Díli, 28 mar 2020 (Lusa) -- A
população de Díli parece ter ido mais longe do que as próprias restrições do
Governo relativas ao estado de emergência e hoje deixou a cidade praticamente
deserta, com cada vez menos gente nas ruas e mais lojas fechadas.
Durante toda a semana esta
tendência foi crescendo, com responsáveis nos municípios a reportarem a chegada
de muitas famílias provenientes da capital, num movimento que ecoa tempos
passados de outros medos.
Quando a situação se agrava -
seja no passado pela segurança, como agora pelo medo à covid-19 -, a reação de
muitos é abandonar a capital e seguir para o interior do país, um refúgio para
muitos, especialmente os que vivem em Díli em situações mais precárias.
Esse sinal viu-se ao longo da
semana nas zonas das 'microlets' e 'biscotas' -- os transportes públicos mais
usados -- nas saídas para sul, leste e oeste da capital, mas até começou pelas
'angunas', os camiões amarelos carregados de arroz a sair para outras cidades.
Muitos dos habitantes da capital
timorense, incluindo funcionários públicos, optaram por sair das ruas mesmo
antes do início do estado de emergência, que começou hoje, e sem que fossem
conhecidas as medidas restritivas.
Muitas lojas fecharam, tanto de
comerciantes timorenses como de comerciantes chineses e de outros estrangeiros,
vários ministérios reportaram menos funcionários -- o Governo começou a
dispensar funcionários não essenciais -- e outros habitantes da cidade
simplesmente fecharam-se em casa ou saíram da cidade.
As escolas e as universidades
estão fechadas -- e assim vão continuar -- e todos os momentos de culto passam
a ser não presenciais, mesmo os da Páscoa, algo que também ajudou a reduzir a
presença de cidadãos nas ruas.
Daí que, hoje, a cidade tenha
sido pautada pelo movimento reduzido de pessoas e viaturas, especialmente
durante a tarde, com ruas desertas, especialmente as outrora movimentadas zonas
comerciais, Colmera e Audian.
Mais reduzida é igualmente a
presença de vendedores ambulantes, quer os miúdos que transportam a fruta pendurada
em paus de bambu, quer alguns vendedores nos mercados, um pouco por toda a
cidade.
O Governo não aprovou restrições
à circulação nem restrições comerciais, mas as opções para os cidadãos ficam
agora mais reduzidas, sendo suspensos todos os transportes públicos, tanto em
terra como marítimos, deixando assim praticamente isoladas as populações do
enclave de Oecusse e da ilha de Ataúro.
O transporte de bens e serviços
está permitido, mas os navios não podem transportar passageiros.
O efeito total das medidas,
apesar das menores restrições do que era esperado, só se notarão na
segunda-feira, quando os serviços voltarem a funcionar e as lojas a abrir.
Vários proprietários de empresas
ouvidos pela Lusa dizem ter já recebido telefonemas de empregados a dizer que
não iam trabalhar.
ASP // JH
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