domingo, 5 de janeiro de 2020

Portugal | PCP condena ataque dos EUA e desafia Governo a "condenar ato de guerra"


O PCP condenou hoje a morte do general iraquiano Qassem Soleimani e desafiou o Governo português a "condenar de forma clara este ato de guerra e escalada de provocação", exigindo também a retirada das tropas portuguesas no Iraque.

"O PCP condena os ataques militares no Iraque e o assassinato de um dos mais altos responsáveis militares do Irão perpetrados pelos EUA, o que constitui um inequívoco ato de guerra cujos desenvolvimentos podem ter consequências profundamente negativas para os povos do Médio Oriente e repercussões em todo o mundo", lê-se numa nota de imprensa hoje divulgada.

Na nota, os comunistas desafiam o Governo português a, "de forma clara, condenar este ato de guerra e escalada de provocação, sob pena de se tornar cúmplice dos crimes de guerra de Trump e Netanyahu e associar ainda mais Portugal às políticas incendiárias e criminosas do imperialismo".

No comunicado, o PCP diz que "este ataque militar representa um gravíssimo passo na escalada de tensão, provocação e agressão protagonizada pelos EUA e Israel no Médio Oriente -- em que se integra a violação pelos EUA do 'Acordo Nuclear sobre o Irão' e a ofensiva contra este país --, visando impor a hegemonia do imperialismo norte-americano em toda a região".


Lamentando a falta de condenação do ataque feito na semana passada pelos EUA pela União Europeia, os comunistas argumentam que "os recentes acontecimentos comprovam a justeza das reiteradas posições do PCP de não envolvimento de forças militares ou militarizadas portuguesas em agressões e intervenções contra outros povos, contrárias ao interesse e à segurança nacional" e concluem: "Neste sentido, o PCP considera urgente a retirada do contingente militar português estacionado no Iraque".

O general Qassem Soleimani morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdad, e que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.

No mesmo ataque morreu também o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras seis pessoas.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O ataque já suscitou várias reações, levando quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas -- Rússia, França, Reino Unido e China -- a alertarem para o inevitável aumento das tensões na região e a pedirem às partes envolvidas que reduzam a tensão. O quinto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU são os Estados Unidos.

No Irão, o sentimento é de vingança, com o Presidente e os Guardas da Revolução a garantirem que o país e "outras nações livres da região" vão vingar-se dos Estados Unidos.

Do lado iraquiano, o primeiro-ministro demissionário, Adel Abdel Mahdi, advertiu que este assassínio vai "desencadear uma guerra devastadora no Iraque" e o grande ayatollah Ali al-Sistani, figura principal da política iraquiana, considerou o assassínio de Qassem Soleimani "um ataque injustificado" e "uma violação flagrante da soberania iraquiana".

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: Global Imagens

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