Os atos fundadores da criação dos
atuais Estados-Nacionais da República da Guiné-Bissau e da República de Cabo
Verde
(em homenagem a todos os
Combatentes da Liberdade da Pátria Bissau-Guineenses e Cabo-Verdianos, Juntos)
Abdulai Keita* | opinião
São constituídos de nove
componentes, a saber:
1 – Uma figura e personalidade
político-moral ímpar, central, de referência (o componente da pessoa física): AMILCAR
CABRAL;
2 – Um ideal, causa, razão e
condição principal, fundamental e essencial de existência dos atuais
Estados-Nacionais bissau-guineense e cabo-verdiano (o componente do fundamento
ideológico basilar, o pensamento original enquadrador de tudo e todo o resto): INDEPENDÊNCIA
(entendido no sentido do valor; do direito inalienável e não negociável de cada
povo à autodeterminação; e igualmente, seja qual for as circunstancias de vida
de quaisquer pessoas humanas em qualquer momento e lugar, entendido no sentido
de: i) negação de qualquer espécie de dependência [quer dizer, desrespeito,
violação, amedrontamento, subjugação, servidão, humiliação, espoliação,
dominação, exploração de qualquer espécie, tutelagem...] em relação a qualquer
grupo humano ou força de qualquer origem, de fora ou dentro do continente
africano, no espaço e no tempo, e; ii) rejeição absoluta de qualquer tendência,
vontade e prática hegemónica [quer dizer, a perceção da alteridade no Outro/Vós
em relação a Eu/Nós em como Ser/Entidade inferior, desprezível e sujeito, a
bel-prazer, a quaisquer géneros de tratamento; a conquista, submissão e
dominação colonial em todos os sentidos do termo, do tal Outro/Vós percebido e
pensado como o Ser/Entidade inferior] pretendida e praticada por quem quer que
seja o grupo humano ou força de qualquer origem, de fora ou dentro do
continente africano, no espaço e no tempo). Enfim (juntando o sentido destes
dois itens), a negação e rejeição ao par, do colonialista na mente do
colonizado e, do colonizado na do colonialista. Numa só palavra, uma INDEPENDÊNCIA
que significa a humanização e libertação total, e do colonizado, e do
colonialista ao par.
A INDEPENDÊNCIA conquistada no
quadro deste entendimento nestas suas dimensões pela luta comum dos então
colonizados povos da Guiné e Cabo Verde contra o jugo do regime colonial
fascista e ditatorial euro-português, fundada numa visão estratégica
Pan-africanista/humanista, orientada na execução de todos os atos, pelo
princípio central e divisa da unidade e luta (Unidade na Guiné; Unidade em Cabo
Verde; Unidade da Guiné e Cabo Verde; Unidade Africana);
4 – Dois símbolos de
representação da identidade e dignidade nacionais e da luta pela conquista
destas mesmas (os componentes das marcas de identidade): a BANDEIRA DO PAIGC (vermelho
em travessa vertical, amarelo, verde no horizontal, uma estrela negra no centro
da faixa vermelha e a sigla PAIGC, no horizontal, em baixo desta estrela) e o HINO
DO PAIGC (esta é a nossa pátria amada);
5 – Três datas de referência
histórica dos atuais Estados-Nacionais bissau-guineense e cabo-verdiano (os
componentes da data de nascimento, do estabelecimento, reconhecimento e da
afirmação definitiva da existência de uma entidade com sua identidade própria):
24 DE SETEMBRO DE 1973, dia da proclamação unilateral da independência da
República da Guiné-Bissau pelo PAIGC no território desta atual República; 26 DE
AGOSTO DE 1974, dia da assinatura do “Acordo de Argel” na Argélia, consagrando
a aceitação, pelo Governo português, do princípio da imperatividade do
reconhecimento imediato da independência já proclamada da República da
Guiné-Bissau e, a aceitação, por este mesmo Governo português, do princípio da
imperatividade da independência da República de Cabo Verde, da perspetiva da
sua realização e do seu então logo reconhecimento no decorrer do ano de 1975; e
05 DE JULHO DE 1975, dia da proclamação da independência de Cabo Verde pelo
PAIGC em Cabo Verde e, o seu reconhecimento imediato pelo Governo
português.
OE; 19.01.2020
*Pesquisador Independente e
Sociólogo (DEA/ED)
*Agradecimento: Os profundos e
sinceros votos de agradecimento do autor vão a seu camarada de luta, irmão,
amigo e colega, Braima Sambú Dabó (formado em Sociologia e História), por ter
tomado e dedicado uma importante parcela do seu precioso tempo à leitura do
manuscrito do presente trabalho, pelos seus conselhos, críticas e apreciações
que foram de grande utilidade na realização da presente versão. E, a notar:
todas as contribuições do género continuam bem-vindas.
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