sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Conselho da Europa contra extradição de Assange para os EUA


A extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem, terá um "efeito paralisador na liberdade de imprensa", alertou hoje a comissária para os direitos humanos do Conselho da Europa, Dunja Mijatovic.

"A possível extradição" do fundador da Wikileaks, atualmente detido no Reino Unido, "tem implicações em termos de direitos humanos que ultrapassam largamento o seu caso individual", considerou Mijatovic num comunicado.

"As acusações gerais e vagas contra (ele) e os crimes mencionados na acusação são perturbadores na medida em que muitos deles dizem respeito a atividades que estão no centro do jornalismo de investigação", insistiu a comissária.

Autorizar a extradição de Julian Assange nessa base teria "um efeito paralisador na liberdade de imprensa" e poderia "impedir" os meios de comunicação social "de cumprirem a sua tarefa de fornecedores de informação" e de "salvaguarda nas sociedades democráticas", segundo Mijatovic.

A comissária lembrou ainda que o relator especial da ONU sobre a tortura, Nils Melzner, considerou que na hipótese de uma extradição "tanto as condições de detenção nos Estados Unidos como a pena que lhe poderá ser imposta" pela justiça norte-americana representam um risco de tortura ou de tratamento desumano ou degradante.

Julian Assange "não deve ser extraditado", afirmou Mijatovic, assegurando que vai continuar a "acompanhar de perto" a situação do ativista australiano, detido em Belmarsh, no sul de Londres, desde a sua detenção em abril de 2019 na embaixada do Equador, onde esteve confinado cerca de 10 anos.

A extradição de Julian Assange, 48 anos, foi pedida pelos Estados Unidos por 18 presumíveis delitos de espionagem e conspiração por cometer ingerência informática, arriscando 175 anos de prisão caso seja considerado culpado.

Notícias ao Minuto | Lusa

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