Maior partido da oposição pede às
autoridades rigor na observância das medidas decretadas, justificando que as
mais altas entidades do país devem servir de exemplo.
Angola ainda não registou nenhum
caso de coronavírus, segundo o Governo. Apesar disso, intensificam-se em todo o
país as campanhas de prevenção da doença que está a causar milhares de
mortes em todo o mundo.
É por isso que a direção da
UNITA entende que o combate ao surto já não deve ser exclusividade do
Ministério da Saúde. Para a segunda maior força política do país, é o momento
do país estar unido para a defesa da saúde pública.
O deputado Maurílio Luiele, da
UNITA, alerta que as autoridades devem prestar atenção aos locais de maior
concentração de pessoas, como é o caso dos mercados, igreja e escolas.
"Somos de opinião que os
estabelecimentos escolares deviam ser encerrados num período de 15 dias
prorrogáveis, em função dos desenvolvimentos futuros e imediato do
Covid-19", disse o parlamentar.
A UNITA apela, por outro lado,
aos cidadãos a colaborarem com as autoridades, observando as orientações afim
de evitar lutos nas famílias angolanas. O partido recomenda às autoridades
sanitarias a intensificarem a capacidade de realizar testes a todos que
apresentem sintomas suspeitos.
Tratamento desigual?
E o tumulto causado por
passageiros vindos de Portugal que se recusaram ser levados aos centros de
quarentena devido ao alegado tratamento desigual, se comparado a outros
viajantes que cumprem quarentena nas suas casas, foi também criticada pela
UNITA.
"Apelamos às autoridades ao
rigor na observância das medidas observadas. Devendo as mais altas entidades
servirem de exemplo. Neste sentindo, condenamos os factos ocorridos ontem no
Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, que fragilizaram orientações
previamente emitidas. Esperamos que aqueles factos não voltem a repetir-se",
diz Maurilio Luiele.
E a UNITA reiterou a sua
disposição em apoiar as autoridades.
Medidas do Governo
Durante esta semana, vários
eventos foram cancelados em Angola devido à pandemia do coronavírus. Numa
mensagem dirigida à nação em cadeia nacional, o Presidente da República, João
Lourenço, anunciou que a circulação de pessoas nas fronteiras terrestres fica
interdita a partir de sexta-feira (20.03).
Também estão suspensos todos
os voos comerciais e privados de passageiros para o exterior e vice-versa por
quinze dias. A medida abrange igualmente os navios de passageiros.
O chefe de Estado proibiu
ainda a realização de eventos públicos como cultos religiosos, atividades
culturais, recreativas, desportivas e de qualquer outra índole, com a
aglomeração de mais de duzentas pessoas.
"Apesar disso, o Governo
decidiu tomar medidas excecionais urgentes, por forma a evitar importações de
casos e salvaguardar a vida e a segurança da população em geral",
justifica Lourenço.
E o Presidente prossegue:
"Faço, assim, um apelo a todos os cidadãos angolanos
e aos estrangeiros residentes no território nacional para que
observem com rigor as medidas constadas no decreto legislativo presidencial
provisório como forma de vencermos com serenidade este momento difícil que o
país e o mundo enfrentam".
Também o Parlamento adiou a sua
sexta reunião ordinária em que estavam agendados temas sobre as autarquias.
Borralho Ndomba (Luanda)
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