Líderes de Rússia e Turquia
chegam a acordo após agravamento de conflito deixar tropas dos dois países
próximas a confronto direto. Crise na província de Idlib levou à fuga de quase
um milhão de pessoas desde dezembro.
Os presidentes da Rússia,
Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciaram nesta
quinta-feira (05/03) um acordo para um cessar-fogo no noroeste da Síria, onde o
agravamento de um conflito ameaça deixar tropas dos dois países próximas a um
confronto direto.
O pacto, atingido após seis horas
de negociação em Moscou, visa à suspensão dos combates na província de
Idlib, onde forças turcas combatem os avanços de tropas sírias apoiadas pela
Rússia.
Um dos objetivos do acordo também
seria evitar maiores danos às relações bilaterais e ao florescente comércio
entre os dois países. O cessar-fogo entra em vigor à meia-noite, no horário
sírio.
A província é a última região
controlada pela oposição na Síria, após nove anos de guerra civil. Os conflitos
levaram à fuga de quase um milhão de pessoas desde dezembro de 2019, quando
teve início a mais recente ofensiva do governo de Bashar al-Assad.
Trata-se da maior onda de
deslocamento desde o começo da guerra civil na Síria, em 2011. Muitos dos
refugiados acabaram sendo empurrados para a fronteira da Síria com a Turquia,
que já abriga 3,6 milhões de refugiados sírios e se recusa a acolher ainda
mais.
Putin expressou o desejo de que o
pacto sirva como base para o "fim dos combates na zona desmilitarizada em
Idlib" e possa ainda "encerrar o sofrimento da população civil e
conter a crescente crise humanitária".
Erdogan ressaltou que ele e o
líder russo concordaram em ajudar os refugiados a retornarem para suas casas.
Ele, porém, destacou que seu país se reserva o direito de "retaliar com
toda a força qualquer ataque" das forças sírias.
Os dois líderes disseram que o
acordo envolve a criação de um corredor de segurança de 12 quilômetros de
extensão em torno de uma rodovia considerada estratégica em Idlib, que será
patrulhada em conjunto pelos dois países a partir de 15 de março.
Putin ofereceu condolências a
Erdogan pela morte de militares turcos em um ataque aéreo russo, mas ressaltou
que as tropas sírias também tiveram baixas significativas. O total de mortes de
soldados turcos na Síria aumentou para 59 nesta quinta-feira.
A situação na província de Idlib
se agravou após a Turquia realizar pela primeira vez um ataque direto contra
tropas de Assad. Nos últimos dias, houve violentos confrontos aéreos e por
terra entre forças turcas e sírias.
Após a Turquia derrubar aviões da
Força Aérea da Síria, Moscou, em tom de ameaça, alertou Ancara de que suas
aeronaves não estariam seguras se adentrassem o espaço aéreo sírio. Aviões
militares russos fornecem apoio a operações em solo das tropas sírias.
Deutsche Welle | RC/ap/afp
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