Mamadou Ba, dirigente do SOS
Racismo, diz ser “inacreditável” que “nenhum dirigente do país” tenha vindo a
público falar do caso do jovem cabo-verdiano que morreu no dia 31 de dezembro
após ter sido alegadamente espancado por um grupo de 15 pessoas, em Bragança. O
Ministério dos Negócios Estrangeiros pronunciou-se, pela primeira vez, este
domingo à noite.
“Mesmo que não seja uma razão
racial que esteja na origem do assassinato, independentemente das circunstâncias da
sua morte, o silêncio sobre a morte de Luís é revelador do racismo que
existe em Portugal. Não tenho a menor dúvida”, sublinhou Mamadou Ba em
declarações ao Notícias ao Minuto.
Para o ativista, o facto de
“nenhum dirigente do país” ter vindo a público falar sobre o crime é
“inacreditável”.
“Imaginemos que tinha sido um
jovem branco a ser espancado por 15 jovens negros e que essas agressões resultassem
numa morte. Teríamos o país inteiro mobilizado, indignado, a exigir Justiça e o
apuramento das responsabilidades. Todas as entidades públicas e políticas
estariam neste momento já em campo a dizer o que pensavam sobre a situação e a
exigir responsabilidades. Não foi o caso”, conjeturou.
Apontando que “o caso ficou 10
dias a marinar e só se soube porque se tornou viral nas redes
sociais”, o ex-assessor bloquista reforçou que “se tivesse sido ao
contrário” já teriam surgido vozes “da extrema-direita a exigir mão forte
contra os criminosos e que se fizesse justiça”, tal como, “responsáveis de
tutela a dizer que se tem de garantir a ordem pública”. “É absolutamente
revoltante”, acrescentou.
Sem esquecer “as conquistas
do último ano” no que diz respeito ao combate contra o racismo em Portugal, Mamadou Ba
afirmou que a “indiferença total que se nota neste caso” demonstra falta de
“clarividência institucional” e uma incapacidade da sociedade portuguesa em
confrontar a “vivacidade do racismo” presente no país.
“As pessoas não querem ouvir
falar de racismo, não querem admitir que há racismo no país e parece-me também
que há uma espécie de cedência das forças políticas relativamente a esta questão.
Somos um país que se quer enganar a si próprio, pensando que não falando da
situação ela deixa de existir”, sustentou.
“Não podemos continuar a fechar
os olhos, temos de confrontar esta questão é a única maneira de a resolvermos”,
concluiu.
Ao Notícias ao Minuto, o ativista confirmou
ainda que irá marcar presença numa das várias marchas de silêncio em
homenagem ao estudante, que irão decorrer no dia 11 de janeiro, por volta
das 15h, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na Avenida dos Aliados, no Porto, na
Praça da República, em Coimbra, e na Igreja da Sé, em Bragança. O SOS Racismo
estará representado na capital.
Durante a última semana,
recorde-se, Joacine Katar Moreira, do partido Livre, as deputadas socialistas Edite Estrela e Isabel Moreira e o bloquista José Soeiro foram
algumas das vozes que se insurgiram e vieram a público condenar o homicídio.
Contudo, durante a noite de
ontem, após o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo
Verde, Luís Filipe Tavares, ter pedido "celeridade" no
"esclarecimento cabal" pelas autoridades portuguesas da
"trágica" morte do estudante e o Presidente da República de Cabo
Verde, Jorge Carlos Fonseca, ter adiantado que também estava a acompanhar os
contornos da "morte brutal" do estudante, o Governo português reagiu pela primeira vez:
"Lamentamos profundamente a
bárbara agressão de que resultou a morte, em Bragança, de um estudante cabo-verdiano.
Os responsáveis serão identificados e levados à justiça", afirmou o
Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal através da sua conta na rede
social Twitter.
"Os cabo-verdianos são
nossos irmãos e muito bem-vindos em Portugal", acrescentou a tutela.
Por sua vez, o embaixador de Cabo
Verde em Portugal, Eurico Monteiro, pedira já, este sábado, a clarificação "cabal"
das circunstâncias da morte do estudante cabo-verdiano, informando
que o corpo do jovem deverá ser transladado para o seu país natal esta
semana.
Giovani, como era
conhecido, estava a viver há apenas dois meses em Portugal para estudar
Design de Jogos Digitais no Instituto Politécnico de Bragança. O jovem, de 21
anos, acabou por morrer no Hospital de Santo António, no Porto, no dia 31 de dezembro do
ano passado, devido às agressões que sofreu, no dia 21 de dezembro, depois
de ter estado 10 dias internado.
A polícia portuguesa já terá
identificado dois suspeitos, mas, até ao momento, não houve qualquer
detenção. O caso acabou por gerar uma onda de indignação nas redes sociais,
manifestando-se em críticas à falta de “comoção nacional” para com o caso e à
falta de atuação por parte das autoridades.
“Mesmo que não seja uma razão
racial que esteja na origem do assassinato, independentemente das circunstâncias da
sua morte, o silêncio sobre a morte de Luís é revelador do racismo que
existe em Portugal. Não tenho a menor dúvida”, sublinhou Mamadou Ba em
declarações ao Notícias ao Minuto.
Para o ativista, o facto de
“nenhum dirigente do país” ter vindo a público falar sobre o crime é
“inacreditável”.
“Imaginemos que tinha sido um
jovem branco a ser espancado por 15 jovens negros e que essas agressões resultassem
numa morte. Teríamos o país inteiro mobilizado, indignado, a exigir Justiça e o
apuramento das responsabilidades. Todas as entidades públicas e políticas
estariam neste momento já em campo a dizer o que pensavam sobre a situação e a
exigir responsabilidades. Não foi o caso”, conjeturou.
Apontando que “o caso ficou 10
dias a marinar e só se soube porque se tornou viral nas redes
sociais”, o ex-assessor bloquista reforçou que “se tivesse sido ao
contrário” já teriam surgido vozes “da extrema-direita a exigir mão forte
contra os criminosos e que se fizesse justiça”, tal como, “responsáveis de
tutela a dizer que se tem de garantir a ordem pública”. “É absolutamente
revoltante”, acrescentou.
Sem esquecer “as conquistas
do último ano” no que diz respeito ao combate contra o racismo em Portugal, Mamadou Ba
afirmou que a “indiferença total que se nota neste caso” demonstra falta de
“clarividência institucional” e uma incapacidade da sociedade portuguesa em
confrontar a “vivacidade do racismo” presente no país.
“As pessoas não querem ouvir
falar de racismo, não querem admitir que há racismo no país e parece-me também
que há uma espécie de cedência das forças políticas relativamente a esta questão.
Somos um país que se quer enganar a si próprio, pensando que não falando da
situação ela deixa de existir”, sustentou.
“Não podemos continuar a fechar
os olhos, temos de confrontar esta questão é a única maneira de a resolvermos”,
concluiu.
Ao Notícias ao Minuto, o ativista confirmou
ainda que irá marcar presença numa das várias marchas de silêncio em
homenagem ao estudante, que irão decorrer no dia 11 de janeiro, por volta
das 15h, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na Avenida dos Aliados, no Porto, na
Praça da República, em Coimbra, e na Igreja da Sé, em Bragança. O SOS Racismo
estará representado na capital.
Durante a última semana,
recorde-se, Joacine Katar Moreira, do partido Livre, as deputadas socialistas Edite Estrela e Isabel Moreira e o bloquista José Soeiro foram
algumas das vozes que se insurgiram e vieram a público condenar o homicídio.
Contudo, durante a noite de
ontem, após o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo
Verde, Luís Filipe Tavares, ter pedido "celeridade" no
"esclarecimento cabal" pelas autoridades portuguesas da
"trágica" morte do estudante e o Presidente da República de Cabo
Verde, Jorge Carlos Fonseca, ter adiantado que também estava a acompanhar os
contornos da "morte brutal" do estudante, o Governo português reagiu pela primeira vez:
"Lamentamos profundamente a
bárbara agressão de que resultou a morte, em Bragança, de um estudante cabo-verdiano.
Os responsáveis serão identificados e levados à justiça", afirmou o
Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal através da sua conta na rede
social Twitter.
"Os cabo-verdianos são
nossos irmãos e muito bem-vindos em Portugal", acrescentou a tutela.
Por sua vez, o embaixador de Cabo
Verde em Portugal, Eurico Monteiro, pedira já, este sábado, a clarificação
"cabal" das circunstâncias da morte do estudante cabo-verdiano, informando
que o corpo do jovem deverá ser transladado para o seu país natal esta
semana.
Giovani, como era
conhecido, estava a viver há apenas dois meses em Portugal para estudar Design
de Jogos Digitais no Instituto Politécnico de Bragança. O jovem, de 21 anos,
acabou por morrer no Hospital de Santo António, no Porto, no dia 31 de dezembro do
ano passado, devido às agressões que sofreu, no dia 21 de dezembro, depois
de ter estado 10 dias internado.
A polícia portuguesa já terá
identificado dois suspeitos, mas, até ao momento, não houve qualquer
detenção. O caso acabou por gerar uma onda de indignação nas redes sociais,
manifestando-se em críticas à falta de “comoção nacional” para com o caso e à
falta de atuação por parte das autoridades.
Mafalda Tello Silva | Notícias ao
Minuto | Imagem: © Global Imagens
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