A situação na província de Idlib,
último bastião rebelde da Síria, vai ser discutida numa cimeira agendada para 5
de março entre os líderes da Turquia, da Rússia, da França e da Alemanha,
anunciou hoje o Presidente turco.
Encontramo-nos no dia 5 de março",
afirmou Recep Erdogan num discurso hoje divulgado na televisão.
A decisão foi tomada depois de
várias negociações telefónicas com o Presidente russo, Vladimir Putin, o
Presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel,
para discutir a necessidade de realizar uma cimeira quadripartida sobre
a Síria, a fim de parar os combates e a crise humanitária em curso.
Emmanuel Macron tinha pedido, na
sexta-feira, que fosse organizada, "o mais rapidamente possível", uma
cimeira sobre a Síria com a Alemanha, a Rússia e a Turquia para travar os
combates e evitar uma crise humanitária.
"Precisamos ter um encontro
o mais rápido possível com a Alemanha, a Rússia e a Turquia no chamado formato
Istambul", defendeu Macron, à margem de uma cimeira extraordinária em
Bruxelas para discutir o orçamento da União Europeia.
"As forças do regime de
Damasco, apoiadas pela Rússia, continuam a avançar na região de Idlib, no
noroeste da Síria, apesar dos pedidos para parar a ofensiva", disse,
acrescentando que se corre "o risco de provocar uma catástrofe
humanitária, uma escalada do conflito e uma crise migratória".
A Turquia anunciou na
quinta-feira a morte de dois soldados no noroeste da Síria, atingidos por um
ataque aéreo atribuído ao regime sírio.
Nesse dia, Emmanuel Macron,
Angela Merkel, Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin falaram
por telefone e referiram a possibilidade de realizar uma cimeira.
"Ainda não há uma decisão
clara sobre o assunto, mas se os quatro líderes considerarem necessário, não
excluiremos a possibilidade de organizar uma reunião dessas", disse na
altura o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
A presidência turca não se
manifestou nesse dia, mas o Presidente Erdogan pediu, na conversa com os
líderes da França e da Alemanha, que sejam tomadas "ações concretas"
para evitar um "desastre humanitário" na província rebelde síria de Idlib.
Erdogan também pediu ao
Presidente russo que interrompa a escalada das hostilidades pelo regime sírio
do Presidente Bachar al-Asad, mas, segundo o Kremlin, Putin terá
dado a entender que vai continuar a apoiar o regime sírio.
Os confrontos no noroeste da
Síria já provocaram a fuga de 900 mil pessoas, a grande maioria mulheres e
crianças, desde o início da ofensiva militar conduzida pelas forças
governamentais sírias, apoiadas pela Rússia (aliado tradicional de
Damasco), em dezembro último, denunciou esta semana a ONU.
O Gabinete de Coordenação dos
Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) frisou recentemente que os sírios
que estão no noroeste "estão a enfrentar uma das piores crises desde o
início da guerra na Síria".
"Cerca de 2,8 milhões de
pessoas precisam de ajuda humanitária no noroeste da Síria", disse na
sexta-feira o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, lançando um apelo
para uma nova extensão de doações na ordem dos 500 milhões de dólares (cerca de
460 milhões de euros) para cobrir os gastos humanitários esperados para os
próximos seis meses.
A região de Idlib, considerada
como o último grande reduto da resistência contra o Presidente sírio é
controlada em parte pelo Organismo de Libertação do Levante, uma aliança que
integra o grupo 'jihadista' Hayat Tahrir al-Sham (HTS, grupo
controlado pelo ex-braço sírio da Al-Qaida), e grupos rebeldes, alguns dos
quais apoiados pela Turquia.
Desencadeado em março de
2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de
manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma
enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas',
e várias frentes de combate.
Num território fragmentado, o
conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 380 mil mortos, incluindo
mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © iStock
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