quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Brasil | O racismo mata, mutila, machuca


Nesta terça-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL), da base do governo Bolsonaro, destruiu charge do artista Latuff que denunciava a violência policial contra os negros em exposição na Câmara dos Deputados. Em 2018, dois trogloditas candidatos que depois viraram deputados, também apoiadores de primeira hora de Bolsonaro, destruíram placa em homanagem a Marielle, vereadora negra brutalmente assassinada.

Os dois fatos (bem como a morte de Marielle) estão diretamente relacionados e são sintomáticos do tempo que vivemos. O Brasil está mergulhado numa perigosa onda de ódio, ignorância e preconceito que procura criminalizar e intimidar todos que denunciam e resistem a tudo aquilo que temos de pior, como se o erro estivesse não nos problemas estruturais do país, mas naqueles que se rebelam contra eles e suas causas. Dentre estes problemas estão o racismo e a desigualdade, que seguem sendo ignorados ou minimizados por parcela considerável da população.

"Imagem da Guiné-Bissau no mundo depende de quem ganhar as eleições"


Alguns candidatos presidenciais tecem críticas à CEDEAO. Mas numa coisa todos concordam: é preciso melhorar a imagem externa da Guiné-Bissau. Analista diz que próximo Presidente será crucial nessa tarefa.

Todos os doze candidatos às presidenciais na Guiné-Bissau falam na necessidade de melhorar a imagem externa do país, depois das eleições, a 24 de novembro. Mas alguns criticam a postura da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) durante a crise política guineense, bem como o reforço da força militar da organização, a ECOMIB.

Um dos candidatos mais críticos é Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15).

Em vários comícios, Sissoco Embaló tem dito que a CEDEAO e outras organizações não podem substituir a "Constituição do país". Tem criticado ainda a recusa da comunidade internacional em reconhecer a demissão do Governo de Aristides Gomes pelo Presidente José Mário Vaz e mostrou-se contra a mediação da CEDEAO e, em particular, do Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé.

Guiné-Bissau | De onde vem o dinheiro da campanha eleitoral?


Na Guiné-Bissau, há suspeitas de que o dinheiro proveniente do crime organizado esteja a ser "lavado" na campanha eleitoral. Partidos visados negam. Jurista pede leis para controlar o dinheiro utilizado na campanha.

A campanha eleitoral, que termina na próxima sexta-feira na Guiné-Bissau, é alvo de crítica por parte de vários atores da sociedade guineense, não só pelos fracos conteúdos dos discursos políticos, mas também pela ostentação de meios, nomeadamente viaturas de alta cilindrada "zero quilómetros", na caça ao voto.

A logística eleitoral de "luxo" exibida pelos candidatos contrasta com a realidade da condição de vida dos eleitores, num país onde a maioria da população enfrenta graves problemas, sobretudo os que estão no interior do país. É fácil descobrir a diferença de meios entre partidos que já passaram ou ainda estão no poder com os que nunca estiveram na liderança na Guiné-Bissau.

"PAIGC com carros de luxo”

O antigo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior ("Cadogo"), candidato presidencial independente, é uma das vozes contestatárias.

"O PAIGC [Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau, no poder] hoje está na disposição de carros de luxo, enquanto os funcionários não são pagos e os combatentes da liberdade da pátria estão doentes, sem meios para se tratarem", referiu Cadogo, que, em 2012, enquanto candidato e líder do PAIGC também foi alvo da mesma crítica dos opositores.

O que mais tem merecido debate são as origens dos fundos e meios da campanha, que nenhum dos doze candidatos foi ainda capaz de explicar, nas diferentes ocasiões em que foram questionados sobre a matéria.

Golpe de Estado na Guiné-Bissau "passou à reforma", diz Chefe das Forças Armadas


Biaguê Na Ntan, exortou, este sábado (16.11), o Governo a confiar nos soldados do país e assegurou que os militares estão hoje submetidos à Constituição, pelo que nunca mais irão realizar golpes de Estado.

Falando nas cerimónias evocativas do dia das Forças Armadas guineenses, que se assinala este sábado (16.11), o general Biaguê Na Ntan defendeu, perante elementos do Governo e do corpo diplomático, que o golpe de Estado "passou à reforma" na Guiné-Bissau.

"Vamos respeitar a Constituição da República, submetermo-nos ao poder político. Posso-vos garantir, tranquilizem o povo da Guiné-Bissau: A partir de hoje nenhum militar vai sair à rua para fazer golpe de Estado", disse o general Na Ntan.

As últimas semanas no país, que terá eleições presidenciais a 24 de novembro, foram marcadas por tensões políticas, com o Presidente em funções a ter nomeado um novo governo, contra a vontade do executivo em funções e da comunidade internacional. Governo este que, entretanto, se demitiu.

Nessa disputa, as forças militares guineenses mantiveram-se neutrais e não forçaram a imposição do novo governo, apesar de nomeado pelo líder supremo das Forças Armadas.

O responsável militar guineense salientou que as suas palavras também se dirigem à comunidade internacional, nomeadamente aos elementos das Nações Unidas e da força de manutenção de paz da África Ocidental (Ecomib), estacionada na Guiné-Bissau desde 2012, na sequência de um golpe de militar.

"As Forças Armadas da Guiné-Bissau não se vão envolver na política e nem estão interessadas em fazer golpe", sublinhou o general.

Portugal | Se for cardíaco, tente não falecer


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Não há um português sério que não esteja comprometido com o Governo, o de turno ou outro qualquer, no objetivo de melhorar os serviços públicos de saúde.

Mitigar as falhas na resposta do Estado a uma cada vez mais exigente e envelhecida população constitui porventura o maior desafio da ação política e legislativa contemporânea, não só porque todos os dias descobrimos um novo fundo sombrio do problema, mas porque se trata de uma área de vida ou de morte que envolve sofrimento.

Acresce que é na saúde que mais facilmente se desvirtua o princípio de que somos todos iguais aos olhos da Constituição, mas uns acabam por ser mais iguais do que outros. No caso, os que têm seguro de saúde ou ADSE. Não é aceitável que um doente cardíaco da Guarda tenha de esperar cinco anos por uma primeira consulta.

José Mário Branco | Ele veio de longe e vai para longe,sempre inquieto


Aqui está o Curto do Expresso Bilderberg. Hoje é Vítor Matos que o “deita” cá para fora. José Mário Branco é a “vedeta fúnebre”. Uf! Exclamarão de si para si e para amigos de confiança dos seus grupos. “Que alívio”. Este já feneceu e passou para o “outro lado”, já aqui não está para desinquietar a sociedade alienada que o neoliberalismo tem formado e atualmente continua a formar com muito mais força.

Por outro lado, publicamente, dizem e escrevem a lamentar a morte do maldito comunista, do maldito revolucionário. A hipocrisia está-lhes no sangue. São os chicos-espertos que por aí abundam. São imensos dessa estirpe que vão para os governos, para deputados, que abundam na política da esquerda à direita. Tudo para se “safarem” na vida. “Maduros” que se vendem por troca de uma vida melhor, muito melhor e de poderes esconsos que quase sempre lhes dá o benefício de praticarem trafulhices e crimes que quase sempre são contemplados pela impunidade. 

Os “lamentos” e os “elogios” desses acerca de José Mário Branco, cheiram a tanta falsidade que o ar desde ontem está empestado, mal cheiroso. Sim, porque a hipocrisia e o “fazer de conta” também emana odores… desagradáveis. Evidentemente.

Faleceu um grande homem? Não. Pessoas como José Mário Branco nunca morrem. Hão-de viver sempre na memória e nas sociedades dos que os conhecem e dos que os conhecerão pela história, pelo que eles significam nas vidas terrenas e significam nas suas vidas eternas. Em cultura, em justiças, no combate pela liberdade e democracia defacto e não aquela com que nos pretendem iludir hoje, agora e sempre, até os povos consentirem.

Ele veio de longe e vai para longe mas deixa-nos um enorme legado, assente na luta quotidiana de justiça e liberdade. Por isso ele viveu e vive nos que sentem a mesma inquietação que não é só dele mas de todos nós.

Expresso Curto a seguir. Sem recomendações, nem reparos. Leia tudo. Só isto, simplesmente.

Bom dia, se conseguirem.

MM | PG

"Inquietação". Portugal a uma só voz no 'adeus' a José Mário Branco


Políticos, cantores e artistas juntam-se no reconhecimento e homenagem ao incontornável músico português que morreu na terça-feira, aos 77 anos. As cerimónias fúnebres de José Mário Branco começam esta quarta-feira, a partir das 17h00, no salão nobre da Voz do Operário, em Lisboa, sendo o funeral na quinta-feira à tarde.

José Mário Branco morreu esta terça-feira aos 77 anos mas a sua arte ficará para sempre. Esta é a mensagem que políticos, partidos, cantores, autores e artistas quiseram deixar no dia em que um dos mais importantes cantautores da música portuguesa partiu, fazendo referência à resistência e à convicção que sempre demonstrou.

Marcelo Rebelo de Sousa reagiu, ainda na manhã de ontem, na antena da RTP, à morte de José Mário Branco. "Consternação, reconhecimento e gratidão" foram as palavras que o Presidente da República usou para se referir ao autor, acrescentando que tentou que este fosse condecorado em vida, "mas ele, com a sua independência, sempre recusou". Agora, é algo que dependerá da vontade "da família", fez sobressair o Chefe de Estado.

Por sua vez, o primeiro-ministro António Costa lembrou o cantautor, recordando o "grande militante político" que traduziu na música essa militância e expressão. Já no Twitter, o líder do Governo tinha escrito: "Não esqueceremos a sua música, a sua inquietação."

Já Eduardo Ferro Rodrigues manifestou-se consternado com a notícia da morte de José Mário Branco, considerando que foi um "antifascista", um dos maiores nomes da canção portuguesa e uma "figura ímpar da música de intervenção". O presidente da Assembleia da República considerou que, para memória futura, ficarão "álbuns incontornáveis da música portuguesa". 

ministra da Cultura foi outra das personalidades que recordou o cantautor no dia da sua morte. Numa mensagem publicada na conta oficial do Ministério, na rede social Twitter, Graça Fonseca considerou que José Mário Branco é um "nome maior da música portuguesa" e uma "voz de luta e de intervenção".

Também os partidos políticos mais à Esquerda foram unânimes no reconhecimento ao músico. O Bloco de Esquerda, do qual José Mário Branco foi dirigente, prestou homenagem destacando o "artista, cantor e compositor" e também "um lutador político antifascista e combatente contra as opressões e as desigualdades". 

Francisco Louçã foi uma das figuras ligadas ao partido que elevou a sua voz na lembrança ao músico. Ressalvou, no Facebook: "não houve nem haverá muitos mais como ele e só posso lembrá-lo como um dos homens mais genuínos que tive a sorte de conhecer e de partilhar ideias e projetos".

Partido Socialista, pela voz de Ana Catarina Mendes, lamentou "profundamente a morte de José Mário Branco pelo enorme vazio que deixa na cultura portuguesa, pela luta que travou na resistência antifascista, pela convicção num mundo solidário e justo, pelo legado que deixa às novas gerações". A líder parlamentar do PS disse ainda que o autor é "um símbolo da resistência antifascista" e um "exemplo para a geração de Abril". 

Jerónimo de Sousa referiu-se a José Mário Branco como o músico que "transformou a canção numa arma" depois de 25 de Abril. O secretário-geral do PCP manifestou ainda as suas "condolências à família" e salientou que a morte do músico é "uma perda para a cultura" e para o país.

Partido LIVRE lamentou a morte do músico, afirmando que para artistas da sua dimensão "a morte nunca existirá" e que "resistir é vencer". "Para figuras da dimensão de José Mário Branco, a morte nunca existirá", sublinhou em comunicado.

Quanto aos dirigentes do Partido Ecologista Os Verdes, manifestaram "profundo pesar" pela morte do músico José Mário Branco, falecido aos 77 anos, dizendo que "o mundo da cultura fica mais pobre".

Também a  CGTP não ficou de fora e lembrou que o autor "participou solidariamente em muitas das ações e iniciativas promovidas" pela central sindical.  Foi "com profundo pesar” que recebeu a notícia sobre o “falecimento de uma das figuras maiores da nossa cultura".
Artes choram partida de José Mário Branco. 

"Tenho uma dor muito profunda, de repente esta morte súbita. Sempre fomos extremamente leais. Nunca houve um desentendimento. [...] As nossas vidas tocaram-se muito e tocaram-se em muitas aventuras criativas e pessoais". Sérgio Godinho, em afirmações emotivas à agência Lusa, recordou aquele que foi um dos seus "irmãos de armas".

Já o fadista Camané, que tinha José Mário Branco como produtor, falou num "grande compositor e músico fantástico", lembrando "um dos melhores compositores e melhores artistas e intérpretes da música portuguesa".

O contrabaixista Carlos Bica, defendeu que José Mário Branco "foi e continua a ser um dos melhores compositores portugueses de todos os tempos", referindo que guardará "para sempre", na memória e no coração, "a pessoa excecional que ele foi".


Entre as muitas homenagens e testemunhos deixados por figuras e instituições públicas nas redes sociais contam-se ainda os do escritor Francisco José Viegas, do argumentista Filipe Homem Fonseca, do jornalista Carlos Vaz Marques, do psiquiatra Júlio Machado Vaz, do festival Iminente, do Museu do Fado, da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLAB), do fotojornalista João Pina, do artista Alexandre Farto (Vhils), do ator Nuno Lopes e dos humoristas Nuno Markl e Bruno Nogueira. 

José Mário Branco é um dos mais importantes autores da música portuguesa e deixa um legado de 50 anos de música de inquietação, interventiva e militante. 

Nascido a 25 de maio de 1942, no Porto, José Mário Branco foi um renovador da música portuguesa, em particular a partir dos anos imediatamente anteriores à Revolução de Abril de 1974, e cujo trabalho se estendeu também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.

Exilou-se em França, em 1963, depois de perseguido pela PIDE, a polícia política da ditadura, militante comunista que se opôs ao regime ditatorial de Salazar e a uma participação na guerra colonial, e só regressou a Portugal depois da Revolução de Abril.

As cerimónias fúnebres do músico começam hoje, decorrendo no salão nobre da Voz do Operário das 17h00 às 22h30 e amanhã a partir das 11h00. O funeral parte para o cemitério do Alto de São João pelas 17h30 de amanhã.

Notícias ao Minuto com Lusa | Imagem: Lusa

Portugal | Camelo em pista de gelo


Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

Segunda-feira, dia 18 de novembro de 2019, duas da tarde. Escrevo este texto numa esplanada de Carcavelos. Está sol, a sensação térmica supera os 20 graus, há turistas no areal a bronzear-se.

É o novo normal, as pessoas estranham é quando chove no outono. Leio nos jornais que dois terços do país estão em seca severa ou extrema e que existem aldeias onde a água só chega em camiões-cisterna. O deserto aproxima-se a passos largos e o clima em Portugal assemelha-se cada vez mais ao do Norte de África.

Repito informação de uma realidade que todos bem conhecemos para tentar perceber o que leva um governante a anunciar orgulhosamente que os impostos dos portugueses vão ajudar a pagar a construção de um pavilhão do gelo em Lisboa. Puseram o país a olhar (imaginar) como boi para esse palácio. Não é uma pista de gelo, como aquela que existe em Viseu, paga e explorada por privados, ou aquela que a própria Federação de Desportos de Inverno quer montar na Covilhã, orçamentada em 400 mil euros. É um pavilhão para a prática de desportos de inverno, para custar milhões de euros. É este o novo desígnio para o país, construir uma infraestrutura que permita aos turistas fazer patinagem no gelo ou "curling", depois de uma volta de camelo nas portas do deserto ao sul do Tejo. Com um bocadinho de imaginação, ainda conseguem fazer um circo no gelo e o camelo faz umas horas extras de patinagem, para gáudio dos turistas.

Atenas acusa União Europeia de ver Grécia como “parque de estacionamento” de migrantes


O chefe do Governo conservador lamentou que Bruxelas “ignore o problema” do recrudescimento das chegadas de migrantes à Grécia.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, acusou a União Europeia de considerar a Grécia e outros países da Europa como “parques de estacionamento convenientes para refugiados e migrantes”, garantindo que não vai continuar a aceitar a situação.

Numa entrevista publicada esta terça-feira no jornal alemão Handelsblatt, o chefe do Governo conservador lamentou que Bruxelas “ignore o problema” do recrudescimento das chegadas de migrantes à Grécia. Mais de 1350 pessoas chegaram às ilhas gregas do mar Egeu entre sexta-feira e segunda-feira, de acordo com a Guarda Costeira grega. “Isto não pode continuar assim”, lamentou Kyriakos Mitsotakis, eleito em 7 de Julho passado.

“A Europa considera países de entrada, como a Grécia, como parques de estacionamento convenientes para refugiados e migrantes. É isto a solidariedade europeia? Não! Não aceito mais esta situação”, sublinhou o primeiro-ministro grego.

Catalunha | Amnistia Internacional questiona condenação de líderes independentistas


A Amnistia Internacional questionou hoje as sentenças de prisão impostas a políticos e dirigentes de associações cívicas independentistas catalãs, considerando que o crime de sedição é "vago" e permite uma interpretação "excessivamente ampla e perigosa".

A organização internacional defensora dos direitos humanos apresentou hoje as suas conclusões sobre o julgamento dos dirigentes principais responsáveis pela tentativa de independência de 2017 da Catalunha.

"Embora os líderes políticos catalães possam ter cometido um crime, que poderia ser legitimamente julgado em função dos cargos que ocupavam, a sua condenação por sedição - um crime definido com excessiva imprecisão - viola o princípio da legalidade internacional dos direitos humanos", afirma a Amnistia Internacional no documento, a propósito das condenações dos antigos membros do Governo catalão e da ex-presidente do parlamento regional, Carme Forcadell.

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