sexta-feira, 6 de setembro de 2019

A INJUSTIÇA GLOBAL DA CRISE CLIMÁTICA


Os países que menos contribuem para as mudanças climáticas são aqueles que mais sofrem seus efeitos. Enquanto nações ricas emitem altos níveis de CO2, as mais pobres temem pela segurança alimentar de seus habitantes. 

Nos últimos anos, ambientalistas e cientistas vêm alertando que os países mais pobres, que têm pegadas de carbono muito baixas, estão sofrendo o impacto das emissões de dióxido de carbono da fatia mais rica do mundo. Um relatório da agência beneficente britânica Christian Aid mostra essa disparidade. 

O relatório Greve de Fome: o índice de vulnerabilidade climática e alimentar aponta que os dez países que registram os maiores índices de insegurança alimentar no mundo geram menos de meia tonelada de CO2 por pessoa. Combinados, eles geram apenas 0,08% do total de CO2 global. 

"O que realmente me surpreendeu e me chocou foi a forte correlação negativa entre pobreza alimentar e a baixíssima emissão per capita", diz a autora do relatório, Katherine Kramer. "É muito maior do que esperávamos." 

No topo do ranking está o Burundi, na África Central, que registra 0,027 toneladas, a menor emissão de CO2 per capita entre todos os países. O número é tão baixo que é muitas vezes arredondado para zero. Em comparação, os alemães, americanos e sauditas geram, em média, a mesma quantidade de CO2 que 359, 583 e 719 burundeses, respectivamente. 

Conforme destacado no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a insegurança alimentar é uma das principais ameaças à vida humana que podem ser provocadas pelas mudanças climáticas. Esse risco é especialmente maior no Hemisfério Sul, onde as pessoas dependem da agricultura em pequena escala e são mais vulneráveis a secas, inundações e condições climáticas extremas. 

No Burundi, que já vem enfrentando insegurança alimentar como resultado da instabilidade política – e onde a prevalência de desnutrição crônica é a mais alta do mundo – a mudança dos padrões climáticos é encarada com preocupação. 

As chuvas no país africano foram muito esporádicas nos últimos três anos, particularmente em algumas regiões dependentes da agricultura. E o relatório prevê que inundações e secas extremas resultarão em um declínio da produção de entre 5% e 25% nas próximas décadas.

"O Burundi é uma testemunha vivo da injustiça da crise climática", diz Philip Galgallo, diretor do braço da Christian Aid para o Burundi. "Apesar de produzirmos quase nenhuma emissão de carbono, nos encontramos na linha de frente das mudanças climáticas, sofrendo com temperaturas mais altas, produção mais baixa das colheitas e chuvas cada vez menos regulares."

É uma história parecida com a do segundo país com maior índice insegurança alimentar do mundo: a República Democrática do Congo (RDC), que também tem a segunda menor pegada de carbono. A elevação rápida das temperaturas implica um risco ainda maior de disseminação de doenças entre os animais e nas lavouras. Além disso, os padrões de chuva estão mudando, deixando os agricultores congoleses inseguros sobre quando plantar e quando colher.

Moçambique | Base da "Junta Militar" da RENAMO atacada


Uma base de guerrilheiros da RENAMO, que apoiam a autoproclamada Junta Militar do partido, foi atacada no centro de Moçambique, denunciou o líder do grupo à agência Lusa.

Mariano Nhongo, tenente-general da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e líder da autoproclamada Junta Militar, disse que um contingente das Forças de Defesa e Segurança invadiu uma base do grupo em Chipindaumwe, distrito de Gondola, e disparou contra os guerrilheiros ali entrincheirados.

Isto, um dia depois de um  ataque a um autocarro de passageiros, em que três pessoas ficaram feridas, junto ao rio Pungue, zona limítrofe entre os distritos de Nhamatanda e Gorongosa.

"Temos homens [guerrilheiros] que estão sendo atacados neste momento" disse à Lusa Mariano Nhongo, sem detalhes, avançando que o grupo estava a desdobrar-se para responder à ofensiva.

Desconhecidos atacam autocarro no centro de Moçambique


Um ataque a tiro contra um autocarro de passageiros fez três feridos no centro de Moçambique, disseram fontes locais à agência Lusa.

O ataque aconteceu num troço de estrada junto ao rio Pungúe, entre os distritos de Gorongosa e Nhamatanda, na província de Sofala.

Os atacantes, ainda não identificados, dispararam "rajadas de balas" contra um autocarro que circulava em direção a norte, no sentido Inchope-Caia, na Estrada Nacional 01 (EN1), a principal via que liga o sul e norte de Moçambique, deixando marcas de perfuração na viatura.

"Três passageiros que seguiam para o Niassa foram levados para assistência no Hospital da Gorongosa", contou um morador.

Um outro morador disse que o autocarro continuou viagem depois de o motorista e outros passageiros prestarem declarações na polícia da vila da Gorongosa.

Zimbábue | Robert Mugabe: De herói da libertação a ditador


Morreu aos 95 anos Robert Mugabe, um dos chefes de Estado mais controversos de África. Ao tentar perpetuar-se no poder, Mugabe acabou por destruir o legado positivo de líder da luta pela libertação e fundador da nação.

Por muito tempo e para muitos africanos, Robert Mugabe foi o líder radiante que conquistou a independência do Zimbábue da Grã-Bretanha em 1980. Mas ao longo da sua Presidência, que ameaçava eternizar-se, a imagem de Mugabe foi ficando cada vez mais sombria. Para o Ocidente, o mais tardar a partir do final da década de 1990, Mugabe passou a ser visto como um ditador brutal que levou o seu país à ruína.

Robert Gabriel Mugabe nasceu em 1924 numa pequena aldeia a sul de Salisbury, a capital da então colónia britânica da Rodésia do Sul. Os seus pais eram simples agricultores e católicos praticantes. Mugabe frequentou várias escolas católicas jesuítas. Segundo os seus biógrafos, era uma criança tímida que guardava a distância em relação à maioria das pessoas. "Seus únicos amigos são os livros", afirmou o seu irmão Donallo na biografia "Jantar com Mugabe".

Depois da formação como professor primário, Robert Mugabe estudou na Rodésia do Sul, Tanzânia e Gana. Ao longo da sua vida obteve sete títulos académicos, três deles na prisão. Foi no Gana que conheceu sua primeira mulher, Sally, durante muito tempo a sua melhor amiga e conselheira política. Quando regressou à Rodésia do Sul, em 1960, Mugabe juntou-se ao movimento de libertação. Primeiro, combateu o poder colonial britânico, mais lutou contra o governo minoritário branco de Ian Smith, proponente de um sistema rígido de segregação racial. Em 1964, Mugabe foi detido e encarcerado durante mais de dez anos.

O VULCÃO SUL-AFRICANO -- Martinho Júnior (reposição)


Procedemos à reposição de “O Vulcão Sul-Africano”, de Martinho Júnior, que data de publicação de há sete anos no Página Global. Perante o que acontece atualmente na África do Sul, Martinho Júnior comenta na sua página no Facebook: “Naquela altura era já evidente o que o elitismo integrado na corrente de capitalismo neoliberal estava a fazer em termos de deseducação do povo sul-africano, com explosões indiciadoras e palpáveis! Hoje não só é confirmado "O VULCÃO SUL-AFRICANO", como os angolanos e as outras "borboletas" da região, estão a ser tragados pelo camaleão...” Uma previsão inabalável que a atualidade comprova. (PG)

Martinho Júnior, Luanda

MEMÓRIA DE PABLO NERUDA

1 – Tenho um imenso respeito e admiração por Pablo Neruda: como muito poucos, ele foi capaz de nos transmitir com um elevado poder de síntese, os quadros mais compulsivos da América, expondo a nu e a cru as injustiças históricas que se vão arrastando de século em século, de década em década… o que acontece quando o império se impõe sobre as bandeiras dos povos…

Se as suas substantivas referências são uma sensível comoção do que acontece na América Latina, nem por isso ele deixa de ser universal: sinto-o isso a partir de África, por que cá como lá há o mel das imensas riquezas, apenas com oportunidade para “moscas” que não deixam de ser da mesma estirpe, que fazem parte do mesmo agregado, utilizam os mesmos métodos, os mesmos processos, os mesmos vícios, o mesmo padrão de “culturas”, os mesmos rituais, quantas vezes rituais de sangue…

Explico: se por lá é a United Fruit Company, aqui são as Anglo American Corporations, as Lonrhos, as De Beers, agora uma Lonmin… o arsenal de mineiras que exploram não a superfície, mas as entranhas mais profundas da terra, sobretudo desde a explosão da Revolução Industrial e seguindo a pista e o génio geo estratégico de Cecil John Rhodes, servidor e inspirador das mais poderosas elites do império!...

África do Sul | Quatro portugueses vítimas de ataques queixam-se de passividade policial


Os ataques de xenofobia, pilhagem e destruição de estabelecimentos em Joanesburgo, com aparente passividade da polícia, afetaram quatro comerciantes portugueses, que estimaram à Lusa ter sofrido prejuízos superiores a pelo menos 8.800 mil rands (537,5 mil euros).

O "Blue Bottle Store", na Jules Street, onde José Manuel Ramos empregava cinco colaboradores, desde abril de 2014, foi arrombado várias vezes no início da semana, tendo o edifício sucumbido por completo às chamas, na madrugada de terça-feira.

Eles foram lá no domingo à noite, por volta das 20:30, arrebentaram as portas e começaram a roubar tudo. Cheguei lá às 02:00 da manhã, estava lá a polícia, mas não se metia. Disseram que também tinham medo, porque tinha sido morto um polícia, e eles sempre a roubar. Depois chegou mais polícia e começaram a disparar e fugiram", contou à Lusa.

O comerciante contratou uma pessoa para lhe "soldar as portas", mas o espaço foi novamente vandalizado e, na terça-feira de manhã, encontrou "a loja toda queimada e tinham levado o resto da mercadoria".

"Está tudo destruído, uma pessoa trabalha uma vida e vai tudo embora de um momento para outro", declarou, estimando o prejuízo total "à volta de 5 milhões de rands (305,4 mil euros) ou mais", dos quais 1,5 milhões de rands só em mercadoria, ficando sem nada.

Ao atacar Michelle Bachelet, Bolsonaro reivindicou a ditadura de Pinochet


A ex-presidenta chilena e atual Alta Comissionada das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou a ''redução do espaço democrático'' no Brasil. Ao reagir, o mandatário brasileiro a questionou e defendeu a ditadura pinochetista

Voltando às suas raízes, Jair Bolsonaro reivindicou o ditador Augusto Pinochet, de quem é um antigo admirador, numa agressiva crítica à Alta Comissionada das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet.

Eleita duas vezes presidenta de Chile – nas eleições de 20055 2013 –, Bachelet é filha do brigadeiro Alberto Bachelet, falecido em março de 1974, devido às torturas sofridas em um presídio do regime pinochetista, ao se opor ao golpe que derrocou o presidente democrático Salvador Allende.

“Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet, que derrotou a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria Cuba, creio que não preciso dizer mais nada”, provocou o capitão reformado do Exército brasileiro.

O presidente brasileiro também reclamou que “Bachelet me acusa de não punir os policiais que estão matando muita gente no Brasil, essa é a sua acusação. Na verdade, é ela que defende os direitos humanos dos vagabundos (...) Quando a pessoa não tem o que fazer vai ocupar a cadeira de direitos humanos da ONU”.

Bolsonaro falou, na manhã de quarta-feira (4/9), com um repertório típico do discurso militar da Guerra Feria, salpicado de uma sorriso burlesco, ao lado da rampa de acesso ao Palácio da Alvorada, a mansão oficial onde reside desde janeiro, quando assumiu a Presidência, graças à vitória nas eleições de outubro de 2018, a qual ele alcançou através de uma poderosa campanha de fake news e a proibição judicial à candidatura do seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

BOLÍVIA | UM CENÁRIO ELEITORAL PRATICAMENTE DEFINIDO


Com elevados indicadores de confiança, intenções de voto apontam vitória de Evo Morales no pleito presidencial. De acordo com estudo, bolivianos defendem continuidade de políticas sociais e expansão da nacionalização de setores estratégicos

Alfredo Serrano Mancilla, Gisela Brito e Sergio Pascoal | Outras Palavras | Tradução: Lucas Scatolini

A quase dois meses da eleição presidencial na Bolívia, seu desfecho se torna cada vez mais claro. Ao analisar o contexto de um processo eleitoral, é importante entender que sempre surgem questões na conjuntura com um impacto impossível de se prever, e que o fundamental é identificar as tendências nas preferências dos eleitores, assim como o mapa de sensações vigente na opinião pública. É cada vez mais comum observar a enorme proliferação de informações, de uma ou outra pesquisa, que determinam as chances de cada candidato na disputa, como se fosse uma corrida de cavalos. Porém, a chave de um estudo rigoroso está na coerência entre o número de intenção de voto e outras variáveis que dão uma visão sociológica e política mais ampla.

Segundo a última pesquisa do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG), a nível nacional, e com uma amostragem de 2 mil entrevistados, tanto na cidade quanto no campo, predomina na Bolívia um clima de sensações positivas a respeito da situação do país. Quase um terço dos bolivianos demonstram esperança com relação ao futuro – a principal sensação em ordem de importância – seguida da sensação de confiança (14%). Isto é justamente o contrário do que ocorre na “Argentina de Macri”, onde a raiva e a angústia são os sentimentos majoritários, segundo outra pesquisa do CELAG do mês de julho. Em outras palavras: ocorre nas eleições bolivianas o extremo oposto do que algumas vozes da oposição afirmam, de que o país estaria à beira de uma catástrofe.

Colômbia | A PAZ NÃO EXISTE SEM JUSTIÇA SOCIAL


PCPE [*]

No dia de hoje, 29 de Agosto, através de um comunicado, diversos comandantes das FARC-EP que na altura assinaram o Acordo de Paz de Havana com o Estado colombiano, anunciaram sua intenção de continuar a luta pela paz, pelo único caminho que a oligarquia lhe deixou: o regresso à luta armada das FARC-EP. Entre o grupo de guerrilheiros que retomam as armas estão o que foi chefe da equipe negociadora e número dois da guerrilha, Iván Marquez; e Jesús Santrich, que conseguiu escapar de uma montagem do Estado colombiano e da DEA estado-unidense com o objectivo de extraditá-lo para os Estados Unidos.

A partir da prática coerente do internacionalismo proletário, tal como em 2012 reconhecemos o esforço da insurgência para conseguir uma saída negociada que superasse o enfrentamento armado, hoje respeitamos a decisão daqueles que dão por terminado o acordo de paz e decidem, com soberania, retomar o caminho da insurreição armada e popular. No mesmo sentido, respeitamos a posição daqueles que insistem no caminho da legalidade e que cumpriram o acordo de paz apesar de que a outra parte, o governo colombiano, o infringiu permanentemente.

O Estado colombiano, uma vez desarmada a guerrilha, através de um plebiscito desonesto, desnaturalizou o acordado entre as partes em conflito, mudando substancialmente o assinado, e incumprindo os aspectos fundamentais do mesmo. Nada resta do ponto agrário, da substituição voluntária de cultivos, das circunscrições eleitorais para as vítimas do conflito armado. A jurisdição especial para a paz que, como mecanismo de justiça transicional devia abranger todos os actores do conflito, hoje é uma caricatura do pactuado. Centenas de prisioneiros das FARC-EP continuam encarcerados, Simón Trinidad continua numa masmorra gringa. Dos milionários fundos para o pós-conflito, ninguém sabe o que aconteceu. Enquanto o assassinato sistemático de líderes sociais e ex-guerrilheiros não cessa, mais de 500 e 150 respectivamente, no tempo que decorreu desde a assinatura do acordo. A montagem da DEA contra Santrich e a operação militar contra Iván Márquez e outros comandantes, somam a este panorama desolador inquietação e incerteza.

A INTOX VENEZUELANA


A imprensa internacional deu conta, em Agosto de 2018, de um êxodo maciço de Venezuelanos, fugindo à fome e à ditadura do chavista Nicolás Maduro. Eram 18.000 a atravessar a fronteira diariamente. À época a ONU previa que haveria 5,3 milhões de migrantes e refugiados venezuelanos em toda a América Latina até ao fim de 2019. Denunciava-se, assim, uma crise gigante.

Azar! Estes números eram, afinal, pura propaganda: o Alto-Comissariado para os Refugiados acaba de publicar as suas estatísticas oficiais de 31 de Dezembro de 2018.

-- 57% dos refugiados do mundo provinham da Síria (6,7 milhões), Afeganistão (2,7 milhões) e Sudão do Sul (2,3 milhões).

-- Os refugiados venezuelanos representavam apenas 341.800 pessoas (das quais muitas retornaram ao seu país).

A campanha de intoxicação mediática (da mídia-br), difundida em todos os Estados aliados do Pentágono, foi iniciada em preparação da operação de desestabilização do Estado venezuelano, que começou em Dezembro de 2018. Ela visava convencer os nacionais que já não tinham mais qualquer futuro no país, e os estrangeiros que o Presidente Maduro era ilegítimo.

Trata-se de uma clara aplicação da Teoria das «migrações como arma de guerra» [1].

Voltaire.net.org | Tradução Alva

[1] “Strategic Engineered Migration as a Weapon of War”, Kelly M. Greenhill, Civil War Journal, Volume 10, Issue 1, July 2008. Understanding the Coercive Power of Mass Migrations,” in Weapons of Mass Migration : Forced Displacement, Coercion and Foreign Policy, Kelly M. Greenhill, Ithaca, 2010. “Migration as a Coercive Weapon : New Evidence from the Middle East”, in Coercion : The Power to Hurt in International Politics, Kelly M. Greenhill, Oxford University Press, 2018.

COMUNISMO NOS EUA?


Marino Boeira* 

Você já imaginou um país chamado Estados Socialistas da América do Norte? Em vez de USA (United States of America), SSNA (Socialist States of North America)

Utopia? Provavelmente. Mas, mesmo que seja um sonho quase impossível, existem alguns dados para justificar esse quase da frase.

Entre as décadas de 1920 e 1940, o Partido Comunista dos Estados Unidos, o Communist Party USA (CPUSA) foi um partido marxista bastante atuante, fruto principalmente da ação dos emigrantes italianos que chegaram ao País após a Primeira Grande Guerra.

Seus membros tiveram atuação importante nos movimentos sindicais e na defesa dos direitos civis dos negros.

Após a segunda guerra mundial, 1945, com o início da guerra fria e de uma ampla campanha de mídia, principalmente, o cinema, contra o comunismo, o partido foi diminuindo de importância, mas ainda permanece vivo.

O CPUSA, dirigido em escala nacional por Sam Webb, tem sua sede no Bairro Chelsea, em Nova York e conta hoje com entre 3 e 3,5 mil membros, mas seus dirigentes esperam que a atua crise económica nos Estados Unidos, com o aumento cada vez maior da pobreza tragam novos adeptos para o partido.

Aparentemente essa não é uma expectativa de todo irreal.

A NATO COMO POLÍCIA DE OPINIÃO



É necessário desarticular a carga de conteúdos verdadeiramente perigosos para a democracia e para a liberdade de expressão que esconde a queixa da NATO de manipulação nas redes sociais.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Centro de Excelência de Comunicação Estratégica da NATO queixa-se de manipulação nas redes sociais. E quando o Centro de Excelência de Comunicação Estratégica da NATO se queixa só há que esperar uma intensificação das acções policiais de censura na internet, com o pretexto de que as redes sociais são incapazes de se regularem a si próprias. O cerco às opiniões divergentes da doutrina oficial atlantista e europeísta aperta-se e a NATO afina mecanismos policiais para que não haja desvios à opinião única.

A notícia passa quase despercebida, pelo que é necessário desarticular a sua carga de conteúdos verdadeiramente perigosos para a democracia e a liberdade de expressão. Os especialistas de manipulação de informação aglutinados no Centro de Excelência de Comunicação Estratégica da NATO, ou NATO StratCom, garantem que detectaram «buracos» nas redes sociais que poderiam ter permitido influenciar e manipular eleitores antes das eleições europeias de Maio. O que vale por dizer que certamente encontrarão agora mais «buracos» para envenenar eleitores na perspectiva de novas eleições gerais britânicas que, de facto, serão um novo referendo do Brexit; quem sabe ainda se os mesmos «buracos» não serão extensivos às eleições portuguesas de Outubro e por aí sucessivamente.

O NATO StratCom desconhece, em boa verdade, se os «buracos» detectados foram aproveitados para as eleições europeias. Só o Twitter terá facultado o acesso a um deles, designado Vkontakte1  e de origem russa (obviamente), que por acaso «não foi usado extensivamente», segundo Janis Sarts, o chefe dos censores militares concentrados em Riga.

Israel prendeu 450 palestinianos em Agosto, incluindo 69 menores


No mês passado, as forças israelitas prenderam 450 palestinianos, incluindo 13 mulheres e 69 menores, quatro dos quais crianças entre os 10 e os 13 anos, revelou o Centro de Estudos dos Presos Palestinianos.

Em Gaza, registaram-se dez detenções, incluindo a de um pescador que foi capturado enquanto trabalhava no mar, declarou esta semana Riyadh Ashqar, investigador do Centro de Estudos dos Presos Palestinianos (CEPP).

Os israelitas prenderam ainda oito menores perto da vedação com que Israel isola o enclave costeiro palestiniano, referem nos seus portais o Middle East Monitor e o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Ambas as fontes informam, com base nos dados do CEPP, que as forças de ocupação israelitas prenderam também dois fotojornalistas, Hassan Dabbous e Abdel Muhsen Shalaldeh, depois de terem invadido as suas casas e intimidado os seus filhos. Um palestiniano deficiente, identificado como Jarrah Naser, foi preso em Jerusalém.

Riyadh Ashqar revelou os nomes das quatro crianças palestinianas detidas por Israel, com idades compreendidas entre os dez e os 13 anos: Mohammed Najeeb (dez anos), Mahmoud Hajajreh (12), Ali Al-Taweel (13) e Yousef Abu Nab (13).

Uma das mulheres presas é uma cidadã jordana, detida na Passagem Al-Karameh. Uma outra é uma mulher palestiniana de 59 anos, presa pelas forças de ocupação israelitas durante uma visita ao seu filho, encarcerado na prisão de Hadarim, em Israel.

A ESQUERDA AUSENTE


Domenico Losurdo [*]

Não poderiam ser encontrados pormenores chocantes sobre episódios de crueldade?
Otto von Bismarck

Ninguém mente tanto como o indignado.
Friedrich Nietzsche

O historiador do futuro não deixará de se surpreender com um fenómeno que caracteriza a nossa sociedade e o nosso tempo. Por um lado, não é difícil ler em livros, revistas e jornais análises realistas e incisivas sobre a condição actual do Ocidente, dos problemas e dramas de nosso presente. Uma crise política acresce à crise económica: segundo autores de prestígio, há um esvaziamento da democracia, que regride perante as grandes fortunas e a "plutocracia". Mas existe uma esquerda no Ocidente capaz de fazer essa análise e essa denúncia e, a partir daí, articular um projecto de luta e transformação política do existente?

No que diz respeito à política internacional, mesmo alguns órgãos de imprensa que frequentemente se destacam pela sua coragem evitam admitir o carácter neocolonial que tiveram as guerras mais recentes desencadeadas pelos Estados Unidos e pela NATO no Médio Oriente. Está à vista de todos, o horror de Gaza e a tragédia que é infligida ao povo palestino pelo domínio e o expansionismo colonial de Israel. E não temos outro remédio a não ser perguntar novamente: existe uma esquerda no Ocidente capaz de se opor à terrível onda que agora semeia morte, destruição e desenvolve os germes de uma conflagração a uma escala muito maior?

Em Março de 2014, Seymour M. Hersh, jornalista americano premiado com o prestigiado Prémio Pulitzer, fez importantes revelações sobre o uso de armas químicas na Síria em 21 de Agosto do ano anterior. Não, os responsáveis por essa infâmia não eram os líderes do país, mas os "rebeldes" apoiados pelas monarquias reaccionárias do Golfo Pérsico, aliados do Ocidente e pela Turquia, um país membro da NATO e protagonista da provocação e encenação, visando criar uma onda de indignação mundial contra os líderes Sírios, justificando a acção devastadora de bombardeiros com os motores já ligados e prontos para entrar em acção.

Em Agosto de 2013, estadistas, jornalistas, reis e rainhas da sociedade do espectáculo rivalizavam no modo mais sinistro de pintar o inimigo a abater. Escusado será dizer que o desmascaramento da mentira teve nos diferentes os órgãos de informação um eco muito menor que a propagação da mesma mentira. Era melhor não dar muita publicidade ao escândalo, para não desacreditar ou comprometer a indústria das mentiras, pois esta será sempre útil na preparação de guerras futuras.

E novamente a esquerda brilhou por sua ausência. Ela não teve coragem de fazer perguntas e levantar dúvidas no momento em que a manipulação foi mais intensa, e não considerou necessário chamar a atenção do público para o desmascaramento da manipulação e, em geral, para a indústria bélica da mentira que apesar de tudo continua a florescer. De facto, a esquerda encolhe-se justamente quando deveria reagir com mais energia aos processos de polarização social e redistribuição massiva do rendimento a favor das grandes fortunas (muitas vezes parasitárias), perante o reaparecimento de guerras coloniais ou neocoloniais e a ameaça de guerras em larga escala; perante a redução e distorção da esfera pública provocada pela "plutocracia" e por uma indústria da mentira mais florescente, poderosa e invasiva do que nunca.

Orelhices, chico espertices, azares e coisas de bichos


Jorge Rocha* | opinião

1. Não, não sou um masoquista. Poderia parecê-lo se me surpreendessem a ler ou a ver coisas impensáveis, mas convirá reconhecer que de quase todas consigo justificar o proveito.

Vem isto a propósito de, há um par de dias, ter-me disposto a ver o telejornal conduzido pelo Orelhas.

Eu sei: o tipo é abominável, não tendo ponta por onde se lhe pegue. E ridículo se considerarmos as suas pretensões a ás da literatura, que só a ele convencem, porque quem arriscou ler-lhe as estórias andou entre o vómito e a barrigada de riso.

O resultado veio a contento da expetativa: passou o genérico e ei-lo a irromper com a voz de quem anuncia catástrofes, descrevendo o país como um impressionante pasto de chamas. Passa a palavra aos repórteres nos locais e o resultado é o oposto do por ele descrito: sim, tinham acontecido alguns incêndios aqui e acolá, mas nem se assinalavam perdas de vidas humanas, nem sequer estas terão sido inquietadas o bastante para que se justificasse o tom dramático do pivot televisivo. Unanimemente os repórteres iam repetindo que as chamas, ou já estavam extintas, ou em fase de rescaldo.

Frustrado na possibilidade de espalhar o pânico nos espectadores eis que passa para outro drama, outra tragédia: um avião tinha caído no centro do país, quando combatia incêndios. Ora logo viu-se obrigado a corrigir o lapso, porque tratara-se de um helicóptero e nenhuma vítima havia a assinalar.

Nessa altura já estava ciente de que nada no figurão mudara para melhor desde que me sujeitara a ouvi-lo e mudei de canal. Mas dá sempre para questionar o que falta para declará-lo inepto para a função e recambiado para casa dando-lhe disponibilidade para dedicar-se aos seus presunçosos romances?

Brexit, a "novela" continua e está para durar... Mugabe "foi-se" e...


Boris de manhã, à tarde e à noite. O Brexit dá que escrever e falar. Ontem, hoje, amanhã e depois. Até quando? A vantagem é que não representa um "fartum" porque afinal é o que salva a atual pasmaceira experimentada pela comunicação social nesta quadra de férias de verão. Ainda bem.

O Curto matinal está "fesquinho", há pouco saído das laudas (onde elas já vão!) e do teclado de Valdemar Cruz, do Expresso. Abre com o Brexit e o "casmurro" do Boris. Vai por aí e passa pela morte do Mugabe (bom, assim-assim e mau). Ele "foi-se", velho e tresloucado. Odiado e... De nada lhe valeram os palácios pomposos e dispendiosos pagos com a miséria do povo. É a vida dos que esquecem que na morte somos mesmo todos iguais.

Mas o Curto tem mais, e é de ler. Não se façam rogados. O Curto é como uma janela para o país e para o mundo. Vê-se quase tudo, ou trata de quase tudo. E cultura também. Desporto não falta. São curtas mas deixam-nos mais e melhor informados. Quando informam, é o caso.

Bom dia. A seguir é tudo vosso. Foi criado exatamente para isso. Use os "miolos". Como a água inquinada, também os órgãos de comunicação precisam de que saibamos filtar o que dali jorra. Senão a diarreia é certa.

Pule para o Curto e goze um bom calor porque o verão chegou finalmente. Até quando é que não sabemos. Há os que planeiam fazer praia em dezembro. Natal catita.

Redação PG | CT

Portugal | O cliente-súbdito das operadoras de comunicações


Fernanda Câncio* | Diário de Notícias | opinião

Julga que há leis, diretivas e regulação no setor das telecom? Esqueça. Tanto faz haver como não: as operadoras construíram todo um sistema para contorná-las - e ninguém, a começar pela ANACOM, as impede de nos fazer a vida num inferno.

Quem alguma vez tenha tentado cancelar um contrato com uma operadora de comunicações sabe do martírio a que se propõe. Não interessa para nada o que dizem as leis e as resoluções do regulador (a ANACOM); trata-se de enfrentar um sistema que foi montado para aquilo a que se dá no meio o nome de "retenção", e que passa por criar um sem-número de dificuldades e exigências absurdas de modo a tentar que o cliente soçobre perante elas e se conforme com manter o serviço - até porque geralmente o está a cancelar no final de um período de fidelização em que beneficiou de alegados "descontos" e "ofertas promocionais" e quando esse período acaba, se não conseguir logo cancelar o contrato, será onerado por contas muito mais avultadas.

O extraordinário de todo o processo é desde logo prefigurado pela terminologia imposta pela operadora: os clientes não cancelam, fazem "pedidos de cancelamento". O que indica, claro, que a operadora pode "não aceder".

Imagine isto aplicado a um contrato de arrendamento: o inquilino diz ao senhorio "olhe, desculpe, tenho de me mudar, portanto vou deixar a casa no dia xis". E o senhorio, cenho franzido, responde: "Mas quer deixar a casa porquê? Ofereceram-lhe uma renda melhor, foi? De quanto? Ah, não quer dizer? Então, mande-me isso por escrito que logo vejo se o deixo sair."

Portugal | Jerónimo de Sousa abre hoje a 43.ª Festa do Avante!


O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, abre hoje a festa do Avante!, a 'rentrée' comunista, que se prolonga ao longo de três dias, com uma programação cultural que inclui espetáculos musicais em 10 palcos, na Atalaia, Seixal.

A abertura da 43.ª edição da Festa do Avante! está marcada para as 19:00, com uma intervenção de Jerónimo de Sousa junto ao Pavilhão Central, realizando-se o tradicional concerto de música clássica no palco 25 de Abril, pelas 22:00, este ano pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo maestro Vasco Pearce de Azevedo, com o tema "Do Romantismo ao Modernismo".

A um mês das eleições legislativas de 06 de outubro, o evento que marca a 'rentrée' comunista inclui música nos 10 palcos distribuídos pela Quinta do Cabo, além de cinema, teatro, programação infantil e desportiva, e meia centena de debates.

Mais lidas da semana