Durante cerca de uma semana
interrompemos as publicações quotidianas no Página Global, só recomeçámos ontem
em velocidade muito moderada, por esses dias não recorremos ao habitual
Expresso Curto que nos traz temas de Portugal e do mundo segundo seleção dos
profissionais do Expresso, um para cada dia – exceto aos fins-de-semana
(justo). Os temas trazidos são variados mas têm o interesse de consumirmos
resumos de assuntos da atualidade. Política, cultura, desporto… E uma ou outra
vez alguma “palha” – consideração que está disponível segundo a opinião de quem
lê (justo ou injusto).
Hoje temos Curto, da fábrica do
tio Balsemão Bilderberg e outras coisas, a Impresa. Pois. Neste Curto de hoje
sai à tona uma princesa russo-lusa-angolana. Isso mesmo: Isabel dos Santos.
Porque queremos ser breves
deixamos as considerações e interpretações do escrito por Jorge Araújo às vossas máquinas cerebrais. Pensar não dói nada.
Mas o Curto não tem só a tal princesa no conteúdo.
Tem muito mais digno de ser lido. Hoje há Rio e PSD. A lavra do autor do Expresso
Curto aborda os “laranjas” pseudo sociais democratas atrelados ao
fantasma de Sá Carneiro e à múmia de Cavaco Silva para tirarem vantagens dos que acreditarem e forem totós.
Basta. Aqui não pomos mais na escrita.
Deixamos para si o trabalho matinal do senhor do Expresso, Araújo. Bom dia, bom
resto de semana. Até amanhã. Atualize-se.
PG
Uma princesa à beira do
precipício
Jorge Araújo | Expresso
Nos contos de fadas as
histórias têm sempre um final feliz. Mas as princesas dos contos de fadas não
vivem no mundo real. E as pessoas de carne e osso sabem que o final das
histórias, de cada história, está sempre em aberto. Para o bem e para o
mal.
Isabel dos Santos era considerada
a princesa de Angola. O pai, o antigo presidente José Eduardo dos
Santos, era rei e senhor do país. Ser filha de quem é valia
como via verde para a felicidade. Para a posteridade.
Mas nesta história apareceu um
ator inesperado. Mal chegou ao poder, João Lourençou começou a esmiuçar a
Sagrada Família. E alterou o guião pré-definido.
Os problemas com Chizé e Zénu, os dois outros filhos de Eduardo dos Santos, foram uma espécie de aperitivo. Tudo indica que Isabel dos Santos será o prato principal.
Isabel dos Santos é agora uma princesa à beira do precipício. Tinha duas alternativas – olhar para trás ou saltar em frente. Apostou na segunda e anunciou uma possível candidatura à presidência de Angola.
Numa entrevista à RTP3, a filha de José Eduardo dos Santos disparou forte e em todas as direções. Antigos e atuais dirigentes angolanos – a começar pelo presidente João Lourenço - devem ter ficado com as orelhas a arder.
Isabel dos Santos disse ser vítima de uma campanha política. E falou muito do seu percurso de empresária de sucesso. Da sua transparência nos negócios. Quando o jornalista Vitor Gonçalves a questionou sobre a possibilidade de se candidatar à presidência da república, apenas disse : “É possível”.
Esta declaração não é inocente. O seu “timing” também não.
A vida de Isabel dos Santos é a história de uma mulher de carne e osso que, um dia, foi princesa. Tinha Angola a seus pés e Portugal de joelhos. Mas mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Agora é uma mulher cercada. Cercada pela justiça do seu país. Cercada pelos jornalistas um pouco por todo o mundo.
A justiça de Luanda decidiu arrestar as contas bancárias e as participações em empresas que ela e o marido detêm em Angola, sob a alegação de que o Estado foi prejudicado em mais de mil milhões de euros. Isabel dos Santos parece também saber que está a ser investigada por jornalistas e que uma bomba pode explodir a qualquer momento.
A justiça angolana lançou uma primeira vaga. O jornalismo de investigação está atrás da verdadeira história. O futuro guarda o final da história. Mas certamente não vai ser o de um conto de fadas.
Os problemas com Chizé e Zénu, os dois outros filhos de Eduardo dos Santos, foram uma espécie de aperitivo. Tudo indica que Isabel dos Santos será o prato principal.
Isabel dos Santos é agora uma princesa à beira do precipício. Tinha duas alternativas – olhar para trás ou saltar em frente. Apostou na segunda e anunciou uma possível candidatura à presidência de Angola.
Numa entrevista à RTP3, a filha de José Eduardo dos Santos disparou forte e em todas as direções. Antigos e atuais dirigentes angolanos – a começar pelo presidente João Lourenço - devem ter ficado com as orelhas a arder.
Isabel dos Santos disse ser vítima de uma campanha política. E falou muito do seu percurso de empresária de sucesso. Da sua transparência nos negócios. Quando o jornalista Vitor Gonçalves a questionou sobre a possibilidade de se candidatar à presidência da república, apenas disse : “É possível”.
Esta declaração não é inocente. O seu “timing” também não.
A vida de Isabel dos Santos é a história de uma mulher de carne e osso que, um dia, foi princesa. Tinha Angola a seus pés e Portugal de joelhos. Mas mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Agora é uma mulher cercada. Cercada pela justiça do seu país. Cercada pelos jornalistas um pouco por todo o mundo.
A justiça de Luanda decidiu arrestar as contas bancárias e as participações em empresas que ela e o marido detêm em Angola, sob a alegação de que o Estado foi prejudicado em mais de mil milhões de euros. Isabel dos Santos parece também saber que está a ser investigada por jornalistas e que uma bomba pode explodir a qualquer momento.
A justiça angolana lançou uma primeira vaga. O jornalismo de investigação está atrás da verdadeira história. O futuro guarda o final da história. Mas certamente não vai ser o de um conto de fadas.
ELE QUER SER ONDA. MAS TEM UM RIO PELA FRENTE
O mar tem dores que só o rio consegue acalmar. Mas não é liquido que o Rio do PSD consiga acalmar as dores deste mar revolto em que se transformou o maior partido da Oposição. Mesmo que vença a segunda volta das primárias marcadas para este sábado, a maré continuará agitada.
As armas e os barões estão devidamente assinalados. Mas ainda se contam as últimas espingardas. Um voto é um voto. Todos os votos contam.
Rui Rio acredita que vai continuar a ser o senhor do leme. Montenegro aposta na remontada. No fundo, quer fazer um “remake” de um célebre filme de 1986, aquele que teve Mário Soares e Freitas do Amaral como atores principais.
Ontem foram filmadas cenas capitais para o desfecho deste enredo. Foi o dia em que os dois candidatos à liderança do PSD lançaram as redes no distrito de Lisboa. Porquê Lisboa? Por uma razão muito simpes: como explica o Miguel Santos Carrapatoso, é aqui que os mais de dois mil militantes que votaram em Miguel Pinto Luz na primeira volta estão orfãos de candidatos.
Mas aconteça o que acontecer no próximo sábado, por este Rio acima há um mar difícil de acalmar.
EM CASA ONDE NÃO HÁ CHEFE...
Não é só no PSD que as águas estão agitadas. Mais à direita, no CDS, as coisas não estão melhores desde que Assunção Cristas desapareceu em combate. Mas aqui a lavagem de roupa suja faz-se nas redes sociais.
Quem lançou a primeira pedra foi Francisco Mendes da Silva, presidente da distrital de Viseu e apoiante de João Almeida à liderança do Partido. Num artigo de opinião publicado no "Jornal de Negócios" acusa alguns dos outros candidatos de “tentarem encostar o CDS o mais possível à direita”.
A resposta não se fez esperar como conta a jornalista Mariana Lima Cunha num artigo onde não faltam comparações a Bolsonaro e acusações de cobardia. Aguardam-se as cenas dos próximos capitulos.
Não é só no PSD que as águas estão agitadas. Mais à direita, no CDS, as coisas não estão melhores desde que Assunção Cristas desapareceu em combate. Mas aqui a lavagem de roupa suja faz-se nas redes sociais.
Quem lançou a primeira pedra foi Francisco Mendes da Silva, presidente da distrital de Viseu e apoiante de João Almeida à liderança do Partido. Num artigo de opinião publicado no "Jornal de Negócios" acusa alguns dos outros candidatos de “tentarem encostar o CDS o mais possível à direita”.
A resposta não se fez esperar como conta a jornalista Mariana Lima Cunha num artigo onde não faltam comparações a Bolsonaro e acusações de cobardia. Aguardam-se as cenas dos próximos capitulos.
OUTRAS NOTÍCIAS
TRÉGUAS. Dezoito meses depois, a China
e os Estados Unidos decidiram deitar água na fervura e evitar a escalada
na guerra comercial entre as duas maiores potências do globo. A “Fase Um” do
cessar-fogo foi assinado na sala Leste da Casa Branca por Donald Trump e
pelo vice-primeiro ministro chinês, Liu He, o homem forte da política
económica de Pequim.
A China quer que as suas empresas sejam tratadas “de modo justo”. JáTrump promete eliminar todas as tarifas caso se caminhe para a “Fase Dois”. O Jorge Nascimento Rodrigues explica com que linhas se cose este acordo, mas deixa um alerta. “A fase dois fica ao sabor da campanha eleitoral nos EUA até novembro”.
RÚSSIA. Ontem foi um dia agitado em Moscovo. O Primeiro Ministro Dimitri Medvedev apresentou a sua demissão, levando com ele o governo. O anúncio foi feito na televisão estatal, com Vladimir Putin ao seu lado.
Putin fica com as mãos livres para proceder às alterações constitucionais que defendera horas antes no seu discurso sobre o estado da nação. E não perdeu tempo a encontrar um sucessor para seu aliado de longa data. Trata-se do responsável pela Autoridade Tributária, Mikhail Mishustin.
O José Milhazes, que percebe do assunto mais do que eu, explica-lhe o que aí vem.
A China quer que as suas empresas sejam tratadas “de modo justo”. JáTrump promete eliminar todas as tarifas caso se caminhe para a “Fase Dois”. O Jorge Nascimento Rodrigues explica com que linhas se cose este acordo, mas deixa um alerta. “A fase dois fica ao sabor da campanha eleitoral nos EUA até novembro”.
RÚSSIA. Ontem foi um dia agitado em Moscovo. O Primeiro Ministro Dimitri Medvedev apresentou a sua demissão, levando com ele o governo. O anúncio foi feito na televisão estatal, com Vladimir Putin ao seu lado.
Putin fica com as mãos livres para proceder às alterações constitucionais que defendera horas antes no seu discurso sobre o estado da nação. E não perdeu tempo a encontrar um sucessor para seu aliado de longa data. Trata-se do responsável pela Autoridade Tributária, Mikhail Mishustin.
O José Milhazes, que percebe do assunto mais do que eu, explica-lhe o que aí vem.
FUTEBOL. Depois do Futebol Clube
do Porto e do Benfica, o Famalicão é a terceira equipa com lugar garantido nas
meias finais da Taça de Portugal. Foi ontem vencer em Paços de Ferreira por um
a zero e sabe que na próxima ronda defronta as Águias.
Hoje entra em campo o Canelas - a equipa onde joga o líder dos super-dragões, Fernando Madureira,também conhecido por “Macaco”. Vai medir forças com o Académico de Viseu para a última vaga das meias finais. Um jogo que é considerado de alto risco pela PSP. Será que vamos ter uma equipa do campeonato de Portugal no recreio dos grandes?
Hoje entra em campo o Canelas - a equipa onde joga o líder dos super-dragões, Fernando Madureira,também conhecido por “Macaco”. Vai medir forças com o Académico de Viseu para a última vaga das meias finais. Um jogo que é considerado de alto risco pela PSP. Será que vamos ter uma equipa do campeonato de Portugal no recreio dos grandes?
CINEMA. Goste-se ou não, qualquer
filme de Terrence Malick é sempre um acontecimento. Hoje estreia em
Portugal “Uma Vida Escondida”, a história de um objetor de consciência
austríaco martirizado pelos nazis na II Guerra Mundial.
Na revista do Expresso deste sábado temos uma entrevista com o ator August Diehl sobre a rodagem do filme. “Malick levou-me a arar os campos e a tratar do gado, ensinou-me a ser camponês”, confidenciou a Francisco Ferreira, numa entrevista feita em Cannes na estreia mundial do filme.
A propósito deste último filme do realizador de “A Árvore da Vida”, Palma de Ouro em Cannes 2011,escreve o crítico de cinema do Expresso que é o “filme mais narrativo de Terrence Malick desta última década. É também aquele do qual se poderá dizer com propriedade e rigor que (e passe o cliché) tem‘princípio, meio e fim”.
O QUE EU ANDO A LER
Confesso que sou fã
incondicional de Chico Buarque. Do Chico das canções e do Chico dos romances.
Não raras vezes, dou por mim a trautear uma das suas melodias enquando passeio
o olhar pelas páginas dos seus livros.
Chico Buarque é um escultor da palavra, usa-a com delicadeza, mesmo quando as palavras devoram o mais profundo das nossas entranhas. Como esquecer os versos de arranque de “Construção”: “ Amou daquela vez como se fosse a última / Beijou sua mulher como se fosse a última / E cada filho seu como se fosse o único / E atravessou a rua com seu passo tímido”.
Ou esta estrofe de “Pedaço de Mim”: “Oh, pedaço de mim/ Oh, metade arrancada de mim/ Leva o vulto teu/Que a saudade é o revés de um parto/ A saudade é arrumar o quarto/ Do filho que já morreu”.
Gosto de todos os seus livros. Sem excepção. Mas “Budapeste” e “Leite Derramado” são claramente os meus favoritos, estão alguns furos acima de “Estorvo” e de “O irmão Alemão”.
Por isso, cada canção ou livro novo é, para mim, uma alegria sem tamanho. “Essa Gente”, o seu mais recente livro, é o meu próximo livro de cabeceira. Sei que não me vai desiludir. Nunca me desiludiu.
Como nem só de ficção vive o homem, devo confessar que o que realmente ando a ler esta semana é o que vai ler na revista do Expresso no próximo sábado.
Trata-se da segunda revista especial de aniversário - o Expresso fez 47 anos no dia 6 de janeiro – e,em mais de 200 páginas, lançamos um olhar atento sobre a próxima década. De leitura obrigatória, portanto.
Chico Buarque é um escultor da palavra, usa-a com delicadeza, mesmo quando as palavras devoram o mais profundo das nossas entranhas. Como esquecer os versos de arranque de “Construção”: “ Amou daquela vez como se fosse a última / Beijou sua mulher como se fosse a última / E cada filho seu como se fosse o único / E atravessou a rua com seu passo tímido”.
Ou esta estrofe de “Pedaço de Mim”: “Oh, pedaço de mim/ Oh, metade arrancada de mim/ Leva o vulto teu/Que a saudade é o revés de um parto/ A saudade é arrumar o quarto/ Do filho que já morreu”.
Gosto de todos os seus livros. Sem excepção. Mas “Budapeste” e “Leite Derramado” são claramente os meus favoritos, estão alguns furos acima de “Estorvo” e de “O irmão Alemão”.
Por isso, cada canção ou livro novo é, para mim, uma alegria sem tamanho. “Essa Gente”, o seu mais recente livro, é o meu próximo livro de cabeceira. Sei que não me vai desiludir. Nunca me desiludiu.
Como nem só de ficção vive o homem, devo confessar que o que realmente ando a ler esta semana é o que vai ler na revista do Expresso no próximo sábado.
Trata-se da segunda revista especial de aniversário - o Expresso fez 47 anos no dia 6 de janeiro – e,em mais de 200 páginas, lançamos um olhar atento sobre a próxima década. De leitura obrigatória, portanto.
O QUE ANDO A OUVIR
Madonna tomou de assalto o Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Ao todo são oito espectáculos,esgotados há largos meses. Diz quem assistiu que o ponto alto é a parceria de Madonna com as batukadeiras de Cabo Verde. Para alegria dos seus ouvidos, e dos seus olhos, deixo-lhe aqui o video de “Batuka”
Hoje vou acabar o Curto a falar de um amigo. E não é por ser meu amigo, é porque Dany Mariano é um grande compositor. Recentemente, durante as minhas férias no Mindelo, em São Vicente, ofereceu-me o seu último CD.
Era o disco que faltava. Acompanho a sua carreira desde a adolescência e conheço algumas das suas músicas de cor e salteado.
É o caso de “Vida Tem um Só Vida”, que escreveu em parceria com Manel D’Novas, outro grande trovador das ilhas e que foi imortalizado por Cesária Évora.
Ou de “Mi É Dod Na Bô Cabo Verde” que a Fantcha canta, com a alma de uma ilha inteira. Essa ilha, guardada por uma cara esculpida numa rocha. Se não conhece São Vicente, não sabe o que perde.
Continuação de um bom dia.
Madonna tomou de assalto o Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Ao todo são oito espectáculos,esgotados há largos meses. Diz quem assistiu que o ponto alto é a parceria de Madonna com as batukadeiras de Cabo Verde. Para alegria dos seus ouvidos, e dos seus olhos, deixo-lhe aqui o video de “Batuka”
Hoje vou acabar o Curto a falar de um amigo. E não é por ser meu amigo, é porque Dany Mariano é um grande compositor. Recentemente, durante as minhas férias no Mindelo, em São Vicente, ofereceu-me o seu último CD.
Era o disco que faltava. Acompanho a sua carreira desde a adolescência e conheço algumas das suas músicas de cor e salteado.
É o caso de “Vida Tem um Só Vida”, que escreveu em parceria com Manel D’Novas, outro grande trovador das ilhas e que foi imortalizado por Cesária Évora.
Ou de “Mi É Dod Na Bô Cabo Verde” que a Fantcha canta, com a alma de uma ilha inteira. Essa ilha, guardada por uma cara esculpida numa rocha. Se não conhece São Vicente, não sabe o que perde.
Continuação de um bom dia.
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