Díli, 11 fev 2020 (Lusa) -- O
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), maior partido da coligação
do Governo timorense, só aceita negociar qualquer novo executivo se o
Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, recuar e der posse aos
ministros do partido.
O chefe da bancada do CNRT,
Duarte Nunes, disse à Lusa que essa mudança de posição de Francisco Guterres
Lu-Olo é "pré-condição" para que a força política, liderada por
Xanana Gusmão, aceite integrar um qualquer novo executivo.
"A condição imposta pelo
partido é que caso formemos outro Governo, o Presidente tem de dar posse a
estes elementos indigitados, à lista que o primeiro-ministro apresentou. É a
única condição que esta imposta", afirmou Duarte Nunes em declaração à
Lusa.
O líder da bancada do CNRT
comentava as declarações do Presidente da República, Lu-Olo, depois da reunião
que promoveu com líderes históricos do país, para a qual Xanana Gusmão foi
convidado, mas onde não participou.
Lu-Olo explicou aos jornalistas
que os participantes no encontro concordaram que convocar eleições antecipadas
é o "último recurso" para resolver a crise no país, que os partidos
no parlamento devem encontrar uma solução e que, até lá, o primeiro-ministro
Taur Matan Ruak continua em plenitude de funções.
Xanana Gusmão, por seu lado,
afirmou no fim de semana em entrevista televisiva que eleições antecipadas são
a única solução "justa e democrática" para a crise política no país,
agravada em janeiro pelo chumbo do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020.
Esse chumbo, devido aos votos
contra e abstenções dos deputados do CNRT, surge depois de meses de críticas do
CNRT à decisão de Lu-Olo se recusar a dar posse a mais de uma dezena de membros
do Governo, a maioria do partido de Xanana Gusmão.
Admitindo que ainda é possível
que o CNRT participe numa solução governativa alternativa, Duarte Nunes disse
que se "a posição do Presidente se mantiver, não há interesse do
partido" em fazê-lo.
Hoje, no parlamento, Duarte Nunes
referiu-se à contradição dos que tentam culpar o CNRT pela crise, continuando a
fazer críticas ao partido e ao seu líder, Xanana Gusmão, e ao mesmo tempo
querem que a força política aceite dialogar.
"Eu penso que é uma
contradição. Não há lógica de pensamento. Precisam da cooperação, da
participação do CNRT e depois estão todos os dias a cantar, a gritar a inventar
as coisas contra o CNRT", afirmou.
Relativamente à situação da
Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a coligação pré-eleitoral do
Governo, Duarte Nunes não concretizou se haverá ou não dissolução formal e
disse que o "entendimento" é de que o atual primeiro-ministro
"entrega a pasta" se houver uma solução alternativa.
ASP // SB
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