976, por Valéry Giscard d’Estaing e Helmut Schmidt, o G-6 era um grupo de discussões informal, o Presidente francês e o Chanceler alemão pensavam trocar ideias com os seus homólogos para acertar as suas ideias no contexto da crise do dólar que resultou do fim da guerra contra o Vietname. Não se tratava de tomar decisões, mas de reflectir sobre o futuro da economia ocidental. Os convidados eram os mesmos que se reuniam com o Tesouro norte-americano, pela mesma razão, um pouco antes. No entanto, a reunião não juntava desta vez os Ministros das Finanças, mas os chefes de Estado ou de Governo e a Itália, que agora fora incorporada.

Com a dissolução da União Soviética e o fim da divisão do mundo em dois campos, o G-7 passou a abordar questões políticas, depois associou a Rússia às suas discussões informais. Mas assim que Moscovo se levantou, opôs-se à OTAN na Síria e recusou o Golpe de Estado na Ucrânia, a confiança foi quebrada e os Ocidentais decidiram reunir-se de novo só entre si, episódio que encerrou, também, qualquer veleidade de fazer participar a China.

Os últimos G-7 produziram inúmeras Declarações e Comunicados. Essa "literatura" não registou nenhuma decisão, antes elaborou um discurso comum, tanto mais prolixo quanto a política interna dos EUA era dominada pelo «politicamente correcto». Como sempre, quando não se tem consciência de ter contrapoderes, a separação entre a realidade e este discurso não parou de aumentar.

A irresponsabilidade das pequenas nações


Paul Craig Roberts* 

23 de agosto de 2019 "Information Clearing House" - Depois de acusar falsamente a Rússia de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), Washington repudiou unilateralmente o tratado. Assim, o complexo militar / de segurança dos EUA se livrou do acordo histórico alcançado por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, que desarmou a Guerra Fria.   

O Tratado INF era talvez o mais importante de todos os acordos de controlo de armas realizados pelos presidentes americanos do século 20 e agora abandonado no século 21 pelos governos neoconservadores dos EUA. O tratado removeu a ameaça de mísseis russos contra a Europa e a ameaça de mísseis americanos baseados na Europa para a Rússia. A importância do tratado se deve à redução da chance de uma guerra nuclear acidental. Os sistemas de aviso possuem um histórico de alarmes falsos. O problema dos mísseis norte-americanos na fronteira da Rússia é que eles não deixam tempo para reflexão ou contacto com Washington quando Moscovo recebe um alarme falso. Considerando a extrema irresponsabilidade dos governos dos EUA desde o regime de Clinton em elevar as tensões com a Rússia, os mísseis na fronteira da Rússia deixam a liderança da Rússia com poucas opções a não ser apertar o botão quando soar um alarme. 

Que Washington pretenda colocar mísseis na fronteira da Rússia e sair do Tratado INF para este único propósito agora é óbvio. Apenas duas semanas depois de Washington retirar-se do tratado, Washington testou um míssil cuja pesquisa e desenvolvimento, não apenas de implantação, foram proibidos pelo tratado. Se você acha que Washington projetou e produziu um novo míssil em duas semanas, você não é inteligente o suficiente para ler esta coluna. Enquanto Washington estava acusando a Rússia, foi Washington quem violou o tratado. Talvez esse ato adicional de traição ensine à liderança russa que é estúpido e autodestrutivo confiar em Washington sobre qualquer coisa. Todo país deve saber agora que os acordos com Washington não têm sentido.
 

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