Sydney, 19 abr 2020 (Lusa) -- A
Austrália pediu hoje um inquérito independente sobre a luta global contra a
pandemia de covid-19 e sobre a forma como a Organização Mundial de Saúde (OMS)
lidou com a crise.
A ministra australiana dos
negócios estrangeiros, Marise Payne, disse que seu país reclama por uma
investigação urgente sobre a forma como a China geriu a epidemia em Wuhan, a
cidade onde o novo coronavírus surgiu no final do ano.
"Precisamos de conhecer os
detalhes que apenas um relatório independente nos permitirá compreender sobre
qual a origem do vírus, como lidar com ele (e) sobre a transparência com que as
informações foram partilhadas", disse a governante à emissora pública de
televisão ABC, citada pela agência France-Presse (AFP).
Payne disse ainda que a Austrália
partilha das mesmas preocupações do que os EUA, cujo presidente, Donald Trump,
acusou a Organização Mundial da Saúde (OMS) de estar muito perto da China e de
estar a fazer uma má gestão da pandemia.
Donald Trump anunciou na
terça-feira a suspensão da contribuição dos EUA para a OMS, que totaliza entre
400 e 500 milhões de dólares por ano (entre 370 e 460 milhões de euros).
"Não tenho certeza de que
uma organização de saúde, responsável pela difusão de grande parte das
ferramentas de comunicação, e que tenha desempenhado um papel importante numa
intervenção precoce (...) possa fazer esta análise", disse Payne.
As consequências da pandemia vão
alterar as relações entre a Austrália e a China, disse a ministra, duvidando da
transparência de Pequim.
O ministro da Saúde, Greg Hunt,
disse igualmente que apoia uma investigação independente, dizendo que a
Austrália conseguiu limitar a disseminação do vírus, em parte, indo contra as
recomendações da OMS.
A Austrália, que tem 6.600 casos
de coronavírus e 70 mortes por covid-19, foi um dos primeiros países do mundo a
proibir a entrada de viajantes da China em seu território.
"A Austrália tem sido capaz
de alcançar, em relação à média global, um bom desempenho humano graças aos
nossos especialistas médicos aqui na Austrália", disse Hunt.
"Sabemos que fomos alvo de
fortes críticas de algumas autoridades e da OMS em Genebra quando impusemos a
proibição de entrada [de viajantes provenientes] da China no país no dia 1 de
fevereiro", disse.
A nível global, a pandemia de
covid-19 já provocou mais de 157 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de
pessoas em 193 países e territórios. Mais de 502 mil doentes foram
considerados curados.
A doença é transmitida por um
novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro
da China.
Para combater a pandemia, os
governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da
população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram
drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia
mundial.
ICO // FPA
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