Alguns candidatos presidenciais
tecem críticas à CEDEAO. Mas numa coisa todos concordam: é preciso melhorar a
imagem externa da Guiné-Bissau. Analista diz que próximo Presidente será
crucial nessa tarefa.
Todos os doze candidatos às
presidenciais na Guiné-Bissau falam na necessidade de melhorar a imagem externa
do país, depois das eleições, a 24 de novembro. Mas alguns criticam a
postura da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)
durante a crise política guineense, bem como o reforço da força militar da
organização, a ECOMIB.
Um dos candidatos mais críticos
é Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância
Democrática (MADEM-G15).
Em vários comícios, Sissoco
Embaló tem dito que a CEDEAO e outras organizações não podem substituir a
"Constituição do país". Tem criticado ainda a recusa da
comunidade internacional em reconhecer a demissão do Governo de Aristides Gomes
pelo Presidente José Mário Vaz e mostrou-se contra a mediação da CEDEAO e, em
particular, do Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé.
Campanha eleitoral na Guiné-Bissau
"Não tenho nada contra as
decisões, porque, se eu for Presidente da República, estarei presente na hora
da tomada de decisões, mas acho que há prioridades. Há países com problemas de
jihadistas. Eu, [se for] Presidente, Alpha Condé não poderá imaginar ser mediador
na Guiné-Bissau", afirmou o candidato.
Domingos Simões Pereira,
candidato presidencial do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC, no poder), desdramatiza as críticas feitas à CEDEAO.
"A CEDEAO está cá para
assistir a Guiné-Bissau na criação de estabilidade interna, para poder
funcionar, de facto, como um Estado soberano", disse Simões Pereira.
Estabilidade do país como
prioridade
O especialista em relações
internacionais Midana Pinhel afirma que a melhoria das relações da Guiné-Bissau
com o mundo dependerá em grande medida do próximo Presidente.
"A imagem do país no mundo
depende de quem ganhar as eleições, porque o próprio país está parado, à
espera dos resultados eleitorais. Vamos esperar pelo comportamento do futuro
Presidente da República, porque precisa-se da credibilidade e confiança",
comenta Pinhel em entrevista à DW África.
Mas a melhoria da imagem externa
dependerá também da coordenação entre os órgãos do Estado, acrescenta
o professor universitário.
Pinhel lembra as últimas
declarações públicas do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
Biaguê Na Ntan, que recusou a vinda de mais forças militares da CEDEAO para a
Guiné-Bissau. Para o académico, isso demonstra que "ainda não há
sintonia. Pode não haver necessidade para que venham mais forças estrangeiras,
mas não deve ser o Chefe do Estado-Maior a dizer isso publicamente, isto
demonstra uma certa contradição. Poderia chamar o primeiro-ministro ou o
Presidente da República", frisa.
Vários parceiros bilaterais e
multilaterais, entre eles Portugal e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP), já se disponibilizaram a reforçar a cooperação com a Guiné-Bissau, mas
condicionaram esse reforço à manutenção do clima da estabilidade depois das
eleições presidenciais.
Iancuba Dansó (Bissau) Deutsche
Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário