quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

CDS/PP: CHICÃO “MATOU” ABEL, O MONSTRO?


Eis a imagem para mais tarde recordar: Abel à nossa esquerda, Chicão à nossa direita. Falta Caim... Ou será que a história acaba aqui? Viva mais uns tempos para saber qual o desenlaçe.

Por portas e travessas, não por Portas nem por Cristas, sabe-se que Chicão, o novo presidente do CDS, se ajoelhou numa das salas do Largo do Caldas, sede do CDS, e pediu encarecidamente que Abel se demitisse do cargo diretivo que ocupava. A razão é por quase todos conhecida: porque Abel é um comprovado nazifascista muito descarado, com saudades do ditador Salazar e da PIDE/DGS (polícia política atroz e assassina), além de odiar que salvassem as vidas dos judeus quando os seus destinos se cruzaram com a fatal extinção preconizada pelos nazifascistas, caso de Hitler e de subordinados votados a essas pretensões, como vimos ter acontecido ao longo dos dias e das noites nazifascistas que ensombraram os países da Europa e ainda mais além. Domínio do III Reich (reichkuspartam) nos anos 30/40 do século que já lá vai.

Para o presidente do CDS/PP, recém-eleito num congresso impregnado de bolor, Francisco Rodrigues dos Santos (e outros), ainda era  de bom tom ladearem-se na compincha do adorador de Salazar e amante do extermínio dos judeus no holocausto, esse tal Abel Matos Santos. Vai daí acabou por Abel assumir um cargo diretivo e ambos posarem com os vês de vitória e punhos quase cerrados na foto, para recordarem prazenteiramente mais tarde. Mas foi sol de pouca dura. Depois Chicão "matou" Abel" sem se sentir ou ser Caim.

A comunicação social, como sete cães a um osso saboroso de roer, levou Abel a figura não grata nem recomendável devido às suas vestes e dizeres nazi-fascistas (por escrito ou da boca para fora). Francisco, o Chicão presidente, rosnou mas aquiesceu, tentando transportar o seu (deles) comparsa Abel a bom-porto. Qual quê. Nódoa assim só sai nunca, nem há o que a tire.

Dizem, os que propalam por tudo e nada, que Chicão é outro que tal Abel… mas contido e armado com estratégia de “engana os que podes o mais possível”. Aliás, há muitos no CDS que assim consideram e esperam extremos vindos das artes do presidente recém-eleito. Se assim acontecerá ou não mais à frente no tempo veremos da razão dos que juram a pés juntos que tal acontecerá. São esses os que estão 'piursos' com a eleição de Chicão e garantem que “o CDS sempre foi um partido democrático, nunca tendo pactuado com extremismos. Não? Sim? Nim. A chamada "Rede Bombista" e etc. (1974/75) foi o quê?

A abertura do Curto do Expresso traz mais sobre o Abel e o CDS/PP. Vá ler, apesar de em nada estar configurado nesta história um Caim. Ou será que esse é o próprio Abel? Chicão não?

Leia a seguir, descubra por si. Ou espere que no futuro possa vislumbrar algo nefasto naquele novo presidente do novo CDS.

Avancem e guardem para vós um bom dia. Saúde.

MM | PG



Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Abel e o monstro

João Cândido da Silva | Expresso

Bom dia,

Abel Matos Santos apresentou a demissão do cargo directivo que ocupava desde há pouco mais de uma semana no CDS. A iniciativa parece tardia, mas a responsabilidade pelo atraso não fica apenas sobre os seus ombros. As controversas declarações que publicou no Facebook entre 2012 e 2016 passaram, sem escândalo, durante as lideranças anteriores, de Paulo Portas a Assunção Cristas.

Há escassos dias, Sílvio Cervan, actual vice-presidente do CDS, garantia que Abel Matos Santos "teve sempre a confiança política de todas as lideranças", uma afirmação que testemunha a displicência com que os centristas tentaram transformar o intolerável num episódio irrelevante, secundário, descartável e, até, fruto de uma eventual conspiração destinada a manchar a sua credibilidade.

Para um partido que se declara democrata-cristão, “humanista, personalista, profundamente tributário dos princípios democráticos, da obediência ao primado da dignidade da pessoa humana, da tolerância, e do respeito pelos povos”, a incompatibilidade dos princípios com as proclamações de Matos Santos na lixeira tribalista das redes sociais é de uma evidência que grita.

Qualificar como "agiota de judeus" um homem que salvou pessoas da perseguição e da morte, dar vivas a um ditador e ainda evocar a polícia de um Estado opressor sob a alegação de que se classificava entre as melhores do Mundo, seriam motivos de vergonha para respeitáveis fundadores do CDS como Diogo Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa.

Mas não está em causa apenas o respeito devido à memória daqueles que combateram pela sobrevivência e pela respeitabilidade de um partido da direita democrática durante o difícil período revolucionário. A polarização política anda por aí. Fora dos partidos e no seu interior.

A vitória de Francisco Rodrigues dos Santos nas recentes eleições para a liderança do CDS fez-se também à custa de jogos e de compromissos, nada que seja inédito na política portuguesa, mas que, como qualquer geringonça, comporta riscos. Tanto maiores quando, em nome da conquista e da preservação do poder, se tem de fechar os olhos aos potenciais incómodos para assegurar o conforto dos aliados de ocasião.

A Francisco Rodrigues dos Santos não faltavam boas razões para, mais cedo, ter colocado tudo em pratos limpos com Abel Matos dos Santos. O facto é que demorou quase uma semana a fazê-lo, com tempo, pelo meio, para emitir um comunicado tão comprometedor quanto desculpabilizador. Parece um prazo curto na vida de alguém, mas é uma eternidade em política, um erro descomunal se entre os objectivos do novo líder estiver a tarefa de dominar o monstro que é alimentado por aqueles militantes que têm uma relação complicada com a declaração de princípios que animou o lançamento do CDS em 1974.

OUTRAS NOTÍCIAS

“António Delgado ficou em 1º lugar num concurso para leccionar no Politécnico de Leiria. Saiu da universidade onde dava aulas, mudou de cidade, comprou casa e exerceu o cargo de professor coordenador durante oito anos. Até que veio a decisão do tribunal a anular o concurso, contestado por um candidato que entretanto morreu. Está há mais de um ano sem receber. Numa carta aberta, mais de 60 docentes pedem a 'intervenção urgente' de Manuel Heitor”, ministro do Ensino Superior. Isabel Leiria conta a história, impressionante e repugnante, de um professor que foi apanhado no labirinto tenebroso e insensível da burocracia.

“Há um equipamento para fazer radioterapia pronto e a aguardar licenciamento há cerca de um ano no Instituto Português de Oncologia de Lisboa e a instituição é obrigada a contratar tratamento aos seus doentes junto do sector privado”, escreve Helder Martins. Um caso de falta de financiamento, de burocracia (novamente) e de consequência do espartilho cego na contratação de recursos humanos.

Mais dois casos suspeitos de infecção pelo coronavírus em Portugal foram confirmados esta terça-feira pela Direção-Geral de Saúde (DGS) e encaminhados para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, uma das três unidades que está preparada para receber os casos detectados. As análises entretanto realizadas deram resultado negativo.

Com os votos contra do PS e a abstenção do PCP, a proposta social-democrata que visava uma maior controlo do Parlamento sobre as injecções de dinheiro fresco no Novo Banco conseguiu passar. Se o valor superar 850 milhões de euros previstos no Orçamento do Estado para 2020, os deputados terão uma palavra a dizer. Não é uma revolução, porque as regras orçamentais em vigor já estabelecem que a despesa para além daquela que for aprovada na Assembleia tem de ser validada neste órgão de soberania.

Na recta final da maratona para a aprovação do Orçamento do Estado, "a madrugada já ia avançada quando o Parlamento aprovou os novos incentivos às famílias com filhos". As deduções à coleta no IRS serão, nalguns casos, reforçadas, e os encargos com as creches serão aliviados. Elisabete Miranda explica o que vai entrar em vigor e, no balanço final do segundo dia de votações, anota que "no IRS e no IRC nada saiu do controlo do Governo".

As promessas de redução dos impostos são semelhantes àqueles avisos que se podem encontrar em muitas restaurantes típicos portugueses: "Fiado? Só amanhã". Mas ninguém desiste de as fazer. Desta vez, foi o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que garantiu para 2021 uma "grande baixa de impostos" que incidirá sobre os rendimentos médios. Cá estaremos para ver, caso António Mendonça Mendes ainda faça parte da equipa das Finanças que trabalhará no Orçamento do Estado para 2021.

Onde surge o nome de José Sócrates, há uma qualquer situação necessitada de esclarecimento. O professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e alegado autor-fantasma do livro assinado pelo ex-primeiro-ministro, “A Confiança no Mundo: Sobre a Tortura em Democracia”, é acusado de burla qualificada, noticiou o "Observador". O Ministério Público considera que Domingos Farinho se apropriou indevidamente de mais de 10 mil euros de fundos públicos ao violar o regime de exclusividade que tinha como docente em 2014.

Uma turista de nacionalidade francesa, de 21 anos, foi esfaqueada nesta terça-feira num restaurante da cadeia McDonald's, em Lisboa. Não chegou a correr perigo de vida, mas teve de ser assistida no Hospital de São José. A vítima estava na fila para ser atendida numa das caixas e afirmou desconhecer o autor da agressão, que conseguiu fugir do local.

Criptografia quântica? Transparência em Inteligência Artificial? Edição genética? Estas são algumas das áreas em que actuam empresas que poderão mudar o mundo, de acordo com a Consultora CB Insights, que divulgou a lista dos negócios mais disruptivos em 2020. Cátia Mateus explica que startups são estas.

Nos Estados Unidos, as primárias do Partido Democrático não começaram da melhor forma, escreve Ana França, com problemas na contagem de votos no estado do Iowa que causaram grande divertimento entre os republicanos, incluindo, naturalmente, o incumbente das presidenciais de novembro de 2020. Donald Trump foi o candidato escolhido por 97% dos eleitores registados como republicanos naquele estado e não dispensou um remoque: 'A única pessoa que pode dizer que ganhou o caucus do Iowa na segunda-feira é Trump", escreveu no Twitter.

O caucus do Iowa tinha uma surpresa na manga. Na manhã desta quarta-feira, Pete Buttigieg estava à frente de Bernie Sanders em percentagem de votos, e também em quantidade de delegados, e a senadora do Massachusetts Elizabeth Warren surgia em terceiro lugar. O ex-vice-Presidente Joe Biden – que durante muito tempo liderou as sondagens nacionais – estatelava-se no quarto lugar, sublinha Hélder Gomes.

No discurso sobre o estado da União, durante o serão desta terça-feira, Donald Trump "fintou o 'impeachment' e falou da 'reviravolta americana'. Passou por vários temas com disciplina invulgar e mostrou pose de estadista, numa altura em que a sua popularidade bate recordes". Ricardo Lourenço assinala que Gabe Ramirez foi o homem providencial da noite. Gabe quê?

A tensão entre a líder democrata da Câmara dos Representantes e o Presidente dos Estados Unidos nunca terá estado tão elevada. No final do discurso do estado da União, Nancy Pelosi rasgou uma cópia da intervenção de Trump, depois de o Presidente se ter recusado a cumprimentá-la e de a ter deixado de mão estendida. Questionada por um jornalista, Pelosi justificou-se: “Era a coisa mais cordial a fazer, considerando as alternativas.”

No campo de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia, a violência é um problema crescente, de acordo com os relatos recolhidos por Marta Gonçalves. Raul Manarte, psicólogo e voluntário, afirma: “Nos últimos cinco dias atendi seis pessoas que tinham sido esfaqueadas.” É a segunda vez que Raul está no local: “Hoje é tudo mais violento. Atendo muito mais gente vítima de violência. O ambiente está bem mais tenso e a qualquer estímulo as pessoas disparam. Reagem.”

"Esta terça-feira, o corpo de Imran Aliev, de 44 anos e um crítico feroz de Kadyrov em blogues e nas redes sociais, foi encontrado morto na cidade francesa de Lille com várias facadas no pescoço", escreve Ana França. "Os dissidentes chechenos que se atrevam a criticar o presidente do país, Ramzan Kadyrov, mesmo os exilados em países europeus, correm sérios riscos de vida".

Na primeira-mão das meias-finais da Taça de Portugal, os grandes sofreram. Na Luz, o Benfica teve de suar para conseguir terminar a partida contra o Famalicão com um resultado favorável de 3-2, depois de ter estado a perder por 2-1. No final, Bruno Lage disse ter-se tratado de "um jogo à inglesa", enquanto João Pedro Sousa prometeu que o Famalicão vai jogar para chegar à final. Em Viseu, o Académico local aplicou-se e empatou 1-1 com o FC Porto. "Não é preciso desconfiar deste Famalicão", escreve Diogo Pombo. "Uma silver lining chamada Vítor Ferreira", diz Lídia Paralta Gomes.

Rui Pinto, o "hacker" por detrás de casos como o Football Leaks e o Luanda Leaks, vai permanecer detido até ao julgamento em que é acusado de ter cometido 90 crimes. O Tribunal da Relação de Lisboa decidiu esta terça-feira "julgar improcedente" o recurso que apresentou relativo à medida de coacção que lhe foi aplicada.

O QUE ANDO A LER

“Não conhecemos os outros. São um enigma. Não podemos conhecê-los, especialmente aqueles de quem somos mais íntimos, porque o hábito tolda-nos a visão e a esperança não nos deixa ver a verdade.” A citação pertence a uma das personagens de “Pequenas Cadeiras Vermelhas”, livro da escritora irlandesa Edna O'Brien.

As histórias que se contam neste livro começam a desenrolar-se a partir do dia em que um enigmático mas encantador forasteiro se instala numa pacata aldeia, esquecida algures na Irlanda, onde as rotinas começam a ser perturbadas pelo estranho magnetismo exercido pelo desconhecido. A verdade acaba por se revelar e o homem que se apresentava como uma espécie de curandeiro, amante de poesia e aparentemente inofensivo, tem elevadas responsabilidades sobre as atrocidades que se cometeram durante as guerras que eclodiram após a desintegração da Jugoslávia.

Edna O'Brien escreve sobre violência extrema e crueldade, o fardo do passado e a história de vida que cada ser humano carrega, os elementos que constroem os tais enigmas que, mesmo depois de desvendados, podem não ser fáceis de compreender, "especialmente" quando se manifestam naqueles "de quem somos mais íntimos".

O QUE ANDO A OUVIR

Charlie Parker faria cem anos em 2020 e os saxofonistas Vincent Herring, Bobby Watson e Gary Bartz decidiram antecipar a homenagem a um dos músicos mais influentes na História do jazz, o homem a quem se deve, em grande parte, a transição da era das grandes bandas de swing para o bebop, um passo largo na conquista da liberdade de improviso para os solistas.

Em Novembro de 2019, com o contributo de uma competente e poderosa secção rítmica, que inclui o pianista David Kikosky, o contrabaixista Yasushi Nakamura e o baterista Carl Allen, lançaram “Bird at 100”. O álbum integra nove faixas, entre temas que fizeram parte do repertório de “Bird”, a alcunha pela qual Parker ficou conhecido, e outros que se inspiraram na sua obra. É um um digno tributo, cheio de música fogosa e executada por instrumentistas de primeira linha.

Outro nome venerado é o de John Coltrane. Quase meio século depois da sua morte, a forte influência da obra que legou perdura e permanece como o ponto de partida para música que homenageia o seu inesgotável génio. Nos derradeiros dias do ano passado, Muriel Grossmann lançou “Reverence”, título que diz quase tudo sobre o que a saxofonista austríaca pretendeu com a edição deste álbum.

Através de oito temas originais de Grossmann, o disco regressa à música inovadora que Coltrane criou durante os anos 1960 e a banda inclui os contributos de Llorenç Barceló, no órgão Hammond B3, Radomir Milojkovic, na guitarra, Gina Schwarz, no contrabaixo, e Uros Stamenkovic, na bateria. Quem aprecia Coltrane, vai gostar disto.

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