domingo, 8 de março de 2020

Guiné-Bissau | PAIGC apreensivo com missão da CEDEAO


Secretário nacional do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde admitiu estar "muito apreensivo" com a missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental por desconhecer os objetivos.

Uma missão de alto nível composta por peritos constitucionais da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental chega esta segunda-feira (09.03) a Bissau para uma resolução do contencioso eleitoral, criado após a segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau.

"Eu estou muito apreensivo, particularmente, e acredito que toda a direção superior do partido também deve estar neste momento com essa apreensão e começamos a pensar o que é que eles vão fazer. Mudar as leis, não podem", afirmou aos jornalistas Ali Hijazi, falando após uma reunião entre a direção do partido, veteranos e antigos combatentes. 

"Talvez venham tentar negociar, mediar. Não sei, porque, até este momento, não estamos na agenda deles", afirmou.

Ali Hijazi disse também que na Guiné-Bissau a "candidatura começa e termina no Supremo Tribunal de Justiça". "É o Supremo Tribunal que vai avalizar o trabalho final da CNE (Comissão Nacional de Eleições) e dizer, sim senhor, este candidato é o vencedor das eleições. A partir daí é que publica no Boletim Oficial e a partir daí é que se marca o empossamento do candidato e isso não aconteceu", referiu. 

PAIGC também precisa de proteção, diz Ali Hijazi

O responsável também questionou o papel das forças de interposição da CEDEAO (ECOMIB) face à atuação das Forças Armadas guineenses, que nos últimos dias ocuparam instituições do Estado, incluindo o Supremo Tribunal de Justiça e o Palácio do Governo.

"Se a Ecomib está aqui na Guiné-Bissau para defender as instituições, agora perguntamos, onde é que eles estão? E porquê que estas situações estão a acontecer? Também é a nossa questão e também não sabemos responder a isso", disse Ali Hijazi, respondendo a jornalistas sobre a atuação desta força. O responsável salientou que o PAIGC também é uma instituição pública e precisa de proteção.

A missão da CEDEAO, que vai permanecer em Bissau até dia 13, é composta por peritos constitucionais e de regulação interinstitucional e vai trabalhar com a Comissão Nacional de Eleições e com o Supremo Tribunal de Justiça para ajudar a uma "resolução rápida do contencioso eleitoral criado após a divulgação dos resultados da segunda volta das presidenciais".

Na reunião deste sábado entre a direção do partido, veteranos e antigos combatentes saíram várias recomendações, incluindo o envio para a Guiné-Bissau uma força de 'capacetes azuis' (das Nações Unidas) para reforçar a ECOMIB e que as Forças Armadas cumpram o seu papel republicano e se retirem para os quartéis e deixem de "amedrontar" a população.

Deutsche Welle | Agência Lusa

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