A polícia angolana deteve hoje
jovens manifestantes que nas imediações do parlamento angolano, no centro de
Luanda, tencionavam protestar em favor das autarquias nos 164 municípios
angolanos, levando igualmente dois jornalistas da agência Lusa.
Pelas 08:30 da manhã já um forte
cordão policial preenchia as principais vias de acesso à Assembleia Nacional e
zonas adjacentes, sendo efetuadas revistas às pessoas que ali circulavam.
Os denominados "Jovens Pelas
Autarquias", devidamente identificados pelas camisolas pretas que trajavam
também foram detidos pela polícia angolana, impossibilitados de se concentrarem
e caminharem até ao portão sul do parlamento angolano.
Mais de dez jovens foram
empurrados para dentro de uma viatura policial e transportados até à segunda
esquadra, no Bairro Operário, para onde igualmente foram encaminhados
posteriormente dois jornalistas da Lusa sob pretexto de que "não poderiam
reportar o ato".
A patrulha da polícia
inicialmente levou os repórteres da Lusa para a quarta esquadra, a 600 metros
do parlamento angolano, sendo depois levados para a segunda esquadra onde ali
permaneceu mais de meia hora, até ser posta em liberdade sem quaisquer
explicações.
Entre os mais de 10 jovens
detidos estão o coordenador do Projeto Agir, organização sociedade civil,
Fernando Gomes, e o coordenador da Plataforma Cazenga em Ação (PLACA), Scoth
Kambolo, que à chegada na esquadra afirmou: "Um dia venceremos".
Também o ativista luso-angolano
Luaty Beirão, através do Twitter, referiu que estava a participar na
manifestação e foi levado pela polícia, referindo que não sabe se está detido.
Laulenu, província angolana do
Moxico, Projeto Agir, município do Cacuaco, Luanda, PLACA, município do
Cazenga, Luanda, Mizangala Yenu, província do Bengo, Okilunga, província da
Huíla e o Núcleo de Boas Ações de Luanda são as organizações cívicas promotoras
da manifestação que estava prevista para hoje frente ao parlamento, onde
decorre a primeira reunião plenária de 2020.
"Os Jovens Pelas
Autarquias" agendaram para hoje esta manifestação para protestar
"contra os vícios que enfermam o pacote legislativo autárquico", e
"exigem" a sua aprovação no primeiro trimestre de 2020 para que as
mesmas decorram "em simultâneo" em todos os municípios angolanos.
No lançamento da manifestação, em
14 de junho, Scoth Cambolo deu conta que as organizações cívicas já produziram
várias sugestões e propostas sobre as "várias incongruências" que
constam do pacote autárquico e "não tiveram qualquer respaldo das
autoridades".
Plataforma | Lusa
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